sábado, 27 de novembro de 2010

BLOG DO EULER: SOBRE A BATALHA NO RIO DE JANEIRO






















sexta-feira, 26 de novembro de 2010
A batalha no Rio é resultado da exclusão dos de baixo

Do brilhante cartunista Latuff


O que acontece hoje no Rio de Janeiro não deve ser visto com perplexidade. Nem mesmo se deve lançar um olhar apressado, com as lentes míopes dos recortes da mídia burguesa. A primeira conclusão a que chegamos, diante dos combates entre os aparatos armados do tráfico e das polícias é que aquilo que ocorre no Rio de Janeiro é o resultado direto do massacre cotidiano da população de baixa renda pelo capital, e consequentemente pelo Estado e pelo mercado.

Décadas de abandono dos de baixo, de exclusão, de discriminação, produziram uma forma dita marginal de comércio e tráfico de drogas, ligada ao mercado tanto quanto qualquer outra forma de tráfico de mercadoria, embora formalmente considerada criminosa. Quantas outras formas criminosas de tráfico são cometidas diariamente por bandidos de colarinho branco, que escapam impunes e são até mesmo bajulados pela grande mídia? Claro que não queremos com esse argumento defender qualquer forma de crime, ou de bandidos, sejam os do tráfico de drogas, das milícias paramilitares, ou de banqueiros ou políticos corruptos .

Mas, não podemos deixar de perceber que esta realidade que atinge a Cidade Maravilhosa é uma realidade socialmente construída pela reprodução do capital, com as bençãos das elites, que cinicamente cobram mais polícia, mais repressão, mais cadeia, como se isso fosse a solução para os problemas vividos naquele estado e nos demais.

O que falta ali, como aqui, é mais investimento na Educação Pública, na Saúde pública, na construção de moradias para as pessoas de baixa renda, na criação de projetos de arte, cultura, lazer para a criançada e políticas de geração de emprego; na criação de uma mídia comprometida com as culturas regionais e com a democracia, e não essa mídia criminosa, que impõe valores consumistas, egoístas e preconceituosos através das novelas, jornais e programas diários, e que fecha os olhos para os reais problemas sociais dos de baixo.

As novas gerações, despolitizadas, deseducadas, tragadas por uma cultura de identidades fugidias e trincadas pelo consumismo vazio acabam embarcando no crime organizado como meio de cortar caminho para a propaganda enganosa do poder e do consumo de luxo como passaporte para o paraíso terrestre. Premida entre os destacamentos armados do tráfico organizado e o Estado a serviço de minorias privilegiadas, a população de baixa renda se sente acuada, órfã de projetos maiores de sonhos e de mudanças que empolgaram gerações de jovens de outras épocas.

No vazio de um mercado sem alma, sobram balas perdidas para todo lado e faltam solidariedade humana e utopias em busca de um mundo melhor para todos. Mas, não se iludam: os grupos armados pelo tráfico nas favelas são apenas arraia-miúda. Justificam os investimentos na segurança pública, e sobretudo na segurança privada; ajudam a eleger deputados demagogos que fazem coro ao cretinismo moralista de uma parcela saudosista da ditadura militar acostumada ao açoite nos de baixo e que agora clama por mais cadeias, no lugar de mais escolas e hospitais.

Devemos estar atentos para que, diante da realidade de exclusão própria do capitalismo, ao invés das soluções pela via de mais democracia e mais investimentos no social, ganhem força as idéias neo-fascistas do preconceito em relação ao diferente, aos mais pobres, e de mais polícia como solução para os problemas sociais. A segurança pública é necessária, neste contexto criado pelo capital, para proteger a comunidade; mas, a maior segurança ocorrerá quando as diferenças sociais não justificarem a prática de assaltos, de exclusão, de discriminação. Quando pudermos enfim andar livres e despreocupados pelas ruas de qualquer cidade do Brasil. Sem os muros dos condomínios fechados, nem as barreiras do crime organizado.

***

Incorporo ao texto central o comentário do nosso combativo colega e amigo professor Rômulo, um lutador, um guerreiro valente, que não perde a ternura. Torcemos pela recuperação da Clarice, cuja existência/resistência é um exemplo e nos torna ainda mais comprometidos com a luta por um mundo melhor para todos.

* * *

"Rômulo:

Primeiro gostaria de compartilhar um momento de alegria. Minha filha caçula, Clarice, depois de 01 ano e três meses internada, recebeu alta no último sábado dia 20 de novembro (Dia de Zumbi). Foi uma festa lá no barraco!

Hoje cedo me preparando para ir à Reunião do Conselho Geral do SINDUTE-MG, ao colocar a dieta da manhã em sua sonda (devido as sequelas neurológicas de seu câncer ela se alimenta via sonda) percebi que a mesma estava obstruída.

Corri com ela para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) mais perto. De lá liguei para uma companheira que me disse que a primeira parte da reunião seria uma análise de conjuntura.

Não poderia estar presente nessa discussão, mas vivi uma manhã com um "CONJUNTURA" daquelas.

Na UPA não havia pediatra. E cirurgião pediátrico? Muito menos, meu senhor. E Cirurgião Geral? Também não. E uma enfermeira? Ainda não chegou.

Corri para o Hospital da Rede FHEMIG mais próximo. Tem cirurgião pediátrico? Não. E qualquer outra especialidade na área da cirurgia? Tem, mas para o caso da sua filha é só o cirurgião pediátrico.

Acabei tendo que retornar ao IPSEMG. Lá a Clarice já é conhecida, é a "Filha do Professor". Somente uma cirurgiã pediátrica de plantão para toda aquela imensidão de hospital. Demorou exatas 02 horas e 18 minutos. Na hora de trocar, o tamanho da sonda usada na Clarice não tinha no hospital. "Sondas são artigos de luxo no IPSEMG", disse a Clodilte, auxiliar de enfermagem. Adaptaram uma outra.

Voltamos para casa. Fiquei pensando nos milhares de brasileiros que não voltam por causa do não atendimento básico à saúde.

Chegamos em casa já eram quase 14hs. Não pude participar da discussão de análise de conjuntura. No caminho de volta ouvi no rádio que segundo o IBGE nos últimos 05 anos foram fechados 11.500 leitos de urgência no país.

Fiquei pensando: Será que algum camarada abordou isso na discussão?

O peito começou a doer. Só melhorou quando abri o PC e li a excelente reflexão do Companheiro Euler sobre o recrudescimento da criminalização da pobreza nas favelas do Rio.

O pulso ainda pulsa."

