sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Educadores denunciam abuso de autoridade em escola

Minas Gerais, local cujo nome, dizem, já foi liberdade. (Uai, que trem é esse, sô?)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Educadores denunciam abuso de autoridade em escola



O nosso blog recebeu um relatório contendo uma denúncia de possível abuso de autoridade e assédio moral por parte de uma pessoa que ocupa cargo de chefia numa dada Metropolitana da SEE-MG. Esta pessoa teria visitado uma determinada escola e agido de maneira rude com os profissionais da Educação. Entre outras coisas, a tal chefe teria adentrado as salas de aula sem pedir licença aos professores que atuavam como regentes e realizado cobranças e críticas na frente dos alunos. Ainda segundo este relatório a tal pessoa chegou inclusive a arrancar o diário de classe das mãos de uma professora, fazendo ameaças do tipo: "toma cuidado com a sua avaliação de desempenho". Esta pessoa, sempre de acordo com o relatório mencionado, teria visitado a escola em dias diferentes, sem sequer dirigir uma palavra de cordialidade aos trabalhadores, "impondo toda a sua autoridade".

Como o relatório não é assinado, pois os profissionais da Educação envolvidos estão temerosos de perseguição, estou publicando aqui apenas uma síntese daquilo que foi denunciado, sem citar o nome dos envolvidos, a escola, etc.

Mas, não posso deixar de fazer um breve comentário a seguir.

Já passa do tempo de alguns chefes e diretores e outros cargos hierarquicamente superiores se darem conta de que a escravidão no Brasil já acabou. E que vivemos uma democracia que, ainda que capenga, foi conquistada graças ao suor e sangue de muita gente que deu a vida para respirarmos um pouco de liberdade. E que o serviço público é regido por leis, normas e princípios, entre os quais o da impessoalidade e da moralidade, além de uma conduta ética que inclui o tratamento cortês com os colegas de trabalho e com a comunidade. Práticas de arrogância e ditatoriais denotam despreparo profissional para com o serviço público e especialmente para a função a qual supostamente se exerce.

Claro que não podemos generalizar, pois todos nós conhecemos muita gente boa com cargos de confiança ou hierarquicamente superiores. Pessoalmente conheço diretores/diretoras, vice-diretores/diretoras, inspetoras e supervisoras que têm o maior respeito pelos profissionais. Este ano mesmo na minha escola tive a oportunidade de conversar ou ter um rápido contato com duas inspetoras da Metropolitana C que deixaram uma ótima impressão, de profissionais sérias, dedicadas, zelosas pelo trabalho e com grande respeito pelos educadores.

Não parece ser este o caso da tal pessoa denunciada no relatório que alguns colegas educadores elaboraram. Como não possuo nenhuma prova ou testemunho ou mesmo algum registro além do relatório digitado que chegou à minha caixa de correio eletrônico, não cometerei a irresponsabilidade de citar nomes de quem quer que seja. Mas, aconselho os colegas educadores a encaminharem a denúncia em três órgãos pelo menos: na SEE-MG, no Ministério Público e na Polícia Militar para a abertura de inquérito criminal caso se repita a prática de assédio moral. Encaminhem também para o departamento jurídico do Sind-UTE-MG.

Não podemos conviver de maneira alguma com práticas de arrogância e de desrespeito com os trabalhadores da Educação, ou quaisquer outros. O sindicato inclusive precisa estar atento a estas práticas, para cortar o mal pela raiz. Quem for autoritário, e se julgar no direito de punir os colegas educadores por conta de um eventual cargo de poder deve ser denunciado e responsabilizado civil e criminalmente, caso necessário. Democracia e autonomia no interior das escolas são temas que não podem ser negligenciados. Muitos profissionais adoecem por conta de tratamentos de choque por parte de chefes despreparados. Saibamos nos unir e nos organizar para combater estas práticas.

* * *

Solidariedade aos educadores em greve na cidade de São João de Meriti, no Rio de Janeiro.

"COVARDIA EM SÃO JOÃO DE MERITI

Prefeito de São João afasta oito diretoras na tentativa de reprimir a greve nas escolas municipais

Os profissionais de educação das escolas municipais de São João de Meriti entraram em greve ontem (dia 18 de agosto). Na manhã desta quinta-feira (dia 19 de agosto), o prefeito Sandro Matos (PR) anunciou o afastamento de oito diretoras de escolas, numa tentativa de intimidar o movimento e fazer com que os profissionais de educação reabram as escolas. A categoria exige 37% de reajuste emergencial para recompor as perdas salariais - há dois anos que os salários dos profissionais estão congelados. Neste momento, o Sepe está promovendo um ato show e uma panfletagem na Praça da Matriz (Centro do município) e um forte contingente da guarda municipal se encontra no local, o que contribui para deixar o clima mais tenso."

