quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

EULLER:"Reajuste de 22% para o piso salarial dos educadores não se aplicará a Minas Gerais. Afinal, estamos em outro país?"

QUINTA-FEIRA, 12 DE JANEIRO DE 2012
Reajuste de 22% para o piso salarial dos educadores não se aplicará a Minas Gerais. Afinal, estamos em outro país?






Caso se confirme o reajuste de 22% para o piso salarial nacional dos profissionais da Educação do Brasil, em janeiro de 2012, a ser anunciado pelo MEC, os educadores de Minas Gerais não serão contemplados com o novo piso. Em Minas, por conta da Lei do Subsídio aprovada a toque de caixa pelo governo e seus deputados, o reajuste dos profissionais da Educação será de apenas 5%, e em abril de 2012.

O motivo do descompasso entre a política nacional de valorização dos educadores, instituída por lei federal e por decisão irrecorrível do STF, e a realidade específica de Minas pode ser explicada pelo descumprimento da norma legal que instituiu a Lei do Piso em 2008. A Lei Federal 11.738, que regulamentou o inciso VIII do artigo 206 da Constituição Federal, determina os seguintes pressupostos:


a) que o piso salarial dos profissionais do magistério é vencimento básico - e não remuneração total -, sobre o qual incidirão as gratificações e vantagens adquiridas pelo servidor da Educação. O próprio STF, questionado por cinco desgovernadores sobre a interpretação desta parte claríssima da lei, pronunciou-se em abril de 2011: "piso é salário inicial, vencimento básico, e não remuneração total";

b) que o piso fosse pago integralmente - ainda que respeitada a proporcionalidade da jornada de trabalho de cada ente da federação - a partir de janeiro de 2010;

c) que os estados e municípios criassem o plano de carreira ou adaptassem o plano de carreira existente, ajustando-o às normas da Lei Federal que instituiu a Lei do Piso. Ou seja, no caso de Minas, que se aplicasse a Lei do Piso na carreira existente, ao invés de destruí-la;

d) que um terço da jornada de trabalho fosse dedicada às atividades extraclasse, ou seja, fora de sala de aula;

e) que em janeiro de cada ano o piso seja reajustado pelo mesmo percentual do aumento anual do custo aluno ano.

Começando pelo final, o custo aluno ano já anunciado pelo MEC é de cerca de 22%. Logo, embora o MEC e o governo Federal estejam enrolando em anunciar o novo valor do piso - e com isso dando tempo aos governos estaduais e municipais de pressionarem os deputados para alterarem a lei do piso, como já tentaram fazer em 2011 -, não restará outra medida a ser anunciada pelo MEC senão a confirmação do reajuste do piso em 22%.

Tal reajuste colocaria o valor do piso em torno de R$ 1.450,00 para o profissional com ensino médio e jornada de trabalho de até 40 horas semanais. Em Minas Gerais, caso a lei federal fosse aplicada corretamente na tabela salarial do plano de carreira criado pelo governo do faraó e seu afilhado em 2004/2005 - e recentemente destruído pelo governo do afilhado e seus 51 deputados - o vencimento básico ficaria assim, para a carreira inicial dos professores:

PEBIA (professor com ensino médio): R$ 870,00; PEBIIA (professor com licenciatura curta): R$ 1.061,40; PEBIIIA (professor com licenciatura plena): R$ 1.294,90; PEBIVA (professor com especialização): R$ 1.579,79; PEBVA (professor com mestrado): R$ 1.937,24; PEBVIA (professor com doutorado): R$ 2.351,35.

Sobre estes valores de vencimento básico incidiriam as gratificações, como pó de giz, biênios, quinquênios, trintenário, gratificação por pós graduação. Um professor com curso superior em início de carreira, por exemplo, tendo somente o pó de giz, receberia pelo menos R$ 1.553,88. Se este professor já estivesse na Letra C, seu vencimento total seria de R$ 1.648,51. Para um professor mais antigo no estado - por exemplo, com 20 anos de serviço prestado, e com 110% de gratificações, e se estivesse na Letra D -, teria direito a um salário total de R$ 3.565,73 por um cargo completo.

