sexta-feira, 31 de julho de 2009

SEGUNDO CONGRESSO REGIONAL DE EDUCAÇÃO-São João del-Rei M.G.

São João del-Rei
29 a 31 de julho de 2009
Os dias de Congresso foram, em minha opinião, dias de muito proveito para nós professores da Rede Pública Estadual. A capacitação é um direito e dever de todo profissional que deseja sempre beber de novas fontes.
Respostas prontas não nos foram dadas. "O que move o mundo são as perguntas". E cada um de nós, profissionais da educação, vamos buscando nossas perguntas e respostas. É um processo individual e também coletivo. É lento, tortuoso e maravilhoso todo caminho que trilhamos com amor: e o magistério precisa de muito amor e respeito ao outro.
Parabéns a todos os envolvidos nesse acontecimento ( dos patrocinadores aos funcionários da Secretaria Regional de Educação; dos palestrantes aos profissionais que vieram trocar experiências). E que novos encontros possam ser planejados para o enriquecimento da nossa qualidade de trabalho.
29/07/2009
Local: Teatro Municipal de São João del-Rei
* Solenidade de Abertura
*Palestra: A Escola e a Literatura
Convidado de Honra:
BARTOLOMEU CAMPOS QUEIROZ ( escritor)
Esse professor foi brilhante em suas colocações. Primou pela humildade, sabedoria e competência como educador, escritor e clareza na condução da palestra. Tenho certeza de que ele conquistou nossas mentes e nossos corações com suas palavras.
O professor iniciou sua palestra com uma história sobre a necessidade de Jesus em pagar impostos e que pediu a São Pedro ( se não me engano) que se mostrava muito preocupado com os cobradores de impostos (que procurariam pelo pagamento naquele dia mesmo); que jogasse a isca para pescar um peixe. Segundo Jesus, esse peixe traria, em sua garganta, uma moeda de ouro que deveria ser utilizada para o pagamento dos impostos de Jesus. E assim foi feito: o peixe foi pescado, retirado de sua garganta a moeda de ouro e ele foi devolvido ao mar. Como o peixe era muito curioso, subiu à superfície do mar várias vezes para observar Jesus e São Pedro, pois não entendia o porquê de ter sido devolvido ao mar, após ser retirada, de sua garganta, uma moeda. Na verdade, o peixe não estava entendendo nada.
Esse peixe descobriu tudo pela conversa que ouviu de Jesus com São Pedro, mas levantou suspeitas no fundo do mar, pois os tubarões e outros peixes não entendiam o porquê que o peixe tanto subia à superfície. Pressionado pelos animais do oceano, ele contou-lhes que ele descobrira que ele havia pagado os impostos de Jesus. Como não acreditaram nele, deram-lhe três dias para que provasse que dizia a verdade, senão seria engolido pelos tubarões.
O peixe teve a idéia de ir à casa de Jesus para pedir um recibo de que ele havia pago os impostos de Jesus com a moeda de ouro, mas ao chegar na casa de Jesus encontrou Maria, sua mãe, que disse-lhe que Jesus não estava na cidade e que ela não podia se responsabilizar pelas atitudes de Jesus. O peixe mostrou-se desesperado e contou a Maria que ele seria engolido pelos tubarões se ele não provasse que havia pagado os impostos de Jesus. Maria cochichou em seu ouvido uma solução para que ele pudesse se proteger dos tubarões.
Ao voltar para o fundo do mar, o peixe foi logo abordado pelos tubarões que queriam a prova de que o peixe estava falando a verdade. O peixe se defendeu dizendo:
