segunda-feira, 9 de agosto de 2010

BLOG DO EULER:Três milhões de educadores podem parar o Brasil

domingo, 8 de agosto de 2010

Três milhões de educadores podem parar o Brasil


Antes da nossa maravilhosa revolta dos 47 dias, que sacudiu Minas Gerais e por muito pouco teria causado um estrago irreparável nas estruturas de poder dominantes, vários professores pensavam em mudar de profissão. Era quase generalizado o desânimo dos profissionais da Educação e a vontade de abandonar a carreira por absoluta falta de perspectivas. A nossa greve salvou a Educação pública mineira de uma fuga em massa de professores com ótima formação acadêmica e experiência profissional. Tudo por conta da insensibilidade dos governantes de plantão, incluindo os das diversas esferas da União.

A nossa luta mobilizou milhares de trabalhadores da Educação, arrancou uma nova tabela salarial para janeiro de 2011 e abriu a perspectiva de retomada das lutas para novas conquistas. Os educadores mineiros, por mais que ainda continuem amargando uma situação de baixos salários e péssimas condições de trabalho, construíram (construimos) uma coisa fundamental que é a confiança na força organizada da categoria. O aprendizado de que a união, a organização e a mobilização de milhares de educadores podem fazer toda a diferença na queda de braço contra os governantes e os demais poderes.

É hora agora de começarmos a pensar numa mobilização nacional dos professores e demais educadores do Brasil. Ao todo somos cerca de três milhões, número capaz de provocar uma revolução no país e mudar as políticas da União, dos estados e dos municípios em favor de maior investimento na Educação pública de qualidade. Não dá mais para esperar pela boa vontade de políticos, nem tampouco aguardar a iniciativa de entidades como CNTE, UNE, CUT e tantas outras que vivem presas aos governantes e se tornaram incapazes de liderar de forma autônoma um grande movimento nacional dos educadores.

É hora de começarmos a pensar a construção de uma rede, inicialmente por meio da Internet, com o intuito de provocar o debate, a organização e a união dos educadores para a luta em favor da valorização profissional dos trabalhadores da Educação pública.

A colega professora Graça Aguiar, do Blog S.O.S. Educação Pública tem batido nesta tecla e apresentado propostas concretas de articulação de uma união virtual dos docentes. A nossa experiência durante a greve de Minas, quando vários blogs dos professores, incluindo o nosso, conseguiram quebrar o silêncio cúmplice e vendido da mídia mineira e nacional, demonstrou que é possível construir um diálogo ágil e com respeito às diferenças entre diversas correntes e indivíduos.

É possível e necessário pensarmos a construção de um movimento nacional dos educadores, de forma horizontal, com a marca da autonomia em relação aos partidos e aos governantes de plantão das diversas esferas da União. Um movimento que possa criar um espaço virtual comum para debater os problemas da Educação e construir bandeiras comuns de luta e formas concretas de mobilização e pressão sobre os poderes constituídos.

Não dá mais para assistir a esta paralisia nacional, com os educadores tendo que se limitar a travar lutas locais e regionais, quando os nossos problemas em grande parte são comuns. A própria não-aplicação da Lei do Piso nacionalmente, mesmo tendo em vista que esta lei foi aprovada em 2008, é uma prova de que precisamos encaminhar esta luta em escala nacional. O Congresso Nacional, o STF e o Governo Federal e demais governantes regionais, além da mídia burguesa, já teriam respeitado os educadores se tivéssemos nos organizado nacionalmente, inclusive com uma greve nacional por tempo indeterminado, com manifestações gigantes em todas as capitais e grandes centros do Brasil. Três milhões de pessoas, somadas aos alunos e pais de alunos dariam para virar este país ao avesso.

Mas, enquanto prevalecer o comodismo, ou a espera de que entidades que não possuem autonomia de ação - como CUT, UNE, CNTE, etc - tomem a iniciativa de organizar os educadores sofreremos sucessivas derrotas. Um movimento autônomo pode até contribuir para que estas entidades acordem e mudem.

