sábado, 31 de maio de 2014

ENTREVISTA COM A PEDAGOGA ARGENTINA ANA TEBEROSKY SOBRE PRODUÇÃO DE TEXTO

Ana Teberosky
Doutora em psicologia e docente do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação da Universidade de Barcelona, ela também atua no Instituto Municipal de Educação dessa cidade, desenvolvendo trabalhos em escolas públicas.

Entrevista com Ana Teberosky

13/08/2012 -
A educadora espanhola Ana Teberosky, cátedra da Universidade de Barcelona, pesquisadora e autora de pesquisas importantes na área da educação, entre elas A Psicogênse da Língua Escrita, em parceria com Emília Ferreiro, obra que trouxe importantes reflexões a respeito da aquisiçao do sistema de escrita, falou com o Diário na Escola na última semana sobre produção de texto no ensino infantil e fundamental. A pesquisadora esteve no Brasil para um Simpósio promovido pelo CEDAC (Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária), em São Paulo, voltado para formadores em educação. Na entrevista, Ana Teberosky dissertou sobre a necessidade dos alunos entenderem para que e por que produzem textos, sobre como o educador pode estimular os alunos para essa produção, sobre a possibilidade de usar histórias e imitações no processo criativo e sobre a importância das crianças adquirirem vocabulário, entre outras coisas. A seguir os principais trechos da entrevista.

Diário na Escola – Como a senhora vê a aquisição e produção de texto por parte das crianças?
Ana Teberosky – É difícil falar sobre a produção de texto da criança brasileira, porque as crianças do Norte, do Sul, da costa, da Amazônia, têm muitas diferenças regionais, não há um único tipo de criança brasileira. Porém, há uma identidade. É como na Europa, a criança portuguesa não é muito diferente da criança espanhola, mas elas têm uma cultura escolar
diferente da criança brasileira. Por isso é difícil generalizar comentários sobre o processo de aquisição de textos das crianças de locais diferentes. De qualquer forma, é possível, em qualquer lugar, dizer que para que essa aquisição ocorra, os educadores devem fazer o seguinte questionamento com os alunos: para que são produzidos os textos e por que fazê-los.

Diário na Escola – De que forma os professores devem trabalhar a partir destas questões?
Ana Teberosky – Sobre a questão para que fazê-los, é interessante que se entenda que um adulto, uma pessoa letrada, lê textos com diferentes funções e aspectos subjetivos. O jornal é um texto, o romance é um texto, uma carta é um texto, ler uma notícia é um texto, ler a bula de um medicamento é um texto. Sendo assim, para entender para que se produz textos, educador e alunos devem produzir e interpretar juntos, é importante ficar claro que o resultado concreto da
leitura e da escrita é um texto. Ou pode-se também dizer que na realização do texto há resultados concretos, de leitura e interpretação. Não há ato de leitura sem a escrita – só uma palavra já é um texto. Portanto, na produção do texto, fazemos ao mesmo tempo um ato de leitura e de escrita. Sobre a questão por que fazê-los, a história é outra. O texto é importante na aquisição da leitura e da escrita, portanto é preciso produzir e ler textos. Há muitos processos psicolingüísticos e muitos motivos possíveis num discurso, num texto. Um processo de construção das sintaxes não acontece com a palavra sozinha há todo um processo de produção e compreensão da pontuação, um processo da coerência gráfica. Então, é muito importante que a aprendizagem da leitura e da escrita não seja restrita, há várias formas de produção do texto além da gráfica. A questão da palavra é outra. A ortografia é a palavra. Se o educador for trabalhar com a ortografia, aí a unidade da referência é a palavra, mais que o texto.

Diário na Escola – Qual a maneira de trabalhar a produção de texto sem a palavra escrita, sem a
ortografia? Não é necessária, desde o ensino fundamental, a preocupação de introduzir as regras
e normas cultas da escrita?
Ana Teberosky – Quando começa a produção de texto na pré-escola ou na primeira série, é bom começar com o texto ao mesmo tempo que começar com as letras, com as palavras. Talvez não seja possível que a criança produza um texto graficamente, mas ela pode contar para o adulto e o adulto escrever. Ela pode produzir um texto oralmente, em situação de entrevista, gravando
etc. A produção de texto não é necessariamente gráfica. Quanto às regras gramaticais e ortográficas, a aquisição de algumas delas é possível no início, outras ainda não. O professor tem que chegar a um equilíbrio entre a restrição e a limitação impostas pela aplicação das regras gramaticais e ortográficas na criação do texto, e a liberdade com que se aplica essa mesma atividade, sem utilizar a produção gráfica. Nem tudo deve ser limitado e restringido, nem tudo deve ser livre, pois isso é impossível.

Diário na Escola – Como se deve começar uma narrativa? O professor tem que buscar equilíbrio entre liberdade, desde que seja criativa, e regra formal de escrita?
Ana Teberosky – O professor deve começar em cima de uma estrutura narrativa conhecida ou de uma narrativa que tenha um personagem. Nós estamos trabalhando esse tema de equilíbrio de restituição de liberdade. Se você deixa a criança na conversa cotidiana oral, a produção dela é muito pobre, o vocabulário é pobre, curto, a estrutura é muito simples. Mas se você provoca alguma situação na qual a criança tem que imitar a outra ou falar como se fosse um personagem da televisão, falar como se fosse um professor, falar como se fosse um personagem do livro, o nível de instrução dela aumenta. Aumenta muito o vocabulário, a complexidade das sintaxes. Porque a imitação permite incorporar a capacidade de outro. Nós somos a favor do texto livre, mas com atenção para o fato de que, com ele, a criança pode ficar muito sozinha com suas próprias idéias e sem ajuda. Por isso, é interessante que o texto seja criado a partir de alguma estrutura e que o aluno receba ajuda no caso da imitação de personagens ou colegas.

Diário na Escola – A produção de texto é uma ferramenta importante para que a aquisição da leitura aconteça de forma letrada, efetiva?
Ana Teberosky – É muito importante porque permite a realização do jogo discursivo que é uma situação que, sem produção de texto, é impossível. Quando você está, por exemplo, na hora de comer, com a família, normalmente todos falam muito. Mas os temas desses discursos narrativos são muito limitados, para a aquisição da leitura são interessantes temas mais complexos. Em um comentário sobre um livro você pode incorporar muito mais, porque os temas são mais complexos, porque as palavras são mais complexas. Mais da metade do vocabulário de uma língua, de um idioma, só se encontra nos livros. O vocabulário não está na fala cotidiana, ela é muito repetitiva.