* * *

"S.O.S. Educação Pública:

Caro Euler

Comovente o relato do colega Rômulo, estimo as melhoras da valente Clarice e rogo a Deus forças a todos os pais e mães desse país, que além da doença dos seus filhos tem suas dores potencializadas pela precariedade da saúde pública. Infelizmente a mídia não dá destaque a esse tipo de violência, pois a mesma junto com as autoridades só entendem a palavra "violência" quando os bens materiais são ameaçados.

Aqui no Rio, a represa do descaso histórico com que a população de baixa renda vem sendo tratada transbordou. Graças a décadas de abandono e falta de recursos, o crime organizado proliferou nos grotões miseráveis e literalmente atingiu o asfalto. Em pânico a sociedade clama e aplaude a o uso da força bruta, iludida espera que a repressão resolva o problema. A grande maioria teme pelos bens materiais esquecendo-se que vidas continuam ameaçadas.

Gostaria que todo esse caos tivesse o efeito de despertar a nossa sociedade para cobrar das autoridades o respeito à vida e o direito à cidadania da população pobre, mas parece que todos estão focados apenas na supressão do sintoma, esquecendo-se de pedir remédio para erradicar as causas.

Ótimo fim de semana

Graça"


***

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

Folgo em saber as boas notícias que o Professor Rômulo nos trouxe, apesar dos sustos. Mas quero dar minha palavra sobre o calvário do Rio de Janeiro, e nosso também (por que não? Afinal o Rio é porta de entrada para Minas, e nós pegamos as sobras na diminuição do número de turistas). Lá pelos anos de 1982, eu gostava de ouvir programas policiais. Tinha vezes que eu sintonizava na Rádio Capital SP, onde ouvi a triste história de um estuprador, tão triste que comoveu o Afanásio Jazadi, que era um grosso com os bandidos. Outras vezes eu sintonizava na Rádio Guanabara RJ, hoje Bandeirantes Rio. Lá tinha um reporter policial chamado Vilmar Pales. Este era um tremendo gozador. Ele criticava a corrupção dizendo que nas repartições de trânsito cariocas, se você desse um ''Castelo'' (nota de cinco mil cruzeiros) ganhava uma carteira de motociclista. Dois castelos, a de motorista. Três castelos, motorista de caminhão e ônibus, e quatro castelos, uma carteira para dirigir avião. Ele ia assim procurando diminuir a aspereza das más notícias que tinha de narrar. Lembro de um assalto em Olaria, em que os bandidos levaram até caminhão de mudança para carregar os teréns de um industrial. Anos depois aconteceu o mesmo com minha prima (duas vezes em 15 dias), sabe aonde? em Uberaba... As vezes ele comparava, Rio e Minas, com vantagem para nós. Um dia ele disse que para Belo Horizonte igualar um só fim de semana do Rio, precisava de seis meses... E explicava para os ouvintes, que o Rio era um estado sem lei, e Minas, sim, é que tem lei. Os mineiros são obedientes. Eu ouvia orgulhoso e deliciado os comentários do senhor Vilmar Pales, que agora estou manjando que queria os votos dos mineiros que moram lá. No mesmo ano foi eleito deputado federal pelo PDS.

Pois é, 28 anos atrás o Rio de Janeiro já era este caldeirão que estamos vendo.

Hoje, pelo visto, não posso mais me orgulhar de MG. Eduardo Azeredo na sua inepta administração conseguiu que os bandidos se transferissem para cá. E Belo Horizonte que era um oásis de paz hoje também padece, assim como Ribeirão das Neves e outras cidades vizinhas.

Como BH é diferente dos anos 40. Li na obra de M.A.Leandro, ''Sá Girarda'', uma biografia romanceada da sua avó, que esta estava dentro do bonde Padre Eustáquio (que se eu não me engano chamava Vila Futuro). Esta que estava com o seu cesto de quitandas que fazia para vender, notou uma moça aflita com os arreganhos de seu companheiro de poltrona, que a ia obrigando a se encolher. A velha perguntou: ''Moço, vancê tá assado? se vancê tá assado passa porvilho que sara, uai''. O homem não respondeu e a velha deu-lhe com a bengala no lombo. Foram todos para a cadeia, mas a velha foi liberada. O homem ficou preso.

Saudações, João Paulo Ferreira de Assis. "

***

Leiam também:

- S.O.S. Educação Pública: "ATÉ QUANDO VAMOS TER QUE ANDAR SOBRE O FIO DA NAVALHA?"

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Santeiros de São João del rei no jornal "O Tempo"

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Religiosidade
Santeiros de São João del Rei, uma resistência silenciosa
Evento na cidade histórica resgata um ofício que resiste ao tempo
Publicado no Jornal OTEMPO em 23/11/2010Avalie esta notícia » 246810ANA ELIZABETH DINIZ
Especial para O TEMPO
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Precisão. As mãos habilidosas de Miguel Santeiro esculpem no cedro um anjo barroco
FOTOS ANA ELIZABETH DINIZ
Precisão. As mãos habilidosas de Miguel Santeiro esculpem no cedro um anjo barroco
Eles têm uma trajetória de vida muito parecida, são autodidatas e, sem dúvida alguma, nasceram com dons e talentos para reproduzir com delicadeza e fidelidade os santos barrocos.

Os santeiros resistem ao tempo e sua história tem sido resgatada através do projeto Religiosidade e Santeiros, idealizado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de São João del Rei e que contou com recursos do Ministério do Turismo.

A ideia é dar visibilidade aos santeiros e, ao mesmo tempo, promover a qualificação. Tudo começou em junho passado, com um seminário que envolveu artesãos, santeiros e especialistas em oficinas de capacitação em madeira, cerâmica, marchetaria, ferro, reciclagem e bordado.
Foram mais de 200 artesãos inscritos, e o resultado foi mostrado durante o "Arte ao Vivo", evento marcado para acontecer entre os dias 13 e 15 deste mês em exposições ao ar livre, mas que foi prejudicado pela chuva que persistiu durante dois dias.

Mesmo assim, alguns deles saíram de suas casas escoltados pelos seus santos de devoção, ou não, e tentaram mostrar sua arte e ofício em quatro pontos turísticos e de importância religiosa que abrigaram o evento: Largo de São Francisco, Rosário, Mercês e Carmo.

Ralph Justino, secretário municipal de Cultura e Turismo da cidade, idealizador do evento, quer transformar a arte dos santeiros em um atrativo turístico. Uma forma de valorizar esse fazer. "Queremos que São João del Rei volte a ter uma posição de liderança no artesanato de Minas Gerais. Os trabalhos produzidos pelos santeiros são de qualidade e sofisticação diferenciada.

