sábado, 13 de agosto de 2011

EULLER:..."em greve, até que o piso seja pago."


sábado, 13 de agosto de 2011
Analisando, comentando, conspirando... mas em greve, até que o piso seja pago


No momento em que os estudantes chilenos dão ao mundo uma aula púbica de luta e de resistência, achamos justo lembrar a memória do cantor, professor e revolucionário Victor Jara, que foi preso, torturado e executado pela ditadura militar do criminoso comum Pinochet - que, traiçoeiramente, a serviço do grande capital e do latifúndio e do imperialismo norteamericano, golpeou o governo legítimo, popular e democrático do "companheiro presidente" Salvador Allende, em 1973. A canção acima, Venceremos, é também uma homenagem a todos os que lutam, incluindo os nossos valentes educadores de Minas e do Brasil.



Estudantes de Alfenas dão o exemplo de consciência e cidadania. Retirado do Blog Minas Acontece.


Analisando, comentando, conspirando... mas em greve, até que o piso seja pago

Nosso post de hoje estará voltado para a análise e comentário dos acontecimentos destes últimos dias. No geral, acho que estamos indo bem, resistindo com muita garra, coragem e determinação.

O povo mineiro e brasileiro pode se orgulhar dos educadores que estão em greve aqui em Minas Gerais. São 65 dias incansáveis de resistência, numa luta que certamente já faz parte da nossa história.

Se considerarmos a herança maldita dos muitos governos mineiros, que trataram com descaso e castigo aos educadores e à Educação, especialmente na gestão do faraó e do seu afilhado, podemos dizer que a categoria dos educadores, através dos que estão em greve, recupera com dignidade a autoestima e a importância que atribuem aos verdadeiros educadores.

Numa passagem rápida pelos fatos, vemos que temos atuado em muitas frentes. Este espaço conseguiu divulgar, pela generosidade dos que aqui visitam, uma síntese da movimentação ocorrida de norte a sul de Minas.

Pudemos registrar a "carroçada" organizada pelos valentes colegas de Venda Nova, uma turma muito combativa, muito atuante. Registramos também através de foto e fatos trazidos aqui, acerca do apoio à nossa greve por parte de um grupo de alunos, em número três vezes maior do que um outro ato que a imprensa tentou inutilmente capitalizar como sendo contrária ao nosso movimento.

Em várias cidades recebemos notícia do fiasco que tem sido a tentativa de contratação dos tais professores-tampão, nessa condenável prática de uma secretaria que, a cada dia que passa merece menos o título de Educação, e mais o de carrasco de educadores.

O esquema tampão do governo não tem funcionado por vários motivos: em alguns lugares não aparece candidato; em outros, nossos combativos/as colegas vão até a escola e convencem os candidatos a desistirem; e ainda há os casos onde os próprios alunos se recusam a aceitar essa improvisação absurda, envolvendo pessoas não habilitadas para brincar de lecionar com os nossos alunos. Um desrespeito total, com o dinheiro público, que será jogado fora com esse esquema-tampão; com os educadores de verdade, com os alunos e com os pais de alunos. Não merecemos isso.

Quero registrar aqui também dois dados, em regiões de um extremo a outro de Minas. Na região de Carangola, Zona da Mata e terra do nosso bravo Sebastião de Oliveira, onde cresce o apoio à greve nas cidades da região (Divino, Espera Feliz, Caparaó, Caiana, Faria Lemos, Fervedouro e Tombos). Em algumas dessas cidades, a confirmar a adesão dos colegas, mas já assegurada a participação de quase todos os "elos da corrente", no sábio dizer da nossa combativa colega Educadora Mineira.

Num outro quase extremo, no Vale do Jequitinhonha, recebemos um comentário de uma colega valente, que viajou 15 horas para participar da nossa última assembleia, e a quem eu tive o prazer de conhecer durante a passeata. E depois de mais 15 horas de volta para casa, ela escreveu dizendo: "... querido colega nós de Santo Antônio do Jacinto, Vale do Jequitinhonha te saudamos e reiteramos o compromisso de ficarmos firmes nessa batalha porque Deus tem visto nossas lutas e algo me diz que ela está chegando ao fim."

E por toda parte é isso que temos encontrado: gente muito determinada, disposta a levar essa luta até o final, pois estão (estamos) todos conscientes de que lutamos por um direito constitucional, uma lei aprovada e reafirmada pelo STF, e que o governo de Minas vergonhosamente vem sonegando este direito aos educadores.

Ficou claro, pelas dezenas de manifestações espontâneas aqui neste blog, oriundas das mais diferentes regiões de Minas, que há um pensamento comum: não queremos ajustes no subsídio, queremos o nosso piso. E aqui eu falo por mim: pode ser até o piso proporcional do MEC, mas que seja como manda a lei, implantado no vencimento básico, obedecendo a nossa tabela salarial (com 22% de reajuste entre os níveis e 3%de progressão), e mais as gratificações conquistadas ao longo da carreira.

Há também o terço de tempo extraclasse, que o governo deveria implantar, ou, no mínimo, provisoriamente, até que faça a mudança formal no plano de carreira, deveria pagar as horas excedentes que estamos exercendo na jornada de 24 horas. Vou republicar depois a tabela correta com estes dados: o piso proporcional do MEC e o terço de tempo extraclasse, para que novamente nossos colegas possam analisar aquilo a que temos direito, no mínimo.

