quarta-feira, 22 de setembro de 2010

BLOGDOEULER:Encontro em Vespá, debate da esquerda e outras cositas

terça-feira, 21 de setembro de 2010
Encontro em Vespá, debate da esquerda e outras cositas



















Quando cheguei no bunker agora a noite, o debate da esquerda realizado pelo jornal Brasil de Fato já estava no final. Portanto, não posso dizer se foi bom ou se foi ruim. Mas, a iniciativa do debate em si, via Internet e outros mecanismos em rede, é um ponto importante, positivo e operante. Os setores da esquerda - aí englobando generosamente todo o universo contra as políticas neoliberais - precisam aprender a fazer as coisas sem dependerem dos instrumentos dominados pelas elites.

Um tempo atrás, por exemplo, acho que na década de 90 - a gente vai envelhecendo, envilecendo (O. Bilac, ou seria Rubem Braga?) e as nossas lembranças começam a ser contadas por décadas, e não mais por dias ou por horas -, eu e alguns companheiros chegamos a elaborar um projeto de comunicação alternativa, envolvendo rádios comunitárias, internet e até mesmo uma TV comunitária. Só tínhamos o projeto na cabeça, o que já era muita coisa. Mas, dependíamos de apoios para a aquisição de equipamentos e também do envolvimento de movimentos sociais e sindicais.

Fizemos uma reunião com dirigentes sindicais da CUT-MG, na sede desta central, quando ainda os líderes desta entidade não estavam, majoritariamente, cooptados para as asas dos governos do PT ou das assessorias parlamentares. Fizemos um bom debate, mas a autonomia que propunhamos para o projeto incomodou bastante os sindicalistas presentes. A nossa esquerda é assim: a possibilidade de um grupo qualquer de militantes - anarquistas ou comunistas ou punks, etc - falar mal, por exemplo, do governo do PT em BH (Lula nem era ainda presidente) faz inviabilizar qualquer projeto de rádio livre. Assim, o projeto foi arquivado.

O debate da esquerda realizado hoje a noite, demonstra que, se parcelas da esquerda quiserem, elas poderão organizar mecanismos mais ágeis de comunicação, além dos blogs e outros mecanismos em rede. Tão importante quanto criticar a mídia burguesa, a serviço dos piores interesses, é construir instrumentos que sejam apropriados pelos de baixo. Não para fazer mais do mesmo, repetindo o que faz a mídia das elites, mas para construir reais instrumentos de comunicação a serviço de indivíduos, grupos e movimentos sociais autônomos. Eis um desafio a ser pensado e realizado.

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Encontro Metropolitano em Vespasiano. O local já está definido: Escola Estadual Nila Faraj. Os combatentes Carminha, João Martinho e Cláudia Luiza, com uma modesta ajuda deste blogueiro da resistência anticapitalista - viver neste mundo do capital é antes de tudo um ato de resistência - estão realizando os encaminhamentos necessários para o encontro. Claro que há dificuldades, especialmente ligadas ao calendário de reposição de aulas. Muitos valorosos combatentes já avisaram que não poderão participar em função disso. Mas, estamos reforçando o convite, aos que se interessarem e tiverem tempo, para participarem deste encontro.

Os temas do encontro dizem respeito a muitas coisas com as quais estamos ligados. O primeiro deles, a avaliação da nossa revolta/greve dos 47 dias. Oportuinidade em que todos poderão manifestar seu ponto de vista, procurar entender o alcance e as limitações deste movimento que abalou Minas e que por mais um pouco teria colocado o governo do faraó e afilhado contra a parede. Ou será que não?

O outro ponto, o da lei do subsídio, seguramente vai abordar sobre as novas tabelas, e também sobre o que perdemos e o que ganhamos. E aí já abrindo caminho para o tema seguinte: o da luta para recuperar o que o governo nos confiscou. Claro que em todos estes temas estão abertas as portas para propostas que transcendam os limites que estão colocados aqui em Minas. Por exemplo: a proposta da federalização do quadro de pessoal da Educação; ou a construção de um amplo movimento nacional dos educadores para cobrar do governo federal e do congresso e do STF a aprovação de uma pauta de reivindicações que faça com que as carreiras da Educação pública sejam realmente valorizadas.

Na sequência, a nossa organização pela base, para fortalecer a nossa luta, criando mecanismos de mobilização e comunicação mais ágeis. As demissões na minha escola e as ameças de remoção e de demissão em Caxambu são exemplos de como estamos despreparados para enfrentar os muitos tentáculos do governo contra os educadores. Nosso instrumental organizativo - da base à cúpula -, e também jurídico e político está bastante frágil. O que requer que repensemos a nossa estratégia política e métodos de ação.

Finalmente, o encontro patrocinará um debate com os candidatos ao governo de Minas que por lá comparecerem. Um debate horizontal, que fuja ao escopo dos modelos tradicionais, em que apenas os candidatos falam e as pessoas escutam. Quem vier pode falar, mas terá que ouvir também.

Nos próximos dias vamos dar os detalhes sobre horários, linha de ônibus BH-Vespasiano, etc. Quem desejar participar, sinta-se convidadíssimo.