Temos artistas maravilhosos e cheios de talentos, que, no momento, estão esquecidos. Queremos mostrar para todo o Brasil não somente a parte material, através dos produtos, mas também a parte imaterial, que é única e se mostra através do talento, que não pode ser desperdiçado".
A ideia é garantir mais visibilidade para a produção de imagens sacras e outras peças. "Essas atividades mostram a cara do artesanato do sãojoanense, que tem vocação para a produção dos santeiros. Queremos fortalecer e intensificar o turismo religioso, com o resgate da tradição dos mestres e qualificação do artesanato", pontua Ralph.


Versatilidade
Carlos Calsavara é um dos mais novos escultores da cidade
O dom se manifestou na infância, primeiro através do desenho, e, depois, das modelagens. Carlos Calsavara, 31, é um dos mais novos santeiros de São João del Rei. Versátil, trabalha com madeira e pedra-sabão. O ofício veio por acaso quando, brincando, talhou Nossa Senhora da Conceição em 30 cm de pedra-sabão. A tia gostou e fez a primeira encomenda, um são Judas.
Profissionalmente, trabalha há 12 anos, e seus clientes são particulares, colecionadores e igrejas do Brasil e do exterior.

"Trabalho com uma linha mais contemporânea. Tenho um design próprio", diz o artista que já recebeu encomendas de santos não tão comuns, como Zegri, padre fundador da Ordem das Mercês, um busto de Napoleão e um belíssimo santo Antônio de Catijeró, um africano. Tem admiração pelos santos mais peregrinos como são Jerônimo e Madalena.

Sua peça mais famosa é Nossa Senhora das Mercês, com 1,86 m e que pode ser vista dentro da igreja homônima. O artista, que está no segundo ano do curso de artes aplicadas da Universidade de São João del Rei, é um universalista, respeita e dialoga com todas as religiões. (AED)

Delicadeza
Miguel Randolfo incorporou o ofício ao seu sobrenome
Tudo começou quando era coroinha e brincava de modelar peças do presépio em argila. Aos 12 anos, já esculpia a madeira e sua primeira peça foi um anjo, talhado no cedro. Hoje, aos 52 anos, Miguel Randolfo Ávila, mais conhecido como Miguel Santeiro, tem peças espalhadas em casas e altares de todo o Brasil e no exterior.

O crucifixo da Catedral de Brasília, com 5,40m de altura, Nossa Senhora dos Remédios toda em policromia, são Miguel Arcanjo, em Nova York, um incontável número de santos e oratórios de madeira encerrada, policromada, pedra-sabão e até cimentos, fazem parte da obra do santeiro Miguel.

Diversidade de formas, texturas, materiais e coloridos delicados. Os santos de Miguel têm uma expressão inconfundível, formas delicadas.

Para ser santeiro, "tem que ser católico. Todos os santos deixaram um legado inspirador de vida. Mostram o que a pessoa tem de melhor", finaliza. (AED)

Sensibilidade
Ronaldo Nascimento não sabia que era um escultor nato
Ronaldo Nascimento tem 42 anos e só descobriu que era um escultor nato, aos 31 anos, quando cortava um pedaço de madeira com um canivete e viu surgir os primeiros traços de um anjo. Não parou mais.

Nascido em São João del Rei, "cidade que cheira a mofo e incenso por causa dos casarões antigos e das celebrações religiosas, fui contaminado com a arte e religiosidade locais", confessa.

O escultor é autodidata, desenvolveu um estilo próprio impregnado da influência barroca e rococó encontrada, principalmente, no interior das majestosas e seculares igrejas da região.
Logo, Ronaldo ganhou o país e o mundo. Suas peças estão nas igrejas da cidade, do Brasil e da Europa e com colecionadores.

O artista preserva e utiliza as mesmas técnicas dos artistas setecentistas, é cuidadoso e, quando desconhece a vida de um santo encomendado, trata de estudá-la.

Tanto apuro e esmero despertaram nele a intenção de um dia montar uma escola de arte para crianças e jovens, a fim de que a arte e o fazer dos santeiros não se perca, jamais. (AED)
Comentários

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Euler: "A cruz que carregamos"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010
A cruz que carregamos...


Cantoria 1 - Semente de Adão (C.Fernando - G. Azevedo) / Viramundo (Capinan - G.Gil)

Peguei emprestado a última frase do comentário do nosso colega e amigo professor João Paulo, que transcrevo a seguir, para dar o título deste post. Ao final, farei um breve comentário. Fiquem agora com as sábias palavras do nosso colega João Paulo.

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

São problemas para nós a carga horária que obriga o professor detentor de dois cargos a praticamente morar na escola, como a indefinição sobre qual a melhor atitude a tomar. Eu com 25 anos de magistério (na verdade menos, pois fiquei o 2º semestre de 1988 sem lecionar, bem como fevereiro e março de 1987)entendo que devo continuar na atual carreira, pois pelo que sei, a opção pelas 30 horas só será possível se houver turmas disponíveis. E o aumento anual, também só se dará se houver disponibilidade.

Enquanto ficamos nesta indefinição, a gente vai morrendo aos pouquinhos com o desinteresse dos alunos, a indisciplina e outras coisas mais. Penso que esses problemas disciplinares tem a ver com a cultura de violência que os alunos presenciam não só em suas casas mas na comunidade. Certa vez eu cheguei numa sala, para lecionar o quarto horário. Tinha havido durante o recreio uma batalha de papel. Uma das bolas estava sobre a mesa do professor. Eu a desenrolei e vi um texto escrito. Uma professora havia dado como atividade que os alunos narrassem sua história de vida. O aluno rasgara a parte onde constava seu nome. E ali estava uma história de vida muito triste. Ele contava as surras que a mãe lhe dava quando ele ia nadar numa lagoa que uma empresa reservara para guardar os rejeitos do processo de fabricação do cimento. Narrou também a sua descoberta de que a mãe cometia adultério com um vizinho. Depois narrou a separação de seus pais, e sua vida errante junto ao pai, à avó e ao irmão. Por fim lamentou-se de que a mãe não se interessa por ele. Fiquei pensando que uma história de vida dessas bem que poderia justificar uma resistência à autoridade do professor, que assim leva as sobras por culpas que cabem a outros. Francamente era preciso que no quadro das escolas tivesse psicólogos que atenderiam esses alunos. Esta minha teoria de que há uma ligação entre os fatos, foi comprovada por um exemplo que eu ouvi num programa policial. Eu varava as madrugadas ouvindo a Afanásio Jazadi, na Rádio Capital, de São Paulo. Certo dia a PM paulista prendeu um estuprador. O repórter policial foi entrevistá-lo aos gritos, como ele sempre fazia com os bandidos. O bandido falando baixo narrou sua história triste. A mãe era prostituta e não tendo com quem deixá-lo, permitia que ele, criança, presenciasse o atendimento dela aos clientes. Aos 16 anos ele perdeu contato com ela. E em toda mulher ele projetava a figura materna, e estuprava por puro ódio. Eu percebi nas últimas perguntas do repórter que este se compadecera daquele infeliz, que provavelmente foi assassinado no cárcere. Eu me convenci que um passado de violências sofridas possa fazer um aluno se tornar francamente insubordinado. Que pesada cruz nós temos de carregar!

