SEGUNDA-FEIRA, 26 DE SETEMBRO DE 2011
Alunos do Estadual Central que apoiam a nossa greve e dão uma aula de cidadania para muitos professores e professoras.
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Aécio, Anastasia e Dilma: responsáveis diretos pela dramática situação em que vivemos
Eles têm dinheiro para a Copa do Mundo, para construir cidades administrativas, para o metrô, para os empreiteiros que financiam as campanhas deles, para os altos escalões dos três poderes, para criar cargos comissionados e contratar cabos eleitorais com altos salários, para comprar a mídia...
... mas, eles não têm dinheiro para pagar um salário digno para os educadores!
Minas Gerais vive hoje um dos piores momentos da sua história. Quando pensávamos que a ditadura militar era uma página virada na história do país e de Minas, olha ela aí de volta, travestida com outra roupagem. Batalhões de Choque sendo convocados a todo momento para resolver problema social - e pior ainda, para reprimir professores e professoras, educadores, cujo papel "criminoso" é o de contribuir com a formação cidadã de milhões de crianças, jovens e adultos deste país.
A nossa greve vai completar amanhã 112 dias. Quase um terço do tempo do ano civil, e a maior greve da história de Minas. E tudo por conta de um direito constitucional - o piso salarial nacional, aprovado em 2008 -, que está sendo negado pelo desgoverno instalado em Minas Gerais, sob o olhar omisso e cúmplice de muitos outros personagens, entre eles, o ex-governador e agora senador, que diz representar Minas Gerais, e também a presidenta da República.
Nem seria preciso repetir aqui o papel negativo de todos os poderes constituídos - legislativo, judiciário, além do procurador da justiça - que saem deste episódio diminuídos.Também a grande mídia foi exposta como portadora da privação, para a maioria dos cidadãos, dos direitos de expressão e da liberdade de imprensa e de opinião. A nossa greve expôs, publicamente, que estamos diante de uma máquina de moer gente, feita apenas para angariar recursos e poder, para partilhá-los com uma minoria privilegiada. Aos de baixo, como os educadores mineiros em greve, estão reservados a promessa oca e o Batalhão de Choque.
Mas, não resta a menor dúvida, também, que a nossa greve conseguiu - está conseguindo - desfazer a ideia equivocada de que os de baixo, em Minas e no Brasil, são incapazes de se unir para lutar por seus direitos e resistir aos mais ferozes ataques perpetrados pelos de cima.
Em 112 dias de uma heroica greve e de luta apaixonada em defesa da carreira ameaçada e do piso salarial sonegado, os educadores, os alunos, os apoiadores de vários movimentos sociais, e lideranças religiosas, como Frei Gilvander, têm dado uma aula pública de verdadeira cidadania e da República que sonhamos, que é o oposto da que existe.
Depois desta greve, que só termina com a garantia formal do nosso piso implantado na nossa carreira, não temos mais o direito de nos acomodar, de deixar a vida levar, como se não fôssemos parte diretamente envolvida nos muitos dramas sociais que presenciamos a todo mundo.
Nós, os educadores em greve, somos também os sem-terra, que são ameaçados e executados pelo latifúndio e pelo agronegócio; somos os sem-teto, que são empurrados para as franjas das grandes cidades, sem direito a um lar digno; somos os estudantes, que têm direito a uma educação pública de qualidade para todos, que forme pessoas pensantes criticamente, com uma visão de mundo universal, solidária e também libertária; somos os estudantes chilenos e os palestinos.
Nós não somos aqueles fugiram à luta, que fingirem não terem nada a ver com aquilo que vivemos, que até se aproveitaram da situação, alguns, enquanto éramos (somos) massacrados de várias formas pelo desgoverno mineiro: com o corte e a redução dos nossos salários, com as ameaças de demissão, com as chantagens e mentiras pela mídia, com a repressão policial e com a tentativa de destruição da nossa carreira.
Inauguramos as ações pacíficas de acorrentamentos em vários locais públicos, a denunciar o quanto as nossas liberdades e direitos estão acorrentados; até greve de fome foi iniciada no último dia 19 por dois colegas nossos - Marilda e Abdon -, numa entrega apaixonada em prol da nossa causa.
Por isso, nós temos que vencer. Já somos, de certa forma, vitoriosos em relação à manutenção da nossa dignidade e da defesa dos interesses comuns de classe. E não há dúvida que seremos vitoriosos também na conquista deste direito inscrito em lei federal - o nosso piso salarial nacional implantado na carreira.
Doravante, devemos nos preparar para mudar tudo em Minas Gerais e no Brasil e no mundo; rediscutir no nosso cotidiano as relações a que estamos submetidos, e que reproduzem pessoas imbecilizadas, ao invés de lutadores sociais, solidários com as causas comuns.
Estamos construindo a nossa história, desta feita de forma consciente, e não mais como massa de manobra a carregar as pedras, enquanto a minoria dos de cima se apropria de tudo o que produzimos. Isso não vai continuar acontecendo! Pelo menos, não sem a nossa luta, não sem a nossa resistência!
Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!
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