sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Euller:"União, estados e municípios não têm compromisso com educação básica de qualidade para todos. Esta é a verdade nua e crua."

SEXTA-FEIRA, 27 DE JANEIRO DE 2012


A realidade do povo pobre do Brasil que a mídia das elites dominantes não mostra


União, estados e municípios não têm compromisso com educação básica de qualidade para todos. Esta é a verdade nua e crua. Por isso, os profissionais da Educação não são levados a sério pelos governantes e pelos titulares dos demais poderes constituídos.

Em Minas Gerais, neste instante, os profissionais da Educação ficaram sabendo o quanto perderam com a nova política remuneratória implantada unilateralmente pelo governo, que burlou a Lei do Piso de forma descarada, ante à omissão e conivência de ministério público, da justiça e do legislativo. Mas, tal fato não constitui exclusividade do estado de Minas Gerais e da sua política de choque de gestão iniciada no governo anterior - cuja característica central tem sido o descaso com os servidores da Educação em especial.

A falta de compromisso com o ensino básico e com seus profissionais atinge a todos os governos das três esferas. O governo federal, por exemplo, faz política seletiva para o ensino superior e uma pequena fatia que estuda nas escolas federais do ensino técnico. Trata-se de uma política seletiva e eleitoreira, pois exclui a enorme maioria pobre da população brasileira, que ao ser privada de um ensino básico de qualidade, é privada também de uma formação crítica, de uma prática cidadã consciente, e da capacidade de concorrer com os filhos das famílias ricas pelos melhores cargos e vagas em escolas superiores ou nas empresas.

O ensino público básico atinge em torno de 50 milhões de crianças, jovens e adultos, que têm na escola pública talvez sua única possibilidade de superação da dramática realidade criada pela reprodução do capital, que marginaliza, exclui, penaliza e joga para o crime organizado, na periferia dos grandes centros urbanos, milhares de crianças e jovens.

Aliás, oferecer um ensino de qualidade para todos parece ser um risco para os de cima, para estes políticos profissionais eleitoreiros, fisiológicos ou ideologicamente comprometidos com políticas excludentes, fascistas e neoliberais. Para eles, manter as pessoas das comunidades afastadas de um ensino de qualidade é o melhor caminho para garantir mão de obra barata, de um lado, e sustentar o crime organizado em pequena grande escala, de outro. Manter a periferia dominada pelo crime em pequena escala chega a ser uma forma de manter a própria comunidade intimidada, submetida às leis do silêncio e do medo, muito apropriadas para os feudos políticos eleitorais. O que eles não querem fazer oficialmente, para não queimarem a sua imagem pública, deixam para que os próprios segmentos dos excluídos executem tais tarefas.

A aparente modernização que certos políticos adoram arrotar e apresentar como modelo de eficiência não passa de um embuste, uma enganação contra a população de baixa renda. Eles são modernos apenas quando se trata de assegurar os fabulosos lucros e ganhos para os amigos deles, que dominam os meios de comunicação, os transportes coletivos, as empreiteiras, os bancos, e que, em contrapartida, financiam suas campanhas eleitorais, nesse jogo de cartas marcadas.

Quando cortam salários dos educadores - como fizeram e continuam fazendo em Minas e no Brasil - estão desviando recursos que deveriam ser investidos na formação de milhões de cidadãos brasileiros para o bolso de minorias privilegiadas. Não têm a menor vergonha em votar tetos salariais para a alta hierarquia dos três poderes, além de todas as benesses inerentes a estes cargos - auxílio paletó, auxílio moradia, gastos com viagens, hotéis, alimentação nos melhores restaurantes, etc., etc., etc. Mas, quando se trata de aplicar uma miserável lei federal que instituiu a Lei do Piso dos profissionais do magistério, fazem o maior drama. Enrolam, tergiversam e burlam a lei federal, para não pagar o que é de direito aos educadores. Em Minas, como em Goiás, em Santa Catarina, no Ceará ou no Rio Grande do Sul, entre outros, para não pagar o piso corretamente, os governos estaduais alteraram as leis estaduais, esvaziando o conteúdo da lei federal. Ou seja, aplicaram um calote nos profissionais da Educação, com a conivência dos ministérios públicos, da justiça, incluindo o STF, do governo federal e a homologação servil dos legislativos estaduais - e do federal também, que chegou a criar uma comissão para acompanhar a aplicação do piso, mas como os governantes de todos os partidos não pagam o piso, a tal comissão morreu antes de nascer.