A idéia, portanto, está (re) lançada! Ao mesmo tempo em que travamos a luta regional e local, como fizemos com a nossa maravilhosa revolta dos 47 dias em Minas, devemos nos unir nacionalmente para lutar por exemplo pela imediata atualização e aplicação do piso nacional do magistério, por um plano de carreira nacional dos educadores com valorização do tempo e do título e jornada máxima de 30 horas, com pelo menos um terço de tempo extraclasse; pela retirada dos recursos do FUNDEB dos cálculos da LRF - Lei da Resposabilidade Fiscal -, pela democracia e autonomia das escolas, entre outras. Além, é claro, da solidariedade à luta dos sem-terra, dos sem-teto e dos explorados de todo o mundo.

Neste país dos absurdos, os ministros do STF enrolam para julgar o mérito da ADIn contra a Lei do piso do magistério, ao mesmo tempo em que tentam aumentar o teto salarial do judiciário para mais de 30 mil reais. Enquanto isso, nós, professores, amargamos salários miseráveis que não chegam a dois mínimos. O Brasil não aplica nem cinco por cento do PIB com a Educação pública no ensino básico - que abrange 3 milhões de educadores e 50 milhões de crianças, jovens e adultos -, enquanto gasta muito mais com os juros da dívida pública que beneficia poucas famílias de banqueiros e agiotas. Todos os governos têm a desculpa de que as redes da Educação são grandes e por isso não há recursos para pagar bons salários aos professores, enquanto gastam bilhões com obras faraônicas, com a mídia, com empreiteiros, banqueiros e com a alta hierarquia e demais cargos de confiança.

Só um forte movimento nacional de educadores, organizado de forma autônoma, pode desfazer esta realidade, construindo um Brasil voltado para investimento na Educação pública de qualidade, especialmente na valorização dos profissionais da Educação, e em favor dos de baixo. É hora de nos organizarmos para mostrar a força de 3 milhões de educadores!

* * *

Leiam também a matéria publicada pelo Estadão e transcrita pelo blog S.O.S. Educação Pública, que trata sobre o fiasco do modelo de Educação dos EUA, modelo este copiado pelas políticas neoliberais, inclusive em Minas Gerais, mas não somente. Clique aqui para ler a matéria.


Educadores da rede Municipal de BH se mobilizam contra a proposta de bonificação da PBH. Leiam aqui.

2 comentários:

Anônimo disse...

A idéia de mobilização nacional é válida e muito interessante, porém, quando escuto colegas professores mencionarem que num futuro concurso é INJUSTO colocar os cargos da lei 100 fico preocupado. Formei em 2003 e até hoje nesse período só teve um concurso( justamente o que eu efetivei) enquanto anualmente tem concurso para outros cargos públicos.Fiz a paralisação pelo reposicionamento mesmo sem ter direito nele pelo fato de ser justo, agora se for para ter concurso o certo é colocar as vagas da lei 100 nele. Essa lei foi uma tentativa do faraó dividir nossa classe, criou uma psedo-estabilidade para calar a boca de muitos que com medo de perder o cargo com o fim da lei não aderem as nossas mobilizações. Estabilidade só através de concurso que deve ser realizado pelo menos num período de 2 em 2 anos (acredito que a maioria dos professores que estão na lei 100 devem passar, azar apenas para dois professores de história se caso o Euler e eu tentarem o concurso para nosso segundo cargo.. KKK.. ).
Luciano , História

Anônimo disse...

Euler, se caso for ter o concurso, qual será a carga horária que ele terá? 30, 24 ou as duas ?A carga horária de 30 será apenas para os professores do fundamental I ou para todos?Quem passar num cargo de 30 e não possui outro cargo poderá futuramente ter outro cargo?Será que sua fonte teria como esclarecer essas dúvidas?

Luciano

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