domingo, 25 de setembro de 2011
Uma semana decisiva para os educadores de Minas
Favor divulgar para a mídia e por twitter.
Informação dada pelo comandante João Martinho.
Diretamente do CHILE, onde os estudantes e toda a sociedade se mobilizam em defesa da Educação pública, os educadores em greve de Minas recebem apoio.
Uma semana decisiva para os educadores de Minas
A semana que se inicia tem todos os ingredientes para apresentar um desfecho favorável aos educadores e aos de baixo neste embate que já dura 111 dias de uma heroica greve. O pleito inicial, a cobrança de um mísero piso salarial de R$ 1.187,00 instituído por lei federal, tornara-se, ante à negativa do governo mineiro de pagá-lo, descumprindo a lei, um campo de renhidas batalhas, que só fazem crescer.
Tivesse o governante negociado o pagamento do piso como manda a lei federal e a greve sequer teria acontecido. Mas, confiante na estrutura de poder construída nos últimos oito anos e meio - que uniu ao governo imperial, com características despóticas e coronelísticas, todos os demais poderes e a grande imprensa -, pensou o governante poder descumprir impunemente os mandamentos da Lei.
A estrutura de poder reinante em Minas (e no Brasil, infelizmente), reúne favores pessoais e o som do tilintar de muitos trinta dinheiros, formando uma relação um tanto promíscua, não republicana, que apequenou muitos dos elementos que deveriam servir de exemplo moral e ético. Com as exceções honrosas, deputados, desembargadores, procuradores da justiça, diretores do TCE, proprietários da mídia e alguns tantos jornalistas, entre outros, passaram a comer nas mãos do governo imperial.
Talvez confiante de que essa estrutura mantida pela combinação da propaganda midiática e a força bruta nas suas mais diferentes formas (incluindo o terror psicológico e as chantagens), o governo tem se mantido arrogante, embora não mais tão confiante de que saia bem desse embate. O desgaste público do atual governo é notório, e junto com ele todo o projeto de poder que o empolga, respingando seguramente na figura central e centralizadora do ex-governador, conhecido também como o faraó das Alterosas.
Minas nunca mais será a mesma depois desse movimento, que tem como sujeitos principais, mas não os únicos, os educadores em greve por direitos assegurados em lei. Em 111 dias de paralisação, já se viu um pouco de tudo, ou quase tudo, já que a cada dia somos surpreendidos, de um lado, por novos ataques da máquina de moer gente formada pelo governo, e do outro, pela resposta e resistência sempre criativa e ousada dos e das valentes educadores/as em greve.
Na semana que se inicia, por exemplo, dois grandes acontecimentos devem fazer tremer o chão de Minas novamente.
Logo na segunda-feira, pela manhã, ocorre a ampliação da vigília com parcelas das caravanas do interior que começam a chegar a Belo Horizonte. Vigília heroica instalada no pátio da ALMG, local onde dois colegas nossos - Marilda e Abdon - de forma heroica e despojada, fazem uma greve de fome que teve início no dia 19.
Mais tarde um pouco, a partir das 15h, tem início uma grande concentração, na Praça da Estação, de estudantes, pais de alunos, movimentos sociais, líderes das entidades sindicais e estudantis, lutadores sociais, enfim, que se unem aos educadores em greve para protestar contra a intransigência do governo, pelo respeito aos educadores e aos de baixo, pelo respeito à democracia e às liberdades ameaçadas, e pelo pagamento do piso na carreira dos profissionais da Educação.
Neste ato, após a confecção de faixas e cartazes e de um momento de reflexão coletiva sobre o que se passa em Minas Gerais, haverá uma marcha, avançando ainda mais para o centro da cidade. Se o trânsito parar, como tem acontecido, é importante que se saiba que tal fato ocorrerá por uma causa justa, qual seja, a salvação da Educação pública em Minas e no Brasil, ameaçada pela intransigência de governantes, que querem transformar tudo em mercadoria para servir aos financiadores de suas campanhas eleitorais.