Mas, como o governo de Minas não cumpriu a lei federal que instituiu o piso, e ao contrário disso, fez exatamente aquilo que era proibido fazer, os educadores do estado receberão valores bem inferiores ao que têm direito pela lei federal. No subsídio, o professor com curso superior em início de carreira receberá R$ 1.320,00 de salário total e terá um pífio reajuste de 5% em abril de 2012. Os professores mais antigos receberão em torno de 50% do valor a que teriam direito em relação ao piso corretamente aplicado na carreira. Em outro post, eu calculei aqui que as perdas anuais serão entre R$ 3.000,00 - para os novatos - a R$ 30.000,00 - para os mais antigos servidores.

Ao instituir o subsídio 1 e depois o subsídio 2, com o nome de modelo unificado de remuneração, o governo destruiu a carreira dos profissionais da Educação de Minas, confiscando as gratificações e transformando o piso em remuneração total. Ou seja, o governo somou os valores nominais das gratificações com o vencimento básico quando este estava com valores defasados, antes de se aplicar o piso, criando assim a parcela única total, e com isso descaracterizando a lei do piso.

O resultado desta engenharia salarial confiscatória é que as gratificações enquanto percentuais sobre o vencimento básico desapareceram. Como não há vencimento básico a ser corrigido anualmente em Minas, mas remuneração total, o valor do subsídio - por ser remuneração total e não vencimento básico - fica sempre acima do valor proporcional do piso salarial. Com isso, o governo de Minas não precisará aplicar os reajustes anuais anunciados pelo MEC. Pela fórmula que burlou a lei do piso, Minas poderá ficar vários anos sem conceder um centavo de reajuste salarial e ainda assim o subsídio ficará dentro dos valores nominais do valor do piso. Pois, são dois conceitos diferentes: piso é salário inicial, enquanto subsídio é remuneração total, aquilo que o STF rejeitou. Portanto, claro está que tal fato se deve a uma manobra do governo para escapar da norma federal que instituiu a lei do piso.

O grave nisso tudo é que a lei do piso fora criada para valorizar o profissional da educação. Trata-se de uma exigência constitucional, inserida em toda a legislação federal educacional. Foi por este motivo, inclusive, que o STF considerou o piso dos educadores enquanto vencimento básico como matéria constitucional. Porque trata-se de uma política nacional voltada para a valorização dos educadores - política esta que transcende aos interesses regionais voltados para outras prioridades, como é o caso de Minas Gerais e de outros estados e municípios. O legislador - e assim entendeu o STF - compreendeu que o piso era o mecanismo concreto de viabilizar uma política nacional de valorização dos educadores. Tanto assim que a lei federal que instituiu o piso nacional inseriu o caráter de compartilhamento, cooperação, entre os entes federativos, além da fonte de financiamento do piso, para que não houvesse desculpas para não se pagar o piso aos educadores.

Mas, em Minas Gerais, quebrando o ordenamento jurídico nacional e o pacto federativo, e em clara desobediência à norma federal que instituiu a Lei do Piso, criou-se outra lei estadual, após a criação da Lei do Piso e da decisão do STF - o que constitui uma afronta aos poderes constituídos - sepultando o plano de carreira dos educadores existente, e impondo mudanças que esvaziam o conteúdo da Lei do Piso, tornando-a letra morta no estado (ou país?) de Minas Gerais.

Infelizmente, tal fato se deu com a aquiescência do poder legislativo mineiro, que mais uma vez se apequenou diante de sua atribuição constitucional; e também diante da omissão do Ministério Público estadual, que também deixou de cumprir o seu papel constitucional de fiscal da lei. A própria justiça, ao perceber tal desvio de conduta do poder executivo, em clara ameça ao interesse público que tem direito ao ensino de qualidade - o qual está diretamente associado à política de valorização dos educadores - igualmente tem se omitido. E para completar o quadro de descaso para com os interesses da população, o estado de Minas tem uma grande mídia que é grande em tamanho e em negócios, mas pequena em matéria de jornalismo sério, independente e em defesa da população, especialmente dos mais necessitados.

