terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Como será 2011 para a Educação em Minas?
Dou início a este breve texto - ultimamente estou escrevendo pouco, para o bem geral da nação - respondendo a um comentário que acaba de chegar, cujo teor é:
"Anônimo:
Sou graduada em Ciências Contábeis. Fiz inscrição para a designação 2011 para lecionar matemática.
No ato da designação terei que apresentar os documentos comprobatórios da minha escolaridade. Posso apresentar uma cópia autenticada em cartório do meu diploma? Será aceito?
Precisei enviar o original do meu diploma para o CRC-MG.
Aguardo resposta e antecipadamente agradeço."
Agora, sim, respondo: caríssima navegante que nos honra com sua visita, na verdade, teoricamente falando, pela sua formação acadêmica, a menos que tenha realizado alguma complementação com licenciatura, não poderia lecionar qualquer conteúdo. Mas, tendo em vista a realidade do ensino público no Brasil e em Minas, pode ficar tranquila que você conseguirá muitas aulas de Matemática, uma vez que faltam professores, em grande quantidade, especialmente neste conteúdo.
Do ponto de vista prático, sugerimos que você dirija-se à Metropolitana de sua região para conseguir um documento conhecido como CAT, que é uma autorização para lecionar fornecida pela SEE-MG. Mas, acredito que, na ausência de professores habilitados, desde que você apresente um histórico escolar e uma declaração da escola onde se formou, juntamente com a cópia autenticada do seu diploma, muito provavelmente será contratada.
Um outro conselho: tendo em vista a realidade da Educação pública no Brasil, especialmente no ensino básico, e considerando que você se graduou em Ciências Contábeis, seria de bom proveito tentar trabalhar na sua área de formação. Seguramente os salários e as condições de trabalho são muito superiores. Tanto que o Ministro da Educação deste país surrealista promete que, em dez anos, haverá uma "aproximação" da média do vencimento do magistério com a média salarial das outras carreiras de formação equivalente. Dito de outra forma: nós, professores, ganhamos mal em comparação com as demais carreiras profissionais, o que inclui certamente a de Ciências Contábeis.
De qualquer forma, seja como um bico, ou até mesmo por opção, digamos, um tanto quanto idealista, de ingressar na carreira do magistério, desejamos-lhe boas-vindas. E que venha para somar na luta da categoria, inclusive durante as greves, e não para dividir e enfraquecê-la, como tem acontecido com muitos que, de passagem meteórica pela carreira do magistério, dão as costas às justas lutas reivindicatórias dos educadores.
Feito este esclarecimento quase pedagógico e com um certo ar professoral, passemos ao ponto seguinte: o que nos espera para 2011 na Educação pública.
Como se trata de um tema amplo, que vai exigir um esforço de compreensão entre aquilo que devemos esperar que se faça nos limites do governo mineiro e aquilo que depende do governo federal, deixarei para um próximo post. Ahhhhh, dirão alguns, por que parou? Calma, pessoal, isso acontece também em sala de aula, quando estamos num momento mágico (que acontece de vez em quando) explicando o conteúdo da matéria e fazendo um paralelo com as realidades mais próximas, gerando grande expectativa em relação ao desfecho e de repente bate o sinal. O "final" - que nunca é o final - da história fica para a aula seguinte.
NO post seguinte, que será produzido sabe-se lá quando, espero falar sobre as expectativas para 2011: do nosso novo teto salarial de R$ 1.320,00 arrancado na luta - que, gostem ou não representa um reajuste de 41% sobre o teto atual de R$ 935,00 -, passando pelas demandas que não foram atendidas e também por aquilo que se perdeu ou que foi confiscado da categoria. A luta não pára, embora alguns só entendam as coisas de forma não dialética, como um tudo ou nada.
Tenhamos sempre em mente que a nossa maravilhosa revolta-greve dos 47 dias deixou um saldo positivo na nossa luta e na nossa organização. E que é graças a esta demonstração da capacidade de unidade e de luta dos trabalhadores em educação de Minas que poderemos arrancar novas conquistas nos próximos anos. Em Minas e no Brasil.
***
Incorporo ao texto central os comentários a seguir, entre os quais do nosso combativo amigo e colega professor João Paulo, ao qual desejo igualmente - e a seus familiares - um feliz Natal e um Ano Novo cheio de esperanças, de sonhos, de lutas e de vitórias. Desejo este que estendo a todos/as as/os nossos/as ilustres visitantes.
"João Paulo Ferreira de Assis:
Prezado amigo Professor Euler
Quero te parabenizar pela magnífica resposta dada à jovem contabilista, que talvez alimente um sonho dourado com relação ao ato de ser professora. Também desejo a ela muitas felicidades, e a aconselho, se quer mesmo ser professora, a cursar a graduação de Matemática. E aí, sim, depois de praticar o Estágio supervisionado, ela ver se convém mesmo ser professora. Isto de ter autorização para dar aula, também a tenho, para lecionar Filosofia, sendo graduado em História. Um dia conversando com o professor de Filosofia da minha escola (este sim, graduado), vi que estava totalmente errado ao colocar os temas para os alunos. Confesso que fiquei com vergonha. Também no ano em que tive de assumir Filosofia no 3º ano da noite, nem o CBC tinha na escola. Simplesmente a SRE de Barbacena esquecera-se de passá-lo por email. Foi preciso que uma professora de Resende Costa, SRE de São João Del Rei o disponibilizasse para mim, através da minha cunhada, sua colega de curso. A de São João passou para suas escolas ainda em novembro do ano anterior.
Aproveito para desejar ao prezado amigo e familiares, bem como a todos os companheiros que leem e participam deste blog, um Natal pleno de alegrias e muitas felicidades no ano vindouro.
São os votos de João Paulo Ferreira de Assis. "
"Marcos:
Caro Euler,
Você realmente acredita que este novo teto salarial é bom?
Tenho 17 anos de trabalho que não tenho a mesma simpatia pelo subsídio. Acredito, na verdade, que a greve (quero especificar que não sou contra) ajudou o governo a implementar mais uma de suas maldades.
Não vou aderir ao subsídio, e, não é apenas a minha opinião, mas de muitos outros professores que conheço. "
Comentário do Blog: Caro Marcos, não disse que tenho simpatia pelo novo teto, mas que ele representa um reajuste de 41% em relação ao teto atual. Claro que merecemos muito mais. E vamos continuar lutando para que a nossa situação melhore.
Não concordo de maneira alguma que a nossa maravilhosa greve ajudou o governo a "implementar mais uma de suas maldades". Se não fosse a greve, só em 2011 o governo começaria a discutir uma nova política salarial, e muito provavelmente passaríamos todo o ano na mesma situação de 2010.
Quanto ao subsídio, temos um tempo ainda de 90 dias após o quinto dia útil de fevereiro de 2011 para fazer a opção entre continuar com o atual plano ou aderir ao novo plano. Até lá será possível ter um quadro mais claro sobre o que é melhor para todos. Por exemplo: o nosso sindicato poderá avançar nas negociações com o governo sobre o tempo de serviço que foi confiscado no novo plano. Há, ainda, uma pendência no STF sobre a questão de mérito acerca do piso salarial do magistério. Se houver interesse do Governo Federal em pressionar o STF para que ele se posicione saberemos muito em breve sobre se o nosso piso é piso mesmo ou se é teto. Muita água vai rolar até o final de abril de 2011.
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