sexta-feira, 16 de julho de 2010

HOMENAGEM À CLARICE LISPECTOR





















Quero Escrever o Borrão Vermelho de Sangue


de Clarice Lispector

Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.

---...---


"Eu não escrevo o que quero, escrevo o que sou."
Clarice Lispector





_______________00000________________

ONTEM EU ESTAVA LENDO ALGUNS POEMAS NA INTERNET E BUSQUEI TEXTOS DE CLARICE LISPECTOR, POR QUEM SOU APAIXONADA DESDE OS MEUS DEZESSETE ANOS, QUANDO ESTUDAVA PARA O VESTIBULAR. E HOJE NÃO RESISTI AO DESEJO DE FAZER UMA HOMENAGEM A ELA NO MEU BLOG.POR ISSO POSTEI ESSE POEMA DELA JUNTAMENTE COM ESSA FOTO QUE ESCOLHI NA "NET" TAMBÉM PARA ILUSTRAR.
FAREI UM POEMA AGORA USANDO INTERTEXTUALIDADE:


ESCREVER BORRÃO VERMELHO

ESCREVAMOS NOSSOS BORRÕES
NADA TEMOS A TEMER
NADA TEMOS A PERDER.
DE DENTRO DO DENTRO DENSO DE TODOS NÓS
A ESCRITA LÚCIDA JÁ SE FEZ
E SE DESFEZ EM VERMELHO.
ARRANCARAM NOSSO VIGOR DE DENTRO
E EMPUNHANDO UM ROSTO LÍVIDO
RESPINGADO À SANGUE
VAMOS TESTEMUNHANDO NEM SEMPRE SABE-SE O QUÊ.
NOSSO CLÍMAX SÓ PODE ESTAR NA MORTE?
NA ESCRITA
OU EM NOSSAS MÃOS DADAS
HAVEMOS DE O ENCONTRAR.

VANDA SANDIM

Nenhum comentário :

Postar um comentário