Diário na Escola – Qual a importância da apropriação do vocabulário restrito aos livros?
Ana Teberosky – Se você só tiver duas palavras para todo o mundo, o que seria do mundo? Quando a criança é pequena, a criança não fala cão. Ela refere-se ao cachorro somente como au, au. Essa é toda a referência que ela tem do animal. Mas ela pode aprender a referir-se ao cão dela, a partir de outras perspectivas: pode descobrir que o au, au pode ser chamado de cão ou de cachorro, que ele é um animal, mamífero e que au, au é o som que os cães fazem quando latem. São informações sobre o animal, agregadas à expansão do vocabulário.

Diário na Escola – Apropriação da língua é apropriação de conteúdos?
Ana Teberosky – É apropriação de conteúdos, é pensar. Não interessa a fala cotidiana automática, sem reflexão, por exemplo, quando você diz no almoço: “me dá salada”. Isso é automático. Para produzir um texto você tem que pensar a linguagem.

Diário na Escola – Qual sua recomendação para os professores que estão trabalhando produção de texto com os alunos?
Ana Teberosky – Ler muito. Devem ler como adultos, devem ler para os alunos, devem comentar o livro. Sem comentários não adianta, não há progresso. Deve-se falar muito sobre
o livro, não só sobre o conteúdo, mas sobre a linguagem, sobre a capa, as letras, como se lê hoje, sobre o jeito como se lê, sobre as ilustrações.

Diário na Escola – Nesse momento, junto com a leitura, o educador deve pedir para as crianças produzirem textos?
Ana Teberosky – Não tão de imediato, não é só o primeiro passo, há o segundo passo. Por exemplo, se o educador está lendo com os alunos Chapeuzinho Vermelho, ele pode falar sobre o engano do lobo e comparar o erro da história com alguma situação cotidiana. Os alunos podem então fazer narrativas que envolvam enganos como o da história e o que o professor contou.

Diário na Escola – Qual a idade para as crianças iniciarem a produção de texto em casa e na escola?
Ana Teberosky – Depende do estímulo da família e dos professores, mas pode ser em torno de 2 anos ou 3 anos de idade. Na escola também, o quanto antes melhor.

Diário na Escola – O professor pode pedir para a criança um texto por escrito, com algumas normas de gramática, a partir de qual idade?
Ana Teberosky – É possível pedir isso para crianças de 4,5 ou 5 anos de
idade. Depende do que o educador pede e do quanto elas tiveram contato com a leitura e com a escrita. A recomendação para o professor, na verdade, é ler muito, depois comentar, quando a criança produzir um texto, o educador deve ler, comparar,e mostrar que a escrita não existe sem a leitura e a leitura não existe sem escrita. Elas estão juntas. O aluno vai acabar entendendo que
ele deve fazer um texto para alguma coisa, em função de alguma coisa.

Fonte: DIÁRIO DO GRANDE ABC - DIÁRIO NA ESCOLA (06/08/2004)

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LIVROS DE CLARICE LISPECTOR PARA DOWNLOAD GRÁTIS!!!!!




20 de maio 
 


20 obras da escritora Clarice Lispector, como A Hora da Estrela, A Legião Estrangeira, A Maça no Escuro estão para download gratuito. Clarice Lispector (1920-1977) foi escritora e jornalista brasileira, de origem judia, reconhecida como uma das mais importantes escritoras do século XX. A ‪#‎tecnologia‬ permite o acesso e compartilhamento de conhecimento, então confira: http://bit.ly/1jQMfKh

CLARICE LISPECTOR JUDIA?

VIRA E MEXE ESTOU ÀS VOLTAS COM CLARICE LISPECTOR. SINTO QUE ELA SE PERPETUOU EM TODOS NÓS QUE A LEMOS E A ADMIRAMOS. POSTO HOJE, SOBRE ASPECTOS JUDAICOS EM SUA OBRA.CLARICE NASCEU NA RÚSSIA MAS SUA LÍNGUA MATERNA É O PORTUGUÊS DO BRASIL. ELA FOI, PARA MIM,DE CULTURA E CORAÇÃO BRASILEIROS.

VANDA  




Aspectos judaicos de Clarice Lispector


Nascida Chaia Pinkhasovna na aldeia ucraniana de Chechelnik, Clarice Lispector (1920-1977) sempre desafiou definições. Dizia-se escritora amadora (“pois só escrevo quando tenho vontade”), mas se sentia morta quando parava de escrever. O texto grita, às vezes assusta, a mulher sussurra. “Estou falando do meu túmulo” – diz, a voz quase inaudível, melancólica, poucos meses antes de falecer, em entrevista ao jornalista Julio Lerner, referindo-se ao fato de ter colocado ponto final numa obra. (http://www.youtube.com/watch?v=9ad7b6kqyok)

Dizia também que escrevia de forma simples. De sua vida em novelo, porém, pode-se dizer quase tudo, menos que foi simples. O escritor norte-americano Benjamin Moser, 33 anos, que viveu no Brasil, desenrolou a história com minúcias em Why This World,  publicado com críticas elogiosas nos EUA e que chega aqui em novembro, pela Cosac Naify, como Clarice, uma Biografia.

A conjuntura que trouxe a família Lispector ao Brasil, em 1921, foi trágica – a mãe fora estuprada por soldados russos e contraiu sífilis. Clarice nasceu devido à crença, popular na Ucrânia, de que a gravidez neutralizava a doença. A família se estabeleceu primeiro em Maceió, depois em Recife, de onde a escritora saiu para estudar Direito no Rio. Moser, a quem entrevistamos, por e-mail, sobre aspectos judaicos da obra de Clarice, enfatiza a importância da sua origem e a insere num quadro de catástrofe histórica e deslocamento que gera trauma, loucura e, entre os judeus, o "povo do Livro" (para o qual o mundo é "salvo" pela palavra), uma escrita que ultrapassa fronteiras.

