Um domingo manhoso, com musicalidade, muito calor e um debate pela frente
Domingo tranquilo, um almoço com frango assado na casa de minha mãe, seguido de um sono quase profundo. Que calor. São Pedro havia prometido chuva para estes dias. Deve ter adiado. Sinal de que pode vir granizo. E meu tanque de guerra precisando de um banho. A culpa é dele, de São Pedro, não minha.
Um pouco mais tarde o som de uma banda me arrasta para o centro da praça principal de Vespasiano. Morar no centro tem dessas coisas. A gente está sempre próximo das movimentações artísticas que acontecem. Algumas de bom gosto; outras nem tanto. Claro que o que é de bom gosto para uns, pode ser um desgosto para outros. Mas, um encontro de bandas, como o que aconteceu há pouco, e a poucos metros do meu bunker, é algo de muito bom gosto. Pelo menos para mim, que assisti de pé a apresentação de cinco bandas de várias cidades: Vespasiano, São José, Pará de Minas, entre outras. E assisti de pé por puro capricho, porque havia por lá uma arquibancada, mas escolhi um ponto onde se tornava mais fácil sair quando quisesse e também para cumprimentar os passantes conhecidos meus. Morar no interior tem dessas coisas: a gente conhece quase todo mundo.
Ao final da apresentação, comprei um espeto de frango que vim devorando enquanto caminhava em direção ao bunker, mas não sem antes passar numa sorveteria e recolher num copão umas três ou quatro bolas de sorvete de vários sabores que fui degustando suavemente no meu bunker, enquanto ouvia algumas músicas. De Milton Nascimento inclusive, apesar dele estar apoiando o afilhado. Ele e todos os demais cantores e compositores mineiros. Para mim agora há uma nítida separação, entre o que eles foram no passado, quando compuseram ou interpretaram suas músicas, e agora, quando se adaptaram integralmente ao sistema.
O problema é que se excluirmos o repertório dos artistas que não se mostram engajados com as lutas sociais vamos ter que ficar praticamente sem ouvir música. Talvez a década de 60 fora aquela que criara o maior número de cantores engajados ou comprometidos com a causa da resistência à ditadura, como foi o caso de Chico Buarque, Taiguara, Geraldo Vandré, e até mesmo Caetano, Gil e Milton Nascimento, que vez ou outra produziram belas músicas com forte teor social. Hoje há outros músicos, nos mais variados estilos, que produzem canções ligadas às realidades das periferias dos grandes centros. Sem falar no Cazuza, Renato Russo e tantos outros cantores e cantoras de gerações posteriores àquela que mencionei.
Mas, quando não se tem um ouvido dogmático e sectário, ouve-se de tudo um pouco, filtrando as preferências nem tanto pelo teor social das letras, mas por sentidos que transcendem as limitações ideológicas e cujas melodias mexem com o nosso ser. Podem falar do amor, ou das plantas, ou das flores, ou do vento, ou do mar, ou dos pássaros. Não importa. Entretanto, devo confessar, pra gente que é sempre engajado nas lutas sociais, por mais que diversifiquemos o repertório, incluindo as belíssimas músicas internacionais, a gente sempre acaba voltando, revisitando, diria, aquelas músicas de protesto cantadas por Chico Buarque, Vandré, Elis, Caetano, Taiguara, Gil, Milton, Cazuza, Renato Russo, entre outros. Mesmo que alguns deles tenham passado para o outro time. Eles que se justifiquem perante suas consciências, não eu.
E como daqui a pouco começa o debate entre os candidatos a presidência da República - às 21h, na Rede Record - vou ficando por aqui, neste manhoso domingo de sol quente, com a promessa de uma chuva que São Pedro tarda a enviar e que será bem-vinda como o som das bandas que ouvi hoje a tarde. Se tiver pique, volto mais tarde, após o debate, para registrar aqui as impresssões que conseguir captar. Lembrando sempre que na semana que vem, neste mesmo dia e horário, já saberemos quem será o novo - ou a nova, mais provavelmente - presidente da República. E mais ainda: contra qual governador passaremos os próximos quatro anos lutando pela valorização dos educadores e pela Educação pública de qualidade, entre outras coisas. Então, até.