Saudações, João Paulo Ferreira de Assis. "

* * *

Comentário do Blog: As análises e reflexões do nosso colega João Paulo nos fazem pensar sobre muitas coisas. Sobre como uma sociedade injusta (re) produz uma sociabilidade marcada por agressões às pessoas desde a infância, preconceitos os mais variados e condições de vida desumanas.

Toda esta realidade acaba respingando como tragédia no colo dos professores, que na maioria das vezes se sentem fragilizados pelas condições de trabalho, pelos baixos salários e pela falta de estímulo.

São relatos de vida que se encontram em pedaços num espaço que tem a grandiosa tarefa de "recuperar", salvar, educar para uma vida toda, as muitas gerações maltratadas por sistemas cuja dinâmica está voltada para favorecer a alguns poucos.

É verdade também que, para além das nossas cruzes - e o(a) educador(a) parece carregar as mais pesadas cruzes do planeta - encontramos também realidades que nos fazem orgulhar da atividade que escolhemos. Muita gente encontrou caminhos diferentes daqueles com os quais conviveram numa infância sofrida. Mais do que testemunhos escritos, todos os dias eu encontro com ex-alunos que exercem hoje as mais diferentes profissões - quase sempre com salários melhores que os nossos, claro - e com grandes sonhos pela frente.

Não nos resta outro caminho senão continuar a nossa luta, a nossa crítica cotidiana, as nossas cobranças e a nossa permanente busca por uma sociedade mais justa, o que passa pela conquista de uma Educação pública de qualidade para todos. Concordo plenamente com o colega João Paulo quando ele reclama a ausência de psicólogos - diria mais: assistentes sociais, médicos, músicos, etc. - nas escolas.

O espaço da escola pública é hoje talvez a grande oportunidade para uma recuperação tardia das muitas vidas abandonadas e despedaçadas por sistemas voltados para moer os nossos sonhos, especialmente os dos de baixo.

Daí que a Educação pública, e os educadores, e os alunos, precisam ser tratados com carinho, com atenção, com respeito. Somos todos vítimas de um desencontro social provocado pela reprodução sistêmica do capital. Mas, altivos, permanecemos de pé, a cobrar e a lutar pelos espaços que nos foram negados ou expropriados pelos de cima. E que cada estudante, do pequeno guri da escola infantil aos adultos das EJAs e similares, tenha a oportunidade de aprender a pensar criticamente o seu meio e virar o mundo ao avesso, transformando-o, qual sina proferida na cantiga Viramundo, "em festa, trabalho e pão".

Sabedoria de avó

Recebi este e-mail e penso que vale à pena ler, pois nossas atitudes preparam caminhos mais felizes.


> > SABEDORIA DE
> > AVÓ..........
> >
> >
> > Quando eu for bem
> > velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me
> > sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de
> > Porto, dizer a minha neta:
> > - Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se
> > aqui ao meu lado. Tenho umas coisas pra te contar.
> > E assim, dizer apontando o indicador para o alto: - O nome
> > disso não é conselho, isso se chama colaboração!
> > Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a
> > algumas conclusões.
> > E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a
> > pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta
> > saudável e forte.
> > Por isso, vou colocar mais ou
> > menos assim:
> > É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
> > Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue,
> > suas veias e seus olhos também irão.
> > E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e
> > obrigação.
> > Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te
> > fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menina ou
> > uma menina grande, vai depender só de você.
> > Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim.
> > Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a
> > Barcelona e a Austrália.
> > Cuide bem dos seus dentes.
> > Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer,
> > mesmo que ele seja o carteiro.
> > Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu
> > tivesse feito..."
> > Tenha uma vida rica de vida.
> > Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e
> > o futuro é imprevisível.
> > Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
> > Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir
> > fazer amor.
> > E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem
> > inestimável.
> > Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você
> > der chance elas inventam também detalhes desnecessários.
> > Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança,
> > carinho ou status.
> > A sabedoria convencional recomenda que você se case com
> > alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco!
> > Prefira a recomendação da natureza, que com a
> > justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução,
> > sugere que você procure alguém diferente de você. Mas
> > para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e
> > desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade
> > quando o
> > assunto é paixão.
> > Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do
> > armário, seus instrumentos de criação.
> > Leia. Pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance,
> > dance até o fim, se não por você, o faça por mim.
> > Compreenda seus pais. Eles te amam para além
> > da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam,
> > e sempre farão.
> > Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu
> > aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num
> > oceano branco deixa tudo cinza.
> > Era só isso minha querida. Agora é a sua vez. Por favor,
> > encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?
> > ________________________________________________________________________

Isso vale para todos nós, pais, filhos, netos e
amigos....

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Jornal "O Tempo": Filhos não devem presenciar violência entre os pais

últimas notícias
Perigo
Presenciar brigas entre os pais causa traumas
Sociabilidade e aprendizado das crianças podem ficar comprometidos
Publicado no Jornal OTEMPO em 22/11/2010


CAROLINA COUTINHO



Os olhos pequenos, arregalados, assistiram à troca de ofensas entre os pais. Muitas vezes, o garoto chorou ao tentar intervir nas agressões familiares. Até que um dia, ainda tão criança, G., 7, viveu o seu maior pesadelo: viu a mãe ser baleada com 11 tiros pelo próprio pai. Por sorte, a mulher sobreviveu, mas a lembrança vai estar para sempre com o menino.

Ele não é o único. Todos os dias - em menores ou maiores proporções -, crianças convivem com a violência doméstica. As estatísticas são assustadoras. Segundo a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), do governo federal, 70% dos crimes passionais, de janeiro a setembro deste ano, foram presenciados pelos filhos das vítimas.

No mesmo período, 552.034 mulheres passaram por situações de violência, na maioria, casos relacionados a cárcere privado, lesão corporal e ameaças de morte. Em Belo Horizonte, de acordo com um levantamento do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC-Minas, a cada cinco dias, é registrado um assassinato, tendo como motivação a paixão obsessiva e o ciúme.