Na terça-feira, 27, a partir das 13h, tem início uma nova assembleia geral dos educadores no pátio da ALMG. Este acontecimento, que tem mobilizado milhares de trabalhadores da Educação, deve receber também o reforço de três colunas de apoiadores, formadas por pais de alunos, estudantes, movimentos sociais, e que sairão de três diferentes pontos da Capital. Num dado momento, no pátio da ALMG, haverá um encontro histórico entre os educadores ali presentes, que completarão 112 dias de greve - a maior da história da história de Minas - , com milhares de apoiadores dos diferentes grupos e movimentos sociais. O chão de Minas vai tremer, literalmente.
Além desses importantes acontecimentos, que rompem de certa forma com um ciclo da fantasia urdido e mantido pela manipulação midiática, outros fatos relevantes acontecerão. Está prevista uma visita a Minas de uma comissão do Congresso Nacional para fiscalizar a aplicação da Lei do Piso aprovada naquela Casa e sonegada por governantes inimigos da Educação pública de qualidade, como os de Minas, do Ceará, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, entre outros.
Na frente jurídica, são aguardadas as decisões do TJMG e do STF sobre o recurso apresentado pelo sindicato contra a abusividade da greve indecentemente decretada por um desembargador, que apresentou como pretextos, entre outros, a falta de merenda escolar para as crianças dos grotões de Minas e a duração da greve. Nos dois casos, se forem considerados como válidos, o primeiro e único a ser punido teria que ser o governo, pois fora ele quem provocara a greve, ao não cumprir uma lei federal, deixando de pagar o piso reclamado legitima e legalmente pelos educadores em greve.
Por outro lado, pelo eficiente levantamento feito de neste final de semana pelo guerreiro NDG Gleiferson Crow, com a colaboração espontânea e horizontal de centenas de colegas que visitam nosso blog, já se constatou, até o momento, a manutenção da greve em três centenas de escolas, dezenas delas com forte adesão, o que difere em muito da propaganda do governo de que a greve estaria acabando. Não está. A nossa greve acabará quando estiver assegurado o nosso piso salarial nacional, implantado corretamente na nossa carreira, com as gratificações a que fazemos jus. Fora isso, a greve não acaba.
Esta semana será importante também para discutirmos a construção de mecanismos de ajuda mútua para os milhares de colegas que estão em greve e sem salário há três meses, e que precisam (precisamos) sobreviver. Será o momento de realizarmos campanhas públicas de denúncia do governo cruel e déspota e de pedidos de apoio à comunidade, seja para a formação de fundos de greve, ou recolhimento de donativos ou alimentos para cestas básicas.
A vigília na ALMG pode ser mantida e até estendida, podendo inclusive incorporar outras formas de protesto. A realidade de greve de fome iniciada por dois colegas é um outro grave problema que foi colocado no colo do governo e dos demais poderes constituídos que comem nas mãos daquele.
Esperamos que o governo abandone a sua costumeira arrogância e entenda que um outro momento é vivido em Minas e no Brasil. E que esta conduta autoritária e despótica herdeira da ditadura militar de triste memória não encontra mais sustentação. A sociedade mineira dos de baixo está ficando cada vez mais indignada com o que assiste.
É hora do governo reconhecer que precisa dar um passo atrás e negociar seriamente com os educadores o pagamento do piso na carreira e a devolução do que foi confiscado nestes 111 dias de greve. É o mínimo que o governo de Minas pode fazer se quiser garantir minimamente as condições de governabilidade. Não há mais espaço para esta intransigência demonstrada unilateralmente pelo governo mineiro.
Da nossa parte, da parte do NDG - Núcleo Duro da Greve - a orientação é muita clara: apesar do desgaste e dos sacrifícios que já passamos, é importante sabermos que lutamos por uma causa justa, por um direito legal, assegurado pela Carta Magna do país, e por isso não podemos recuar; lutamos também pela nossa dignidade, enquanto cidadãos e em defesa das conquistas históricas ameaçadas - direito de greve, de ir e vir, de expressão e opinião, etc. Por isso, devemos reforçar as nossas trincheiras, mobilizar toda a comunidade e manter a pressão em todas as frentes de mobilização e luta, até a nossa vitória.
