sexta-feira, 4 de março de 2011

BLOG DO EULER:"Salário no bolso, carnaval e expectativa para o dia 17."



sexta-feira, 4 de março de 2011
Salário no bolso, carnaval e expectativa para o dia 17

Hoje foi dia de acordar mais cedo um pouco. As 7h30 da madrugada já estava de pé. Uma chuvinha leve, um friozinho suave, tratei logo de colocar uma jaqueta velha de guerra com longa data de uso. Passo a mão no guarda-chuva, igualmente com bom tempo de uso, a ponto de só abrir por meio de mecanismo pouco usual, que aciona a mola que o faz abrir.

A passos firmes, ainda sem tomar o primeiro costumeiro gole de café, caminho em direção ao banco, o do Brasil, que repassa o subsídio dos servidores de Minas. Pensei encontrar a agência lotada, já que hoje é dia de pagamento e com o feriado de carnaval...

Contudo, para minha surpresa, a agência bancária estava vazia. Só havia uma pessoa na minha frente. O saque foi rápido, dentro do limite estabelecido pelo banco. Com o novo valor, agora estou tendo esse trabalho de voltar uma segunda e última vez ao banco. Tudo bem. Se é para o bem geral da Nação e para o meu também, faço esse sacrifício. Grana no bolso, ou melhor, numa das mãos, e um maço de contas a pagar na outra. Como de hábito, atravesso a rua e numa drograria, onde praticamente não tem fila, pago as contas. Compro um jornal de 0,25 em seguida, mesmo sabendo que as notícias estão disponibilizadas na Internet. Outro velho costume: não dá para ler as coisas o tempo todo sem tocar num papel, levar para o banheiro nas horas de aperto e coisa e tal.

As primeiras contas pagas - água, luz, telefone, Internet, etc. - começo a fazer a pequena lista de compras para abastecer as prateleiras do meu modesto bunker. A gasolina no tanque de guerra dá tranquilamente para o dia de hoje. E olha que o preço da gasolina subiu, não se sabe o porquê, já que o Brasil vive anunciando que se tornou autosuficiente em petróleo, e que todo dia descobre novas jazidas (seria este o termo?) de pré-sal. Bom, enquanto o futuro do pré-sal com a promessa de aumento dos nossos salários não chega, vamos convivendo com o presente de alta no preço das passagens dos coletivos e no da gasolina.

Enquanto isso, o país se prepara para viver mais um carnaval. O de Vespasiano, como já pude relatar no blog que fiz especificamente para Vespá, praticamente termina com o Boi da Manta, que teve ontem, quinta-feira, sua última apresentação. Deve haver alguns bailes do povão num espaço que deram o nome de Centro de Convenções Risoleta Neves. Herança do então faraó, que batizava tudo com o nome do avô e da avó. De estradas a hospitais, passando por centro de convenções e cidades administrativas.

Enquanto passa o reinado do Momo, ou durante este curto-longo período, estarei a curtir momentos de relativo sossego. Espero ver muitos filmes, tomar água de coco, um pouco de creme de acaí, navegar pela Internet, rever familiares, enfim, só coisa boa. De clima de carnaval mesmo, muito pouco verei. Mas, o descanso prolongado faz com que eu deseje que esta data se repita sempre, eternamente. Pior mesmo será para uma das minhas alunas, que trabalha num supermercado - uma grande rede -, e diz que lá funciona domingo e até terça-feira de carnaval até as 14 horas. Ninguém merece esse calendário mercadológico, voltado para o lucro desesperado, onde os seres humanos são tragados, sem o menor constrangimento. Por isso ela se esforça para concluir o segundo grau e mudar de profissão. Não há como negar que a escola tem também este papel, de proporcionar, nos limites do sistema vigente, a possibilidade de uma mobilidade maior, mesmo que sem mudar as condições financeiras. Um emprego melhor, com mais tempo livre, poderá fazer toda a diferença na vida de uma pessoa, que terá mais tempo para os amigos, a família, para ela mesma, enfim.

Mas, quando o carnaval passar, as atenções dos educadores do Brasil inteiro estarão voltadas para Brasília. Eu disse aqui que deveríamos nos concentrar na Capital do país. Escrevi até uma carta aberta para a presidenta Dilma, vocês são testemunhas disso. E agora, no próximo dia 17, quase que respondendo ao meu apelo, o STF deve se pronunciar acerca da Lei do Piso. São duas as questões em pauta: a definição conceitual e legal do piso - se piso é piso mesmo, ou se é a somatória de vencimento básico mais penduricalhos; e, se a exigência de um terço de tempo extraclasse é constitucional. Os governadores nem questionam o valor do piso, sabidamente baixíssimo.

Como comentei no post abaixo, dependendo da decisão tomada pelo STF, a lei do subsídio em Minas entra em declínio. Mas, se o STF decidir que piso não é exatamente piso, mas teto, então o subsídio ganha força, e o piso nacional simplesmente acaba. Melhor mesmo será tomar o salário mínimo como referência e trabalhar em termos de quantidade de mínimos: nada menos que três porções da cota mínima para um professor com ensino médio, e uma quarta porção para o professor com curso superior. Talvez teria sido melhor e mais prático se tivéssemos adotado essa estratégia desde o começo, pois isso ajuda a mostrar o quanto a carreira do magistério estava - e continua - desvalorizada. Um outro bom referencial seria exigir pelo menos um décimo do salário que é pago, sem os penduricalhos, aos nobres deputados, senadores, ministros do STF. Mesmo uma décima parte do que recebem estes senhores (uma parte do que recebem, apenas) seria no mínimo mais do que o dobro do piso cheio proposto pelo MEC: R$ 1.187 para uma jornada de 40 horas. Pena que eles não vivam com aquilo que eles oferecem para outrem.

Enfim, amigos navegantes, desejo-lhes um bom carnaval, com descanso, relativa paz, e que sejam comedidos ao gastarem a soma que merecidamente sacarão das agências bancárias na data de hoje. Nada de exagero, pois o mês está só começando. E março, ao que parece, ainda nos reserva algumas surpresas.

***

"Anônimo:

Caro Euler;

Com tantas situações para serem definidas e negociadas na nossa carreira, sinto que ainda permanece a união da classe de educadores, como na "maravilhosa greve dos 47 dias", parece que foi negociado com a nossa secretária de educação, o não corte da paralisação do dia 24.

Na minha escola passou uma lista dos professores que eram a favor da paralisação, e ganhou com larga vantagem. Lá o costume é todos pararem, quando dá a maioria, mas desconta no salário apenas de alguns. No período da nossa greve, foram apenas alguns professores que tiveram seus salários descontados, os outros mesmo não trabalhando nesse período foram poupados do corte.

Vamos torcer para que as negociações avancem depois do carnaval.

Um abraço! "

"Anônimo:

EULER, SERA QUE VAI SER TRASMITIDO O JULGAMENTO DA ADI ? SE SOUBER NOS AVISE POR FAVOR . "

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