sexta-feira, 12 de agosto de 2011

EULLER:"Por que o governo de Minas não joga limpo com os educadores?"

sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Por que o governo de Minas não joga limpo com os educadores?







Por que o governo de Minas não joga limpo com os educadores?

Confesso aos meu combativos guerreiros e guerreiras que acabo de acordar (são 2h da madrugada), pois havia me deitado por volta de 23h 15m para um rápido cochilo, mas acabei passando da hora. Meu normal é dormir depois das 3h, mas tudo bem. Lembro-me que a última coisa que pensei antes de dormir foi no título deste post: por que o governo não joga limpo com os educadores?

Mas, antes de entrar nesse tema, quero aqui dedicar algumas poucas palavras aos combativos e combativas guerreiros e guerreiras educadores da cidade de João Monlevade. Recebi um comentário dando conta de que vocês votaram pelo fim da greve na rede municipal e que aparentemente não houve conquistas.

Quero responder a este comentário dizendo que a luta de vocês, corajosa, exemplar, já é uma conquista. Não é lugar comum dizer que às vezes perdemos uma batalha, mas não a guerra. Nem sempre, numa batalha, conseguimos arrancar aquilo que é o mais justo. Muitos fatores podem contribuir para um momentâneo recuo.

Mas, vocês que estavam em greve, têm motivos de sobra para se orgulharem de terem lutado bravamente, de terem passado por todo tipo de sacrifício e resistido por mais de dois meses. Não é pouca coisa e não é coisa para qualquer um, não. É coisa para valentes, para quem tem dignidade, para quem aprendeu as melhores lições de humanismo, de cidadania, de bravura. Acima de tudo: é coisa para quem aprendeu a respeitar a si próprio.

Não tenham a menor vergonha ante a seus alunos ou à comunidade. Quem precisa se envergonhar é o governo (são os governos), que fazem pouco caso da Educação e dos educadores, e dos de baixo em geral, enquanto se refestelam na companhia da elites dominantes e exploradoras.

Devemos ter orgulho de ter travado o bom combate - e vocês têm razão para isso. Se não conseguiram hoje arrancar as conquistas a que têm direito legal ou legítimo, não tenham dúvida que amanhã vocês reunirão novas forças, pois aprenderam com a experiência que tiveram a conhecer os pontos fracos dos algozes - e até mesmo as nossas falhas. E antes que o governo assuste, vocês se erguerão novamente, de punho cerrado e prontos para arrancarem na luta todos os direitos a que fazem jus.

Procurem descansar agora um pouco, mantenham-se em contato entre os que lutaram, compartilhem sua experiência com os alunos, sempre apontando a luta como o único caminho digno para as conquistas, mesmo quando, como neste caso, nem sempre estas conquistas são arrancadas naquele momento. Nossa luta é um processo que não para, porque ela é a força e a energia da nossa vida. Sem luta, não há sonho; sem sonho, não há vida.

Um forte abraço aos companheiros e companheiras de Monlevade. Vocês tiveram a mais linda conquista, que foi a capacidade de lutar. E por isso têm o nosso respeito e a nossa admiração. E nós da rede estadual de Minas, vamos continuar a nossa luta, inclusive em nome de vocês, porque a nossa conquista será a conquista de vocês também. E de todos aqueles que lutam, em todo o Brasil.

Um forte abraço à companheira educadora Kátia e a todos e todas os / as combatentes educadores / educadoras de João Monlevade. Vocês merecem os parabéns e o profundo respeito dos educadores e dos alunos e de toda comunidade, de Monlevade e do Brasil!

***

Agora vamos retomar o texto inicial.

O governo de Minas deveria deixar de arrogância e cretinismo e passar a jogar limpo com os educadores e com sociedade mineira.

Está na hora do governo parar com essa estória de dizer que já paga até mais que o piso com o subsídio. Isso é ridículo e mostra pouco apreço à inteligência alheia.

Vocês, do governo, precisam tomar vergonha na cara e abrir as contas da Educação para os educadores e pais de alunos e para toda a comunidade.

Como educadores, mas acima de tudo, como cidadãos mineiros, temos o direito de saber o que vocês estão fazendo com os 25% da Educação. Quanto se gasta com a folha do pessoal da ativa e dos aposentados? Qual é o custo real da implantação do piso, pelo menos para quem optou pelo antigo regime remuneratório?