Pergunta: A crítica brasileira não deu maior importância à “judeidade” de Clarice e ela mesma evitou referências abertas à tradição judaica em sua obra. A tradução do seu livro vai abrir nova senda nos estudos claricianos? Vai inseri-la num grupo em que entram outros “judeus de alma atormentada”, a exemplo de um Bruno Schulz? 
Moser: Isso faz parte de minha ambição para o livro. Embora já houvesse certos críticos que se interessaram pela 'questão judaica' na obra da Clarice, há um outro lado, muito forte, que insiste na sua 'brasilidade', como se fosse preciso escolher entre ser judia e ser brasileira. Isto vem, talvez, de certo 'instinto de nacionalidade' brasileira, na frase de Machado de Assis, mas também porque ela justamente não é, nos seus escritos, explicitamente judia. Mas este lado também é muito judaico. Muitos dos grandes escritores judeus não falam explicitamente, ou só raras vezes, do judaísmo. Pense em Proust ou em Kafka. 
           Os judeus, sobretudo os que, como ela, têm sofrido perseguições e exílio, muitas vezes se refugiam em alegorias e em símbolos, e essa experiência histórica lhes dá as mesmas preocupações filosóficas e religiosas: por que Deus insiste, cada vez, em abandonar o chamado 'povo eleito' de maneira tão brutal? 

Pergunta: Há alguma explicação que Clarice tenha dado para o nome Macabéa, a personagem nordestina de A Hora da Estrela, referência aparente à trajetória dos macabeus? 
Moser: O nome foi dado de propósito, me confirmou sua falecida irmã, dona Tânia [Kaufman]. Acho que uma das glórias daquele livro é a maneira genial com que Clarice reúne tantos aspetos de sua vida e de sua personalidade em pouquíssimas páginas: é explicitamente brasileiro e explicitamente judeu. Aliás, quando se diz que Clarice raramente mencionou o judaísmo em sua obra, é também verdade que ela raramente fala do Brasil, ou pelo menos não no sentido 'folclórico', sobretudo nos romances. 
Mas o que acho que seja a referência mais clara aos macabeus é a resistência de Macabéa. Não uma resistência ponderada de uma família aristocrática, como foi o caso dos macabeus, mas a simples insistência em existir.

Pergunta: Seu livro insere Clarice na tradição judaica da “briga” com Deus, algo só possível para os íntimos... Há outras escritoras judias que tenham seguido essa tradição, em geral masculina? 
Moser: Não acho que seja uma tradição em geral masculina. Acho que é o resultado natural de quem tem uma certa vocação religiosa ou, como você diz, intimidade com um Deus que então o castiga de maneira terrível, como foi o caso dos judeus no século XX. Sobretudo na região de onde veio Clarice. 

Pergunta: Quem são as influências de Clarice nesse ponto? Ou ela é intuitiva? Li um comentário da poeta norte-americana Elisabeth Bishop, dizendo-se impressionada por Clarice não ser uma “leitora”, não demonstrar influências.
Moser: Elizabeth Bishop não ficou 'impressionada' exatamente, ela está dizendo que Clarice era praticamente analfabeta, o que estava longe de ser o caso - mas isso fazia parte da depressão da própria Bishop, em relação a tudo, a começar por sua relação com Lota de Macedo Soares, depois se estendendo ao próprio país da Lota, que no início ela tinha adorado... Falava mal de tudo, mas respeitou Clarice, uma raríssima exceção no panorama da cultura brasileira. Chegou até a traduzir Clarice para o inglês. 
            A mentalidade judaica que Clarice demonstra provém de uma coincidência de circunstâncias históricas - a perseguição e o exílio de que já falei - que quando combinada com um gênio expressivo produziu resultados que às vezes se parecem com outros escritores judeus. Mas isso não é a mesma coisa que ter 'influências'. Claro que ela leu muito, gostou ou não gostou, mas a Clarice é puramente original. 

Pergunta: O desconsolo de Clarice se explica pelo trauma infantil que você expõe agora pela primeira vez? Como ela teria se sentido na Europa durante o Holocausto, bem ao lado da tragédia dos judeus mas casada com um diplomata e imersa na vida da elite brasileira? 
Moser: De acordo com uma crença que ainda hoje existe na Ucrânia, a gravidez podia curar uma mulher de uma doença venérea, como a que a mãe de Clarice contraiu quando foi atacada nos terríveis pogroms que acompanharam o final da Primeira Guerra Mundial e a Revolução bolchevique. Foi uma das dezenas de milhares de mulheres judias atacadas. E, numa tentativa desesperada para curar a mãe, os pais de Clarice decidiram que se ela ficasse grávida, curaria a doença. Uma coisa tão perigosa que quase foi um suicídio. Mas eles eram de uma região muito primitiva e não sabiam disso. A mãe engravidou, e Clarice foi o resultado. Sua sobrevivência foi um milagre. Mas não cura a mãe, que morre quando ela tem 9 anos. E ela vai carregar sempre o peso dessa culpa.
          A violência contra os judeus após a Primeira Guerra foi quase totalmente esquecida porque o que veio depois, na Segunda Guerra, foi pior. Na verdade, só pior na amplidão, na matemática da morte. Mas acho que Clarice nada sabia quando chegou à Europa. Chegou de um Brasil ainda sob a censura do Estado Novo, onde essas coisas não foram publicadas. Os judeus sabiam que a situação estava muito ruim na Europa, mas acho que ninguém no Brasil realmente suspeitava até que ponto. E não está claro quando ela fica sabendo. Acho que a tragédia era dolorida demais. Nesse receio de falar do desastre ela não era a única. 

Pergunta: Além da tragédia da mãe, a figura do pai marcou Clarice de que modo? Ele é o "mensch" de um dos contos dela? A palavra, tão intraduzível, evoca outros fatos, outros personagens?
Moser: Dona Tania falou que ele era "o homem de melhor caráter que já conheci". Todos que o conheceram concordam. Foi ele quem salvou as filhas depois da morte da mãe. Ele, um homem quase sem talento para o comércio, que lutou a vida inteira, dia após dia, para se sustentar, conseguiu educar as filhas, dar-lhes um futuro melhor. Foi um esforço quase sobre-humano. Quando morre, muito jovem, Clarice tem 20 anos. Seus sacrifícios não foram em vão. Uma das filhas iria colocar o nome do pobre mascate entre os grandes nomes do Brasil. Mas Pedro Lispector não viveria para ver. 