Portanto, o anúncio do novo piso salarial nacional, que não tarda a acontecer - apesar da enrolação do governo federal - não se aplica a Minas Gerais, mas talvez sirva como estímulo para que a categoria não desista de lutar pelos direitos que a lei assegura. Que sejamos capazes de construir a nossa estratégia de luta, que passa por uma adequada assistência jurídica em defesa do piso e pela devolução do que nos foi tirado em 2011 (redução ilegal de salário, cortes, redução do 13º salário, pagamento de reposição menor do que o combinado), e pela mobilização da comunidade em defesa da Educação pública de qualidade, da nossa carreira, e do piso salarial a que nos pertence.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Bill Gates: " O que as escolas não ensinam."




O reitor de uma Universidade do Sul da Califórnia enviou um e-mail para a Microsoft convidando Bill Gates a fazer um discurso no dia de formatura, incentivando os formandos no início de suas carreiras e, para sua surpresa, Bill Gates aceitou. Esperava-se que ele fizesse um discurso longo, de mais de uma hora, afinal ele é o dono da Microsoft e possuiu a maior fortuna pessoal do mundo! Mas Bill foi extremamente lacônico, falou apenas durante 5 minutos, subiu em seu helicóptero e foi embora.

A seguir, as 11 regras que ele compartilhou com os formandos naquela ocasião:

“- Vocês estão se formando e deixando os bancos escolares, para enfrentarem a vida lá fora. Não a vida que você querem, não a vida que vocês sonharam ter, a vida como ela é. Você estão saindo de um mundo educacional que está pervertendo o conceito da educação, adotando um esquema que visa proporcionar uma vida fácil para a nova geração. Essa política educacional leva as pessoas a falharem em suas vidas pessoais e profissionais mais tarde. Vou compartilhar com vocês onze regras que não se aprendem nas escolas:

Regra 1: A vida não é fácil. Acostume-se com isso.

Regra 2: O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa de útil por ele (o mundo) antes de aceitá-lo.

Regra 3: Você não vai ganhar vinte mil dólares por mês assim que sair da faculdade. Você não será vice-presidente de uma grande empresa, com um carrão e um telefone à sua disposição, antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e ter seu próprio telefone.

Regra 4: Se você acha que seu pai ou seu professor são rudes, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.

Regra 5: Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seu avós tinham uma palavra diferente para isso. Eles chamavam isso de “oportunidade”

Regra 6: Se você fracassar não ache que a culpa é de seus pais. Não lamente seus erros, aprenda com eles.

Regra 7: Antes de você nascer seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por terem de pagar suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então, antes de tentar salvar o planeta para a próxima geração, querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente arrumar o seu próprio quarto.

Regra 8: Sua escola pode ter criado trabalhos em grupo, para melhorar suas notas e eliminar a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar para ficar de DP até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola está despedido… RUA! Faça certo da primeira vez.

Regra 9: A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre férias de verão e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.

Regra 10: Televisão não é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.

Regra 11: Seja legal com os CDF´s – aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas. Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar para um deles.”

Reflita agora sobre as palavras do Bill e pense em como isso se enquadra no conceito de Valor e Honra.

Cidades mineiras afetadas pelas chuvas, São João del Rei já tem centenas de famílias desalojadas.


As coisas aqui estão ficando difíceis assim como em muitos lugares de Minas e do Brasil. Há sim má vontade política de estruturar a cidade de forma a suportar a época das chuvas, assim como há culpa de todos que com o péssimo hábito de jogar lixo nas ruas, boeiros e no córrego, contribuem para piorar a situação.
Vejam essas fotos!!!!
Vanda




(foto de Vinícius do Axé)





(Paulo Henrique Nunes)






(foto de Lucas Santos)


(foto de Isabel Vale)





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10/01/2012 12h51 - Atualizado em 10/01/2012 12h53
São João Del Rei tem cerca de 300 famílias desalojadas, diz Defesa Civil
Cerca de 800 pessoas foram afetadas pelas chuvas no município.
Vinte e cinco moradores estão desabrigados.
Do G1 MG


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Chega a 116 o número de cidades em situação de emergência em MG
Prédio interditado desaba no Buritis, em Belo Horizonte, diz Defesa Civil
Chuva em BH ultrapassa média histórica de 30 anos, diz meteorologia

O Rio das Mortes e o Córrego Linheiros transbordaram em São João Del Rei, na Região Central de Minas Gerais, e deixaram cerca de 300 famílias desalojadas, segundo a Defesa Civil municipal. O órgão informou que 800 pessoas foram afetadas pela chuva deste fim de semana, sendo que 25 estão desabrigadas. Choveu forte no município de sábado (7) até esta segunda-feira (9).