Leiam texto completo no blog S.O.S Educação Pública clicando aqui.

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Leiam também e copiem o Jornal da subsede do Sind-UTE de Ipatinga, clicando aqui (em pdf).

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

BLOG DO EULER:novela eleitoral

Minas Gerais, local cujo nome, dizem, já foi liberdade. (Uai, que trem é esse, sô?)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010


Enquanto almoçava, acompanhei a telenovela que teve início na terça-feira. Novela eleitoral, que passa na TV duas vezes ao dia. Fico eu ali sentado tentando me passar por um cidadão quase comum - o que na realidade sempre fui e quero ser sempre -, mas um cidadão comum despido da ideologização que possuo. Não que um cidadão comum, qualquer que seja ele, seja um cidadão desideologizado. Jamais. Todos recebemos uma carga de ideologia, maior ou menor, e de valores, ao longo da nossa existência.

Mas, tentei ver com outros olhos, que não aqueles que a terra há de comer, mas com o olhar de alguém que procura entender e associar as mensagens transmitidas pela TV pelos diversos candidatos. Tudo parecia tão igual. Tudo parecia tão distante da nossa realidade. Os atores-candidatos apresentados como se fossem um de nós, porém com capacidades extraordinárias. Realizaram isso, realizaram aquilo e farão muito mais, dizem. Jogo de luz, música, imagens, tudo ensaiado qual artista de novela quando entra em cena.

No cotidiano real, o que vemos? Um fosso entre dois mundos, o dos ricos e o da maioria pobre da população. Divisão construída e apresentada diariamente como coisa "natural". Educadores mal remunerados, saúde pública incapaz de atender às demandas existentes, a insegurança pública em função das realidades sociais marcadas pela falta de perspectiva, de sonhos, pelos desencontros de uma sociabilidade trincada. A sociedade do capital, do mercado, do estado burguês, da mídia que reproduz a versão dos de cima, apenas.

Mas, na novela das eleições, espetaculosa, tanto quanto nos momentos finais das novelas da Globo, tudo se resolve. A realidade se transforma, e o pouco que ainda não foi feito pelo candidato, seja da oposição ou do governo, será feito após as eleições. Promessas que se renovam a cada quatro anos, num sistema que deseduca a população para a prática de uma real democracia de massas, participativa, popular e libertária.

Nem adianta dizer que todo o sistema está errado, o que seria uma redundância. Todo mundo sabe que está tudo errado, mas todos insistem em participar da forma que melhor lhes atende. Uns como candidatos, outros como assessores, outros na troca de um quilo de feijão pelo voto - ou de um saco de cimento ou de uma dentadura -, e uma outra parcela, que pretensamente procura escolher o candidato segundo critérios ideológicos.

Mas, a resultante continua a mesma, uma vez que o sistema não foi feito para ser corrigido, aprimorado, mas para ser reproduzido continuamente, a sustentar as bases de um mundo mercantilizado. A roda-viva, ou quase morta, continua girando sobre os nossos pescoços, enquanto apenas alguns poucos abocanham as maiores fatias do que todos produzimos.

Não estou dizendo com isso que devemos cruzar os braços e esperar o tempo passar. Cruzar os braços pra mim é fazer greve, e aí sim, tudo bem. Mas, penso em outra coisa. Primeiramente, refletir sobre as realidades que nos envolvem e de como somos usados ou de como usamos as coisas que acontecem construindo versões e visões de mundo que nem sempre correspondem àquilo que é. Quase nunca, aliás, correspondem. Incluindo esta análise pessoal de alguém inconformado. Não me conformo com o papel que atribuem a mim, enquanto dito cidadão, com direito de ir lá na urna e depositar um voto em alguém a cada quatro anos, num jogo de cartas já colocadas na mesa, onde terei oportunidade zero de mudar as regras desse jogo.

O único terreno em que posso mudar alguma coisa - eu e meus colegas - é o da nossa mobilização para a luta. Esta nossa luta não existe na novela eleitoral, onde os candidatos se apresentam como aqueles que realizarão todos os sonhos da humanidade que vive em Minas, no Brasil e no planeta. Acho que vou passar a ver filmes de super-homens ou de ação, aventura ou drama no horário eleitoral. São mais emocionantes do que a novela eleitoral, que espetaculariza a vida real e passa a quilômetros-luz dos conflitos e das realidades sociais existentes.