Pergunta: Clarice chegou a pensar, alguma vez, em educar os filhos como judeus? Ou era um legado que não devia ser transmitido?
Moser: Ambos os filhos de Clarice são judeus ainda hoje. Não tiveram educação judaica, não porque Clarice não quisesse transmitir o legado, mas porque, como muita gente faz, optou por dar-lhes uma educação laica.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Minas Gerais: professores da rede estadual continuam em greve

 
 Muitos professores estão aderindo à greve do estado. Ainda há os que temem retaliações como corte do salário, também, os da Lei 100 que temem pela suas seguranças. Mas ainda temos ( nós da lei 100), algo a perder????? O que será que será?????
 
 O GOVERNO DE MINAS E DO BRASIL É UM DESGOVERNO QUE ATUA FORA DE LEI QUANDO LHE CONVÉM, FAZ DAS LEIS ESCUDOS PARA MASCARAR SEUS INTERESSES.A DELINQUÊNCIA NACIONAL ESTÁ NO PLANALTO, NAS LEIS MAL ELABORADAS, NA FALTA DE RESPEITO AO POVO BRASILEIRO. OS POUCOS POLÍTICOS DECENTES QUE LÁ ESTÃO POUCO PODEM FAZER. O VOTO É A NOSSA ARMA; MAS ARMA CONTRA O QUÊ? CONTRA ESSA MÍDIA QUE ENGANA???? COMO VOTAR BEM???????
GREVE AINDA QUE TARDIA! 
( LIBERTAS QUE SERÁ TAMEN: LIBERDADE AINDA QUE TARDIA.)QUE LIBERDADE FOI ESSA????
VANDA

 
Educadores permanecem em greve por tempo indeterminado
Educadores permanecem em greve por tempo indeterminado
Decisão foi votada em Assembleia Estadual
Permanece a greve, por tempo indeterminado, dos educadores mineiros, coordenada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG). A decisão foi votada na Assembleia Estadual da categoria, nessa quarta-feira (28/05), no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), por cerca de 1.500 trabalhadores em educação, vindos de todas as regiões. Após aAssembleia, os educadores seguiram em passeata até à Av. Afonso Pena, no centro da capital, onde se uniram ao movimento da rede pública municipal.
O movimento teve início dia 21 de maio, em todo o Estado e,desde o começo da greve, os trabalhadores em educação de Minas Gerais realizaram assembleias locais e mobilizações por todo o Estado, para reforçar a reivindicação da categoria por abertura de negociação com o governo.
Para a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, a greve é a maneira que a categoria tem de pressionar o governo do Estado a abrir negociação. Isso porque, apesar de a pauta de reivindicações ter sido protocolada no dia 31 janeiro, até o momento, a Secretaria de Estado da Educação não se posicionou, sequer agendou uma reunião para discutir as questões com a categoria.
Nesta quarta-feira (28/05), pela manhã, centenas de educadores fecharam a BR/040, entrada de Belo Horizonte, nas proximidades da Ceasa, e a BR/381, na altura do Posto 13 em protesto. No final da manhã, a paralisação aconteceu na BR/040, próximo ao Posto Chefão.
Reivindicações
A campanha salarial educacional 2014 conta com extensa pauta. Entre as questões estão o descongelamento da carreira, o pagamento do Piso Nacional Profissional, a nomeação dos concursados e solução para os efetivados sem concurso pela Lei 100/2007, considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e que atingiu cerca de 98 mil trabalhadores em educação.
“A estratégia do governo do Estado é a de não negociar. Já avisou que não vai ter modificação na carreira ou vai discutir reajuste antes de outubro. O momento é agora ou só teremos chance de conquistas em 2015”, afirma Beatriz Cerqueira.
Manifestações
Em Campo Belo, educadores e estudantes pararam as atividades no dia 23/05 e fizeram passeata pelas principais ruas da cidade, com concentração na Praça dos Expedicionários. A manifestação reuniu mais de 500 pessoas, que contou com a participação de educadores de Candeias e Perdões.
Em Caxambu, trabalhadores em educação da rede estadual se reuniram em assembleia regional para debater a situação à qual se encontra a categoria, os problemas e os desafios, como a falta de diálogo do governo acerca das demandas apresentadas pelos trabalhadores em educação. A assembleia contou com representantes da categoria de Caxambu, Baependi, Serranos e Seritinga.
Uma nova assembleia regional será realizada amanhã, em Caxambu. O Sind-UTE Subsede Poços de Caldas realizou assembleia no dia 27/05, na Rua Assis Figueiredo, 1.390, centro da cidade.
Na região do Barreiro/Belo Horizonte, a mobilização da categoria continua crescendo com o registro de paralisação parcial de cerca de 30% das 23 escolas estaduais. Segundo o diretor do Sind-UTE Subsede Barreiro, professor Max Fredson de Souza Mol, no sábado (24/05), foi feita uma carreata pelas ruas do centro do Barreiro e na porta das escolas, chamando a sociedade para o movimento dos educadores.
Na segunda-feira (26/05), o Sind-UTE Subsede Barreiro realizou panfletagem nas ruas e no restaurante popular, além de visitas às escolas do Barreiro e Ibirité.   Boa parte dos estudantes da Escola Estadual Carmo Giffoni se recusou a entrar na escola, em apoio aos professores, e saíram em passeata até a Escola Estadual João Paulo, onde conseguiram a adesão de mais estudantes, seguinte até a Escola Estadual Imperatriz Pimenta. Os estudantes portavam cartazes e houve muito apitaço.
Em Venda Nova/Belo Horizonte, a paralisação parcial já atingiu 32 das 41 escolas estudais da região. Nessa segunda-feira (26.05), os educadores, coordenados pelo Sind-UTE, realizaram passeata pelas ruas e fizeram visita às escolas.

Em Uberlândia, os trabalhadores em educação se mobilizaram usando roupas pretas e faixas, demonstrando a insatisfação com os salários e reivindicaram plano de cargos e carreira para a categoria.

Nessa terça-feira (27/05), houve ato público dos educadores na porta da Superintendência Regional de Ensino, ao lado da Escola Estadual René Gianetti, em apoio à luta dos trabalhadores em educação da Rede Estadual.