Seja na forma física, verbal ou psicológica, a violência entre casais é um excesso para a criança, como explica a psicanalista Maria Teresa de Melo Carvalho, professora da Universidade Federal de Minas Gerais.

"Está além da capacidade dos menores absorver e entender o que se passa. A briga se manifesta nos menores como forma de distúrbios, traumas e mais violência. No mínimo, garotos que viveram esses traumas tornam-se desorganizados em relação aos seus sentimentos e comportamentos, comprometendo sua sociabilidade e aprendizagem", afirmou.

Impacto. Efeitos nocivos como os relatados pela psicanalista já são claramente visíveis no comportamento de G.. Segundo a avó dele, Maria Dicinéia Cândido, 55, três meses depois de presenciar a mãe - Regiane Dicinéia Cândido, 35 - sendo baleada pelo pai - o policial civil José Duarte, 45 -, o garoto demonstra mau humor e agressividade.

"O comportamento dele oscila muito. Tem dia que ele está quieto e calado, mas em outros fica muito nervoso. Foram anos vendo o pai ser violento com a mãe e hoje ele reproduz essa violência. Ele está na terapia desde julho", desabafa.

O menino hoje voltou ao convívio da mãe que ficou meses internada e precisa usar uma cadeira de rodas para se locomover. "Sozinhas, eu e a mãe dele não conseguimos ajudá-lo. O apoio de um profissional tem sido muito importante", diz a avó.

Fragilidade. Segundo a especialista da UFMG, o efeito do convívio com brigas também pode ser contrário, mas igualmente prejudicial. "A história de violência gerando violência é verdadeira. Mas, em alguns casos, pode gerar passividade, medo, inibição. Sendo assim, a criança não consegue se expressar naturalmente. Ela se torna mais frágil do que o normal. Por isso, aconselho a não brigarem na frente dos filhos", enfatiza.
Ocorrências
Violência presenciada em casa é reproduzida na escola

O Estatuto da Criança e do Adolescente deixa claro que é dever de todos manter menores longe de qualquer situação vexatória e ou humilhante. Mas, segundo o conselheiro tutelar Ronaldo Dias, da regional Ressaca, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, é comum ouvir relatos de garotos e garotas que presenciaram as mães sendo espancadas pelos pais.

A consequência mais comum da exposição à violência, de acordo com ele, são as reproduções das brigas dentro do ambiente escolar. "Acontece muito. O professor aciona os conselhos tutelares por causa da violência dos alunos. Por isso, fazemos um trabalho de orientação nas escolas sobre essas questões, pois são das instituições de ensino que chega grande parte da nossa demanda. Ao presenciar a violência em casa, o jovem ou a criança a reproduz contra os colegas na sala de aula", explica Dias.

Nesses casos, a atuação do órgão, de acordo com o conselheiro, é conversar com a criança e, principalmente, orientar seus responsáveis. Em casos mais graves, outras instâncias da assistência social são acionadas.

"Num primeiro contato, não é fácil para crianças ou jovens falarem sobre a violência que presenciam dentro de casa. Mas, depois que eles percebem que o conselho é um local de proteção da criança, eles se abrem e contam suas dores". (CCo)
FOTO: Adrian / stockxper
Tendência. Segundo especialista, criança que convive com a violência torna-se um adulto com comportamento explosivo
Adrian / stockxper
Tendência. Segundo especialista, criança que convive com a violência torna-se um adulto com comportamento explosivo
Um drama de várias gerações

Apesar de ter presenciado durante toda a infância o comportamento agressivo do pai com a mãe, Virgínia (nome fictício) escapou de se tornar uma adulta desequilibrada e violenta, como é a tendência de quem passa por essa situação. A salvação, segundo sua própria conclusão, foi o amor e a bondade ilimitados da mãe, que equilibraram sua vida. Mesmo assim, foi impossível sair ilesa da rotina de desarmonia no lar. Sequelas foram inevitáveis e são vividas até hoje.

Aos 35 anos, bem-sucedida na profissão e mãe dedicada de um garoto de 6 anos, Virgínia é uma mulher ansiosa que, muitas vezes, teme receber pessoas em sua casa. A explicação para tais sensações são as lembranças das brigas do pai na frente das visitas.

"Às vezes, eu levava uma coleguinha em casa, mas morria de vergonha por causa das brigas que meu pai armava. Em festas e datas comemorativas, como aniversários, por exemplo, ele sempre arrumava confusão. O alvo, na maioria das vezes, era a minha mãe, mas eu e meus irmãos também sofríamos as consequências", lembra.

Hoje, quando recebe alguém na casa onde mora, no bairro Gutierrez, região Oeste da capital, Virgínia se sente ansiosa e teme que algo de ruim ou errado possa acontecer. "Quando vou para alguma festa de família, levo um tempo até relaxar e ver que está tudo bem. Ficaram muitas marcas, que tenho consciência serem frutos dos vexames que passei quando pequena", relatou.

O pai de Virgínia, por sua vez, também tem histórico de violência familiar. Quando pequeno, seus pais brigavam muito na presença dos filhos e, de tão insustentável e agressiva a relação, chegaram a se separar mesmo em uma época em que o divórcio ainda era alvo de preconceito.

Tudo isso mostra que, mesmo a criança não sendo o foco da violência familiar, o simples fato de ela presenciar a ação já lhe acarreta inúmeros prejuízos psicológicos e comportamentais. O doutor em psicologia Orestes Diniz Neto, especialista em terapia de família e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que as crianças aprendem pela imitação e que formam sua personalidade pela interação que têm com os adultos. Dessa forma, se a formação da criança for em um ambiente violento, a tendência é que ela se torne violenta.

"Isso se chama transmissão geracional da violência. O que as crianças sofrem, passivamente, elas tendem a repetir ativamente. Se ela presencia a violência, tende a repeti-la", esclarece. Segundo o especialista, uma criança que convive com a agressividade reage a qualquer tipo de situação difícil com uma irritabilidade mais intensa, um comportamento mais explosivo e com maior dificuldade de negociar. "As pessoas não pensam nessas consequências, que são muito negativas na vida das crianças e das futuras gerações", afirma.

Saiba onde e como denunciar:
O Disque Direitos Humanos foi implantado em 2000 em Minas.

Faz atendimento telefônico, monitoramento de denúncias de violação de direitos humanos.
Todas as denúncias são encaminhadas para conselhos responsáveis, delegacias especializadas, promotorias e redes de assistência.

