segunda-feira, 10 de outubro de 2011

EULLER: dia de vigília pelo piso e pelo salário e orientação Comando de Greve Sindicato.


DOMINGO, 9 DE OUTUBRO DE 2011

Amanhã é dia de vigília pelo salário e pelo piso



Amanhã é dia de vigília pelo salário e pelo piso

Na manhã desta segunda-feira um grupo de educadores de Minas fará uma vigília pacífica na sede da Cidade Administrativa, a partir das 10h, onde, na parte da tarde, acontecerá mais uma reunião dacomissão tripartite - governo, sindicato, parlamentares. Nesta reunião, o sindicato cobrará do governo o pagamento de um salário integral agora em outubro e outro em novembro, para que os educadores possam sobreviverdurante estes dois meses. O sindicato cobrará também a demissão dos substitutos, que estão na escola sem nada fazer, num verdadeiro desperdício de dinheiro público, enquanto o governo se recusa a pagar o salário do mês para os educadores titulares e a conceder férias-prêmio, sob a desculpa de economia. Mas, acima de tudo, a comissão cobrará do governo também o pagamento do piso dos educadores, que é lei federal. Piso implantado na carreira, com o reajuste previsto em janeiro de 2012.

Enquanto a comissão negocia em algum local daquela obra que custou R$ 1,2 bilhão do dinheiro público, no piso da cidade administrativa estarão os educadores em vigília, pacificamente, à espera das negociações. E que essas conversações não frustrem as expectativas dos educadores, quevoltaram para as escolas após 112 dias de uma heroica greve, mas continuam na luta, preparados para mobilizar a comunidade e exigir os seus (nossos) direitos.

E por aqui, neste espaço, vamos brindar os nossos navegantes com maisdois textos que nos chegaram, de dois colegas nossos: os professores Lucia e Rômulo. Façam boa leitura e estejamos atentos para o desenrolar das conversações com o governo.

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Sobre os professores e a indiferença de boa parte da sociedade brasileira

Lucia Elena Pereira Franco Brito*

Depois de uma greve histórica de 112 dias, voltamos, no dia 29 de setembro, para nossa rotina de trabalho na sala de aula. Na condição de professora de História da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais há 19 anos, posso testemunhar o descaso com que os professores vêm sendo tratados nesse país. Contudo, nem em sonho poderia imaginar tudo que presenciei na tensa, intensa e extensa paralisação de 2011.

Durante muitos anos, nós, professores mineiros – e de outros estados também –, trabalhamos calados e cabisbaixos, engolindo a seco humilhações de todo tipo. Víamos o país passar por certo crescimento, o salário mínimo reajustado ano após ano – e mudando, realmente, de patamar – e seguíamos mortificados com os mesmos contracheques. Tornou-se comum a existência de alunos do noturno, já trabalhadores, ainda sem concluir o ensino médio e recebendo salários bem maiores que os dos professores – profissionais, em grande parte, graduados e pós-graduados.

A sala dos professores converteu-se em um espaço de descrença e lamentações. O adoecimento, responsável pelo aumento dos afastamentos por licença saúde, além de crescer nos últimos anos, diversificou-se. Ao lado dos tradicionais problemas com a voz, coluna e braço, passaram a ser frequentes os quadros de depressão, ansiedade, transtorno do pânico e outros sinais do adoecimento psíquico do professorado em geral, resultante de péssimas condições de trabalho, desvalorização e perda da auto-estima, para citar apenas algumas causas.