Não somos irresponsáveis a ponto de não entender que haja diferenças mesmo neste terreno espetacuoloso das eleições. É importante derrotar os candidatos da direita golpista, os demotucanos, ainda que saibamos que não haja uma alternativa sustentada por um forte movimento social autônomo e libertário. Mas, não tenhamos ilusões. Mesmo derrotando as figuras mais indesejáveis, teremos muito o que fazer, se não quisermos assistir à reprodução dessas novelas que nos atribuem papéis de eternos espectadores. Não me conformo com este papel. Ensinamos aos nossos alunos que devemos ser protagonistas da nossa própria história. E esta construção de palavras não encontra correspondência entre o nosso cotidiano e a novela eleitoral. Quiçá um dia tenhamos força, sabedoria e energia para mudá-la.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Blog do Euler:O piso salarial e o futuro da carreira do magistério

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O piso salarial e o futuro da carreira do magistério


Atendendo a pedidos de vários ilustres navegantes que visitam o nosso blog, entre os quais os professores Rômulo, Luciano e João Paulo, vou iniciar um diálogo aqui - ou retomar aqui, já que falamos muito sobre o assunto durante a nossa maravilhosa greve dos 47 dias - sobre o piso nacional do magistério.

Mais até do que isso, e aí aceitando a provocação do colega João Paulo, quero comentar também sobre a proposta da federalização da Educação pública no ensino básico. Então vamos lá.

* * *

O piso do magistério é uma conquista, não resta dúvida. Mas, até que se rediscutam e refaçam certas incorreções no texto deste piso, ele continuará inócuo, mais uma lei que não sai do papel. Vejamos alguns problemas do texto da lei aprovado em 2008 e que até hoje não é aplicado:

1) o valor do piso. Valor irrisório, baixíssimo, de R$ 950,00, uma aberração, pois é o equivalente a menos que dois salários mínimos. O presidente da República, o ministro-chefe do MEC e os legisladores deveriam ter vergonha na cara larga deles ao votar e promulgar um piso ridículo para os professores, que para eles, no discurso, são os profissionais mais importantes do planeta. Preferimos ter menos importância no discurso e um salário que represente pelo menos um décimo do que ganha um deputado ou senador.

2) a jornada de trabalho. Foi outro equívoco da lei, ao estabelecer uma jornada de até 40 horas ligada ao ridículo piso de R$ 950,00. A lei deveria associar o valor do piso a uma das menores jornadas praticadas no Brasil - 16 ou 20 horas - e as demais jornadas ou se enquadrariam a esta ou pagariam proporcional a mais em caso de jornadas maiores: 24, 25, 30 ou 40 horas. A lei inverteu essa situação, associando o piso à maior jornada e oferecendo uma janela para que governantes mal intencionados, como os de Minas, dissessem que proporcionalmente à jornada de 40 horas já pagam o piso.

3) o tempo extraclasse. Foi uma das coisas acertadas dessa lei: impor pelo menos um terço da jornada como tempo extraclasse, para atividades fora da sala de aula, voltadas à pesquisa, preparação e correção de provas, reuniões nas escolas, etc. O ideal é que o tempo extraclasse seja de 50% da jornada de trabalho, como acontece nas universidades. Devemos continuar perseguindo não apenas o cumprimento de um terço do tempo - coisa que não se pratica em Minas - como também a ampliação do tempo extraclasse.

4) reajuste anual. A lei prevê o reajuste anual do piso, outra coisa correta. Mas, a interpretação da lei já gerou diferentes análises. Por exemplo: para o MEC o piso atualizado em 2010 deveria ser de R$ 1.020,00, enquanto que para a CNTE o piso deveria ser de R$ 1.312,00.

5) plano de carreira. A lei do piso indica a necessidade de planos de carreira nos estados e municípios, mas poderia ter avançado nesta área apontando regras comuns, como: valorização do título acadêmico com difernça entre 25 e 40% entre os níveis de formação; e valorização do tempo de serviço com percentuais estabelecidos nacionalmente, etc. Isso evitaria grandes diferenças regionais e criaria uma certa padronização no processo de valorização dos profissionais.

6) a famigerada LRF. O piso não prevê a retirada dos recursos do FUNDEB dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e com isso oferece argumento jurídico aos administradores de não pagarem o piso, pois isso alcançaria os limites dessa lei. É outro ponto fundamental a ser discutido e alterado.