São Pedro - Fui criticar São Pedro e ele, ao visitar o nosso blog, não deixou barato. Durante o debate na TV Record, pelo menos por uns bons 10 minutos mais ou menos caiu uma chuva deliciosa em Vespasiano. Foi pouca, é verdade. Mas veio logo depois da minha cobrança aqui no blog. Minha conversa com São Pedro é sempre assim, direta, sem intermediários. Tomara que venha um pouco mais de chuva, pois a que veio não deu para lavar o tanque de guerra. E a noite, embora tenha refrescado um pouco, ainda continua quente.
Debate: A noite pode estar quente, mas o debate foi morno. Houve alguns momentos em que o candidato Plínio do Psol sobressaiu, muito mais pela forma solta, fora do figurino, do que propriamente por uma crítica radical e consistente. As pessoas gostam das críticas que ele faz, mas isso não se traduz em votos. Marina Silva tenta ser a boazinha, acima do bem e do mal, mas no fundo foi oportunista, tentando fazer média com parcelas dos eleitores dos dois partidos - do PT e do PSDB. Dilma, nessa reta final, será ainda mais atacada. E acho que o comando da campanha cometeu um erro ao aceitar que o último debate, o da Globo, seja realizado na próxima quinta-feira, a partir de quando os candidatos não terão mais tempo na TV para se defenderem de manipulações. A experiência da derrota de Lula para Collor não serviu como ensinamento. Já o candidato demotucano não consegue ser simpático e vai tentar o tudo ou nada no debate da Globo.
* * *
Incorporo ao texto central o comentário do nosso amigo professor João Paulo.
"João Paulo Ferreira de Assis:
Prezado amigo Professor Euler
As primeiras análises do debate ressaltaram que Dilma foi muito bem. Li no esquerdopata e no escrevinhador. Aguardo a análise do Brizola Neto. Eu considero que a Globo não deve aprontar, pois há a ação do Movimento dos Sem Mídia contra ela e o SBT, ação da qual orgulhosamente sou um dos signatários. O que devemos temer é que o pessoal pode plantar alguma coisa no computador daquele guerrilheiro colombiano. E aí a coisa pode complicar.
Nós temos armas: nossa militância, nossos esclarecimentos aos alunos. Outro dia eu contei que os acasos, os inesperados sempre beneficiam os tucanos, e que eu nunca vi um fato inesperado beneficiar o PT. Lembrei de Barbacena, em que um vereador tucano teve sua carreira alavancada por um fato meio maroto que foi a tubulação do Terminal Rodoviário arrebentar e jogar porcaria numa rua que leva o nome da mãe do então prefeito. O vereador em questão (irmão de deputado tucano que votou contra nós em tudo), discursou falando que o sr.prefeito não cuidava nem da rua que leva o nome da mãe dele, que dirá das mais. Esse vereador foi eleito prefeito com quase 70% dos votos. Ou em Nova Iguaçu RJ, um prefeito tucano às voltas com a greve dos serventuários da saúde, ser beneficiado com uma invasão de ''grevistas'' nos hospitais públicos, que foram entrando nos quartos e desligando os aparelhos. A imprensa carioca calou a versão do sindicato e adotou a do prefeito.
Peço a Deus que me dê um presente: a vitória da Dilma no primeiro turno."
"Interior:
Bom dia colegas Euler e João Paulo.
E eu pedindo que Deus conceda o MILAGRE MINEIRO.E batalhando muito para que ele aconteça. Com palavras, atos e sem omissões...
Boa semana para todos nós...com ajuda de quase todos os santos. (Sto Antônio pode ficar quietinho no seu canto....rs)
Abraços."
Postado por Blog do Euler às 16:44 2 comentários
sábado, 25 de setembro de 2010
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