Mesmo diante desse caos, foram escassas as reações por um longo período e, quando ocorriam, soavam estranhas, porque parece que boa parte da sociedade brasileira entende que aos professores compete o sacerdócio, a vocação e o trabalho por amor. Além, evidentemente, da dedicação irrestrita e incansável que trará melhores indicadores à educação no Brasil. Caso isso não ocorra, esses mesmos profissionais, “heróis” em algumas situações, são metamorfoseados imediatamente em “vilões” – os culpados por todo fracasso que possa envolver o mundo escolar. Por isso, nada mais natural que sejam punidos com mais trabalho, mais responsabilidade (agora somos “educadores”, a família e a sociedade lavam as mãos e nós temos que, além de ensinar, educar), com sobrecarga de funções e obrigações e com baixos salários. Quando reclamávamos, a resposta sempre vinha pronta: o professor é mal qualificado, por isso ganha mal. Se estudasse mais, receberia mais.

Eis que em 2011, não somente em Minas Gerais, os professores deram uma aula, de conteúdo diversificado, e de graça – como sempre – para toda a sociedade brasileira. Provamos que não somos seres estranhamente etéreos. Somos de carne e osso, sentimos fome e sede (fazemos greve de fome!), sentimos frio (o que ficou cientificamente provado, quando ligaram o ar condicionado da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para torturar os professores que se encontravam acorrentados, em protesto, naquela casa) e, pasmem!, temos sangue – isso mesmo, sangramos quando apanhamos, mesmo quando isso ocorre diante das câmeras de televisão. Posso imaginar o susto de vários brasileiros quando viram as imagens mostradas pelo Jornal Nacional dos professores do Ceará em greve que apanharam até sangrar: “Gente, eles têm sangue!”. Estranhamente, agressões parecidas ocorreram em Minas, numa praça chamada “da Liberdade”, mas a Globo não captou. Que pena!

Mostramos que temos um baita conhecimento de geografia. Deslocamo-nos todas as semanas para Belo Horizonte, partindo de diferentes regiões deste estado gigantesco, para debatermos a continuidade ou não do movimento e as estratégias traçadas para fazer escutar aqueles que não queriam nem sequer ouvir. Conseguimos até rastrear a agenda das autoridades políticas, a ponto de provocarmos repentinas mudanças de planos. Como se não bastasse, descobrimos outra forma de dominar o espaço – navegamos pelas redes sociais e nos mantivemos unidos, apesar das pressões, ameaças, chantagens, perseguições, exonerações, contratações de fura-greves, com o falso interesse de não prejudicar os alunos – como se professores e alunos não fizessem parte do mesmo processo e sempre que se desvaloriza um, prejudica-se o outro dessa relação.

Na matemática, então, demos um show. Quando o governo tentou nos seduzir com o subsídio, provamos que o piso – agregadas a ele todas as nossas vantagens adquiridas por tempo de serviço e escolaridade, conforme o STF, inclusive, considerou – resultava numa soma muito mais condizente com um salário digno. Justamente nós fizemos essa conta, de quem se esperava que se pagasse água, luz, gás, comida e outras banalidades com amor!

Sem me alongar, porque as lições foram inumeráveis, mostramos que temos voz e que queremos gritar. Essa voz começou a ser timidamente emitida na greve de 2010, quando fizemos um pequeno aquecimento que serviu para revelar a habilidade dos governantes para não cumprir acordos, mas revelou também a força que tem uma categoria quando acorda para sua própria importância. Esse movimento ainda não terminou. Depois do aquecimento, veio no máximo um ensaio geral. O grande espetáculo ainda está por vir. Agora que estamos reconstruindo nossa identidade – tantos anos corroída pelas políticas públicas que cuidadosamente alienaram os docentes em nome de um nefasto pensamento hegemônico –; agora que estamos fazendo as pazes com o pensar crítico, com a coragem de cobrar e de buscar o que é nosso de direito (Piso Salarial Profissional Nacional, embora pífio, é lei), não vamos desistir de jeito nenhum!