Já flexibilizamos em relação ao valor do piso que a categoria defendia inicialmente - de R$ 1.597,00. É hora, agora, do governo cumprir a lei e pagar o que nos deve!
Um forte abraço a todos e força na luta!
semente de uma educação pública de qualidade.
Gilvander Moreira[1]
“Tive sede e me destes de beber. Tive fome e me destes de comer.” (Mateus 25,35).
Parodiando, podemos dizer: “Estava em greve, na luta por justiça e estavas a meu lado, viestes atender ao meu clamor."
Dia 26 de setembro de 2011, a greve das/os professoras/res da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais completa 111 dias e segue por tempo indeterminado até o dia em que o Governador Antonio Anastasia (PSDB + DEM) deixe de ser intransigente, se abra ao diálogo e atenda às justas e legítimas reivindicações dos professores que participam da mais longa greve da história de Minas.
Há 8 dias, a professora Marilda de Abreu Araújo e o técnico em Educação Abdon Geraldo Guimarães estão em greve de fome na Assembleia Legislativa de Minas. Marilda, 59 anos, de Divinópolis, MG, é professora há 32 anos. Ela disse: “Estou em greve de fome há 8 dias para que o governador Anastasia pare de ser intransigente e se abra ao diálogo. Participei de todas as greves em 32 anos como professora. O que mais me marca nessa greve é a intransigência do governador de Minas.”
Abdon, 39 anos, de Varginha, é pai de três filhas, duas das quais gêmeas de três meses. Ele diz: “Estamos com nossos salários cortados há 2 meses e já se vai para o 3º mês sem salário. As dificuldades para quem está na greve são enormes. Ao Anastasia peço respeito aos educadores. Atenda as nossas justas reivindicações. Reivindicamos pouco: apenas o piso salarial nacional, garantido pela Lei Federal 11.738/08, hoje, R$1.187,00 que em janeiro de 2012 passará para R$1.384,00.”
O prof. Dr. José Luiz Quadros, no artigo “Greve dos professores em Minas Gerais”, ao defender com veemência a justeza da greve e das reivindicações dos educadores, alerta que o governo de Minas, ao contratar professores para substituir os que estão em greve, está intimidando e criando um dilema moral para o povo mineiro. Diz ele: “Como professores poderão aceitar participar de um processo de escolha para substituir colegas que se encontram em greve? Esta perspectiva de falta de compromisso com a categoria, falta de solidariedade com o colega, de priorizar um projeto egoísta de se dar bem (bem?) com o desemprego do outro é lamentável. Lamentável mesmo que o estado cause este constrangimento e mais lamentável quem aceita esta proposta. Como este professor fará quando daqui alguns anos ele não conseguir viver dignamente com o salário de fome que recebe. Ele fará greve? Ora, não vai adiantar nada uma vez que não terá força moral para esperar solidariedade das outras pessoas.”
A postura de intransigência do Governo do Estado revela a total ausência de ética imprescindível ao cargo e à tarefa que assumiu. A decisão por convocar novos professores para assumirem a cadeira dos que estão em greve acentua a dimensão antiética deste governo. A atual greve dos professores reivindica dignidade para toda a classe trabalhadora de professores. Os que estão contratados e os que ainda não. Trata-se de uma luta mais ampla. Por uma educação pública de qualidade que passa necessariamente pela valorização dos/as professores/as.
Aos professores que se sentem inseguros diante do corte de salários, do dia de trabalho, de retaliações, calúnias e difamações por parte do Governo estadual, da mídia e da sociedade, recordo o que disse Jean Cocteau, Mark Twain e tantos outros: "Não sabendo que era impossível, foi lá e fez". Sei que há milhares de professores que estão sem dormir, porque se preocupam também com os estudantes. Saibam que vocês, queridas/os educadoras/res, estão plantando sementes da educação pública de qualidade em Minas Gerais.