O serviço é gratuito e é garantido o sigilo do denunciante. Para denunciar, basta ligar para o número 0800-31 11 19 de qualquer lugar do Estado.
Gota d’água
"Ele quebrou o carrinho que mais gostava"

João Rocha (nome fictício) e sua mulher perceberam a tempo o efeito nocivo de suas brigas dentro de casa. O filho do casal, até os 4 anos, estava sempre por perto enquanto eles discutiam. E foi nessa idade que a criança começou a dar os primeiros sinais de violência.

O pai conta que o menino, quando contrariado ou em situações em que era chamado atenção, respondia com revolta. "Uma vez, quando eu chamei sua atenção, ele quebrou o carrinho que mais gostava, de tanta raiva que sentiu. Depois desse dia, percebemos que nós estávamos passando esse jeito violento para ele. Daí em diante, eu e minha mulher paramos de brigar na frente da criança. Nos separamos, mas nunca mais discutimos quando ele está perto".

Hoje, com 14 anos, o garoto, diz o pai, é tranquilo e não demonstra sinal de violência. "Percebemos a tempo o mal que estávamos causando a ele. Outra conclusão que tirei dessa história é que os pais têm muita responsabilidade na formação da personalidade do filho", disse Rocha. (CCo)
Minientrevista
Orestes Diniz Neto Psicólogo, especialista em terapia de família

O que pode ser entendido como violência doméstica? Todo ato físico ou psicológico de coação moral. A violência tem graus e níveis diferentes e pode acontecer até silenciosamente. Uma forma de olhar pode ser muito violenta.

Quais são os efeitos da violência entre os pais ou responsáveis nas crianças? As crianças da nossa espécie aprendem pela imitação. Quanto mais a criança é exposta a essas situações, mais chances ela tem de repetí-la. Então, ela aprende a violência e a legitima para utilizá-la em sua vida. As pessoas que passam por situações de violência podem parecer normais, mas elas tendem a ser muito mais irritáveis que as demais.

A violência ainda é vista como uma forma pedagógica? Sim. Mas não há nenhuma necessidade de educar uma criança utilizando a violência. O problema é que muitos pais ainda pensam o contrário.

O que fazer para impedir que a criança presencie a violência? A primeira coisa a se fazer é tirar a criança do meio onde a confusão ocorre. Caso isso não seja possível, é indicado a intervenção do conselho tutelar e, em casos extremos, até da polícia. (CCo)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

BLOG DO EULER:"Brigas domésticas que respingam nas escolas... "
















segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Brigas domésticas que respingam nas escolas...

O nosso colega e amigo professor João Paulo apresentou uma sugestão de leitura do jornal O Tempo que o blog achou interessante colocar em destaque. Eis a mensagem do nosso colega João Paulo e em seguida o link do referido jornal com vários textos sobre as brigas dos pais na frente das crianças, que acabam se reproduzindo nas escolas.

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

Queira desculpar-me a extrapolação, mas para o nosso próprio bem, é preciso que se leia a edição on-line de O Tempo, sobre a inconveniência de os pais brigarem na frente dos filhos, pois causa um grande trauma na criança, que se torna violenta e agressiva na escola. E muitas vezes nós levamos as sobras de uma briga conjugal entre os pais dos nossos alunos. Numa reunião de pais e mestres, alertei aos pais para que não brigassem perto dos seus filhos, pois além de causar sofrimento para eles intervia no comportamento deles na escola.
Não só devemos ler, mas espalhar para ver se acabamos com essa cultura da violência. "

Eis o link do jornal O Tempo online com os textos mencionados.


* * *



22 de Novembro: homenagem ao insubmisso João Cândido, o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata (1910), mais um dos muitos heróis do povo brasileiro. Cliquem aqui e conheçam um pouco dessa história.

* * *

Visitem também:


- S.O.S. Educação Pública:"GREVE - PORTUGAL"
- Proeti no Polivalente: "PINTOR MINEIRO JOSÉ GERALDO OLIVEIRA: A ARTE EM TELA"
- Mulher com Multifacetas:"Profissão professora"
- Blog da Cris: "O Sentimento"
- Sind-UTE MG: "Sind-UTE/MG questiona Lei Delegada à Justiça"


***

Incorporo ao texto central os comentários abaixo:


"Anônimo:

Olá Euler;

Sempre estou lendo o seu blog e comentários dos visitantes, hj quero concordar plenamente com último comentário do Luciano de História sobre as questões das horas dos cargos, um de 30 hr e outro de 24 hr é muito desgastante, observo isso com os professores na minha escola que possuem dois de 24 hr.

Eu tenho um de 24 hr efetivo e outro Lei 100 com 5 aulas, está razoável, conheço um professor que tem planos de exonerar um cargo para terminar o seu mestrado e fazer o doutorado, com dois cargos é quase impossível se dedicar ao mestrado ou doutorado numa federal, devido ao tempo de dedicação exigido nesses casos.

Uma possibilidade é criar outras opções de carga horária, já fui efetiva no Estado de SP, lá vc tem 3 opções carga mínima que é a que vc começa quando toma posse (15 aulas), intermediária e a máxima 40 horas. O professor teria que ter essas opções de carga horária, até para ter tempo durante o período de estudos.

Um abraço! "

Comentário do Blog: De fato, dois cargos completos é algo realmente desgastante. Já trabalhei em duas redes com dois cargos distribuídos em três turnos e cerca de 20 diários para preencher. É realmente desgastante. Por isso, a jornada de 30 horas (20 de docência e 10 extraclasse), como lembra o colega Luciano, especialmente para quem tem somente um cargo (meu caso atualmente) é uma alternativa razoável. E de fato, professores de Matemática e de Português já cumprem essas 20 horas em sala de aula.

Mas, para quem tem dois cargos, embora a lei permite que um dos cargos seja de 30, é preciso levar em conta que a pessoa perderá, no cargo de 30, aquele dia extraclasse fora da escola, a que habitualmente se chama de "folga", mas que é de trabalho em casa - de correção de atividades, de planejamento de aulas, pesquisa, etc.

"Anônimo:

Euler, me tira uma dúvida. Quem ganha atualmente 935 reais, passará a ganhar 1320 reais? (a pessoa tem licenciatura plena, 9 anos, 1 quinquênio, 2 biênios). O governo começará a pagar no salário de janeiro ou fevereiro? E os efetivados terão direito a tudo o que está na lei?

desde já te agradeço

um grande abraço ".