Não posso falar por todos os professores, mas posso falar por mim e talvez meu pensamento se aproxime de outros colegas de profissão. Embora não trabalhe “por amor”, amo o que faço. Mas não vou fazê-lo à custa da destruição de minha saúde, de meus sonhos e em detrimento de meus direitos. Vou fazê-lo, com amor e competência, exigindo sempre ser respeitada e valorizada na proporção direta do meu esforço, dedicação, capacidade, tempo de serviço e escolaridade. Docência não é sacerdócio, é profissão da maior importância exercida por gente de carne e osso; pessoas que possuem necessidades, desejos, deveres, mas também direitos. Quanto esse país não tem perdido por não reconhecer tamanha obviedade! Que a sociedade brasileira acorde de sua conveniente e sonolenta indiferença e pague o que nos deve. E tenho dito!

Lucia Elena Pereira Franco Brito é professora de História da rede pública estadual. Texto publicado no Jornal Pontal, da cidade de Frutal, em outubro de 2011

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112 dias de paralisação na educação em Minas Gerais: A maior greve da história dos trabalhadores em educação

Rômulo Radicchi*

Deflagrada no dia 08 de junho de 2011, em uma assembleia com mais de 10 mil trabalhadores em educação, a greve histórica dos educadores mineiros abalou as estruturas do estado.

A gerência Anastasia (PSDB), descaradamente a serviço das classes dominantes, nega-se a cumprir uma lei federal - 11.738/2008 (Lei do Piso), cuja constitucionalidade foi considerada pelo STF, em abril deste ano. A partir desta data, ao não pagar o piso salarial pelo menos, inicialmente, para os 153 mil educadores que optaram pelo sistema de Vencimento Básico (VB), a gerência Anastasia encontra-se em flagrante ilegalidade.

O governo, através de ampla publicidade, dissimula dizendo que oferece outro sistema de remuneração (subsídio) para cumprir a lei do piso. Contudo, 153 mil educadores não aceitaram essa política remuneratória do estado. Preferiram continuar com o antigo sistema, que é aquele que está mais adequado à Lei do Piso, por possuir salário inicial e gratificações, tal como previsto na referida lei. O subsídio não tem salário inicial e gratificações. Ele é composto de parcela única, enquanto totalidade de salário, soma de tudo, provocando enorme confisco no salário dos educadores.

De um lado, o governo diz que o subsídio é 'mais vantajoso' e representa até 'mais do que o piso'; do outro, o governo diz que para pagar o piso teria que investir um volume maior de recursos. Ora, se o subsídio representasse um ganho maior para os educadores, o certo seria o governo querer pagar o piso e economizar dinheiro para o estado.

Uma combativa e coesa categoria resiste

Para os educadores, o que está em jogo, além do necessário cumprimento do que manda a lei federal, é a disputa de prioridades políticas em relação aos recursos oriundos dos impostos que são pagos pelos trabalhadores. O governo mineiro quer que sobre mais recursos para gastar com os exploradores e opressores do nosso povo; os educadores querem que estes recursos sejam investidos na melhoria da vida do povo, com a valorização dos educadores e uma educação pública de qualidade; além de saúde pública, a segurança, moradias dignas, lazer, etc.

Para isso os educadores mineiros se lançaram numa longa batalha, luta esta que não pode se restringir somente à categoria dos educadores, e nem tampouco aos limites do estado de Minas Gerais. A educação pública é uma luta nacional, é uma luta de classe. E ela está sendo atacada de morte aqui em Minas Gerais. Em nível nacional presencia-se o mesmo mal intencionado descaso. A gerência Dilma corta investimentos em educação e através do MEC e de sua autarquia (CNTE/CUT) faz cara de paisagem e segue o receituário do imperialismo na educação, tendo como porta-voz o ex-funcionário do Banco Mundial e Ministro da Educação há mais de 8 anos, Fernando Haddad.

Resistir e lutar

A semana que antecedeu a contagem regressiva dos mil dias para a Copa do Mundo foi repleta de ações combativas da categoria. Após cem dias de paralisação, apesar do corte e redução de salários; ameaças e chantagens dos capitães do mato do governo; das mentiras e manipulações veiculadas pelo vendido monopólio das comunicações; do terrorismo psicológico realizado durante todos os dias de greve, apesar de tudo isso – ou até por conta disso, milhares de educadores resistiam heroicamente.

