quinta-feira, 9 de junho de 2011

Euller:"Assembleia confirma: greve geral! Mobilizações agitam BH. É só o começo."

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Assembleia confirma: greve geral! Mobilizações agitam BH. É só o começo.



Assembleia confirma: greve geral! Mobilizações agitam BH. É só o começo

Foi um dia de grande mobilização para os educadores e também para outras categorias do serviço público do estado de Minas. Quando chegamos no pátio da ALMG, era grande o número de educadores que lá se encontravam.

Com pouco tempo o pátio estava completamente lotado. Calculo que cerca de 7 mil colegas educadores marcaram presença. Um bom começo, diria.

No momento em que colocaram para votação a continuidade ou não da greve geral por tempo indeterminado, que já estava marcada desde o dia 31, a resposta foi quase unânime, pela absoluta aprovação da continuidade da greve.

Da assembleia seguimos em passeata até a Praça Sete, onde estava previsto uma concentração com outras categorias do serviço público, que também lutam por melhores salários. Entre elas, as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros.

No trajeto da grande passeata, fui conversando com um e outro colega da base, para sentir como anda o estado de espírito de parcela da categoria. Tive a impressão de que, apesar de algumas dificuldades iniciais, a categoria está animada.

Há muitos problemas em várias escolas, mas é um quadro geral positivo, que dá para alterar em favor da greve, na medida em que a categoria for se envolvendo e esclarecendo sobre as razões da nossa greve.

Essa caminhada até a Praça Sete é importante também para reavermos amigos de outras lutas. Gente que só encontro durante as greves, e até mesmo colegas de outras categorias que não via há muitos anos. A luta refaz os contatos com pessoas que não abandonaram o bom combate.

Há um sentimento no ar, quase comum, de indignação pelo não pagamento do piso. Embora a direção sindical só trabalhe com a proposta da CNTE, a categoria aceitaria seguramente se o governo resolvesse pagar pelo menos o piso do MEC, ainda que se trate de um valor rebaixado.

Na minha avaliação, o valor do piso deixou de ser uma questão importante, e por isso não vou mais debater este tema. O importante é que o governo pague o piso. E se o fizer certamente será o piso do MEC. Valor por valor, nós sabemos que tanto o piso do MEC quanto o piso da CNTE estão aquém do que merecemos. Mas, se o governo pagar pelo menos o mínimo exigido por lei, já será uma importante conquista da categoria.

Claro que juntamente com o piso devemos lutar pelo terço de tempo extraclasse, pelo reajuste em todas as tabelas das demais carreiras da Educação pelos mesmos percentuais dos professores e pela devolução das gratificações confiscadas em 2003. Mesmo que esta última proposta seja negociada em um tempo razoável para sua materialização.

Não vou negar uma coisa para vocês. Estou participando dessa greve em primeiro lugar por um compromisso moral com a categoria. Mesmo que eu não tivesse um centavo de ganho eu participaria por esta razão. Em segundo, pela possibilidade de conquista a médio prazo para todos os educadores, caso tenhamos êxito com o pagamento do piso no antigo regime remuneratório. Mas, não tenho o mesmo entusiasmo da greve de 2010, quando inclusive não tivemos nenhum ganho naquele ano.

O que mudou de lá para cá? Muita coisa mudou. Eu mudei. E o mundo também mudou. Os referenciais mudaram, as nossas cobranças mudaram e a visão que temos do movimento também mudou. Embora muita coisa permaneça.

Quando piso no pátio da ALMG, não sei porque carga d'agua, sinto um grande vazio. Há muita gente a minha volta, mas um enorme vazio, um sentimento de... bom, não vou dizer isso aqui agora não, pelo menos não neste momento, pois vão dizer que quero dividir o movimento.