7) a ajuda da União. A lei prevê que, comprovada a impossibilidade de bancar o valor do piso, estados e municípios receberão auxílio da União para pagarem o piso. Reparem que essa parte da lei é altamente capciosa. Teoricamente tudo daria certo: os entes federados que não pudessem pagar recorreriam ao governo federal e este complementaria o pagamento da diferença. Na prática, nada disso aconteceu. Em primeiro lugar porque as brechas da Lei do Piso servem tanto para os estados e municípios quanto para a União. Assim, teoricamente falando (pelos critérios do MEC, em cujo titular desta pasta eu não confio), Minas Gerais já paga o piso e o governo federal não teria que dar nenhuma ajuda. Por outro lado, não há qualquer punição para os entes da federação que não cumprirem a sua parte. O correto seria explicitar: os estados e municípios que não comprovarem a impossibilidade de pagar o piso e não o pagarem terão as verbas da Educação suspensa até a regularização do pagamento e o prefeito (ou governador) será automaticamente processado criminalmente por omissão, com imediata perda do mandato, etc. Quero ver qual governador vai enrolar diante desta realiadade.

8) piso é piso. A lei traz o conceito do piso como sendo um valor cheio, sem penduricalhos, sobre o qual devem incidir as gratificações conquistadas ao longo dos anos. Mas, alguns infelizes governadores entraram com uma ADIn no STF reivindicando que os penduricalhos fizessem parte do piso. Liminarmente, ainda sem julgar o mérito, o STF que briga por um teto acima dos 30 mil reais mensais para os ministros daquela Casa, aceitou o pedido dos governantes. É preciso lutar para que o piso seja piso realmente e não piso mais penduricalhos.

Quanto à federalização, não é que eu seja contra, colega João Paulo, mas acho que essa mudança demandaria um longo tempo, quando é possível, no curto prazo, arrancar conquistas que assegurem uma carreira minimamente decente com o instrumental legal já existente. Se houvesse vontade política dos governantes para tal, tudo bem. Mas, eles podem usar este argumento para empurrarem com a barriga as mudanças que poderiam fazer agora, e não daqui a 10 ou 20 anos. Ninguém merece esta enrolação que fazem com os educadores.

Portanto, sintetizando, penso que a lei do piso ficaria boa para uso com as seguintes alterações (ou permanências):

1) valor atualizado em 2011: R$ 1.500,00 para uma jornada de 20 horas semanais para o professor de ensino médio. As demais jornadas existentes nos estados e municípios pagarão o valor proporcional a cada realidade (ex: jornada de 24 horas = R$ 1.800,00).

2) prazo de seis meses para implantação dos planos de carreira, com as seguintes regras básicas, entre outras: promoção por título acadêmico com percentual de 25% e progressão por tempo de serviço (de dois em dois anos) com percentual de 4%. No posicionamento dos servidores será respeitado o tempo de serviço já trabalhado. (Assim, um professor em início de carreira com curso superior em Minas Gerais receberia um piso de R$ 2.250,00).

3) os recursos do piso serão custeados pelo FUNDEB de cada ente federado, devendo ser complementado pela União, comprovada a impossibilidade financeira de estado ou município de pagar o valor do piso.

4) os recursos do FUNDEB ficam retirados dos limites da LRF.

5) tempo extraclasse mínimo obrigatório de um terço da jornada praticada, devendo avançar paulatinamente para pelo menos 50% desta jornada.

6) o piso será reajustado anualmente, no mês de janeiro, com a somatória de dois percentuais: o PIB - desde que seja positivo - e o índice oficial da inflação.

7) a jornada máxima praticada, incluindo para quem tenha dois cargos previstos em lei, não poderá ultrapassar a 40 horas semanais.

8) o valor do piso é valor cheio, sem as gratificações constantes dos planos de carreira, conquistadas em cada rede.

9) o administrador que negligenciar na aplicação imediata da lei, terá o mandato suspenso, respondendo por crime lesa-humanidade perante os tribunais da justiça brasileira e internacionais.

Resolvidas essas questões, se quiserem discutir a federalização a médio ou longo prazo, sem mexerem com os direitos adquiridos, tudo bem, aí eu topo.

* * *

Incorporo ao texto principal os dois ótimos comentários dos colegas João Paulo e Rômulo, para enriquecer ainda mais este importante debate:

"Prezado amigo Professor Euler

Li suas proposições e concordo que elas são necessárias para nós, mas veja uma coisa. Para sabermos se vamos ou não receber de acordo com a lei, primeiro é preciso saber se a Ação Direta de Inconstitucionalidade será declarada procedente ou improcedente.