No dia 12 de setembro, dezenas de bravas e bravos educadores amanheceram acorrentados ao "pirulito" da Praça Sete, monumento que fica bem no centro da capital mineira. Um ato inesperado, que sacudiu Minas Gerais e revelou que o segundo ou o terceiro estado mais rico da federação tem um governo que se recusa a cumprir uma lei federal. Os acorrentados passaram o dia inteiro em greve de fome, mostrando o quanto a educação em Minas estava acorrentada; o quanto a liberdade em Minas estava acorrentada.

No dia 13, em uma dezena de cidades do interior, ocorreram protestos em frente às Superintendências Regionais de Ensino, onde o projeto de lei do governo do estado, que quer destruir a carreira dos educadores, foi queimado pelos bravos educadores em greve.

Logo nas primeiras horas do dia 16, dia da inauguração do tal relógio para a contagem regressiva de mil dias para a Copa do Mundo, novamente algumas dezenas de bravos educadores se acorrentaram em frente ao Palácio da Liberdade e ali permaneceram durante todo o dia, ao mesmo tempo em que operários da construção, que reformam o Mineirão, cruzavam os braços em protesto por melhores salários e condições de trabalho. A Praça da Liberdade foi cercada por grades e policiais da tropa de choque, dando ao evento festivo um tom ameaçador.

A mando do governo, a tropa de choque agiu com truculência contra os educadores, estudantes e demais trabalhadores ali presentes. Balas de borracha, cassetetes, bombas de efeito moral e gás de pimenta foram usados em larga escala para tentar expulsar e intimidar, em vão, os valentes educadores em greve ali presentes.

Após 112 dias de lutas, termina a greve

No dia 27 de setembro, quando se completaram 112 dias de paralisação, a assembleia geral da categoria decidiu pelo encerramento do movimento.

Milhares de professores participaram da assembleia, somando-se dezenas de outros grevistas acampados na Assembleia Legislativa em protesto contra a intransigência do gerenciamento Anastasia (PSDB), que se recusava a negociar.

Os trabalhadores em educação de MG deram uma brava demonstração de firmeza e disposição de luta nessa histórica greve, com três meses e meio de lutas, enfrentando o corte dos pontos desde o primeiro mês de paralisação, sucessivas tentativas de intimidação e ameaças de exoneração, a dura repressão policial e ameaças de todo o tipo como a contratação de milhares de professores para substituir os grevistas.

Foi uma batalha sem precedentes.

A greve foi encerrada após a sinalização do gerenciamento estadual para a abertura de negociações, o que não representa, até o momento, avanço algum em direção às reivindicações da categoria.

Do saldo político dessa greve ficam a enorme repercussão, a imensa solidariedade de classe prestada pelos trabalhadores de outros setores aos professores em greve, a adesão combativa dos estudantes, o desenvolvimento de núcleos classistas de luta em diversas regiões do estado e a demonstração de uma categoria em luta que, se dependesse exclusivamente de suas forças, sustentaria o movimento até a conquista de todas as suas demandas.

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*Rômulo Radicchi é trabalhador em educação em Minas Gerais, membro do Comando Estadual de Greve e militante do Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação - Moclate.

Fonte: http://www.anovademocracia.com.br/no-82/3676-112-dias-de-paralisacao-na-educacao-em-minas-gerais-a-maior-greve-da-historia-dos-trabalhadores-em-educacao-

SÁBADO, 8 DE OUTUBRO DE 2011

Comando Estadual de Greve do Sind-UTE orienta: reposição sim, mas mediante o pagamento do salário integral em outubro e em novembro


Favor twittar e enviar para as listas de e-mails, principalmente da Grande BH: Grande Vigília amanhã, na Cidade Administrativa, a partir das 10h, durante todo o dia! Venham de lotação, à pé, de bicicleta, de carona, de helicóptero.