Então, vou simplesmente fazer a minha parte, na cidade onde eu moro, e vez ou outra trazer um relato aqui no blog. Assim que a nossa greve terminar, seja por quanto tempo ela dure - e eu estarei em greve até o último dia -, e também independentemente das conquistas que obtivermos ou não, quero repensar a minha atuação neste movimento.

Não estou cansado, nem desanimado da luta social. Mas, tenho estado mais exigente comigo mesmo. E obviamente com as outras pessoas também. Ou a gente organiza e constrói algo diferente pela base, ou..., ou... .

Vim pensando nessas coisas enquanto caminhava pelas ruas do Centro de BH. Vim pensando o quanto a nossa categoria, e o povo brasileiro mais pobre, igualmente, vem sofrendo derrotas atrás de derrotas, com poucas pequenas conquistas. E como isso é resultado dessa combinação de interesses dos de cima, com alguns dos de baixo. Uma cultura da reprodução da miséria, da dispersão, do levar vantagem isoladamente. Da nossa incapacidade de nos indignarmos de forma individual e coletivamente.

E das muitas indignações coletivas, de como isso às vezes se perde por conta da ingenuidade da nossa gente. Somos uma gente ingênua, de boa fé. E estamos lidando com pessoas que não têm nada de ingenuidade e muito menos de boa fé. Espertalhões, traiçoeiros, vendilhões do templo.

Mais alguns passos em direção a Praça Sete e revejo um amigo de lutas antigas, ou de antigas lutas. Partilhamos juntos momentos importantes de luta, que se perderam por falta de memória. Temos um movimento social - e não apenas na Educação - que nem sempre sabe cultivar a memória de muitos e bravos lutadores. Prevalece o culto a meia dúzia de dirigentes ocasionais, enquanto a luta e a vida de dezenas, centenas, milhares de colegas passa despercebida.

Em diferentes momentos, hoje, na passeata até a Praça Sete, encontrei com dois colegas com os quais tive a honra de partilhar outras lutas, há três décadas. Muito bom saber que eles continuam no combate. Espero que as pessoas que estejam ingressando agora, tenham estes referenciais, de gente que nunca se cansou de lutar.

Mas, enfim, o nosso momento agora é de greve, e de união, e de mobilização, e nenhum outro assunto pode interromper este momento, a não ser que o governo queira negociar nossas reivindicações.

Quando chegamos na Praça Sete, de um lado uma grande passeata se aproxima em nossa direção: era a Polícia Civil. De outro, outra grande passeata: era a Polícia Militar. E nem vinham pra cima de nós com cassetete e gás lacrimogênio, mas, ao contraŕio, vinham ao nosso encontro, para engrossar a concentração de protesto contra o governo. Este mesmo governo que não paga o nosso piso, que confiscou e arrochou nossos salários nos últimos oito anos, e que continua nos tratando com total desprezo.

Ali, parado nos arredores da Praça Sete, vejo um cidadão, que talvez nem seja educador ou das polícias, que exibia um cartaz mais ou menos com os seguintes dizeres: "Aumento dos salários? Só depois da Copa. Assinado: Anastasia".

Este mesmo cidadão, além do cartaz usava um telefone celular, que arrancou o sorriso de todos que estavam ali por perto. Dizia, num irônico monólogo:

- Alô, é o governador? E a merenda dos meus filhos, governador? Só depois da Copa? E o salário dos professores, governador? Só depois da Copa?

Se ele tivesse lido o nosso blog, certamente perguntaria: e o dinheiro da Educação, governador? Este, seguramente, nem depois da Copa!

Assim, praça lotada, trânsito parado, categorias em greve e em protesto, carros de som com as falações de costume e muita gente na rua apoiando a greve.

Quando descemos para a Praça da Estação, onde estava o ônibus da combativa turma de Vespasiano e São José - e de outras dezenas de não menos combativas turmas de outras cidades de Minas -, no passeio, coberto pelas mesas dos botecos, as pessoas aplaudiam e gritavam: "isso mesmo professores, todo apoio à greve de vocês".