De acordo com a Defesa Civil, três casas desabaram e uma corre risco de desabar. Não houve vítimas e as famílias desabrigadas foram encaminhadas para uma escola pública da cidade. O bairro Colônia Giarola está totalmente alagado, e mais quatro bairros estão parcialmente inundados.

O Corpo de Bombeiros informou que, desde domingo (8), eles recebem vários chamados nas cidades de Tiradentes, Santa Cruz de Minas, além de São João Del Rei, devido as chuvas.

Santa Cruz e Tiradentes tiveram ruas alagadas por rios que passam pela cidade, afirmou ainda a corporação. O acesso a Tiradentes pela MG-265 foi interditado devido a alagamento na pista. A Maria Fumaça que faz trajeto entre Tiradentes e São João Del Rei não está funcionando por causa da chuva.

A rodovia que dá acesso de São João Del Rei para Ritápolis, a MG-494, está bloqueada. Além delas, a MGT-383, próximo ao município de Prados, também teve o tráfego impedido por causa da inundação, segundo o Corpo de Bombeiros.

Balanço
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais informou que as mortes pelas chuvas no estado subiram para 15 nesta segunda-feira (9). O número refere-se ao período desde outubro do ano passado, quando começaram a ser contabilizados os óbitos causados pelas enchentes e deslizamentos.

De acordo com o órgão, três pessoas estão desaparecidas, uma em Santo Antônio do Rio Abaixo, outra em União de Minas e uma em Além Paraíba. No total, 167 municípios foram atingidos pelas tempestades durante o período, afetando mais de 2,2 milhões de pessoas. Destas, 12.875 pessoas estão desalojadas e outras 1.240 estão desabrigadas. Trinta e seis pessoas ficaram feridas. Até esta terça-feira (10), 131 casas e 112 pontes foram destruídas.
Segundo o balanço da Defesa Civil, divulgado nesta terça-feira, 116 cidades já decretaram situação de emergência em Minas Gerais.

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Minas Gerais afetada

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

EULLER:"Se houvesse a federalização, os recursos do FUNDEB em 2012 dariam para pagar R$ 3.000,00 de salário para os professores de todo o Brasil."

SEGUNDA-FEIRA, 9 DE JANEIRO DE 2012
Se houvesse a federalização, os recursos do FUNDEB em 2012 dariam para pagar R$ 3.000,00 de salário para os professores de todo o Brasil


As elites brasileiras não querem que a Educação pública no ensino básico funcione a contento. Por isso aplicam golpes, calotes, confiscos, ao invés de buscarem reais soluções para os problemas da Educação básica, sendo o da valorização do profissional da Educação o principal deles. O piso salarial nacional, por exemplo, criado para cumprir essa função determinada pela Carta Magna - a de valorizar o educador - tem surtido efeito inverso, como acontece em Minas Gerais - mas não somente -, onde o governo, para não cumprir a lei federal, alterou a lei estadual, esvaziando a essência da Lei do Piso.

A par desta realidade dramática, ficamos sabendo, através do site do MEC, que em 2012 a receita do FUNDEB será de R$ 114 bilhões de reais. O FUNDEB, como já explicamos aqui, é um fundo contábil que recebe repasses constitucionais dos impostos dos municípios e estados e a complementação da União. Cada ente federado administra o "seu" FUNDEB praticamente ao bel prazer, já que não existem mecanismos sérios de fiscalização e controle, o que provoca geralmente desvios, má utilização, inchaço da folha de pagamento, etc. E com isso, os grandes prejudicados são os profissionais da Educação e a população brasileira, que necessita e tem direito a um ensino público de qualidade.