Novo vídeo, que recebi poir e-mail, da colega Jussara. Confiram.


Comando Estadual de Greve do Sind-UTE orienta
: reposição sim, mas mediante o pagamento do salário integral em outubro e em novembro; calendário de reposição deve ser discutido pela comunidade escolar; na segunda, dia 10, a partir das 10h,vigília na Cidade Administrativa; dia 20, ato de protesto na ALMG, durante a entrega de medalha da cantora Ivete Sangalo; dia 26, dia nacional de paralisação com caravana para Brasília por 10% do PIB pela Educação; será marcado um Dia D com material comum para discussão da nossa realidade em todas as escolas de Minas;Carta Aberta de denúncia e protesto será encaminhada à Procuradoria Geral da Justiça; categoria não aceita os substitutos nas escolas; discussão sobre o piso será tratada na reunião do dia 10 - queremos nova tabela com o reajuste previsto para janeiro de 2012.




Estes são alguns pontos aprovadoshoje, dia 08, na reunião do Comando Estadual de Greve, que teve início às 13h e se estendeu até às 20h. Houve informes de todas as regiões de Minas; em seguida, a coordenadora do Sind-UTE Beatriz Cerqueira leu e comentou a reposta do governo às reivindicações do sindicato, e em seguida várias intervenções foram feitas. Ao final, a plenária votou as propostas de encaminhamento para os próximos dias.

Daqui a pouco eu volto com detalhes.


Um forte abraço e força na luta!

Retomando o relato. No primeiro ponto de pauta, os informes dos colegas de todas as regiões de Minas. Percebia-se, em todos eles, a indignação criada pelo governo com a contratação dos substitutos. Ação feita para dividir a categoria, como forma de pressionar os colegas e até de humilhar os professores titulares. Uma demonstração do quanto o atual governo não tem o menor respeito pela Educação pública, pelo real aprendizado por parte dos alunos e pelos educadores de carreira.

Por toda parte, quase sempre o mesmo cenário: substitutos sem o que fazer nas escolas, recebendo sem trabalhar; em algumas escolas, a situação é ainda pior: há diretores capachos que estão orientando os substitutos a ficarem em sala de aula como se fossem eles os titulares. Foi consenso entre os membros do comando estadual de greve que esta situação não pode permanecer assim. A figura do substituto é um desrespeito aos alunos, aos educadores e à Educação pública; é uma imoralidade pública, de um governo que se recusa a pagar o salário do mês aos professores de carreira, enquanto mantém nas escolas substitutos que furaram greve, recebendo para nada fazerem nas escolas.

Entre os informes, verificou-se queuma parte da categoria já vem realizando a reposição, o que é prejudicial para a estratégia de ação comum contra a exigência do governo de cobrar reposição para pagar depois. Em parte, verifica-se umadesinformação e compreensível receio de alguns colegas de receberem a falta comum no livro de ponto. Sobre isto, a direção do sindicato ficou de cobrar do governo na negociação quenão haja punição para quem não fizer a reposição.

Mas, uma coisa ficou evidenciada: o governo tenta impor um calendário sem discutir com a categoria o que é melhor para os alunos e para os educadores. Por isso, o comando de greve avaliou que é importante cobrar do governo a negociação do calendário. O ideal é que cada escola realize uma assembleia ou reunião ampliada com alunos e pais de alunos e discuta um novo calendário de reposição. Mas, ao mesmo tempo, é preciso que fique claro que a reposição ocorrerá somente a partir do momento em que o governo pagar o salário integral nos meses de outubro - referente a agosto - e novembro - referente a setembro. Este foi outro ponto aprovado.

A proposta do governo é pagar somente após a reposição, assim mesmo por cada dia reposto, o que, na prática, representa dupla perda: pelo atraso no pagamento, e pelo valor menor do que o salário integral, já que os sábados e domingos não seriam computados.