Comentário do Blog: Caro Anônimo, pela nova tabela salarial, todos os professores (à exceção de quem não possua licenciatura plena ou formação equivalente) receberão, a partir do salário de janeiro de 2011, que é pago no quinto dia útil de fevereiro, o novo salário de R$ 1.320,00. Mas, quem, pela somatória de salários e penduricalhos, estiver recebendo salário bruto maior do que os R$ 1.320,00 será posicionado no grau correspondente à soma do referido salário (básico + penduricalhos) acrescido de 5%. Mas, o governo deve baixar resolução detalhando a aplicação das novas tabelas, inclusive para os efetivados da Lei 100, que até o momento não tiveram direito às promoções e progressões. Aguardemos.


"Paulo Prudêncio:

Acabei agorinha de ler a biografia do João Cândido que o companheiro Rômulo me emprestou. Detalhe: O camarada Rômulo só tem me dado ótimas dicas de leitura.

Negro da Chibata, a vida do mestre-sala dos mares. Escrita pelo jornalista Fernando Granato e lançada pela Editora Objetiva em 2000.

Excelente pesquisa. Livro riquissímo em detalhes sobre a vida e a luta do Almirante Negro. Gostaria de sugerir a leitura a todos os companheiros e companheiras.

Uma leitura contagiante que mostra uma vida de privações e sofrimentos intensos; e também o grande censo de justiça e liberdade do Almirante Negro. "

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

MINAS E AS MARAVILHAS DO PINTOR MINEIRO JOSÉ GERALDO OLIVEIRA: A ARTE EM TELA


QUEM É GERALDO OLIVEIRA?


QUEM É GERALDO OLIVEIRA?

ARTE DE GERALDO OLIVEIRA

QUEM É GERALDO OLIVEIRA ( DINHO)?

SANJOANENSE EXTREMAMENTE SENSÍVEL A TUDO QUE OLHA, TOCA E ASPIRA.


ELE É UMA PESSOA ENCANTADA COM A ARTE.
DESDE MUITO NOVO QUIS SE DEDICAR A ESSE OFÍCIO, MAS A VIDA LHE RESERVOU UM OUTRO CAMINHO NO VALE DO AÇO E LÁ ELE SEGUIU SEU DESTINO CONSTITUINDO FAMÍLIA E TRABALHANDO NA VALE.

ENCERROU ESSA ETAPA DE SUA VIDA HÁ MAIS DE UMA DÉCADA E SEMPRE FOI CERCEADO PELA ARTE. PRETENDE SE DEDICAR MAIS PROFUNDAMENTE ÀS SUAS PINTURAS COMO EXPRESSÃO DE VIDA E REALIZAÇÃO DE UMA VONTADE TÃO MAIOR QUE SONHO: REGISTRAR-SE NO MUNDO COM SUA MARCA DE ARTISTA.



VHS

SONHO: a vida serena que se faz no viver a vida e no viver o sonho

SONHO
































































































































































































































quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Natureza Morta: FRUTAS e FOGÃO À LENHA



FRUTAS
O QUADRO " FRUTAS" TRAZ AS CORES E A LUMINOSIDADE EQUILIBRADAS.
A faca tece o corte do alimento que tece a vida.
VHS










FOGÃO À LENHA
(QUADRO INACABADO)


FOGÃO À LENHA TRAZ UM ACONCHEGO QUE PALAVRAS SÃO INCAPAZES DE REVELAR: O CHEIRO, A ATMOSFERA, O CARINHO DAS MÃOS QUE ALIMENTAM O FOGO; O JOGO DA VIDA QUE SE ENVOLVE O TECER DO AMOR E DO ALIMENTO.
Um olhar, um momento e a labareda se faz: o dia a dia simples da vida que se alimenta do fogo e o fogo que se alimenta em nós.



( VHS)

Telas: "Girassóis" e " Cachoeira"

Girassóis




















PINTAR PARA VIVER, VIVER PARA PINTAR: UMA HORA OS INSTINTOS GRITAM, UMA VOZ INTERNA FALA MAIS ALTO, CICLOS DE VIDA SE FECHAM, OUTROS SE ABREM.A ARTE SE TORNA O CAMINHO MAIS URGENTE DE RECONCILIAÇÃO.
É UM DAR-SE SEM MEDIDAS, UMA BUSCA QUE CAVALGA, SEM MEDO, PARA UMA LUZ INTERNA QUE SE RELETE NO MUNDO.
GERALDO OLIVEIRA ESTÁ EM METAMORFOSE.
VHS











Cachoeira






A NATUREZA FAZ PARTE DAS REPRESENTAÇÕES DE EQUILÍBRIO E DE PAZ PARA G.OLIVEIRA.
NO OLHAR DAS VESTES DO MUNDO SE BUSCA INSPIRAÇÃO PARA SE DESPIR A ALMA E SE RECRIAR COMO SER.

domingo, 24 de outubro de 2010

GERALDO OLIVEIRA

GERALDO OLIVEIRA EM ARTE

GERALDO OLIVEIRA NASCEU EM SÃO JOÃO DEL REI E SEMPRE PROJETOU NA PINTURA O SEU AMOR PELA VIDA.
NÃO PODENDO SE DEDICAR À PINTURA COM EXCLUSIVIDADE FOI GANHAR A VIDA NO VALE DO AÇO ONDE VIVEU COM SUA ESPOSA BETE E SEU FILHO FILIPE.

DE UNS ANOS PRA CÁ DEDICA-SE MAIS À PINTURA E ÀS AULAS DE ARTE COM SEU MESTRE JOSE ROSÁRIO ( DA CIDADE DE DIONÍSIO).
DINHO TEM UM OLHAR SENSÍVEL PARA O MUNDO, O QUE VÊ, TOCA E SENTE TEM UMA DIMENSÃO SAGRADA.
ELE CARREGA UMA MISSÃO DE COMPROMISSO COM A ARTE DA VIDA E COM A VIDA DA ARTE.NELE TRANSBORDAM LUCIDEZ E SONHO: DINHO É ESPECIAL SIMPLESMENTE POR EXISTIR.
VHS


Modelo Picture Window. Tecnologia do B

Blog do EULER:"O debate e as conquistas..."

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O debate e as conquistas...


20 de novembro: Dia da Consciência Negra
Clique na imagem e veja o cartaz do Sind-UTE-MG


* * *

O post abaixo, como tem acontecido com os demais posts deste blog, foi enriquecido pelo debate fraterno e demais comentários dos colegas de luta Graça Aguiar, Rômulo, Luciano História, Anônimo de Uberlândia e outra Anônima. Impressionante como a qualidade dos comentários faz toda a diferença nos espaços da blogosfera - e não apenas aqui.

As divergências de opinião, pelo menos aqui no blog, como são originadas de pessoas que gravitam numa mesma situação social - os de baixo -, quase sempre acabam encontrando pontos convergentes, mesmo guardando as diferenças ideológicas ou de enfoque.