Contudo, bastaria uma conta rápida para percebermos o quanto os recursos da Educação existem, mas são investidos de forma inadequada, em função deste sistema descentralizado de gestão do FUNDEB. No Brasil existem cerca de 3 milhões de profissionais da Educação na ativa, sendo que dois terços destes são professores. Façamos então uma conta simples: R$ 114 bilhões (recursos totais do FUNDEB) divididos para 3 milhões de educadores, dá uma média de R$ 38.000,00 por ano para cada profissional da Educação. Este valor dividido por 13,33 (13 salários mais o terço de férias) resulta em R$ 2.850,00 mensalmente por educador. Mas, se considerarmos que boa parte dos profissionais é composta por servidores com ensino médio e salários mais baixos do que os cargos com exigência de ensino superior - além das diferentes situações funcionais - veremos que, com os recursos do FUNDEB seria possível pagar pelo menos R$ 3.000,00 por professor por cargo.

Ainda que fosse necessário uma pequena complementação extra do governo federal, para as poucas realidades onde os salários tenham atingido patamares maiores, seria possível iniciar assim uma real política de valorização profissional dos educadores. Se houvesse de fato interesse e disposição política para tal. E vocês podem perguntar: e por que então os recursos do FUNDEB, distribuídos de forma descentralizada, são insuficientes? Uma primeira resposta pode ser a de que existem realidades diferentes, com estados ricos arrecadando mais que estados ou municípios pobres. Isso, contudo, só justifica a necessidade de um controle nacional destes recursos, para a sua distribuição com os mesmos critérios. Mas, há outras respostas para a dúvida levantada. Uma delas, é a má gestão dos recursos por prefeitos e governadores, que lançam mão das verbas do FUNDEB para bancar coisas que fogem à natureza deste fundo. Por exemplo: pagar pessoal que não é da Educação com recursos do FUNDEB; ou pagar pessoal da Educação que já esteja aposentado, os quais devem receber sua merecida aposentadoria - com valores equivalentes aos do pessoal da ativa - com recursos do tesouro do estado, caso a previdência não detenha tal recurso, mas não do FUNDEB; além de desvios com contratações de serviços e obras superfaturadas.

Se os recursos do FUNDEB fossem administrados por uma secretaria nacional, que ficasse responsável pela remuneração de uma folha federalizada dos profissionais da Educação, seguramente a história seria outra. Acabaria a politicagem de estados e municípios em manusear a folha e a contratação para atender a interesses de caixa, ou de políticos regionais; seria possível estabelecer uma política nacional de fato, com a real aplicação do piso salarial nacional e um plano de carreira nacional, com a devida valorização dos profissionais. E até mesmo a remoção entre profissionais de distintas redes em qualquer parte do país poderia ser pensada. Além, é claro, de uma política séria de formação continuada.

Nada disso acontece porque as elites dominantes não têm interesse que o estado cumpra o seu papel constitucional, de oferecer um ensino público de qualidade para todos, especialmente para a maioria da população de baixa renda, que necessita e tem direito a este ensino de qualidade. Ao não remunerar dignamente o educador, não valorizar o profissional da Educação, os governantes apostam no sucateamento do ensino público, abrindo e ampliando os espaços para a crescente privatização do ensino.

E enquanto isso, o que assistimos em todo o Brasil? Os estados e municípios desenvolvendo políticas de choque de gestão, sinônimo de choque de confisco salarial dos educadores, recusando-se até mesmo a pagar o rebaixado valor do piso salarial nacional. É o triste retrato de um país cujos governantes e parlamentares e juízes e promotores públicos demonstram, com raras e honrosas exceções, pouco respeito para com os interesses públicos dos de baixo.

E assim caminha o Brasil: de um lado, a propaganda de um valor pomposo para o FUNDEB de 2012 de R$ 114 bilhões, o qual, aritmeticamente falando, daria para proporcionar R$ 3.000,00 mensais para cada professor por cada cargo; de outro lado, a realidade nua e crua dos governos estaduais e municipais burlando a lei do piso e pagando a metade ou menos do valor a que os educadores fazem jus.

Que os profissionais da Educação, os pais de alunos e os estudantes reflitam sobre essa realidade e lutem para mudá-la. Esta mesma realidade, que está presente também muito provavelmente na Saúde pública, ou nos recursos que os políticos arrecadam durante as enchentes - e depois deixam de usá-los corretamente -, entre outros. O que não podemos é assistir a tudo isso calados, sem nada fazer.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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Frei Gilvander:

Balanço da Reforma Agrária em 2011 feito pela CPT

Vejam balanço da reforma agrária em 2011, realizado pela equipe da CPT do nordeste, objetivo e claro. 05/01/2012.