O comando de greve avaliou que a reposição é um instrumento de pressão sobre o governo. Entendeu a maioria do comando que é preciso repor as aulas - e isto precisa ficar claro para a sociedade. Sabemos que muitos professores não querem repor - e esta realidade foi colocada na reunião. A preocupação neste caso é garantir a anistia para todos, ou seja, que mesmo quem não repuser as aulas que não seja punido com a falta comum, pois isso acarretaria prejuízos na carreira. Além disso, o corte do ponto já foi realizado.

Contudo, a orientação geral do sindicato, aprovada pelo comando é pela reposição sim, mas mediante o pagamento dos salários dos meses de outubro e novembro. Se não houver o pagamento destes salários, não há como realizar as reposições, pois os educadores não têm dinheiro para pagar o transporte, a comida, os meios, enfim, de sobrevivência. Além disso, há precedente por parte do governo, como na greve de 2003, quando a reposição realizada não foi paga pelo governo. E finalmente, não podemos aceitar que o governo imponha esta forma de castigo sobre os educadores. Portanto, ou o governo nos paga, ou a reposição será adiada pelo tempo que for necessário.

Outro ponto discutido foi sobre o piso salarial nacional. Há uma preocupação, que a coordenadora Beatriz manifestou, de assegurar duas coisas na negociação com o governo: a garantia do piso na carreira e a aplicação do reajuste previsto para janeiro de 2012. Uma terceira coisa diz respeito ao valor retroativo, que passaremos a ter direito caso o STF determine que o piso deva ser pago em data anterior ao julgamento final do acórdão.

Vários colegas manifestaram a preocupação em relação ao jogo de enrolação do governo, a fim de forçar os educadores desavisados a retornarem para o sistema de subsídio. É preciso continuar com a campanha demonstrando o quanto o subsídio representa um enorme confisco salarial, e que, quando o piso for aplicado, ele será bem mais vantajoso do que o subsídio em todos os sentidos.

Nas intervenções, além das ricas avaliações, foram apresentadas propostas de encaminhamento da nossa luta. Um calendário de lutas foi aprovado, constando:

a) a realização de uma vigília por ocasião da reunião da comissão tripartite, que acontece no dia 10, segunda-feira, às 10h, na Cidade Administrativa. Foi aprovada a orientação para que todos os que puderem comparecer no local, especialmente os bravos e bravas guerreiros e guerreiras de Venda Nova, Santa Luzia, Vespasiano, São José da Lapa, Lagoa Santa, Barreiro e demais cidades da Grande BH e bairros de BH. É importante que a comissão de negociação, que reúne além dos representantes do sindicato, os parlamentares e representantes do governo, sinta a pressão dos educadores em vigília;

b) foi aprovada também a realização de um ato de protesto por ocasião da vinda da cantora Ivete Sangalo, que receberá título de cidadã honorária e medalha dos dragões da Inconfidência, na ALMG, no dia 20.Precisamos marcar presença, pois o evento deve mobilizar toda a mídia nacional e provavelmente participarão o governador e seu padrinho. Precisamos ajudar a recepcionar a cantora com faixas, apitos, tambores, gritos, cantos e palavras de ordem;

c) foi aprovada ainda a paralisação nacional por ocasião da marcha a Brasília para exigir os 10% do PIB para a Educação e também cobrar o pagamento do piso salarial nacional;

d) foi aprovada também (proposta do capitão Rômulo) que a Carta Aberta ao procurador, de minha autoria, seja encaminhada pelo sindicato enquanto instrumento de denúncia e protesto contra o governo e também contra a omissão dos demais poderes constituídos em Minas Gerais;

e) foi aprovada, ainda, a realização de um Dia D nas escolas, a ser realizado em todas as unidades escolares de Minas, com a produção de um material pedagógico comum, denunciando a realidade da Educação pública em Minas, para que seja discutido com os alunos num mesmo dia e horário em todas as escolas da rede estadual;

f) foi aprovada ainda a participação dos educadores numa audiência pública na ALMG (cujo tema agora não me lembro, pois não anotei nada durante a reunião);