No geral, ou melhor, no frigir dos ovos, pelas condições objetivas a que estamos envolvidos, acabamos por nos encontrar no mesmo lado da trincheira, aquela que separa os assalariados-explorados dos poucos que detêm as riquezas produzidas por todos nós.

Há uma turma cada vez mais isolada, que não frequenta este blog, felizmente, que ainda alimenta enormes preconceitos em relação aos pobres. É o caso daquele ridículo comentarista da RBS-Globo de Santa Catarina, que teve a cara de pau de culpar os pobres pelo aumento dos acidentes de trânsito no feriado. Pelo fato de que parcela da população de baixa renda esteja adquirindo automóvel. Esqueceu
de dizer o infeliz que, além de andar de carro, nós agora estamos com mania de andar de avião, também.

No calor do debate do post abaixo, uma visitante Anônima nos lembrou que temos conquistas alcançadas pela nossa maravilhosa revolta dos 47 dias a comemorar e outras a esperar e a cobrar. É fato. A participação do Sind-UTE no processo de Certificação como primeiro passo para eleição dos novos diretores de escola; a ampliação do percentual para 20% das pessoas com direito a férias-prêmio, além do novo salário de R$ 1.320,00 para janeiro de 2011, entre outros.

Certamente há muitos outros pontos a discutir e a conquistar, como: o correto posionamento dos servidores da Educação com base no tempo de serviço prestado; o retorno de percentuais de promoção e progressão do atual plano de carreira; a questão das 30 horas e sua aplicação; o terço de tempo extraclasse, o concurso público, etc. São demandas que serão cobradas do governador reeleito.

A par disso, temos também demandas a cobrar da nova presidenta da República Dilma Rousseff, que este blog ajudou a eleger para derrotar a candidatura da extrema-direita e garantir a permanência e a ampliação de políticas sociais em favor dos de baixo. Além disso, Dilma se comprometeu a tratar como prioridade a questão da Educação pública de qualidade para todos, especialmente o item salário mais digno para os educadores. Vamos cobrar, claro.


No mais, não deixem de acompanhar a extensa lista de blogs que indicamos na coluna aí ao lado. Ultimamente, as boas informações têm sido produzidas pela blogosfera e não pela mídia a serviço dos governos e das grandes empresas e negociatas outras. Felizmente, este espaço - o da Internet - ainda está preservado do controle exercido pela minoria rica que detém as riquezas que nós produzimos.


* * *

Incorporo ao texto central os comentários abaixo.

"Luciano História
:

Vai ter ou não vai ter concurso? esta é a primeira questão,cargo de 30 é a segunda questão, posicionamento na tabela do subsídio de acordo com sua letra por tempo de serviço é a terceira,respeitar 1/3 de extra-classe no cargo de 24 a quarta.É colega Euler, estamos terminando 2010 com uma serie de indefinições e problemas para 2011. "

* * *

"Wanderson Rocha:

Olá, Euler Conrado,

Escrevi um texto sobre o site Educar para Crescer. Caso ache interessante divulgue:

http://coletivofortalecer.blogspot.com/
"

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"Rômulo:

Realizamos uma combativa e histórica greve no primeiro semestre de 2010 para alcançarmos uma recomposição salarial decente e digna. Nos lembramos muito bem de nossa principal reivindicação econômica: PISO SALARIAL DE R$1320,00 (orientados pelo valor apontado pela LEI DO PISO corrigida em 2010) e CARGA HORÁRIA SEMANAL DE 24HS, SENDO 1/3 EXTRA-CLASSE.

Apontamos com clareza o que é PISO.

Não lutamos para ter subisidio (teto salarial) e muito menos aumentar nossa carga horária e menos ainda mexer em nossa carreira para pior.

O Estado Podre locupletou-se da situação. Eu, juntamente com outros companheiros(as), defendi veementemente na ultima reunião do Comando Geral de Greve não aceitar o acordo (projeto de Lei do Subisidio enviada a ALMG) com o Estado em troca da suspensão da greve.

Respeitamos a decisão da maioria.

Houve um bom combate na ALMG. De acordo com a correlação de forças possível, conseguimos algumas melhoras no projeto.

Contudo, na luta contra o capital, precisamos ganhar mais, trabalhar menos para trabalhar melhor.

Não podemos nunca subestimar nossas forças.

Essa proposta de 30 horas do Estado é pura sacanagem. Ele sabe que a categoria precisa ganhar mais e praticamente a "obriga" a trabalhar mais e ainda por cima vem com a demagogia de opção. Que mané opção o quê! Se fosse opção mesmo, fariam um plebscito com a categoria para escolher a mais justa carga horário de trabalho.

Mais luta pela frente para os trabalhadores em educação de MG: Carga horária e salários justos!

Quanto ao concurso a posição é clara. Foi conquista da nossa greve (assinada e protocolada) que não foi cumprida pelo Estado. É preciso ter memória de elefante e cobrar com juros e correção monetária (desculpe os termos capitalistas).

O cenário para 2011 é de muita luta. O único dialogo que o governo do Filhote do Faraó e seus asseclas entendem é o da greve, da pressão, da categoria nas ruas junto com a sociedade.

E esse momento de fim de ano é de mobilização e esclarecimentos. Existe uma cortina de fumaça a frente da categoria. São muitas dúvidas referentes aos temas muito bem levantados pelo camarada Luciano no comentário acima.

Avante, Companheiros (as)!
"


"Anônimo:

Lendo os comentários vejo que as dúvidas são as mesmas, e quase não se fala sobre eles na escola, o site do sindute também não esclarece, será que tem uma comissão que reune com os secretários do Anastasia para cobrar os acordos? Será que só o ano que vem é que teremos assembleias? Acho que está tudo muito parado e calado.
"


"Luciano História:

Colega Rômulo,me permita discordar de só um ponto que você colocou, que é justamente o cargo de 30.Atualmente temos vários professores de matemática, português e do ensino infantil que trabalham 20 horários em sala de aula e só recebem por 24 aulas, esse cargo pelo menos iria corrigir uma grande injustiça que já ocorre.Outro ponto positivo do cargo de 30 é justamente no caso dos colegas que só possuem um cargo ou que optaram em trabalhar com apenas um cargo( o Euler por exemplo).Concordo que com dois cargos (24 e 30) a carga horária se torna abusiva e pouco produtiva, o ideal era o cargos únicos de 40 e 30 horas ou pelo menos 2 de 20 respeitando o 1/3 extra classe em todos eles.
"