Parem de zombar da cara dos cidadãos mineiros e brasileiros e prestem contas de forma republicana, acerca da receita e despesa com a Educação.

Vocês disseram, aparentemente em conversa informal com o deputado Rogério Correia (que até hoje não teve coragem de repetir o que disse em plenário) que o custo adicional da implantação do piso proporcional do MEC gira em torno de R$ 4 bilhões.

Não duvido dessa cifra, se considerarmos o expressivo número de educadores na rede estadual (cerca de 380 mil no ano passado). Fazendo as contas (R$ 4 bi / 380 mil / 13,33 = R$ 789,67 em média. Que 13,33 é este? São doze meses + o 13º e mais um terço de férias) encontraremos um gasto médio adicional de R$ 789,67 por mês, por educador.

Mas, esta conta só faz sentido se tomarmos o início do ano e se todos os educadores recebessem essa diferença, o que não é o caso. Portanto, tenho a impressão de que o impacto do piso proporcional do MEC será bem menor do que o governo divulgou informalmente para o deputado.

Mas, ainda que fosse de R$ 10 bilhões, temos o direito de saber, de ver as contas, detalhadamente, até mesmo para exigir do governo que, caso ele não tenha recursos próprios, que peça a devida complementação da União, como está previsto em lei.

Vocês, do governo de Minas, adoram citar as leis vigentes quando querem justificar ações voltadas para nos destruir. Descobrem qualquer brecha, ou até mesmo aquilo que não existe na lei para nos massacrar. Mas, quando se trata de cumprir uma lei em nosso favor, que já foi considerada constitucional inclusive pelo STF, vocês procrastinam, enrolam, inventam estórias. Isso não é atitude séria, de governantes que mereçam o respeito dos cidadãos aos quais dizem representar.

Nós não aceitamos este tratamento de desrespeito e de zombaria que o governo, suas secretárias, a mídia mineira (com raras exceções), a Justiça mineira, o Ministério Público, o legislativo, vêm dispensando aos cidadãos mineiros. Nós, educadores em greve não aceitamos isso.

Como educadores, e acima de tudo como seres humanos e como cidadãos mineiros, exigimos respeito e cumprimento da lei! Que paguem o piso a que temos direito e deixem de tergiversar e de jogar para a platéia como se todos fossem um bando de idiotas que pudessem ser levados na conversa mole para boi dormir!

Isso não é atitude digna de um governo que se preze e que mereça o respeito dos cidadãos. Vocês já conseguiram desmoralizar a mídia mineira, que desaprendeu a fazer jornalismo - que mereça este nome - tornando-se uma caixa de ressonância da vontade do governante de plantão. Vocês estão desmoralizando o Ministério Público e o Judiciário, que não atuam na fiscalização e na exigência do cumprimento da Lei. O legislativo não merece nem comentário, tal a forma vil e pusilânime com a qual a maioria dos deputados obedece as ordens do governador.

Mas, estejam certos de uma coisa, senhores governantes: a paciência dos cidadãos mineiros tem limites. Educadores, alunos e pais de alunos estão acompanhando a tudo e esperando por uma atitude séria do governo em relação ao desfecho da nossa luta, que só pode ocorrer a contento com o pagamento do piso a que temos direito.

Não seria de bom tom vocês continuarem brincando com os cidadãs mineiros, especialmente os de baixo, pois a história já deu provas - e tem dado a cada dia, por toda parte - que nós, os de baixo, somos capazes de resistir e de reagir à altura.

Por isso, seria bom que vocês nos levassem mais a sério, parassem com essa palhaçada de contratar professores-tampão, de cortar e reduzir ilegalmente nossos salários, e nos pagassem o que é nosso direito: o piso salarial nacional dos educadores.

Não aceitaremos nada menos do que isso.

Senhores do governo, joguem limpo, cumpram a lei, abram as contas da Educação e paguem o piso a que temos direito.

É esta a condição para que voltemos ao trabalho. Do contrário, a greve continua, até a nossa vitória!

Um forte abraço a todos os educadores e força na luta!

***

Postado por Blog do Euler às 01:57 39 comentários
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