Durante as intervenções, houve posicionamento de representantes devárias correntes de pensamento, que conseguiram construir uma unidade durante a greve. Representantes do Conlutas, da CUT, da Liga Operária e Camponesa, e outras correntes ali se manifestaram. Trata-se de um espaço apropriado também para a discussão de ideias e de propostas. Assim, observou-se, por parte de alguns, a defesa do papel da CUT e da CNTE em apoio à greve e aos pleitos da Educação; da mesma forma, observou-se a crítica a essas entidades, bem como à omissão do governo federal durante todos os 112 dias da nossa heroica greve.

Houve, entre as intervenções, a denúncia de que o governo Anastasia tem características do fascismo. Foi lembrado também que o governante mineiro é um tecnocrata, e não um político, e como tal, trata de coisas, e não de pessoas. Como o tempo de fala era curto e eu fui um dos primeiros a falar, limitei-me a parabenizar a brava categoria dos educadores, a enfatizar o papel do núcleo duro da greve, e a destacar a importância da construção da resistência aos ataques do governo com a unidade de todos os movimentos sociais. O camarada Rômulo, que é o principal orador deste blog, criticou a truculência do governo mineiro, bem como a omissão do governo federal. Enfatizou o papel dos acorrentados, dos colegas que entraram em greve de fome, e de todos os que lutaram durante todos estes dias que marcaram a nossa vida. Na mesma linha, vários outros oradores falaram sobre os vários momentos de luta e resistência heroica da nossa categoria durante a nossa greve.

O sentimento geral é o de que a nossa greve foi positiva, despertou a consciência crítica em muita gente, denunciou nacionalmente o que acontece aqui em Minas e demonstrou que a nossa categoria, em que pese haver ainda muita gente despolitizada e acomodada, é formada por milhares de heróis, de combatentes valentes, que não fugiram ao chamado da luta em defesa da carreira, do piso e dos demais interesses de classe.

Nova reunião do comando geral de greve deve acontecer no dia 29, quando teremos uma análise mais detalhada do desenrolar das negociações entre o governo e o sindicato.

Sei que muitos vão me perguntar: e a greve? Não será retomada? Não vou responder que sim, nem que não, pois existem alguns elementos em andamento que precisam ser resolvidos. Por exemplo: a questão da reposição, a questão dos substitutos, a questão do pagamento dos salários agora em outubro e novembro; a questão da definição do pagamento do piso pelo governo, entre outras. Sem que essas questões estejam resolvidas não há como chamar uma retomada da greve, é o que eu senti. Boa parte da categoria que participou da greve demonstra querer uma pausa para repor as energias, pagar as contas - daí a importância dos salários, etc. Uma boa parcela também não queria sequer que a greve terminasse no dia 27 - e isso também acabou gerando uma natural decepção. Mas, nada que não seja superado. Por último, percebe-se, pelos informes, que há ainda a necessidade de um maior fortalecimento e recomposição das nossas forças nas escolas. Uma greve de imediato, sem que as questões colocadas sejam respondidas, poderia dividir e enfraquecer a categoria. Mas, a vida é dinâmica. Se o governo fechar as portas para os nossos pleitos, nada impede que o estado de espírito de uma expressiva parcela da categoria se altere em favor da retomada da greve. Por enquanto, venceu a ideia de protestos localizados, organização e discussão nas escolas, recusa da reposição de forma organizada, caso o governo não pague os salários de outubro e novembro, e pressão para a implantação do piso na carreira com o reajuste de janeiro de 2012.

São estas as análises que por enquanto apresento à crítica dos nossos ilustres e bravos e bravas guerreiros e guerreiras, educadores de Minas e do Brasil.

Um forte abraço a todos e força na luta!


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