Os educadores realizam nova Assembleia Estadual na próxima quarta-feira (04/06), a partir das 14h, no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na capital mineira.

terça-feira, 27 de maio de 2014

CONTRIBUIÇÃO DE EULLER CONRADO


sábado, 17 de maio de 2014

Educadores de Minas aprovam greve; blogueiros realizam encontro nacional


Educadores de Minas aprovam greve para o dia 21. No Brasil: blogueiros realizam o 4º Encontro Nacional com a presença de Lula e temas importantes em debate


Um outro olhar sobre a Copa do Mundo.

Um outro olhar sobre a Venezuela.


Vou começar o novo texto da semana falando da greve dos educadores de Minas, que foi marcada para iniciar no próximo dia 21. Como todos sabem, não pertenço mais formalmente aos quadros da categoria dos educadores de Minas. Mas, de forma alguma estou totalmente alheio ao presente e aos destinos da Educação pública e especialmente da realidade dos educadores de Minas. Durante quase 10 anos atuei como professor e como militante, por melhores condições de trabalho e salários mais dignos para todos os educadores,  como condição essencial para uma educação de qualidade. Especialmente nas duas últimas greves da categoria, a de 2010 e a de 2011, respectivamente de 47 e 112 dias, participei ativamente, ao lado de centenas de combativos colegas de todo o estado de Minas, que muito me orgulham. Considero que tenha valido a pena ter participado dessas duas grandes greves e não hesitaria em participar de uma terceira grande greve tendo em vista as condições em que os educadores de Minas foram e continuam tratados - mal tratados, aliás, pelo estado, com a carreira destruída, o piso salarial burlado e o salário praticamente congelado. O governo não tem vergonha de anunciar na mídia bem paga que a Educação de Minas é a melhor do planeta, enquanto paga apenas dois salários mínimos de teto para os professores. Vergonhoso.

Mas não quero incentivar ninguém a fazer nada, principalmente por não poder mais participar pessoalmente das lutas. Caberá a cada educador refletir sobre o que fazer, sempre lembrando de uma coisa básica que aprendemos logo que iniciamos a militância social: união e luta! Sem unidade e sem luta, não há conquistas. E claro que esta unidade não nasce pronta. É preciso ser construída na própria luta. Uma outra coisa: o governo joga pesado para desunir a categoria, porque sabe que a categoria dos educadores unida poderá arrancar qualquer conquista, inclusive política e eleitoralmente falando, já que são 400 mil educadores, entre aposentados e na ativa. Daria para colocar ou tirar governo, eleger grande bancada de deputados, fazer mudar as leis e impor outras normas em favor dos educadores e da Educação. Mas esta grande quantidade de pessoas, desorganizada e sem consciência social crítica, não é capaz de fazer valer a sua força. Vira alvo fácil da manipulação da mídia. Não quero apontar culpados por esta situação, até porque são muitos - nós todos, inclusive, temos uma parcela de culpa. Mas, nunca é tarde demais para se repensar uma realidade, e mudá-la.

Para contribuir com este momento que os educadores de Minas vivem, reproduzo abaixo dois textos que encontrei na Internet de dois professores que merecem o nosso respeito: Gílber Martins Duarte eMarly Gribel. Seria interessante que em cada escola os educadores pudessem discutir a sua realidade e buscasse compartilhar com os demais colegas as muitas opiniões e leituras que se fazem. Evitando os interesses egoístas e buscando sempre construir a unidade em torno dos interesses comuns. Este é o caminho da vitória, sempre. Contem com a nossa solidariedade e apoio moral.

domingo, 6 de abril de 2014

GREVE DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL EM SÃO JOÃO DEL REI/MG: MARÇO DE 2014

A GREVE DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL EM SÃO JOÃO DEL REI COMEÇOU DIA 25/03/14

OS EDUCADORES DO MUNICÍPIO DE NOSSA CIDADE PLEITEIAM MELHORA NO SALÁRIO, CONDIÇÕES DIGNAS DE TRABALHO COMO: MELHORES ESTRADAS PARA CHEGAR ÀS ZONAS RURAIS, REFORMAS NAS ESCOLAS, MATERIAIS PARA A ESCOLA: SEJAM PEDAGÓGICOS, DE LIMPEZA, ENTRE OUTROS.

NOVA  ASSEMBLEIA ,DOS EDUCADORES, MARCADA PARA DIA 09/04/14 NA E.M.MARIA TERESA.


O SINDUTE E COMISSÃO QUE REPRESENTA OS EDUCADORES DO NOSSO MUNICÍPIO, SE REUNIRAM COM O PREFEITO HELVÉCIO, APÓS VÁRIAS TENTATIVAS DE DIÁLOGO E NA ASSEMBLEIA DO DIA 04/04 ENTENDERAM QUE A PROPOSTA FEITA PELO PREFEITO CONTEMPLAVA  ( E DE FORMA INSATISFATÓRIA ) APENAS OS PROFESSORES. VOTAMOS QUE QUERÍAMOS UM ACORDO MAIS DIGNO E TAMBÉM MELHORA DE SALÁRIOS PARA TODOS OS OUTROS SEGMENTOS DA EDUCAÇÃO: BIBLIOTECÁRIOS, SECRETÁRIOS, E AUXILIARES DA EDUCAÇÃO. A ESCOLA NÃO FUNCIONA SOMENTE COM PROFESSORES, PORTANTO QUEREMOS QUE TODOS OS CARGOS SEJAM CONTEMPLADOS.

ESPERAMOS QUE A GREVE NÃO SE ESTENDA MUITO, MAS SABEMOS QUE QUANDO OS RECURSOS DE NEGOCIAÇÃO E DIÁLOGO SE ESGOTAM, A ÚNICA SAÍDA É A GREVE. SABEMOS DA PREOCUPAÇÃO DOS PAIS EM RELAÇÃO A SEUS FILHOS, MAS VAMOS REPOR OS DIAS DA GREVE COM MUITA DEDICAÇÃO. ESTAMOS DANDO EXEMPLO DE CIDADANIA AOS NOSSOS ALUNOS, LUTANDO POR DIREITOS NOSSOS, REFLETINDO E ATUANDO NA SOCIEDADE, POIS   OS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE MG , NEM O PRÓPRIO ESTADO PAGAM O PISO SALARIAL QUE FOI ESTIPULADO EM 2008.PELO MENOS NÃO TENHO CONHECIMENTO SE HÁ ALGUMA EXCEÇÃO. TEMOS UMA PERDA DE MAIS DE 80%. O BRASIL GASTA HORRORES COM A COPA, SABEMOS QUE HÁ DESVIO DE VERBAS, QUE MUITO MAIS PODERIA SER FEITO PARA ATENDER AS NECESSIDADES BÁSICAS DA POPULAÇÃO.HÁ AINDA NOTÍCIAS, DIÁRIAS, DE AEROPORTOS, ESTRADAS E CIDADES O ALAGADAS COM AS CHUVAS...ENFIM, NO BRASIL AS COISAS ESTÃO COMPLICADÍSSIMAS NA SAÚDE, NA EDUCAÇÃO, NA DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS, VIOLÊNCIA (" ETC E TAL") E AINDA ASSIM OS NOSSOS POLÍTICOS E RICOS QUEREM MOSTRAR UMA LINDA FESTA NA COPA DO MUNDO. ONDE AS COISAS VÃO PARAR?????

