quarta-feira, 6 de outubro de 2010
A vitória de Dilma e o futuro político do faraó e da ecocapitalista
No tabuleiro da política brasileira, não se sabe ainda qual será o posicionamento do faraó no segundo turno das eleições. Em palavras, ele diz que apoiará o candidato demotucano, partido ao qual pertence. Mas, já havia feito promessa semelhante no primeiro turno e todos vimos que na prática ele não apoiou o candidato indicado pelo tucanato de São Paulo.
Contudo, no segundo turno, o faraó pode ser convencido a entrar de cabeça na campanha do seu correligionário, em troca de uma participação de destaque num (im)provável governo demotucano na esfera federal. Teoricamente, isso seria um trampolim para a sua candidatura à presidência em 2014.
Entretanto, em política nem tudo é aquilo que parece ser. Aqui em Minas mesmo, tivemos um exemplo de como os políticos se usam e depois destroem e descartam o outro quando não precisam mais. A eleição para a Capital de Minas em 2008 ficou na história como exemplo de jogada infeliz do então prefeito petista. Na época, após 16 anos de administração do PT, o então prefeito deixou-se seduzir pela lábia do faraó e apoiou um candidato claramente ligado ao faraó, abrindo mão de lançar candidatura própria do PT.
Sonhava o então prefeito receber em retribuição o apoio do faraó para a disputa do governo de Minas ou para o senado nas eleições de 2010. O resultado não poderia ser pior. Se durante as eleições de 2008 os dois - o faraó e o então prefeito do PT - apareciam sempre juntos na campanha do prefeito eleito de BH, passada a eleição tudo mudou. Poucos dias após a vitória do atual prefeito de BH, um dos jornais de Minas que é controlado pelo clã do faraó desatou a atacar o ex-prefeito gratuitamente. E é bem provável que ali o ex-prefeito tenha se dado conta de que havia embarcado numa canoa furada.
Nas eleições deste ano, bem que o ex-prefeito tentou colar sua imagem a do ex-governador faraó, mas não conseguiu. Pelo contrário: a população de BH não aprovou as jogadas do ex-prefeito e descarregou votos na candidata da dita onda verde, até mesmo como protesto, inclusive pela omissão do PT de Minas nos últimos oito anos de (choque de) gestão do faraó e afilhado.
Talvez por experiênmcia própria, o faraó, que não é bobo é nada, e é neto de raposa política, sabe que as promessas do candidato a presidente demotucano podem ser tão sinceras quanto as prováveis promessas que ele fizera ao ingênuo ex-prefeito de BH. Serra, quando disputava o cargo de candidato à presidência dos tucanos com o faraó, não hesitou em lançar golpes baixos contra o faraó que, magoado, retribuiu com a indiferença durante a campanha eleitoral. O que o faria mudar de postura agora?
Uma vitória de Serra traria de volta ao cenário político todos os caciques do tucanato derrotados nas urnas - Tasso Jereissati, Artur Virgílio, entre outros - e fortaleceria o grupo de São Paulo, que manteve o governo do estado. Lula seria a principal liderança da oposição e o faraó simplesmente desapareceria neste cenário.
Por outro lado, do ponto de vista dos interesses políticos do faraó, uma vitória da Dilma projetaria o ex-governador mineiro como a principal liderança da oposição. Todos os caciques demotucanos estariam fora da jogada, a começar por Serra. O faraó teria tempo para tentar costurar alianças no Congresso Nacional e nos estados e com isso se fortalecer para vôos mais altos em 2014 ou em 2018, como candidato do centro-direita, preferencial das elites e da classe média falso-moralista.
Outro nome que correrá por fora - ou por dentro, dependendo dos acordos - é o da candidata ecocapitalista, que acumulou o chamado capital político de fatia razoável do eleitorado brasileiro. Se ela apoiar o Serra, por exemplo, em troca das mesmas promessas que serão feitas ao faraó, será anulada enquanto alternativa para 2014. Pior ainda: ficará desmoralizada. Por outro lado, se apoiar a Dilma, poderá manter o seu capital político, inclusive se apresentando como uma das responsáveis pela vitória da Dilma. Coisa que o faraó também poderá reivindicar indiretamente se não entrar na campanha de Serra pra valer.
Enfim, este é o jogo - ou parte dele - das elites, que negociam suas carreiras políticas ligadas aos projetos de dominação, enquanto nós, os de baixo, observamos e votamos por instinto naqueles que aparentemente proporcionarão maiores ganhos para os de baixo - ou evitarão maiores perdas. É dessa forma indireta que parcela dos de baixo tem se pronunciado, inclusive quando elege um Tiririca com um milhão e 300 mil votos, mandando um recado para as elites: já que nos fazem de palhaços, tomem um aí.
Por agora, a despeito dos lances e das jogadas feitas pelos quadros políticos das elites, para nós, os de baixo, é fundamental derrotar o projeto do atraso representado pela candidatura demotucana. Serra encarna FHC, privatizações, gás de pimenta em cima dos professores em greve, criminalização do movimento social, política internacional alinhada com os EUA e Israel no Oriente Médio, achatamento salarial, perseguição e corte dos direitos dos servidores públicos, além da macroeconomia neoliberal que beneficia a banqueiros e o agronegócio e que o PT infelizmente manteve intacta. Derrotar este projeto é a tarefa que se coloca para todos os assalariados de baixa renda do Brasil, entre os quais estão incluídos obviamente os três milhões de educadores do país. E no passo seguinte, lutar de forma autônoma para arrancar novas conquistas para os de baixo, como: melhores salários, redução da jornada de trabalho, democratização dos meios de comunicação, reforma agrária e urbana garantindo terra e moradia e sobrevivência com dignidade para os sem-terra e sem-teto, entre outras lutas específicas de cada categoria.
Leiam também:
- Blog do COREU: "Quando baixarias e incompetências se nutrem mutuamente no palanque da ignorância" (Pedro Porfírio)
- Blog da Cris: "NÃO SE DEIXE ENGANAR NOVAMENTE"
- Blog Proeti no Polivalente: "SOBRE MARINA: SERÁ QUE ELA SE PINTOU DE AZUL TUCANO?"
- Blog Sind-UTE Caxambu: "Anastasia e o futuro dos trabalhadores em Minas"
- Blog Coletivo Fortalecer (Sind-REDE BH): "Plenária para rebater GOLPE DA PBH à saúde dos servidores!"
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