Se ela for declarada procedente, será uma paulada que nós vamos receber, pois com a garantia da lei, eles poderão inclusive congelar os nossos salários, talvez até pior. Talvez o STF os autorize a pagar estritamente de acordo com a lei o Piso Salarial por 40 horas, e quem tiver recebendo mais do que isso passaria a receber menos. [não esqueçam que o STF é que declara a constitucionalidade das leis, e que ele pode inclusive flexibilizar o princípio da irredutibilidade dos salários]. Se for declarada improcedente, aí sim podemos ter esperança. Mas o pior é que a gente nem sabe quando isso será votado.

Quando cursei Direito na UNIPAC, em Barbacena, meus professores me diziam que o STF recebe processos do Brasil inteiro, e que já estão na casa dos milhões. Desse modo a decisão é muito demorada. Nem mesmo as súmulas vinculantes, que obrigam a dar a mesma decisão a vários processos iguais, tem garantido a desobstrução. Pode levar anos. Os governadores não irão aceitar nos pagar mais antes da decisão do STF. Penso que se em vez dessa lei, eles já tivessem feito a federalização, que aliás, a Espanha já fez, já estaríamos recebendo tudo isso e até mais. E não estaríamos reféns dos governadores e prefeitos que dizem para nós que não podem nos aumentar porque a lei manda pagar melhor a Polícia. E para os policiais, dizem que não podem reajustar seus soldos porque tem obrigação legal de pagar o piso aos professores. Com isso jogam as categorias uma contra a outra. E aí ficamos pensando que os policiais são uns marajás, e eles pensando que nós somos marajás do serviço público. No fim de contas, todos estamos em penúria.

O pior de tudo é que se entrar um Mares Guia ou um Wellington Salgado da vida na SEE-MG, nós não vamos ter reajuste algum, muito menos federalização, pois você acha que eles vão querer que a União assuma o controle da Escola Pública e que esta vá concorrer vitoriosamente contra suas escolas?

Nós também temos que pensar uma coisa. Se Hélio Costa ganhar e Anastasia preparar uma bomba de efeito retardado para ele? Tipo, apostilar milhares de funcionários com altos vencimentos e inviabilizar qualquer política de reajuste para os professores? Foi assim que o Martim Andrada (irmão do Lafaiete Andrada) fez em Barbacena, apostilou os amigões dele na prefeitura, assegurou-lhes vitaliciedade, e agora a Prefeita Danuza não pode dar nem 2% de reajuste aos professores porque cai na Lei de Responsabilidade Fiscal. O máximo que ela conseguiu foi revogar a lei. Ou seja, para alguns marajás ganharem, condenaram todos os professores à penúria. Isto é típico do PSDB.

João Paulo Ferreira de Assis"


* * *

"Colocando mais água no feijão:

1 - Piso salarial Nacional do Educador(a) ou da Educação Pública. Essa deve ser a nomenclatura utilizada. Auxiliar de serviços gerais, cantineira, secretária também são educadores. Devemos sempre ter em mente a não separação do trabalho intelectual do trabalho manual.

2 - Valor inicial do Piso: o apontado pelos cálculos do Dieese. E por que isso? Por que está na constituição brasileira. Se acusarem de ser fora da realidade orçamentária dos Estados e Munícipios, que haja o complemento da União. Para isso, uma bandeira histórica dos lutadores sociais deve ser desfraldada: 10% do PIB já para educação pública.

3- Como muito bem apontado pelo Conviva Euler, Piso é Piso e ponto final. Não venham deturpar o conceito de piso, querendo recheá-lo. Temos cérebro e sabemos muito bem o que é piso salarial!

4 - A jornada de trabalho é de 20hs/semanais, sendo 1/3 para planejamento. Nesses números devemos ceder pouco.

Agora onde a porca torçe o rabo:

Mobilização, união e organização para alcançarmos um Piso Salarial da Educação decente e digno.

Onde está a CNTE?

Somente pressinonar o STF é o caminho?

Acredito que um bom passo está sendo dado. Educadores da base, não vinculados a interesses eleitoreiros, estão começando a provocar reflexões.

Em todos nossos espaços é necessário continuarmos provocando reflexões, coletivamente debatendo ideias e com a paciência necessária caminharmos em direção a uma luta nacional.

Se a CNTE quiser ir "pro pau" com a classe, será bem-vinda. A reboque da paralisia é que não dá mais pra ficar!

