TERÇA-FEIRA, 15 DE NOVEMBRO DE 2011
Humilhados, se não receberem o piso, educadores mineiros podem se engajar na luta pela derrota eleitoral dos apoiadores do governador
Jornal Folha de São Paulo revela: Minas paga o pior piso salarial do país para os educadores. Só a imprensa mineira não sabia disso.
Humilhados, se não receberem o piso, educadores mineiros podem se engajar na luta pela derrota eleitoral dos apoiadores do governador. Em 2012 e em 2014.
A heroica greve de 112 dias realizada este ano pelos educadores de Minastinha um único e principal objetivo: o cumprimento de uma lei federal, a Lei do Piso, aprovada em 2008 e considerada constitucional pelo STF em2011. Mas, ao invés de cumprir a lei federal e pagar o piso, o governo de Minas submeteu a categoria a um intenso e exaustivo processo de humilhação, descaso, tortura, cortes salariais, redução salarial, pressão psicológica e desgaste emocional e físico.
Como resultado desse processo desumano e imoral, a categoria dos educadores de Minas encontra-se revoltada. Há sérias evidências de que esse processo não ficará impune. Ou seja: haverá resposta da categoria. Uma das formas de protesto e resistência tem sido a mobilização popular, com as paralisações, e agora também com a redução de jornada e o boicote às chamadas avaliações sistêmicas. Contudo, cada vez mais a categoria se convence de que, para atingir o cerne da máquina voltada para destruir os educadores, torna-se necessário derrotar o projeto de dominação política dos grupos que sustentam o atual governo.
Diante dessa avaliação, não será surpresa, caso o governo de Minas continue negando o direito constitucional dos educadores ao piso, que os profissionais da Educação se engajem de corpo e alma na tarefa de derrotar eleitoralmente a base de apoio do governador: de vereadores a prefeitos, passando por deputados estaduais e federais, senadores, até o próprio cargo do governo do estado.
Tal objetivo não pode ser menosprezado, se levarmos em conta que os educadores, numericamente falando, somam cerca de 380 mil profissionais, entre ativos e inativos, e que estão em contato diário comdois milhões de alunos, além dos pais de alunos. Trata-se de um segmento social de grande força política, mas que até agora não havia conseguido utilizar esta força potencial em favor dos seus objetivos e interesses de classe.
A partir de agora, graças à desastrada política desenvolvida pelo atual governo, tudo começa a mudar. A categoria está destruída emocional e financeiramente. Mas, começa a recuperar a sua energia para uma ação combinada em várias frentes: uma ação de mobilização popular, uma ação jurídica mais efetiva, e uma ação também no campo da representação, tendo em vista principalmente a derrota do projeto de poder representado pelo grupo que domina a máquina de estado em Minas Gerais.
O primeiro teste deste possível envolvimento organizado da categoria contra o governo será realizado já em 2012. Um dos objetivos que são considerados é o de derrotar o governo de Minas em todos os principais polos eleitorais do estado, a começar por Belo Horizonte, cujo candidato apoiado pelo grupo do governador é o atual prefeito da cidade.
Caso o piso salarial nacional - que é lei federal descumprida pelo governo - não seja pago corretamente, ou seja,respeitando-se exatamente os termos da atual carreira e dos percentuais das tabelas salariais vigentes, um exército de educadores pode transformar o cotidiano numcampo de batalha para derrotar todos os apoiadores deste projeto de poder. Candidatos a vereador e prefeito, seus financiadores e apoiadores, incluindo os deputados da base do governo, todos, sem exceção, podem fazer parte de uma lista a ser trabalhada diariamente nas ruas, nas escolas, nos ônibus, em cada bairro, em cada igreja, em cada canto do estado, a mostrar para a população que,aqueles que sustentam um projeto que não investe na Educação pública de qualidade e na valorização dos educadores não merecem ser eleitos para cargo algum.
Claro que essa possível açã organizada dos educadores no campo eleitoral não será um fim em si mesmo, pois todos nós já percebemos o comprometimento dessas instituições de poder com os piores objetivos. Eles são contrários aos professores, aos moradores do Dandara, aos trabalhadores da Saúde, aos movimentos sociais, enfim,enquanto investem bilhões e obras faraônicas, ou em juros para banqueiros, ou com os cargos da alta cúpula dos três poderes, além da mídia comprada.
Portanto, a ação no campo eleitoral deve estar combinada com a ação de auto-organização popular dos trabalhadores, para que se construaminstrumentos de real poder direto dos de baixo. O ideal, inclusive, seriaa recusa total, um verdadeiro boicote às eleições, que resultaria numa recusa organizada da população em participar deste processo. Mas, reconhecendo que não temos, ainda, consenso para implementar tal prática,é possível imaginar uma forma combinada de boicote com a participação voltada para a destruição de um determinado projeto de poder. Neste caso, as duas formas se complementariam, desde que o objetivo central fosse o da derrota dos projetos políticos reconhecidos como inimigos dos educadores e da população pobre.
Ao mesmo tempo que essas estratégias são discutidas pela base da categoria, ganha corpo também a movimentação dos educadores para as próximas duas semanas. Entre os dias 16 e 18, por exemplo, deve acontecer a redução de jornada de trabalho nas escolas, pelo pagamento do piso e em defesa da carreira ameaçada. No dia 16, haverá uma reunião entre os educadores, inclusive para preparar a reunião do dia seguinte, 17, com a comunidade escolar - pais de alunos, estudantes e apoiadores -, para expor toda a realidade dramática que os educadores estão vivendo. Já no dia 18, após a jornada reduzida, acontecem as assembleias locais, promovidas pelas subsedes do sind-UTE de toda Minas Gerais.
No dia 22, ocorre a paralisação de um dia, com assembleia geral em BH, para a pressão direta sobre os deputados estaduais, que ameaçam votar o projeto do governo que destrói a carreira dos educadores. A batalha campal não terá fim, até a nossa vitória! Se o governo pensa que, ao submeter os educadores à total miserabilidade e à humilhação - através dos grandes (em negociatas, não em jornalismo) jornais, rádios e TVs - fará com que nos calemos, ele está redondamente enganado.Estamos cheios de energia e disposição para enfrentá-lo e derrotá-lo, já que, ao invés cumprir a lei federal, de pagar o piso e criar um ambiente de pacificação, ele preferiu o caminho da guerra contra milhares de pessoas. Seguramente,colherá a derrota. Nas ruas e nas urnas.
Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!
P.S.: no dia 26 de novembro, um sábado, a partir das 14h, acontece areunião metropolitana do Núcleo Duro da Greve - NDG - em Belo Horizonte. Esta reunião deve traçar uma estratégia de ação para enfrentar os ataques do governo. Todos e todas estão convidados. Mas, tem alguns que estão convocados: o comandante Martinho, o capitão Rômulo, os tenentes NDG Flávio Bozó, André Buzina, Nelson Pombo, Rodrigo da Brama, Gleiferson Crow, Liliane, Alex e Diógenes. A reunião será realizada na Escola Popular, à rua Ouro Preto, 294, 2º andar, Bairro Preto, em BH. Sem a carteirinha do NDG não entra, rsrs. Quem puder participar, será uma reunião horizontal, não partidária, para a qual estão convidados educadores, estudantes, pais de alunos e apoiadores.
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