A Mídia, à exaustão, vem alardeando, que os professores em greve, ao fazerem passeatas, atrapalha o trânsito. Assim, a Mídia não vê para onde os professores em greve apontam. Vê apenas o dedo dos nossos heróicos educadores. Um vereador míope chegou ao absurdo de propor um projeto de lei na Câmara de Belo Horizonte para proibir manifestação pública dentro do perímetro da Av. do Contorno, alegando que as passeatas atrapalham o trânsito. Digo: Quem atrapalha o trânsito não são os professores em greve e nem os movimentos populares ou sindicatos que, de cabeça erguida, dentro de prescrição constitucional, lutam manifestando publicamente suas reivindicações. Logo, quem está atrapalhando o trânsito é o governador Anastasia, o TJMG e todas as autoridades que não escutam os clamores dos professores empobrecidos. Se o Governador Anastasia fosse um democrata, já teria se aberto ao diálogo e a negociação séria com os educadores. O SINDUTE buscou diálogo com o governador durante seis meses, antes de iniciar a greve, mas não foi atendido. Agora vem dizer que só negocia se a greve acabar. Não negociava antes da greve, irá negociar sem a pressão da greve? Ao continuar com essa intransigência, o futuro político do Anastasia será efêmero. Anastasia, seu barco vai afundar! O prefeito Márcio Lacerda, dia 24/09/2011, já teve o seu futuro político sepultado por mais de 2 mil militantes que se manifestaram pelas ruas de BH no “Fora Lacerda”.
As/os professoras/res de Minas estão interpelando a consciência de toda a sociedade. Não há espaço para neutralidade. Ou se compromete e engaja na luta ao lado dos educadores tão discriminados no 2º estado que mais arrecada impostos e que paga um dos piores salários aos professores ou assuma que é omisso, cúmplice e covarde, pois se trata de causa da educação pública, assunto que deve ser uma prioridade absoluta de todos/as.
A greve dos mil operários da reforma do Mineirão durou apenas alguns dias. O governo tremeu na base e se abriu para a negociação imediatamente. “As obras da COPA não podem atrasar”, dizem. A educação pública pode ficar no fundo do poço? Minas terá futuro sem uma educação pública de qualidade?
Queridos pais e estudantes, a hora exige que toda a sociedade se junte na luta ao lado dos professores que lutam não apenas por melhores salários, mas por uma educação pública de qualidade. Se os professores forem derrotados, toda a sociedade será derrotada. Isso não pode acontecer. Lutemos até a vitória!
A educadora Marilda e o educador Abdon, em greve de fome há 8 dias, estão nos dando um grande exemplo de doação de vida em prol do bem maior que é educação pública de qualidade para todos.
Obs.: Eu já escrevi 4 pequenos textos que ajudam a entender e a se posicionar diante da greve dos professores em Minas:
a) A greve dos professores é justa?
b) Greve dos professores de Minas: marco histórico.
c) Professores em greve até a conquista do Piso Salarial Nacional.
d) 106 dias de greve dos professores de Minas Gerais: greve de fome X tropa de choque.
Esses 4 pequenos textos estão disponibilizados na internet em vários blogs, inclusive em www.gilvander.org.br
Belo Horizonte, MG, Brasil, 26 de setembro de 2011
[1] Mestre em Exegese Bíblica, professor, frei e padre carmelita, professor de Teologia Bíblica, assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br – www.gilvander.org.br – www.twitter.com/gilvanderluis
Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br
www.gilvander.org.br
www.twitter.com/gilvanderluis
Facebook: gilvander.moreira
skype: gilvander.moreira
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A ditadura volta a Minas Gerais!
por Jose Luiz Quadros de Magalhães[1]
O leitor deve estar pensando: a ditadura voltou? Mas, ela já não está aí há muito tempo? Pois é, o título é só uma provocação, só para chamar atenção. A ditadura já está em Minas Gerais há muito tempo, e o pior é que os mesmos donos de jornais, rádios e redes de TV que se autocensuram, que traem a democracia e os princípios constitucionais de liberdade de expressão são os mesmos que “denunciam” a falta de liberdade em outros países. Hipócritas. Há um problema recorrente nestas pessoas no poder: falta espelho (eles só têm o espelho de narciso). Sempre acusando os outros são incapazes de se perceberem como violadores da Constituição, como violadores da Democracia, da República e das leis. Estes são os piores bandidos (o fora-da-lei com poder supostamente legal).