Rômulo"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

BLOG DO EULER " OS RISCOS DA PRIVATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Os riscos da privatização da Educação pública


Dois textos publicados recentemente por colegas nossas, Beatriz Cerqueira, coordenadora do Sind-UTE, e Graça Aguiar, professora de História na rede pública do Rio de Janeiro, chamam a atenção para os riscos da privatização das verbas públicas da Educação.

O artigo da companheira Beatriz, que trata sobre a terceirização da merenda escolar pode ser lido aqui. Já o texto da colega Graça, que aborda de forma geral sobre o avanço do neoliberalismo e os investimentos privados na área da Educação pública pode ser lido aqui. Aliás, a companheira Graça me enviou um estudo interessante, de autoria de Gilcilene de Oliveira Damasceno Barão, que é Professora Adjunta da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O estudo faz uma crítica do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Caso eu consiga o link do referido estudo (que está em pdf) vou postar no blog, já que o documento tem 20 páginas. Entre outras coisas ele critica a criminalização que se faz aos professores, a meritocracia, que procura acabar com isonomia salarial em troca de políticas de bonificação e prêmios, como se procurou fazer em Minas.

Num post recente eu critiquei o discurso do candidato do PMDB-PT que defende uma espécie de privatização do ensino profissionalizante, com a concessão de bolsas para que os estudantes se matriculem nas escolas privadas.

Todas essas práticas somadas: terceirização da merenda escolar, concessão de bolsas para escolas privadas, políticas de meritocracia com a criminalização do professor, a substituição de políticas de valorização profissional com tratamento isonômico por práticas de concessão de prêmios e bônus; a punição ao invés de estimular e proporcionar a formação continuada dos trabalhadores, além da contratação de consultorias externas para "administrar" e "planejar" as politicas pedagógicas que deveriam ser formuladas e discutidas diretamente pelos sujeitos da Educação pública - trabalhadores da Educação, alunos e pais de alunos -, etc., etc., consubstanciam um conjunto de práticas da política neoliberal.

Sempre estranhei os rasgados elogios que a cúpula dos demotucanos faz ao ministro da Educação Fernando Haddad, em quem, como já manifestei aqui anteriormente, eu não confio. A linha tendenciosa de enquadramento da Educação pública aos interesses do mercado vem sendo aplicada desde o governo Collor, reforçada pelo governo FHC e infelizmente tem representantes no Ministério da Educação de Lula.

Ao discutirmos os salários dos profissionais da Educação - que é hoje a principal questão colocada, até para a sobrevivência dos trabalhadores - não podemos perder de vista as artimanhas dos governantes que tudo fazem para destruir a possibilidade de uma Educação pública de qualidade, direito dos cidadãos e dever do Estado, segundo a Lei. Uma Educação voltada para formar pessoas, seres humanos protagonistas das realidades em que vivem, e não peças descartáveis do mercado. E uma Educação com estas características pressupõe democracia e autonomia nas escolas, profissionais valorizados e políticas educacionais públicas amplamente discutidas pelos sujeitos da Educação e não formuladas nos gabinetes palacianos sob a tutela de consultorias a serviço do grande capital.

Voltaremos mais vezes a este tema, pois o meu tempo hoje está corrido. A privatização da Educação, de forma escancarada ou não, deve ser combatida cotidianamente.


P.S.1: O companheiro Luciano sugere uma discussão sobre o piso salarial do magistério. Proposta que já havia sido feita pelo companheiro de luta Rômulo já há algum tempo, mas que acabei não encaminhando aqui por falta de... de... sei lá de quê, kkk, mas enfim, prometo que no próximo post vou abordar este assunto.

domingo, 15 de agosto de 2010

Hélio Costa critica política tributária


REVISÃO
Hélio critica política tributária
Candidato também cobra contrapartida de mineradoras em Ouro Preto e Mariana
Publicado no Jornal OTEMPO em 15/08/2010
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PEDRO GROSSI
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Em visita às cidades históricas de Ouro Preto e Mariana, e ao município de Ubá, na Zona da Mata, durante o dia de ontem, o candidato do PMDB ao governo de Minas, Hélio Costa, voltou a criticar as últimas gestões estaduais sem, no entanto, citar o nome do ex-governador Aécio Neves (PSDB).

Costa esteve acompanhado do seu candidato a vice, Patrus Ananias (PT), e de várias lideranças do PT, como o ex-deputado Virgílio Guimarães e o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, além de lideranças locais e candidatos aos cargos de deputado estadual e federal de sua coligação.