O início de 2011 foi marcado pela perspectiva de que o governo da Presidenta Dilma pudesse percorrer o caminho para superar os desafios e impasses históricos da Reforma Agrária no Brasil. Com o apoio da maioria no Congresso Nacional, a nova Presidenta teria, nesse campo estratégico, condições políticas para impulsionar um processo de Reforma Agrária, o que nunca foi feito no Brasil.

Apesar dessas legítimas expectativas, o que se configurou na prática foi que o Estado brasileiro direcionou toda a sua energia para garantir o avanço de um modelo ultrapassado de desenvolvimento para o país, com um perfil concentrador de renda, prejudicial ao meio-ambiente e às populações tradicionais.

De fato, as diretrizes política e econômica do governo são as mesmas do grande capital. Como consequência desta opção, os maiores impactados foram os trabalhadores e trabalhadoras rurais, as comunidades tradicionais, indígenas, posseiros, ribeirinhos, toda a diversidade de povos que vivem no campo brasileiro e a mãe Terra.

De um lado, isso reflete uma violência e o abandono do povo excluído. Do outro, tem provocado um momento de retomada de mobilizações e independência dos pequenos, frente à traição de quem julgavam ser aliados. Essa importante retomada vem acontecendo em toda América Latina.

No Brasil, a obsessão do Governo da Presidenta Dilma pela implantação de grandes projetos e pela produção ilimitada de commodities tem levado as populações tradicionais, indígenas e camponeses a retomarem seus originais métodos de protesto. Exemplo emblemático disto é o debate em torno da Hidroelétrica de Belo Monte e do Código Florestal.

A Reforma Agrária agoniza.

Os números da Reforma Agrária deste governo, em relação às famílias assentadas, foram ainda piores do que o primeiro ano do governo anterior. Em 2011, somente 6.072 famílias foram assentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O número é pífio e insignificante diante da quantidade de famílias acampadas que se encontram do outro lado das cercas do latifúndio do agronegócio. De acordo com estimativas do próprio Incra, existem aproximadamente 180 mil famílias debaixo da lona preta em todo o país.

De um lado, o número insignificante de desapropriações. Do outro, um imenso contingente de famílias sem terras. Esta realidade se choca com outra: a da grande disponibilidade de terras improdutivas e devolutas no país. Os dados oficiais mostram que mais de dois terços das propriedades de grande e médio porte não cumprem com sua função social. Terras improdutivas, assim como as devolutas, deveriam ser destinadas imediatamente para fins de Reforma Agrária, no entanto já possuem um destino definido: o agro-hidronegócio e os projetos de desenvolvimento.

Mesmo nas áreas de assentamentos, continuou faltando política de Estado. Neste cenário de total ausência de incentivo à agricultura camponesa, muitas famílias foram mantidas à mercê do capital, de seus interesses e de seus instrumentos de controle e de exploração. Nas regiões de monocultivo da cana-de-açúcar, por exemplo, as Usinas ocupam o vácuo deixado pelo Estado e se apropriam do território camponês, oferecendo financiamento, infraestrutura e assistência técnica às famílias, tornando-as reféns da lógica definida pelo modelo de produção do agronegócio.

Por outro lado, o Governo não mediu esforços para garantir o avanço do agronegócio e do latifúndio, principalmente sob áreas tradicionalmente ocupadas por camponeses e camponesas. Um dos exemplos mais marcantes aconteceu em maio, quando a presidenta Dilma assinou de uma única vez, o decreto de desapropriação de quase 14 mil hectares na Chapada do Apodí/RN, para implantação do Projeto de irrigação que beneficiará meia dúzia de empresas do agronegócio. Em consequência, serão atingidos e prejudicados milhares de pequenos agricultores que desenvolvem experiências de convivência com o semiárido, reconhecidas internacionalmente.

É espantoso que Lula, em seus últimos anos de governo, não tenha chegado a desapropriar 14 mil hectares para a Reforma Agrária no RN e que Dilma, muito provavelmente, não desaproprie 14 mil hectares para essa finalidade em todo o seu governo. Entretanto, logo no seu primeiro ano de mandato, ela já desapropriou essa grande quantidade de terras para atender ao agronegócio. Além deste caso, vimos também a desapropriação de cerca de 8 mil hectares na região de Assú, também no RN, para a Zona de Processamento de Exportação (ZPEs).