Existe outra categoria de pessoas perigosas: os que cumprem ordens ilegais. Não posso fazer nada, estou cumprindo ordens, dizem. Esquecem que não estão obrigados a cumprir ordens ilegais ou flagrantemente inconstitucionais. Basta um mínimo de conhecimento jurídico, ou para não pedir muito, basta um mínimo de bom senso. Agredir pessoas é permitido para os que estão fardados? Onde está escrito, em qual lei da república (com letra minúscula, escondida e oprimida está a república que de pública não tem nada), em qual Constituição está escrito que os cidadãos, donos da República (com letra maiúscula, a República que conquistaremos um dia) podem ser tratados pelos seus servidores como lixo, como bandidos? Quem é o bandido nesta história?
E nossas praças privatizadas? E os palácios? Já viram uma República com tantos palácios? Para mim os palácios pertenciam à monarquia e deveriam todos virarem museus públicos. Entretanto nossa república esta cheia de palácios. Só o governador (?) tem três: um palácio de verão, um de inverno (nas Mangabeiras) e um para despacho (eparrei). Acredito que todos eles deveriam virar museus e espaços públicos recreativos. Nas Mangabeiras poderíamos inclusive fazer um clube público, com piscinas públicas como aquelas que encontramos em outros países mais democráticos.
Que patética cena: enquanto meia dúzia de autoridades (otorydadys – conhecem esta espécie? Vem do gênero otorytatys sin nocyonis) fora do mundo, protegidos por centenas de policiais (que deveriam, se agissem de forma constitucional, proteger os cidadãos contra o governo inconstitucional), festejam os bilhões de dólares que poucos vão lucrar às custas dos espaços e dinheiros públicos investidos na Copa do Mundo. As câmeras e os jornalistas das grandes rádios e televisões estavam no lugar errado. Não deveriam estar filmando aquela festa podre, com pessoas, algumas até muito suspeitas. Interessante episódio moderno: centenas de policiais protegendo alguns suspeitos, alguns até respondendo processo; outra centena de policiais atirando balas de borracha e gás lacrimogêneo em pessoas desarmadas, trabalhadores, professores, cidadãos; tudo isto para garantir uma festa realizada com muito dinheiro público para permitir muito lucro privado, onde o povo, o cidadão fica de fora: quantos poderão assistir a um jogo da copa do mundo? Para estes poder o lugar do povo é em frente a TV. Pode ser que os governos eleitos sorteiem junto com as grande empresas alguns ingressos para os que permitem a festa com seu trabalho: todos nós que trabalhamos.
Pergunto-me diariamente: quando é que a ficha vai cair. Quando é que vamos acordar, todos nós, que nunca somos convidados para a festa que a polícia protege. Quando vamos cansar de apanhar da polícia que deveria nos proteger. Será que as coisas já não estão suficientemente claras? Governos eleitos com muita grana do financiamento privado de grandes banqueiros mentem para nós antes das eleições. Não elegemos livremente ninguém, isto não é uma democracia. Escolhemos a cada 4 anos o melhor escritório de marketing. Essas pessoas no poder, na maioria dos casos não nos representam (há exceções). Representam os seus próprios interesses e os interesses daqueles que pagaram sua eleição. Quando vai cair a ficha? A polícia que bate no povo e protege o patrimônio dos ricos e as festas do poder, onde o povo está sempre de fora. Copa do Mundo, Olimpíada, comemorações de grandes corporações (que sustentam a mentira do nacionalismo moderno) onde assistimos vinte e dois milionários correndo atrás da bola sem nenhum outro compromisso a não ser com o sucesso pessoal, a vaidade e o dinheiro. Muito dinheiro. Tem alguns que até choram. Eventos que comemoram e exaltam o melhor, o corpo perfeito, a “performance” perfeita. Há muito que todos estão fora desta festa. Não podemos participar. Somos todos imperfeitos, não temos aquela saúde perfeita, aquele corpo perfeito, aquele patrocinador perfeito. Somos trabalhadores e nosso corpo e mente estão marcados pelo trabalho. Não temos tempo para a perfeição.