( LEIA:   http://www.youtube.com/v/ZApBgNQgKPU?version=3&hl=pt_BR&rel=0&showinfo=0 )













 

sábado, 15 de março de 2014

Misturada de temas: Polivanda vai postar tudo que puder!

Tenho outros blogs onde postava outros assuntos como educação infantil, atividades na escola ( alfabetização), eventos da escola, cursos em prol da alfabetização na idade certa ( PACTO/M.G.). Mas esqueci todas as senhas, não consigo reorganizar tudo, me falta tempo..Então resolvi ir postando tudo aqui neste blog. Já estou em outra escola do estado há muito tempo, mas ok. E misturar experiências e temas aqui não será incoerente, pois em tudo estará o pano de fundo que é a educação. Em tudo estará meu coração.



RECONTO: NA TURMINHA LINDA QUE TENHO (  2°-ALFABETIZAÇÃO , ESCOLA MUNICIPAL ), UM MOMENTO DE RECONTO: ALUNO , DIAS ANTES, LEU A HISTÓRIA DOS CISNES DE OURO E DEPOIS CONTOU-A . APÓS ISSO FIZERAM UM DESENHO DA HISTÓRIA QUE IREMOS ESCREVER O RESUMO E FAZER LEITURA COLETIVA E INDIVIDUAL. ALGUMAS PALAVRAS DA HISTÓRIA SERÃO USADAS EM DITADO. o RECONTO É ALGO UMA ATIVIDADE MUITO IMPORTANTE PARA AS CRIANÇAS, DESENVOLVE MUITAS HABILIDADES: MEMORIZAÇÃO,ORALIDADE, GOSTO PELAS HISTÓRIAS E PELA LEITURA, AUMENTO DE VOCABULÁRIO, DESINIBIÇÃO, CAPACIDADE DE OUVIR O COLEGA. MAIS À FRENTE PODE-SE TRABALHAR O RECONTO ESCRITO.








terça-feira, 4 de março de 2014

Blog do Euller faz reflexão política no recesso carnavalesco.

 

terça-feira, 4 de março de 2014

Depois do carnaval...


Depois do carnaval...

O carnaval deste ano tem um pouco o sabor de uma pausa entre os grandes embates que se avizinham no Brasil. Aconselho-os a aproveitarem bem estes dias. Curtam o renascimento do carnaval de BH, com seus blocos que ganham as ruas e criam uma alegria sadia, como nos bons tempos em que as pessoas saíam para as ruas para comemorar alguma coisa, sem medo de serem felizes. Mas eu dizia que, depois do carnaval as lutas de classes retomam. No Brasil e em outras partes do mundo também. Na Venezuela, por exemplo, observa-se a nova tentativa de golpe contra o governo constitucional e legitimamente eleito do presidente Maduro, sucessor de Hugo Chávez. O governo dos EUA e seus agentes na América Latina, incluindo no Brasil, com sua mídia serviçal dos piores interesses, nunca aceitaram o governo bolivariano existente na Venezuela. Um governo que realiza políticas sociais para os pobres, que convoca o povo para ocupar as ruas de Caracas toda vez que é ameaçado, e que venceu todas as últimas eleições, apesar das tentativas de golpe, merece o nosso respeito e o nosso apoio.

No Brasil, as forças do golpismo nunca descansaram. Desde que Lula e o PT chegaram ao governo federal, estas forças golpistas conspiram para derrubá-los. Como não têm conseguido através de eleições, tentam derrubar o governo por outros meios. É o golpe, especialidade da direita. Uma das tentativas de golpe foi o chamado "mensalão do PT", que cada vez mais está sendo (o processo de julgamento no STF) desmoralizado. Comprova-se que uma "maioria circunstancial" antipetista no STF forçou a barra no julgamento da AP (Ação Penal) 470 para colocar na cadeia algumas das principais lideranças do PT, entre as quais José Dirceu e José Genoino. Mesmo que não tenhamos afinidades ideológicas, ou que não concordemos com estes dirigentes partidários, não há como negar que sejam dois quadros políticos que atuaram honestamente nas últimas quatro décadas pela democratização do Brasil, juntamente com milhares de outras pessoas.

Dirceu e Genoino podem ter cometido erros comuns a todos os outros partidos e candidatos, de todas as cores ideológicas, como o caixa dois para a campanha eleitoral, coisa que o próprio sistema político brasileiro induz a tais erros. Mas não mereciam ser transformados em vítimas de uma das mais sórdidas campanhas da direita contra o PT e contra o governo Dilma.

No recente episódio de julgamento no STF, na questão da formação ou não de quadrilha pelos dirigentes do PT, o mais novo integrante da alta corte, Luis Roberto Barroso, deu uma verdadeira aula didática apontando como o presidente do STF, Joaquim Barbosa, na ânsia de condenar José Dirceu em regime fechado de prisão, aumentou deliberadmente o tempo de condenação pelo crime de quadrilha, que, em condições normais, pelos parâmetros aplicados às outras penas,  já estava prescrito. Num ato falho, ao criticar a posição do ministro Barroso (diga-se, um dos maiores juristas do país), Barbosa acabou confessando que exacerbou a pena de quadrilha de propósito, ou seja, para condenar Dirceu "de forma exemplar". Agiu, portanto, arbitrariamente ou politicamente, e não como um juiz.