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Tanque de guerra - Quando cheguei na escola hoje, esqueci a chave do tanque de guerra dentro da máquina e a tranquei. Tive então que forçar uma janelinha para abrir o tanque. Alguns colegas chegaram a sugerir: "Deixa o veículo aí e vai embora de ônibus". Não seria má idéia, não fosse o fato de que a chave do bunker também encontrava-se no interior do tanque de guerra. Ainda bem que me lembrei disso, senão teria que fazer duas viagens, pois o bunker não tem uma janelinha para se forçar, como o tanque. Logo, a melhor alternativa foi mesmo abrir a tal janelazinha do tanque-de-guerra que amanhã - ou depois - será devidamente reparada. E a gasolina já está só no cheiro. Mas, também com o salário-de-professor-de-Minas, e ainda por cima ameaçado de transferência, vocês queriam o quê, heim?

Mas, quando o metrô da promessa dos candidatos ao governo de Minas estiver pronto, com uma extensão até o Aeroporto de Confins, passando necessariamente pela cidade que um dia foi um Arraial - e que fora fundada por uma mulher que vivera como rica fazendeira e morrera pobre e cega caminhando pelas ruas do então distrito, ao qual deram o nome do engenheiro da então Rede Ferroviária Federal, responsável pela extensão da linha férrea até o arraial, e que, dizem as más línguas, o homenageado sequer pisou em solo vespasianense - só então, com o metrô em funcionamento, poderei abandonar o meu tanque de guerra.

Enquanto isso, estejamos atentos aos golpes midiáticos do quarteto maldito - Veja-Globo-Folha-Estadão - e seus seguidores regionais. O poder deles está diminuindo, o que pode prenunciar que o nosso poder está aumentando. Que o faraó e afilhado coloquem a barba de molho...

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Incorporo ao texto central os comentários do nosso amigo professor João Paulo.

"João Paulo Ferreira de Assis:

O caso da cidade que foi chamada pelo nome de um engenheiro que nunca foi lá é similar a um caso que eu conheço. Há uma escola no município de Senhora dos Remédios, que tem o nome de EE Dona Urquiza Diniz Chagas, mãe do engenheiro construtor da escola. Segundo dizem, ele quis homenagear sua progenitora, e até hoje a escola tem o nome. Parece que não conseguem mudá-lo, apesar de existir na comunidade lembrança de antigos professores, desde os anos trinta do século XX."

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

Sobre o encontro eu ainda estou indeciso. Nossa reunião do conselho de classe será na quarta-feira, dia 29 de setembro. E tenho sete turmas, num total de 18 aulas. Para o caso de eu ir, eu tenho o plano de pernoitar em Conselheiro Lafaiete na noite de 24 para 25, e ir para Belo Horizonte no primeiro ônibus, creio que às 6 horas. Devo chegar às 7 e meia em BH. O evento em Vespasiano principia às 9 horas. Eu teria ainda de ver os ônibus para voltar. Talvez voltar às 15 e 30, no Belo Horizonte-Juiz de Fora, ou no das 19 horas, BH-JF."

Comentário do Blog: Caro João Paulo, entendo as dificuldades mencionadas. Mas, se puder vir, será um prazer recebê-lo no encontro. E também uma oportunidade para encontrar ou reencontrar colegas de luta como os professores Wladmir Coelho, Rômulo, João Martinho e tantos outros e outras. Quanto aos horários de ônibus, pelo menos os de BH-Vespá-BH não se preocupe, pois tem ônibus toda hora. Além disso, você terá a oportunidade de conhecer de perto - pelo menos de passagem - a Cidade do Faraó. Que, dizem as más línguas, balança e afunda um pouco todo dia. Como o encontro é daqui a poucos dias, a Cidade do Faraó estará lá, antes que o sertão vire mar, e o mar vire sertão.

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

Nós infelizmente temos ideias mas quando elas dependem de outrem, não são adotadas. O medo do novo ainda é muito recorrente no Brasil, mesmo dentro da esquerda. Não sei que parcela de culpa que a própria esquerda teria nisso, não digo no Brasil, mas no mundo todo. Agora mesmo eu estava pesquisando na Internet a letra original do Bandiera rossa. A versão do Partido Comunista Italiano é de fazer a direita tremer de medo (Avanti o populo, tuona il cannone, rivoluzione, rivoluzione, avanti o populo, tuona il cannone, rivoluzione noi vogliamno far). Com medo, eles começam a criar terror entre as pessoas. E aí, as novas ideias acabam morrendo por falta de apoio."

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"mora:

Atenção!!! O Ministro Joaquim Barbosa do STF entregou relatório da ADI 4167 que trata do PSPN. Agora basta o presidente do Supremo colocar o julgamento do mérito na pauta. Se os magistrados confirmarem o PISO como vencimento básico, o projeto do tal subsídio desmorona em Minas Gerais... quem viver verá."

Comentário do Blog: De fato, se o STF finalmente considerar que piso é piso e não teto, o que por si só parecia ser uma coisa óbvia e ululante, tudo muda em relação à política remuneratória em Minas. Pois, mesmo aplicando o piso proporcional à jornada de 24 horas e com o valor rebaixado do MEC de R$ 1.024,00, teríamos a seguinte situação: profesor PEB1 (ensino médio) - R$ 614,40, PEB2 (lic. curta) - R$ 749,56, PEB3 (lic. plena) R$ 914,47, PEB4 (especialização) - R$ 1.115,65 etc. E sobre estes valores incidiriam o pó-de-giz (20%) + quinquênios e biênios (a luta seria para que todos tivessem essas gratificações) + progressões na carreira (3% para cada mudança de grau). Aguardemos para ver quando - e quanto - o pleno do STF discutirá e definirá sobre o mérito desta questão. Deve-se levar em conta finalmente que em 2011 o piso nacional terá novo valor. De preferência se Dilma ganhar e afastar esse tucano travestido que ocupa a chefia do MEC. Veremos.

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