Quando é que a ficha vai cair? Até quanto você vai ficar levando “porrada”? Até quando você vai ficar financiando estas festas podres com gente esquisita?
Filmem tudo, tirem foto de tudo, escrevam, falem, não se conformem. Reclamem seus direitos, exijam que os que têm poder econômico e político cumpram a lei e respeitem a República. Processem. Processem. Processem. Toda vez que forem agredidos pelo estado processem, fotografem, filmem. Mandem os filmes e as fotos para todo o mundo saber que aqui em Minas Gerais vivemos uma ditadura econômica, onde os cidadãos são desrespeitados. Onde quem trabalha apanha do governo, é desrespeitado pela polícia. Contem isto para o mundo inteiro, todo dia, toda hora. Não acreditem que a história acabou. Não acreditem que não temos força, que não podemos fazer qualquer coisa. A história está em nossas mãos, mas para construirmos a história que desejamos é necessário sair de frente da televisão e olhar para a vida, para o mundo. Podemos fazer qualquer coisa, inclusive construir uma democracia constitucional republicana, de verdade, real, em nosso país, onde os poderes públicos, onde a polícia sirva ao povo e não às grandes empresas privadas. Mas para isto temos que nos movimentar.
A irracionalidade do sistema está visível, sua incoerência é gritante, resta-nos mostrar diariamente tudo isto para todo mundo ver. O dia que as pessoas tiverem percebido o óbvio tudo mudará radicalmente. Mas é necessário cair a ficha. Desliguem seus televisores, exijam que as coisas, ideias, pessoas sejam livres. Resgate o futebol para o povo, resgatem as praças para o povo, resgatem o dinheiro público para o povo, resgatem as instituições para o povo. Resgatem o governo, a TV, os jornais e rádios, resgatem a polícia e o exército; resgatem a cidade e as praças; resgatem a solidariedade e o amor; resgatem o carinho e o sexo; resgatem a natureza; resgatem as palavras seqüestradas: a palavra liberdade não pertence aos poucos que a seqüestraram. Escrevam o português à moda antiga, ou de um novo jeito. Ninguém é dono das palavras que você fala. Acredite na liberdade de um mundo sem dono, sem podres poderes. Libertem a palavra esperança do cárcere, lugar onde tantos de nós se encontram. Como diria Caetano:
“E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio”.
[1] Professor da UFMG e da PUCMINAS, Mestre e doutor pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Professor do programa de mestrado da Faculdade de Direito do Sul de Minas. É pesquisador do Instituto de Investigações Jurídicas da Universidade Autônoma do México e professor convidado do doutorado da Universidade de Buenos Aires. E-mail: ceede@uol.com.br
sábado, 24 de setembro de 2011
Greve dos educadores continua presente em centenas de escolas; água da ALMG é cortada covardemente; greve ganha apoio de toda parte.
Acorrentados ao Pirulito da Praça Sete...
... Educadores de Caratinga acorrentados.
Vídeo mostra alguns momentos de confraternização entre os nossos guerreiros e guerreiras durante a vigília na ALMG.
Greve dos educadores continua presente em centenas de escolas; água da ALMG é cortada estranha e covardemente; greve ganha apoio de toda parte. O chão de Minas vai tremer na segunda e na terça-feira.
Num apanhado eficiente, rápido e feito de forma horizontal, pela base, constatamos que centenas de escolas estaduais estão presentes à heroica greve dos educadores de Minas, que completa neste domingo 110 dias. A ideia surgiu logo pela manhã, em comentários feitos aqui no blog, e imediatamente o valente colega NDG Gleiferson Crow se incumbiu de sistematizar e listar o nome das escolas e respectivas cidades. Já são mais de duzentas escolas em menos de um dia de balanço (210 escolas até às 22h10m), das mais variadas regiões de Minas Gerais. Isto prova que, apesar da propaganda do governo, dizendo que a greve praticamente acabou, na prática, percebemos que a greve está forte, recebendo adesões e com perspectiva de manutenção.
