Professores e o cabresto que nos cabe
Eu estou felicíssima
Com a profissão de professora
Vou ser obediente e nunca mais reclamar de ser sofressora.
Sou boa menina, vou me comportar
Os patrões vão me aplaudir prá o meu cargo sempre conquistar.
A lição eu aprendi
de que nada posso reivindicar
Tudo devo aceitar sem nem nos olhos do patrão olhar
Tudo farei para agradar e de mim nem vão ouvir falar.
Reproduzirei o que mandarem
Escravizarei a minha alma porque satisfeitíssima estou.
Sei que muito questionei sem merecimento algum
Lobotomia merecida pois que muito refleti e questionei
Sem conhecimento de causa nenhum
Meu salário é muito bom e toda a infra estrutura do aparato
do patrão
Só me enche de orgulho.
É inveja desejar o que o outro tem
Por isso o salário dos poderosos que nos marionetam
é puro merecimento da
doação honesta
do trabalho que
desempenham.
Justo demais para o comprometimento deles
Que tanto amor têm pelo nosso país:
tantas horas de labor pensando em como melhorar
seus próprios injustos salários.
Comprarei viseiras e prometo presentear meus amigos de
profissão
com este aparato que nos ajudará
a sequer ver a expressão nos olhos desta classe
que de tão desunida
precisa sofrer punições mesmo!
Precisamos nos unir e compreender que cada macaco é no seu
galho
E que não se mexe com o brio de gentes tão idôneas
quanto nossos
conscientes e humanos políticos
que tão bem nos representam.
Esses que tanto se doam pela nossa classe
que tanto nos compreendem e lutam por nós.
Como estive cega!
Pois se tanto nos disseram
que quem não se adequa à profissão
ou que dela não estiver gostando
Mude, então, de ramo
Mude seu coração e dê licença
Que atrás vem gente e
querendo o cargo tão valorizado
E bem pago que ocupamos!
Também já ouvimos
que não mais segurança temos
no caso de incomodar
então meus caros colegas
prestem muita atenção
que eu vou lhes avisar:
entrem no trilho que nos desenharam
porque a máquina por cima vai passar!
Mortos estamos , é fato
E é melhor não reclamar!!!!
Caso passemos mal
com vontade de vomitar
aprendamos a engolir mais um pouco do veneno
a ser bacanas e aplaudir
o que os maiorais nos manda ouvir.
Mais uma coisinha quero dizer:
prometo não plantar mais sementinhas
de flores belas
pois que riram delas, pisotearam todas
tanto e com tanta maestria
que a terra já não está mais fértil
nem meus sonhos têm mais rebeldia.
O patrão está dando de dez na repressão da década de setenta
matar gente com fuzil
deixa marcas e arquivos a se pesquisar
mas matar sonhos é de uma sutileza...
e a dor
e a dor
jamais vai passar,
mas eles não têm olhos para enxergar
E NÓS NÃO TEMOS MAIS COMO LUTAR!
E NÓS NÃO TEMOS MAIS COMO LUTAR!
Vanda Sandim
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