Em Ubá, o peemedebista lembrou que a carga tributária de Minas precisa de uma revisão, já que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado no Estado alcança o percentual de 18%. "Nossa região da Zona da Mata está abandonada. Já fomos a região mais importante de Minas e hoje só não perdemos para o Vale do Jequitinhonha", lamentou o candidato.

Discursando para a militância em Ouro Preto e em Mariana, o senador licenciado voltou a criticar a questão da tributação do minério em Minas. "As empresas precisam deixar uma contrapartida maior na cidade. Não podem simplesmente vir e levar nossa riqueza", disse. Hélio criticou a mineradora Vale que, segundo ele, depois de privatizada interrompeu todos os projetos ambientais e sociais que desenvolvia na região.

O candidato também recebeu de uma professora um manifesto de apoio, que reclamava melhores salários e condições de trabalho. Ele aproveitou para criticar a aprovação na Assembleia do projeto de reajuste dos professores. "O acordo, que foi feito às pressas para acabar com uma greve de 45 dias, não é satisfatório. Dá com uma mão e tira com a outra", avaliou o candidato.

Grupos rivais manifestam seus apoios

Hélio Costa (PMDB) teve que ter jogo de cintura em Mariana. Três grupos políticos adversários na cidade apoiam sua candidatura ao governo. Os militantes alternavam palavras de ordem de adesão ao candidato com gritos de apoio às suas lideranças locais. Em seu discurso, o ex-senador chegou a dizer que não iria entrar em "disputas locais e que o esforço teria de ser concentrado em sua eleição e na de Dilma Rousseff ". (PG)

REPERCUSSÃO
Uma é encomendada e a outra reflete a realidade”

Hélio Costa, candidato do PMDB ao governo de Minas, comemorou o resultado “expressivo” da pesquisa DataFolha, que aponta 43% de intenção de voto para Hélio Costa e 17% para Antonio Anastasia (PSDB), e desqualificou a pesquisa Vox Populi, que mostra 36% para o peemedebista e 26% para o tucano. Os resultados foram divulgados na noite da última sexta-feira.

“Uma delas é encomendada e a outra reflete o sentimento que nós temos ao andar pelas ruas do Estado”, disse. O candidato acusou o PSDB de manipulação dos resultados. “Nossos adversários continuam plantando a desinformação. Prepararam uma pesquisa equivocada e não sabiam que uma outra pesquisa seria divulgada no mesmo dia, derrubando a pesquisa encomendada por eles”.(PG)



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Campanha. Hélio Costa pediu votos ao lado da prefeita de Contagem e de candidatos a deputado
Política

Tarifa. O custo da energia para o consumidor mineiro foi um dos pontos atacados pelo peemedebista
Hélio critica gestão da Cemig
Indicação do ex- diretor dos Correios para a empresa é desmentida
PEDRO GROSSI

O candidato do PMDB ao governo de Minas, Hélio Costa, criticou ontem, em caminhada por uma feira de artesanato no município de Contagem, na região metropolitana da capital, a atuação da Cemig. Ele disse que a empresa precisa ser "mineirizada".

As críticas à empresa foram feitas no mesmo momento em que informações de bastidores dão conta que o ex-presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, demitido por Lula, seria o indicado por Hélio Costa, caso seja eleito, para a presidência da Cemig. Uma nota chegou a ser publicada no jornal "Folha de S.Paulo", afirmado que o peemedebista teria confidenciado para aliados a intenção de nomear Custódio. Procurada, a assessoria de imprensa do candidato disse que "ignorou o fato pela sua falta de consistência" e que considerou a nota uma notícia plantada.

Ontem, Hélio Costa disse, em Contagem, que a Cemig precisa investir em Minas Gerais. "A Cemig tem de parar de comprar transformador, tem que recuperar os transformadores em Betim e Contagem, como fazia antigamente", reclamou.

Hélio criticou também a tarifa de energia cobrada em Minas Gerais. "A Cemig é quem manda na companhia energética do Rio. E, lá, custa mais barato para o carioca usar a luz do que para nós mineiros, que produzimos 42% da energia nacional".

Candidato volta a questionar instituto de pesquisa

Hélio Costa voltou a comentar as últimas pesquisas de intenção de voto para o governo do Estado. O senador licenciado se disse muito satisfeito com os resultados, mas, sem citar o nome, não deixou de desqualificar o instituto Vox Populi que apontou uma redução de 14 pontos percentuais da vantagem do peemedebista sobre o segundo colocado, o candidato à reeleição, Antonio Anastasia (PSDB).