Nossa causa é legal. Nossa causa é justa. Nossa causa tem a simpatia popular. Só os governos de Minas e do Brasil, distantes das realidades cotidianas, não se dão conta disso.

Afinal, eles vivem um outro mundo, completamente distante da nossa realidade. Para eles, somos apenas um detalhe na contabilidade de gastos mínimos que infelizmente eles precisam realizar. Bom seria, pensam, se nós nem existíssemos.

Mas, o gozado é que pensamos a mesma coisa deles.

Um forte abraço a todos e força na luta, camaradas educadores, com grande mobilização e adesão à greve, até a nossa vitória.

***
"Marcos:

A nossa classe é combativa. O que acontece é que uma boa parte não acredita no Sindicato. Neste momento acho que devemos esquecer as divergências políticas e participar efetivamente da greve.

No entanto, precisamos também de reivindicar participação dos educadores e não só da direção do sindicato nas conversas com o governo.

Isso deveria partir do próprio sindicato e mostraria sua transparência, mas como não acredito nisso, precisamos exigir a participação da categoria.

Gostaria de citar um fato que a direção da subsede de Barbacena não está mobilizando a categoria, muito menos visitando as escolas. Tanto que na subsede não paralisou nenhuma escola.

O que está acontecendo com a direção da subsede de Barbacena?"


Em Santa Catarina, a greve continua:

"8/6/2011 - A greve continua.
Esclarecimentos do comando de greve

A GREVE CONTINUA
Em reunião realizada hoje de manhã entre a Comissão de Negociação e os secretários de Estado de Educação Marco Tebaldi e o adjunto Eduardo Deschamps, o Governo não apresentou nenhuma alteração em relação à proposta apresentada no dia 06.

A Comissão de Negociação reafirmou a pauta da categoria, com Piso na carreira sem perdas de direitos.
Reafirmamos que a greve continua.

Esclarecimento:

O Comando Estadual de Greve, reunido em Florianópolis, no dia 08 de junho, esclarece e reafirma seu irrestrito compromisso com a categoria e sua decisão soberana na luta pelo pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional na carreira, garantindo a manutenção dos seus direitos e o avanço de novas conquistas.

O Comando de Greve, instância do SINTE, composto pela diretoria executiva e por representantes regionais e uma representação da CNTE, em sintonia com a categoria em greve, foi responsável por todo o processo de negociação estabelecido com o Governo.

A luta é de todos e continuaremos unidos.

Comando Estadual de Greve - 08 de junho 2011"

(Fonte: http://www.sinte-sc.org.br/?FamilyID=SinteAcao&ler=862011144205)

"Cristina Costa:

Boa tarde Euler,

Agora é a hora... se não conseguirmos arrancar do governo o nosso piso e consequentemente nossa dignidade, acredito que nunca mais conseguiremos.
Estamos com a faca e o queijo nas mãos. como vc mesmo disse, seja qual piso ele vai pagar, mas queremos o PISO e isto não se discuti mais.

Temos que mobilizar a categoria como um todo, mas pensando em Vespasiano, precisamos esclarecer e contar com o apoio daqueles que ainda não aderiram ao movimento por vários motivos.

Euler, senti um pouco de tristeza e desânimo em suas palavras. Não quero ver vc assim, viu???

Um grande abraço
Cristina"


"Anônimo:

Euler, o que você não sentiu foi sintonia com o direcionamento dado pelo sindicato. Onde já se viu cobrar um valor de piso que não foi legitimado? Chegaremos a quê? Chegou à minha escola (com timbre da S.E.E.) as tais 52 reivindicações da categoria, em nenhuma delas consta piso salarial, talvez por ter sido pauta anterior às decisões do STF, não sei. Não se sinta só, eu me tornei muito melhor, depois que passei a usufruir das suas postagens, você cativou a mim e a muitos outros. Tornou-se responsável por nós. (Olha o pequeno príncipe aí.RS.) Beijos."