Para os Povos indígenas e quilombolas que travam no dia-a-dia um embate pelo direito a terra, enfrentando a chegada do agronegócio e dos projetos governamentais, não há o que comemorar em 2011. Foram homologadas apenas três terras indígenas, sendo duas no estado do Amazonas e uma no Pará. O Governo não se sensibilizou nem com a situação dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul, em especial os Kaiowá e Guarani, que vivem em conflito com fazendeiros e usineiros da região. Nenhuma ação foi feita para homologação das terras neste estado. No caso das populações descendentes de Zumbi dos Palmares, fora a desapropriação do território da comunidade de Brejo dos Crioulos, em Minas Gerais, poucos foram os resultados conseguidos frente às reivindicações e resistências das 3,5 mil comunidades quilombolas existentes no Brasil. De todas, apenas 6% tem a titulação de suas terras.

Também em 2011 foi dada a concessão, pelo Ibama, da licença de instalação para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), o que possibilitou o início das construções na região. Belo Monte é uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a primeira de inúmeras usinas a ser instalada na região Amazônica para beneficiar as grandes mineradoras, devastar a floresta e acabar com a forma de viver dos índios. Com ela, expande-se sobre a floresta o modelo de exploração e degradação planejado há 50 anos pelo grande capital.

Na contramão do que reivindicam as populações tradicionais e os sem terras, o Governo ainda anunciou uma redução do orçamento da Reforma Agrária para 2012. De acordo com o projeto de lei orçamentária previsto para o ano de 2012, as ações de obtenção de terras terão uma drástica redução de 28% em relação a 2011 e de 31,2% em relação a 2010. Além disso, a assistência técnica, já inviabilizada pelo Governo nos anos anteriores, ainda sofrerá uma redução de 30% em relação a 2010. Para a implantação de infraestrutura, o orçamento prevê uma perda de 8% em relação a 2011. Já a área da educação sofreu uma perda de quase R$ 55 milhões em comparação a 2009, correspondendo a uma redução de 63% de seu orçamento.

O Retrocesso continuou também na lei. O ano de 2011 se encerra com mais uma vitória da Bancada Ruralista. A aprovação do Código Florestal no Congresso Nacional ultrapassou as expectativas dos aliados da motoserra no Governo. Com retrocessos históricos, o Código prevê, entre outros exemplos gritantes, a anistia aos desmatadores anteriormente a julho de 2008, no que diz respeito ao dever de recuperação ambiental. Posição esta, aquém do entendimento consolidado até então pelo conservador Poder Judiciário brasileiro.

Como se não bastasse, a Lei complementar de nº 140, no que se refere à gestão ambiental, foi sancionada pela presidenta Dilma no final do ano, sem alardes. Com a aprovação da lei complementar, as competências de gestão ambiental ficam diluídas nos Estados e nos Municípios, que são muito mais vulneráveis a pressões políticas e empresariais.

A nova ameaça de retrocesso em curso é o lobby para um novo Código Mineral, que vem sendo redigido no Governo e no Congresso Nacional, sem o debate e sem a participação da sociedade e das populações diretamente interessadas e que serão atingidas, em sua grande maioria comunidades tradicionais.

Enquanto isso, avançam os grandes projetos de forma truculenta.

Em 2011, obras impactantes como a Transposição do Rio São Francisco, a Transnordestina, projetos de mineração, construções de BR's, a especulação imobiliária, obras da Copa, Porto de Suape, a construção da Hidrelétrica de Belo Monte e do Rio Madeira, barragens, além de outros mega-projetos, foram um dos principais causadores de conflitos agrários no país.

Para se ter uma ideia da gravidade desses efeitos sobre as populações tradicionais, no período de janeiro a setembro de 2011, registramos um total de 17 assassinatos de trabalhadores no campo. Destes assassinatos, pelo menos 8 têm ligações com a defesa do meio ambiente, 04 estão relacionados com as comunidades originárias ou tradicionais.

Em Alagoas, ocorreu o avanço do projeto de plantação de Eucalipto por parte do Grupo Suzano, especializado na fabricação de papel e celulose. O Grupo reivindica uma área de 30 mil hectares para viabilizar o investimento. O Governo do Estado já sinalizou positivamente e já tem mapeadas as terras que serão destinadas para a plantação do monocultivo.