Pelos depoimentos que temos recebidos aqui no blog, percebemos o quanto o governo mineiro tem sido desumano, cruel e déspota no tratamento com os educadores. Colegas nossos que estão com filhos nascidos há poucos dias, com esposas grávidas; com pessoas enfermas na família; outras passando grandes dificuldades de sobrevivência elementar, com água e luz cortadas, comida escassa e muitas contas para pagar. Os educadores mineiros estão sendo tratados e castigados feito escravos, por ousarem lutar pelo cumprimento de uma lei federal, que é direito constituído e sonegado pelo governante de plantão. Mas, não abrimos mão da nossa dignidade e dos nossos direitos!
Já seria o caso de acionar as Comissões e secretárias e órgãos nacionais e internacionais de Direitos Humanos, para apuração de crimes lesa-humanidade. Todo este castigo é ainda aprofundando com as mentiras divulgadas através da mídia comprada, que, com raras exceções, mostra apenas a versão do governo, citando laconicamente a versão do sindicato.
O próprio governo estimula a divisão interna na categoria, ao elogiar os que estão em sala de aula, contrariando inclusive seus próprios interesses; além de ameaçar e chantagear quem está em greve, especialmente os designados. Além disso, o governo cortou os salários dos grevistas e ameaça não pagar o 14º salário em outubro, como forma de punir aos educadores em greve pelo cumprimento de uma lei. Minas vive dias de terror, que seguramente terá consequências, caso o déspota não flexibilize e aceite pagar o piso a que os educadores têm direito, devolvendo tudo aquilo que foi apropriado indevidamente nestes dias de greve.
Não bastasse isso, hoje se verificou também o corte da água da ALMG, ficando os colegas educadores que lá se encontram em vigília e em greve de fome impedidos de usarem os banheiros e até mesmo para o consumo humano. A desculpa oficial é a de que estariam limpando as caixas d'água. Não aceito essa desculpa. Sabedores que os educadores lá se encontram acampados, fato amplamente divulgado pela mídia e do conhecimento da presidência e da gerência daquela Casa, era dever deles adiarem os tais trabalhos de limpeza, ou no mínimo, oferecerem alternativas para não provocar uma situação desumana com os colegas educadores que lá se encontram.
Isso constitui mais um absurdo, mais uma forma de pressão, mais uma manifestação do descaso deste governo e dos órgãos que funcionam como autarquias deste governo, como o legislativo, o judiciário, a procuradoria da justiça, além da mídia serviçal.
Apesar disso, ou talvez por isso mesmo, crescem os apoios à nossa greve e à causa que defendemos, da Educação pública de qualidade para todos com a consequente valorização dos educadores, por meio do pagamento do piso salarial nacional - que é lei federal - e da salvação da nossa carreira ameaçada pelo governo.
Nesta segunda-feira, a partir das 15h, na Praça da Estação, haverá grande concentração de estudantes das escolas universitárias, pais de alunos, estudantes das rede públicas estadual e municipal, movimentos dos sem-terra, dos sem-teto e várias categorias de trabalhadores e entidades sindicais e estudantis.
Na concentração, serão confeccionados cartazes, faixas, bandeiras de protesto e em seguida todos seguirão em passeata.
Já na terça-feira, ocorre a assembleia geral da categoria, às 13h, no pátio da ALMG. Além dos 10 mil educadores que têm participado das nossas assembleias, centenas de apoiadores e lutadores sociais dos mais diversos movimentos e grupos sociais, organizados em três colunas, vão se encontrar com os educadores durante a nossa assembleia.
Será um momento único e simbólico de união dos de baixo contra a máquina montada em Minas Gerais para destruir as conquistas e os direitos dos de baixo. É hora, portanto, de fortalecermos a nossa greve e participar destes e outros eventos regionais que estão em curso, afim de mostrar ao governante e seus aliados que não estamos dispostos a abrir mão dos nossos direitos.