"Pesquisa é uma fotografia do momento. Eu, particularmente, estou muito feliz com os números. Principalmente quando feitas por institutos que têm credibilidade nacional, que todo o Brasil reconhece e que não vende resultados. São institutos que trabalham para órgãos de imprensa e não para patrões que cobram os resultados", afirmou.

Na última pesquisa Datafolha, Hélio Costa teve 43% das intenções de voto contra 17% de Anastasia. (PG)



Proposta
Integração da região metropolitana

Hélio Costa defendeu ontem plano prioritário para a região metropolitana de Belo Horizonte. Ele disse que faltou planejamento. “Muito embora tenha sido registrado um trabalho importante do governo do Estado na região, eu acho que ficou faltando ver o plano regional como prioritário”, disse. Em seguida, Hélio listou suas propostas, citando o metrô como “prioridade absoluta”. “O metrô de Belo Horizonte tem que ser pensado em termos de região metropolitana, e não somente como metrô de Belo Horizonte. É uma obra integrada”, disse.

Ele lembrou que algumas obras dependem de recursos federais. “Por isso é que temos insistido tanto sobre sintonia entre os governos de Minas e o federal”, explicou.

Publicado em: 16/08/2010



Leiam a resposta de uma professora do Paraná à reportagem da revista Veja sobre a educação no Brasil.

RECEBI ESTE E-MAIL DE UMA AMIGA E REALMENTE VALE À PENA LER ESTA CARTA.
VANDA


Abaixo envio uma cópia da carta escrita por uma professora
que trabalha no Colegio Estadual Julio Mesquita, à revista
Veja.

RESPOSTA À REVISTA VEJA



Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com
a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”.
É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre
as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que
geram este panorama desalentador.

Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas
para diagnosticas as falhas da educação. Há necessidade de todos os
que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a
atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital”

entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira. Que alunos
são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer
em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de
famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como
acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em
orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas
drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que
infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas
brasileiras. Está na hora dos professores se rebelarem contra as
acusações que lhes são impostas.
Problemas da sociedade deverão ser
resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.


Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha
infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era
inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos
professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou
simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje
“repletos de estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na rua,
não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas
horas da noite??? (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda
pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens
procuram é amor, atenção, orientação e ...disciplina.

Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns
anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança,
alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão,
seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem
drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com
tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens?
Quem, dos mais
velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir
aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor
pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente,tínhamos aulas
“chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com
fluência.
Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série.
Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E
tínhamos motivação para isso.

Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam
filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil
para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma
revolução), levam alunos à biblioteca e outros locais educativos
(benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde
a renda dos pais comporta, até à passeios interessantes, planejados,
minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.
E, mesmo, assim, a
indisciplina está presente, nada está bom.
Além disso, esses
mesmos professores “incapazes” elaboram atividades escolares como
provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem
remuneração;

Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não
é cronometrado quando estão cansados.
Professores têm 10 m.de
intervalo, onde tem que se escolher entre ir ao banheiro ou tomar às
pressas o cafezinho.
( Professor de Educação infantil, não tem interva-lo).
Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que
se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais.
E a saúde?
É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico, tem que
repor horas aulas.
Plano de saúde? Muito precário. Há de se pensar,
então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez
vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente
gostam de ensinar
, os que estão aposentando-se e estão perplexos com
as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma
chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de
Calcutá
, porque por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas,
ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos”
entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter
forças para motivar.
Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias,
dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente,
esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.

Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de
Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de
incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.
E acho que
esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem.
Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de
aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com
indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e
não sabem escrever nem fazer contas simples.
Depois a sociedade os
exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são
adultos.

Por que os alunos do Japão estudam? Por que há
cronômetros? Os professores são mais capacitados?Talvez, mas o mais
importante é porque há disciplina.
E é isso que precisamos e não de
cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme
carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas,
preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos
professores está constantemente estudando e aprimorando-se.

Em vez de cronômetros precisamos de carteiras escolares,
livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande
maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e
em maior quantidade.
Existem muitos colégios nesse Brasil afora que
nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa
realidade!
E, precisamos, também, urgentemente de educação para que
tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo

Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a
preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões
(ô, coisa arcaica!), e ainda assim ouve-se falar em cronômetros.
Francamente!!!


Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo
para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não
são culpados de uma sociedade incivilizada e de bandidismo, e
finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as
acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção
do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO. Responder a
essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as
provas corrigidas.

JORNAL "HOJE EM DIA":TEXTO DE BEATRIZ CERQUEIRA