Este é um país cujas elites dominantes não levam à serio a Educação básica e, consequentemente, tratam com descaso aos profissionais da Educação, porque não apostam no presente e no futuro de milhões de famílias pobres, que são massa de manobra para eleger a cada quatro anos aqueles que atuarão como seus algozes. Foi parte do povo pobre, sem consciência política, que elegeu o canalha do governador de São Paulo, que colocou a tropa de choque da PM para destruir a vida de 6 mil pessoas que moravam em casebres no Pinheirinho, São Paulo, em benefício de um único cidadão - um megaespeculador. Foi parte da população pobre, manipulada por esta mídia mafiosa e vendida, que elegeu o atual governador de Minas e seus deputados, bem como aos piores senadores que teoricamente representam Minas, mas são os mais ausentes dos problemas do estado, e que, juntos - governador, deputados, senadores e seus apoiadores -, destruíram a carreira dos profissionais da Educação de Minas Gerais.

Agora assume o pasta do MEC o sr. Mercadante, substituindo o falastrão e demagogo do Haddad, que nada fez pela Educação básica em sete anos. Pelo pouco que li nos jornais, Mercadante assume fazendo discurso oco, dizendo que é preciso mandar os bons professores para as piores turmas. Um completo desconhecedor da realidade da Educação básica. Deveria primeiro se preocupar em garantir a Carta Magna, que apregoa a valorização dos educadores com o cumprimento da Lei do Piso, ou então federalizar a folha de pagamento dos educadores do ensino básico, para acabar com esta realidade dramática que todos nós vivemos em todas as regiões do Brasil. Mas o problema dessa gente é que eles não têm contato com as realidades vividas nos estados e municípios, com o cotidiano do povo comum. Eles vivem nas nuvens, são blindados pela mídia, pelas tropas de choque das PMs, e até mesmo pelas entidades sindicais, que os promovem, ao invés colocá-los contra a parede e obrigá-los a se expor e a se queimarem, caso venham a trair aos interesses dos de baixo.

Não fosse a liberdade ainda existente na Internet, a realidade brasileira e mundial seria pior do que o fascismo. As elites detêm o total controle da grande mídia, dominam os aparelhos de estado - judiciário, legislativo e executivo - e geralmente dominam também as entidades sindicais, e com isso conseguem blindar os seus agentes, que vivem de aparência midiática. Há muito que os políticos que são votados não existem na vida real, mas são meras máscaras midiáticas construídas em laboratório, com conteúdo decorado e programado para dizer - e fazer, principalmente - o que interessa aos de cima, apenas.

É contra a possibilidade da maioria pobre se revoltar contra essa realidade descrita, injusta e profundamente desigual, que as elites investem pesado na destruição e no sucateamento do ensino público, e consequentemente, na desvalorização do profissional da Educação.

O que o governo de Minas e o governo federal e os demais governos e chefes dos demais poderes vêm fazendo contra os profissionais da Educação é parte integrante de uma política deliberada de manutenção dos pobres deste país na situação de escravos modernos. Forncedores de mão de obra barata, sem formação crítica e curral eleitoral para manter a roda da democracia de fachada girando sobre as nossas cabeças.

Que tenhamos a capacidade de resistir e reagir contra essa política destruidora dos de baixo, e saibamos, nós, os de baixo, nos unir e arrancar os nossos direitos sonegados. O direito ao piso salarial aplicado corretamente na nossa carreira; o direito à moradia digna, ao ensino de qualidade para todos, à saúde pública decente, à liberdade de expressão e opinião, e a reapropriação de espaços públicos, hoje apropriados por interesses privados. A recusa em valorizar os profissionais da Educação é o sinônimo da recusa em proporcionar às famílias pobres do Brasil, que são a maioria, um ensino público de qualidade.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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Postado por Blog do Euler às 00:58 104 comentários

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