Por todo o Brasil e até em escala mundial, crescem a divulgação e o apoio à nossa greve pelo piso salarial nacional, revelando que em Minas Gerais se vive um dos momentos mais tristes de sua história. Mas, ao mesmo tempo, é onde brota a esperança de que as forças sociais dos de baixo organizadas e unidas haverão de derrotar a máquina de moer gente, consubstanciada neste projeto de choque de gestão e de confisco dos salários e dos direitos dos de baixo.
Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!
Mutirão para dialogar com povo das igrejas no próximo final de semana, dias 24 e 25/09/2011.
O Clamor dos professores da Rede Estadual de Educação, em greve há 107 dias, e os clamores da educação pública em Minas Gerais precisam chegar a todas as Igrejas e
a toda a sociedade. Em reunião com representantes de dezenas de sindicatos, movimentos populares do campo e da cidade e outras entidades que estão compondo uma Grande Rede de Apoio à greve dos professores em Minas foi aprovado o MUTIRÃO NAS IGREJAS DE BH, REGIÃO METROPOLITANA E MINAS GERAIS.
ACONTECERÁ...
Quando? Dias 24 e 25 de setembro, sábado e domingo,
O quê? Grande mutirão para informar o povo que participa das celebrações religiosas, nas igrejas católicas e não católicas, sobre a Greve dos Professores da Rede Pública de Minas Gerais, que estará no seu 110º dia.
Como? Conclamamos professoras e membros da grande Rede de Apoio à grave dos professores a participar de todas as celebrações religiosas nesse final de semana: missas,
cultos e etc. Sugerimos que vá pelo menos duas pessoas às igrejas de Belo Horizonte, da Região Metropolitana e de Minas Gerais. Cheguem às igrejas pelo menos uns 20
minutos antes da celebração. Vá direto à sacristia e converse com o padre ou com o pastor. Peça apoio às justas e legítimas reivindicações dos professores, em greve há 110 dias. Solicite falar à Assembleia religiosa pelo menos uns 5 minutos durante a missa, culto ou celebração da Palavra etc. Deixe um panfleto com algumas das principais informações que revelem a justeza da greve. Conclame as comunidades religiosas a manifestarem concretamente apoio à luta dos professores. Afinal, educação pública é uma questão que diz respeito a toda a sociedade.
Convide para manifestar concretamente, de alguma forma, o apoio à luta tão justa, necessária e sublime dos educadores de Minas. Convide todas as pessoas presentes nas
celebrações religiosas para participarem de:
a) Ato Público, com Marcha, na segunda-feira, dia 26 de setembro, a partir das 15:00hs na Praça da Estação, em Belo Horizonte.
b) Uma das três Marchas que acontecerão na terça-feira, dia 27 de setembro, iniciando às 13:00h saindo:
1) 1ª COLUNA: Saindo da Av. Amazonas, ao lado do Colégio dos Salesianos, às 13:00h, dia 27/09, terça-feira;
2) 2ª COLUNA: Saindo da Praça da Estação, às 13:00h, dia 27/09, terça-feira;
3) 3ª COLUNA: Saindo da Av. N. Sra. do Carmo, 476, em frente à Igreja do Carmo, no Carmo Sion, às 13:00h, dia 27/09, terça-feira.
Atenção! Essas três Colunas de professores, trabalhadores e movimentos sociais, irão, em Marcha até o Pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em BH, onde a partir das 14:00hs acontecerá a 15ª Assembleia Geral dos professores em Greve há 110 dias. Contaremos com a participação de vários artistas (Pereira da Viola etc), celebridades nacionais, muitos sindicatos e Movimentos Populares do Campo e da Cidade, sociedade civil. Enfim, todos que estão juntos na luta tão justa, legítima e
necessária dos professores por uma educação pública de qualidade em Minas.
Pela Comissão de organização,
Frei Gilvander Moreira, cel.: 31 9296 3040.
gilvander@igrejadocarmo.com.br
Belo Horizonte, 23 de setembro de 2011.
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