Barroso foi elegante e claro na sua análise: a justiça não tem que impor condenação exemplar a ninguém, tem que ser justa. E pelas regras vigentes, pela lógica das condenações realizadas para os outros crimes, o de quadrilha já deveria ter sido prescrito. Como a maioria do STF decidiu em favor dos condenados (pela não existência de quadrilha), Joaquim Barbosa, irritado, fez um discurso político de candidato, agredindo seus colegas e dizendo que havia se formado uma "maioria circunstancial reformadora" no STF, e que a nação deveria ser alertada do risco que corria, num total desrespeito pelos colegas dele. É bom lembrar que ele também foi indicado por Lula e num processo semelhante aos demais ministros daquela casa.

Hoje se sabe, por exemplo, que Joaquim Barbosa "escondeu" - colocou em segredo de justiça - a AP 2474, cujos autos trazem provas que poderiam inocentar alguns dos acusados do mensalão e condenar outros que, supostamente, teriam sido seletivamente afastados da AP 470 (mensalão) para poupar, por exemplo, pessoas ligadas aos tucanos. Por que será? O objetivo era atingir somente o PT e o governo Dilma e com isso cair nas graças da mídia golpista?

Uma outra coisa estranha no chamado julgamento da AP 470 foi o tratamento desigual em relação ao chamado mensalão tucano de Minas. Enquanto no caso do chamado mensalão do PT, que foi posterior ao mensalão tucano, o STF aceitou a denúncia contra quase todos os envolvidos, inclusive aqueles que não tinham foro privilegiado e deveriam ter sido julgados inicialmente em primeira instância - o que não aconteceu -, com o mensalão dos tucanos, ao contrário, foi diferente. A ação penal foi desmembrada e o STF ficou apenas com os acusados com foro privilegiado, como deputados federais e senadores. Sem falar que era um esquema de caixa dois mais antigo do que o do PT, praticamente com os mesmos personagens, e até hoje continua impune, sendo que alguns dos acusados já escaparam por ter completado 70 anos. Ou seja, o STF tratou de modo diferente dois casos comuns; tratou de forma política, como um julgamento de exceção, para agradar a mídia, ávida por derrubar o PT do governo federal.

Repetimos: somos contra a prática de caixa dois, não importa qual partido esteja envolvido. E eu pessoalmente, como já declarei aqui, não sou filiado a nenhum partido político. Mas, nas condições vigentes, o partido ou candidato que não tiver dinheiro não consegue eleger ninguém. E este dinheiro, nas condições atuais, é fruto, em grande parte, do chamado caixa dois, ou seja, dinheiro não contabilizado que os partidos arrecadam para pagar os custos das caríssimas campanhas eleitorais. Para acabar ou reduzir, pelo menos, esta prática, somente com uma reforma política, com o financiamento público de campanha e maior transparência e fiscalização na prestação de contas dos partidos e dos seus candidatos e de todo o processo eleitoral.

O mensalão, portanto, estou convencido, tal como tem sido apresentado pela mídia, não passou de uma farsa, um golpe, com o claro objetivo de desgastar política e eleitoralmente o governo federal. O propósito inicial era o impeachment de Lula ainda no primeiro mandato. As elites perceberam que seria um jogo perigoso demais, que o país poderia ingressar numa revolta popular de imprevisível desfecho. Então apostaram no desgaste do partido, na derrota eleitoral para a presidência da república, através de uma sistemática campanha midiática contra os "mensaleiros do PT". Para a infelicidade destes grupos de direita, o povo não caiu no golpe e, em 2006, houve a reeleição de Lula, assim como em 2010 foi eleita a presidenta Dilma. Em todo este período, a denúncia do "mensalão do PT" se tornou tema obrigatório e diário na mídia golpista.

Mesmo agora, com as denúncias de escândalos como o trensalão e o propinoduto em SP, todos envolvendo sucessivos governos tucanos da cidade e do estado, a mídia nada fala e continua carregando as tintas apenas contra os condenados presos do PT. José Dirceu dá um espirro e a mídia divulga que ele está tendo tratamento privilegiado, pois alguém lhe oferece um lenço de papel. Chegaram até mesmo a proibi-lo de passar o dia todo lendo. Foi acusado sem prova de ter recebido um telefonema de um dirigente partidário da Bahia. Nada ficou provado, mas a mera acusação feita por um jornal de SP (folha de são paulo) foi o suficiente para lhe tirar o direito a trabalhar durante o dia, na condição de preso em regime semiaberto. O presidente do STF chegou a trocar o juiz que cuidava da vara de execução penal, colocando um outro, claramente antipetista - o pai dele é um político antipetista declarado -, numa verdadeira perseguição política.

Claro que o Brasil tem situações de prisioneiros em condições bem piores, sofríveis, desumanas até, especialmente os mais pobres, os negros, as mulheres, resultado das realidades de exclusão social que continuam presentes, hoje, como ontem. Mas não estamos tratando aqui do sistema prisional como um todo, mas apenas do chamado mensalão do PT e dos seus desdobramentos. De como, enfim, esta ação penal foi transformada em peça política partidária com a finalidade de enfraquecer o governo federal, desmoralizar o PT e tentar viabilizar projetos golpistas. Felizmente, o povo não é bobo como supõe a Globo e seus aliados, e tem prestigiado o governo federal nas urnas, demonstrando que quer mudanças sim, mas não aceita o retorno de governos neoliberais como os dos tucanos, demos e afins.

Contudo, passado o carnaval, uma das mais bonitas e populares festas do Brasil, a direita já prepara novas investidas para tentar derrubar o governo Dilma. Entre as  investidas golpistas estão as manifestações de protesto contra a Copa do Mundo. Claro que tem muita gente boa no meio dos protestos, anarquistas, idealistas, e até marxistas. Mas tem grupos de direita neofascistas também e uma base social de uma classe média leitora da revista-lixo chamada Veja que nos preocupa. Além dos infiltrados da CIA - não tenham dúvida disto. Esta gente não descansa. Os EUA querem ver o mundo pegando fogo, desde que os interesses deles, dos grupos econômicos deles, estejam protegidos.

Todos nós temos as nossas críticas ao processo de preparação da copa, dos altos investimentos em estádios e obras, etc., mas daí a querer transformar este mega evento num desastre vai uma grande distância. No país do futebol, de um povo apaixonado por futebol, é até um contrassenso observar a torcida do contra. Que se critique e se combate e se proteste contra a tentativa de afastar os pobres dos centros urbanos - como se verificou no Rio de Janeiro, em maior escala - tudo bem. Mas, a copa é uma realidade. E não é por causa da copa, como dizem alguns, que a Educação e a saúde públicas não têm ainda o primor que nós brasileiros merecemos.