Na Paraíba, outro fato emblemático foi o apoio incondicional do Governo para a implementação de uma Fábrica de Cimentos da Empresa Elizabeth em uma área de assentamento no litoral sul do Estado. A área que será ocupada pela Empresa também é reivindicada pelo povo indígena Tabajara.

Em Pernambuco, a Transnordestina atingiu as comunidades camponesas por onde tem passado, desde o Sertão, como o caso do município de Betânia até a Zona da Mata, como as famílias de Fleixeiras, no município de Escada, que resistiram bravamente ao despejo que daria lugar aos trilhos da Ferrovia.

Lutas e Resistência Camponesa em 2011.

Os camponeses e as camponesas continuam lutando pela Reforma Agrária e resistindo ao avanço do latifúndio e do agronegócio. Mesmo diante de todas as dificuldades impostas pelo Estado e pelo agronegócio, estes camponeses teimam em reescrever a história. Das 789.542 famílias assentadas nos últimos dez anos, 87% permanecem resistindo e produzindo no campo, sem qualquer tipo de incentivo governamental para a agricultura camponesa.

Apesar da diminuição das ocorrências das ocupações e acampamentos em 2011, aumentou o número de famílias envolvidas nestes conflitos de luta pela terra. Este ano, de acordo com os dados parciais da CPT, foram 245.420 pessoas envolvidas no período de janeiro a setembro de 2011, enquanto que no mesmo período de 2010, foram 234.150 pessoas envolvidas.

Registramos em 2011 mais de 350 mobilizações no país, protagonizadas pelos povos do campo. É como se em cada um dos 365 dias do ano, camponeses e camponesas organizados se mobilizassem em defesa da Reforma Agrária, dos direitos dos povos do campo e pelos territórios dos povos originários e de uso comum.

Algumas grandes mobilizações marcaram este ano que se encerra. Em agosto, cerca de 70 mil mulheres camponesas ocuparam as ruas de Brasília, reivindicando seus direitos, durante a Marcha das Margaridas.

Naquele mesmo mês, mais de 4 mil trabalhadores rurais sem terra ligados à Via Campesina montaram acampamento na capital federal, exigindo do Governo o compromisso com a Reforma Agrária. Por sua vez, “Aperte a Mão de Quem te Alimenta”, foi o nome da marcha realizada pelo MLST, de Goiânia até Brasília, e que explicitou a importância da produção agroecológica e da criação de assentamentos para garantir alimentos saudáveis, sem utilização de agrotóxicos.

Mais recentemente, cerca de 15 mil pessoas foram as ruas em Juazeiro e em Petrolina protestar contra a proposta do Governo de construir cisternas de PVC, que vai contra toda a metodologia de relação com o semiárido, construída pelas populações ao longo dos anos.

Além dos trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra, os quilombolas e indígenas também estiveram firmes em suas manifestações em 2011. Durante o mês de maio, os povos indígenas realizaram uma de suas maiores mobilizações, o acampamento Terra Livre, realizado em Brasília e que reuniu centenas de indígenas de mais de 230 povos de todo o país para apresentar suas principais reivindicações. Já no início de novembro, mais de dois mil quilombolas estiveram reunidos em Brasília, quando ocuparam pela primeira vez o Palácio do Planalto durante a Marcha Nacional em Defesa dos Direitos dos Quilombolas.

2012: Marcharemos na Luta pela Reforma Agrária.

Apesar do Estado brasileiro e de seus governantes condenarem a Reforma Agrária à morte, ela segue a cada dia pulsando com mais intensidade nas veias dos camponeses e das camponesas, como se ouvissem os ecos do compromisso de Elizabete Teixeira, na ocasião do sepultamento do seu companheiro: "Continuarei a tua luta". Este é o chamado que ecoa para aqueles e aquelas que acreditam e lutam em defesa da vida, da vida plena.

“Eu vim para que todos tenham Vida e Vida em abundância.” (João 10:10)

Comissão Pastoral da Terra - Nordeste II – dia 5 de janeiro de 2012.

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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Postado por Blog do Euler às 02:20 14 comentários
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