Há de se registrar também a reunião dos representantes dos movimentos sociais e sindicais em apoio à nossa greve, que aconteceu no sindieletro. Esse movimento é importante e deve ser reforçado, já que a nossa greve tornou-se a grande referência de resistência contra os ataques do governo do afilhado. É muito importante construir essa unidade na luta de todos estes e outros movimentos, tanto em apoio à nossa greve, como também para futuras lutas por direitos e pelos interesses comuns dos de baixo. Que prevaleça diversidade e o respeito mútuo.

A reunião em Brasília também foi importante, mas não trouxe, ainda, elementos concretos voltados para cobrar dos governos a aplicação da lei do piso. Por enquanto prevalecem a proposta de uma mesa de negociação a ser construída, de medidas de retenção de verbas federais, etc, tudo ainda no plano de propostas e estudos a serem desenvolvidos.

Pessoalmente, acho pouco provável que qualquer uma destas propostas seja levada adiante no curto prazo. Há muitos interesses políticos e financeiros envolvidos nessa história, inclusive da parte do governo federal, que até agora não se dispôs a abrir os cofres e pressionar os governos estaduais e municipais a pagarem o piso.

A direção sindical apresentou as considerações que vem defendendo aqui, nos fóruns do sindicato. Agiu corretamente. Mas, ao que parece não trouxe do encontro com o MEC uma contrapartida formal - uma declaração textual registrada em ata, um documento, uma resolução, enfim - que servisse de base documental para apresentar na justiça contra o governo de Minas. Foram feitas declarações, de parte a parte, o que, em termos jurídicos, têm pouco valor, já que o que pesa é o rigor textual e interpretativo da lei. Claro, fora deste âmbito a mobilização popular, ou seja, a força da nossa greve é que dará o tom do avanço ou retrocesso nas negociações com o governo.

Infelizmente o ministro do MEC não participou da reunião, demonstrando o descaso com o qual vem tratando as questões afeitas ao ensino básico, notadamente às políticas de valorização dos educadores. Como tenho dito aqui, trata-se de um ministro falastrão, mas sem compromisso com a nossa causa.

Em suma, temos que recarregar as nossas energias nesse final de semana e nos preparar para a assembleia do dia 16, quando estão previstos os seguintes acontecimentos: às 10h, reunião do sindicato com o governo no Ministério Público; às 13h, reunião do comando estadual de greve; e às 15h, a assembleia geral da categoria, que seguramente decidirá pela manutenção da greve, caso o governo não apresente a tabela implantada do pagamento do piso nos nossos vencimentos básicos.

Se a greve permanecer por um tempo maior, tenho como proposta que organizemos em nossas cidades um grande momento de confraternização com a comunidade, com barraquinhas e exposição de fotos e vídeos e falações, e danças e artes em geral, para um envolvimento maior da comunidade, e para arrecadar fundos para a nossa greve e para a sobrevivência dos colegas com maior necessidade.

Os educadores estão acostumados a organizar festas juninas e outras para levantar renda e cobrir aquilo que o estado deixa de investir na educação. Podemos organizar grandes atividades culturais para divulgar a nossa luta, pedir apoio e arrecadar fundos para o nosso movimento.

Por agora é isso. Estamos firmes na luta e devemos permanecer em contato e com a mesma disposição demonstrada nos últimos 65 dias. Sem o piso implantado no nosso vencimento básico mais as gratificações não voltamos para a escola.

Um forte abraço e força na luta! Até a vitória!

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P.S. Não poderia deixar também de registrar a intensa atividade realizada por dezenas de educadores através da Internet, que complementa o trabalho de corpo a corpo dos combatentes da educação. Uma combinação explosiva, que o governo não vai aguentar por muito tempo.

P.S.2. Quero registrar aqui o meu abraço fraterno à combativa amiga educadora Graça Aguiar, do Rio de Janeiro, onde os trabalhadores da Educação realizaram uma corajosa greve de mais de 60 dias pelo reajuste salarial. Infelizmente a categoria em assembleia acabou aceitando um reajuste muito aquém do que mereciam os educadores. A nossa colega Graça votou contra, mas teve que acatar a decisão da maioria. Apesar disso, a luta continua, e agora a colega poderá se dedicar, na medida do possível, aos embates nacionais pela federalização da folha de pagamento e por um plano de carreira nacional dos educadores. A combativa Graça Aguiar é coordenadora do blog S.O.S. Educação Pública, que pode ser visitado aqui.

Na mensagem que nos deixou, respondendo ao nosso comentário, a companheira Graça Aguiar disse:

"A greve aqui no Rio acabou, mas continuo em greve junto com vocês, pois essa não é uma luta regional é nacional, e a vitória dos companheiros de Minas, será também a minha vitória porque pertencemos à mesma categoria e lutamos contra os mesmos inimigos."

P.S.3 - Como escrevo de madrugada às vezes esqueço coisas importantes - não sei o que tem a ver o horário da escrita, mas vá lá, foi o pretexto que encontrei, rsrs. Fato é que, deixei de registrar um importante acontecimento no dia de ontem: a panfletagem realizada na BR-381, na ponte metálica sobre o Rio das Velhas, entre Sabará e BH. O evento foi muito importante, sensibilizando a todos os motoristas que por lá passaram. Digno de registro também as manifestações realizadas em algumas SREs. É isso aí, nosso embate não dá trégua e acontece em muitas frentes ao mesmo tempo. Uma verdadeira guerrilha urbana sem armas, ou com outras armas, quando atacamos o inimigo por todos os lados. Afinal, somos centenas de milhares, lutando contra uma máquina poderosíssima. Venceremos!

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Postado por Blog do Euler às 01:24 31 co

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