_"Provar eu não posso provar não porque não encontrei Jesus na casa dele, mas eu tenho um recado da mãe de Jesus que mandou lhes dizer que se alguma coisa de ruim acontecer comigo vocês terão que pagar os impostos dela!"
E assim o peixe foi deixado em paz, uma vez que os tubarões não tinham moedas de ouro na garganta para pagar os impostos de Maria.
AO FINAL DA PALESTRA O PROFESSOR BARTOLOMEU CONCLUIU QUE ELE NÃO TINHA NENHUMA MOEDA DE OURO PARA NOS OFERECER COMO SOLUÇÃO DOS NOSSOS PROBLEMAS, QUE ASSIM COMO ELE, NÓS TAMBÉM NÃO DEVERÍAMOS QUERER TER UMA MOEDA DE OURO NA GARGANTA PARA RESOLVERMOS NOSSOS PROBLEMAS COMO EDUCADORES OU COMO SERES HUMANOS ANSIOSOS PARA TER RESPOSTAS PARA TUDO.
Segundo o professor a cada descoberta que o homem faz, ele inaugura mais mistérios.
"PARA QUÊ TENTAR ESGOTAR O MISTÉRIO DO MUNDO
E DO UNIVERSO? O NÃO SABER NOS TORNA MAIS SENSÍVEIS, MAIS
HUMANOS; QUEM ACHA QUE ESGOTOU TUDO, FICA FANÁTICO!"
E o professor completa, brilhantemente:
"É BOM A GENTE SABER QUE NÃO TEMOS A MOEDA DE OURO EM NOSSA GARGANTA."
LITERATURA
Quanto à questão educação e literatura, o professor Bartolomeu acredita que o homem é o verbo encarnado, que nós somos do tamanho da nossa fantasia. E que a criança só decifra o mundo pela fantasia. E completa que a fantasia é a arma que a criança tem para entender o mundo. A palavra é de extrema importância, segundo o professor, pois só se pensa através das palavras e " a palavra organiza o caos". Para o professor Bartolomeu, " A literatura abriga a diferença de cada um".
A ESCOLA E O ALUNO
A escola, segundo o professor Bartolomeu, pressupõe vitalidade, falta o aluno descobrir que vale à pena viver. Devemos procurar o caminho da emoção.Para ele não existe outro caminho para modificar o mundo que não seja o da educação.
Essa colocação do professor remeteu-me a uma monografia que fiz ( quando cursei uma disciplina isolada no Mestrado de Letras- UFSJ) sobre o livro do Manoel Bonfim : " AMÉRICA LATINA : MALES DE ORIGEM". Bonfim acreditava também que a salvação do Brasil (e creio que a do mundo) estava na EDUCAÇÃO. Eu compactuo com essa afirmação: a educação é a salvação da
nossa sociedade. Educação que englobe todas as classes, pois o que nos falta é ética em todas as nossas relações.
INVENTAR UMA ESCOLA
Segundo o professor Bartolomeu, "precisamos de uma escola mais bonita, de uma educação mais refinada numa sociedade tão grosseira, tão violenta como a nossa".
Para ele nós, juntos, "precisamos inventar uma escola". E acrescenta que devemos pensar, ao terminar nosso horário de aula:"Isso que eu ensinei ajuda o país a ser melhor?"
AGORA É COM CADA UM DE NÓS
Penso que agora é com cada um de nós. Todos os dias devemos reinventar nossa vida, nossos desejos, nossas relações. Reinventar nossas atitudes, querer saber mais, entrar mais no universo do aluno, tentar fazê-lo sentir-se feliz, ainda que haja tantas pedras no meio do caminho. E, antes de tudo: deixarmos a arrogância em casa, nos darmos as mãos e sermos mais humanos com os colegas de profissão e com os alunos.
O CARINHO QUE QUEREMOS QUE NOSSOS FILHOS RECEBAM NA ESCOLA É O MESMO QUE DEVEMOS OFERECER AOS NOSSOS ALUNOS. E OS LIMITES QUE QUEREMOS COLOCAR EM NOSSOS ALUNOS É O MESMO QUE DEVEMOS PERMITIR QUE DEEM AOS NOSSOS FILHOS NA ESCOLA ONDE ELES ESTUDAM.
"NÃO NOS AFASTEMOS MUITO, VAMOS DE MÃOS DADAS"
Vanda Sandim

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