Além disso, já não se trata mais de meras manifestações de protestos, como poderia acontecer  em qualquer época do ano, de forma legítima e democrática. Não sejamos ingênuos. O Brasil está no mapa dos países visados pelo governo e megaempresas dos EUA com seus pupilos internos, que tudo farão para desestabilizar o governo federal. Tal como estão fazendo na Ucrânia, na Venezuela, tal como fizeram no Oriente Médio, reservadas obviamente as diferenças conjunturais em todos os casos citados.

No Brasil, está óbvio que a maioria da população aprova o governo federal e  as políticas sociais em vigor: Bolsa Família, Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, Luz para todos, Pró-uni, Pronatec, programas de cotas sociais, entre outros, todos eles voltados para a população de baixa renda. Claro que precisa melhorar, precisa investir mais na Educação pública, pagar melhores salários aos educadores, e na saúde pública também; melhorar e baratear o transporte coletivo; realizar uma reforma política e no judiciário; acabar com o monopólio da mídia, etc, etc. etc. E a maioria da população, como ficou revelado em pesquisa recente, quer mudar muita coisa sim, mas não quer mudar o governo; ou seja, quer mudar com o governo Dilma, e não com um outro governo que as pessoas já sabem que representaria um atraso, um retorno a choques de gestão, desemprego, corte nas políticas sociais, confisco salarial, estado mínimo para os pobres, etc.

Os golpistas - mídia, tucanato, banqueiros, agentes da CIA e seus adeptos internos - sabem que, em condições normais, Dilma ganha as eleições no primeiro turno. Então querem provocar uma situação de caos, ou pelo menos um sentimento de caos, de insegurança, de crise, de que tudo vai mal e tende a piorar se Dilma continuar no governo. Quem ouve a Itatiaia, ou lê o Estado de Minas ou a Folha de São Paulo, ou ouve e vê as emissoras da Globo, Band e afins, têm a impressão de que o Brasil vive o pior dos mundos, uma crise que tende a piorar. Só coisa negativa. Para eles, a inflação vai subir, o desemprego também, o país ficará estagnado, tudo vai dar errado. Oh céus, oh dor! A gota d'água serão os protestos contra a copa, que podem ser infiltrados por provocadores da direita e se tornarem uma "prova" do descontentamento do povo com o governo, segundo a opinião publicada.

Quem não se lembra, ou pelo menos (meu caso) quem já não leu alguma coisa sobre a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, um movimento liderado pela direita golpista em São Paulo, que serviu de pretexto para o golpe de 1964? Pois já há grupos neofascistas convocando uma segunda versão desta infeliz marcha em São Paulo, e é claro que muitas outras tentativas serão feitas neste ano de copa e de eleições presidenciais. Querem desestabilizar ou derrubar os governos populares ou progressistas da América Latina e do mundo.

Se tivéssemos uma alternativa popular no campo das esquerdas, com reais forças para disputar eleições para vencer, ou mesmo para uma revolução popular, claro que a nossa análise seria outra. Mas, não temos o condão de mudar as circunstâncias ao nosso bel prazer. Podemos agir e contribuir para mudar sim, mas não podemos impor de forma artificial, subjetivista, uma solução para a qual a população, a maioria dos de baixo, não se propõe a realizá-la neste instante, ou seja, quando uma situação ideal ainda não esteja amadurecida, ela não acontecerá. Mais ou menos isto quem dizia era o gigantes Marx. A sociedade (os de baixo) não realiza propostas que não estão maduras.

E neste momento, no Brasil, com o baixo nível de organização e consciência política das esquerdas e das massas trabalhadoras, não dá para propor algo mais avançado do que eleger uma candidata - Dilma - minimamente comprometida com um projeto que leve em conta as políticas sociais que se opõem às políticas neoliberais. Dilma representa esta continuidade nas políticas sociais, na relação independente e solidária com os povos e governos populares e progressistas da América Latina e do mundo. 


Claro está que o PT, hoje, nem de longe lembra o velho PCB de Prestes, Marighella e Gregório Bezerra. Não tem a coragem nem mesmo de um Brizola, a quem tive a grata satisfação de conhecer pessoalmente quando tinha meus 20 e poucos anos (uma hora destas publico aqui algumas fotos que guardo do início da década de 80). O PT, mais do que nunca, é hoje um partido formado majoritariamente por bundões, burocratas, gente que está presa a um cargozinho qualquer, sem qualquer paixão política para enfrentar os de cima. Destacam-se as exceções, honrosas, que contribuem para reforçar as políticas sociais. Mas, independentemente dos vacilos do PT, a realidade acaba pressionando o governo federal a assumir posturas em favor dos de baixo, sob pena de perder apoio popular.

Na Venezuela, por exemplo, ao contrário do Brasil, o chavismo foi construído e se fortaleceu com o permanente chamado ao povo para ocupar as ruas em apoio ao governo. O próprio governo, quando ameaçado pelos golpistas de lá, ao invés de ficar na defensiva, convoca o povo para as ruas, mostrando toda a sua força apoiada numa população cada vez mais politizada e auto organizada. Por aqui, ao contrário, o governo federal, ao mesmo tempo que não abre mão das políticas sociais que lhe dão suporte eleitoral (o que é bom), não tem tido coragem para enfrentar abertamente os inimigos do povo: a mídia, parte do judiciário, o tucanato, entre outros. Por isso, o governo federal, apesar do capital político de que dispõe, está mais vulnerável a sofrer um golpe. Que como já explicamos aqui, não será um golpe no formato tradicional, uma quartelada militar, não. Desta vez, os golpes têm outra cara, envolvem parcela do judiciário e o respaldo imediato da mídia, além de poder contar também com manifestações de protesto teleguiadas pela mídia e infiltrados da direita.

Portanto, não sejamos ingênuos. O governo federal não pode cair nas mãos de aventureiros ou golpistas que trarão e representarão o retrocesso nas conquistas dos de baixo. É preciso avançar nas lutas, nas conquistas, cada vez mais, mas de forma segura, com um governo não subordinado aos ditames do império norte-americano. Neste momento, e passado o carnaval, temos o dever de reeleger a presidenta Dilma, mesmo com todas as críticas que se façam necessárias.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!