"Anônimo:

Olá Euler, entendo sua frustração , também sinto a mesma coisa, são as ilusões q se perderam, ao constatar que não existe liderança realmente preocupada com os interesses de nossa classe, existe uma liderança que é fantoche do PT, uma oposição que se preocupa mais com os interesses do PSTU, ou outro partido de oposição.

Falta liderança que se comprometa primeiro com a categoria, depois com interesses partidários.

E uma categoria sendo usada como massa de manobra. Em toda História de movimentos de luta social foi sempre assim.
Mas não percamos a esperança. A greve ainda é um instrumento de luta. Portanto , vamos firme na greve, por nossas próprias convicções, acreditando na resistência da base. Força colegas.... Unidos na greve!"


"Thiago Coelho:

Bom dia companheiro!

Eu nunca tive um sentimento de impotência tão grande na vida. Achei uma vergonha os servidores da minha cidade não se unirem em uma greve geral. Pensando apenas na dificuldade que seria no fim do ano para repor essas aulas.

Mas espero que essas escolas que paralisaram ajudem na luta!

Abraço!!!"


"Anônimo:

Caro Euler,

Acabei de descobrir que o (des)governador prorrogou, mais uma vez, o prazo de escolha do regime remuneratório. Acredito que esta atitude demonstra como ele está tenso no momento, temendo a categoria.
Caso você queira saber mais, eis o link da matéria:

http://www.iof.mg.gov.br/geral/geral-arquivo/Servidores-da-educacao-ganham-mais-prazo.html"


"Anônimo - Sete Lagoas:

Greve dos professores da rede estadual tem 70% de adesão em Sete Lagoas e região (Fonte: http://www.setelagoas.com.br/neswsetelagoas/11196-greve-dos-professores-da-rede-estadual-tem-adesao-de-70-da-categoria-em-sete-lagoas-e-regiao)"

"João - Rio Pardo de Minas:

Oi Euler, durante o conselho, a coordenadora falou de seu blog pessoal para informar sobre a greve, nota-se que é para concorrer com o do Euler. Pergunto: Por que não pode ser o blog do sind-UTE?

Mas o que quero falar realmente é outra coisa. O diretor estadual de Salinas, que é liberado, fez uma intervenção confusa, criticando pessoas que usam jornais para dizer mentiras sobre o sindicato. Segundo ele essas pessoas deveriam é visitar escolas. O curioso é que ele mesmo não o faz, pois em sua subsede não tem Greve e nem informação da importância de que ela aconteça (coisa semelhante a 2010). Entretanto, ele sempre tem espaço para falar baboseiras!!!
Afff... mas vamos a luta"


"Anônimo:

Olá Euler! Admiro muito a sua pessoa (mesmo sem conhece-lo pessoalmente), pois trata-se de um guerreiro, de um lutador, assim como todos nós, que mesmo sabendo das dificuldades, não nos acovardamos diante de um movimento que visa o bem de toda a categoria. Lamento por existirem pessoas tão medrosas ou acomodadas, que são capazes de não irem à luta, com medo de perder férias, trabalhar sábados, etc. Existe vitória sem luta? São pessoas mesquinhas e egoístas, que querem que os outros vão à luta para depois usufruirem igualmente das conquistas. Bom, problema desse tipo de gente, que nunca poderá abrir a boca para dizer "eu tentei", "eu consegui" " eu fiz parte dessa história". Na minha escola, graças a Deus, não há esse pensamento mesquinho e todos nós paramos e estamos na luta, com apoio da direção. Força para nós e não vamos desistir. Chega de palhaçada (porque para mim, essa enrolação do governo já virou palhaçada). Não vamos ser subestimados, somos capazes, inteligentes, trabalhadores, profissionais de uma das profissões mais lindas e o governo não pode duvidar do nosso potencial de reverter o quadro. Abraços!"

9 comen

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