sábado, 3 de dezembro de 2011

Antônio Kléber: "A NOVA TORRE DE BABEL NAS PROFUNDEZAS DA INSANIDADE."

Quando encontrei, por acaso, o blog do A. Kléber me identifiquei muito com os textos dele e achei muito bom tudo que li e que também tem a ver com a educação em nosso país. Entrei em contato pedindo permissão à ele para postar uns textos dele em meu blog; tive a resposta afirmativa e acabamos percebendo que fomos vizinhos de infância, embora ele se lembre mais de meus irmãos, pois sou a mais nova das mulheres e meu contato com ele foi pouco. A. Kléber não mora em São João del Rei, mas tem irmãos aqui; e fico pensando neste lado bom que a internet nos oferece: o de encontrar pessoas decentes e que fizeram parte da nossa vida.E que, por isso,encontram ecos em nossa história.

Vanda
O Blog dele é:
gritossemecos.blogspot.com


A NOVA TORRE DE BABEL NAS PROFUNDEZAS DA INSANIDADE


Segundo a Bíblia, a Torre de Babel foi construida com o intuito de alçar o homem ao patamar divino. Deus então parou a obra e como castigo fez com que todos falassem linguas diferentes, de modo que não pudessem se entender, assim impossibilitando a execução do projeto.
Interessante a lenda encontrada lá no livro do Genesis e que pode muito bem ser adaptada aos tempos modernos. Nossos dias teem estado mesmo repletos de fortes emoções. Notícias há para todos os gostos e nervos. Numa ponta, países do primeiro mundo, coroados com sua história suja de exploração predatória sobre os eternos quintais da América Latina, África e Ásia, que nunca valeram nada a não ser para baixar a cabeça ou como destino de pedófilos endinheirados em busca de prostitutas impúberes abandonadas pela sociedade. Hoje, na tabua da beirada, lutam contra o rolo compressor criado por eles mesmos; bem alimentado no cocho da ganância por altas lucratividades sem a devida contrapartida em produção, criação de empregos e distribuição eqüitativa da renda.
Na outra ponta vê-se o Dragão Chinês e suas montanhas de dinheiro embarcado na mesma ânsia expansionista que o caracterizara desde há milênios, armado com sua foice e martelo, símbolos do autoritarismo sanguinário, para no futuro bater na cabeça dos mesmos idiotas que hoje o toleram de olho no seu bilhão e meio de consumidores; a maioria deles miseráveis escravos de um regime comunista, cuja ditadura excomungada aqui, há muito reina por lá. Torçamos para que a crise mundial dure pouco, porque se o mundo continuar lhe cedendo a dianteira, quando acordar será tarde demais e haverá choro sem ladainha, pois ele não é chegado a protestos, mas ao domínio puro e simples.
Na terceira ponta do quadrado se debatem as milenares ditaduras árabes contra a nuvem libertária aspergida pela grande broadcast com suas salas de bate-papo e sites de relacionamento, que não respeitam fronteiras e assolam as consciências cansadas da eterna ordem unida cadenciada pelas mordidas daqueles governantes que se dizem contra tudo que o ocidente possa oferecer de desenvolvimento social, mas enviam seus filhos para estudar em Harvard, Oxford e Sorbone, investem os bilhões de dólares roubados do povo nos grandes bancos internacionais, bebem Dom Perignon, andam de Rolls Royce e usam Cartier. Peçamos a Deus para que as violentas conturbações sociais provenientes da luta por liberdade não venham contaminar a paz mundial.
E na última ponta vê-se o Brasil, agora mais do que nunca, cheio de vitalidade, armado até os dentes com seus bilhões de dólares na reserva cambial, levantando-se do sono profundo no berço esplêndido alçado pelo elegante título de “celeiro do mundo” com o pé direito nos bilhões de barris de petróleo, que nos aguardam lá nas profundezas do pré-sal e o esquerdo na lama de um arranjo político retrogrado insistindo em manter o país refém do sistema tributário antiproducente, uma vez que manieta a iniciativa privada derrubando sua competitividade e, por outro lado, de um presidencialismo débil movido a nepotismo, aonde a autoridade máxima, o presidente da república, não tem autonomia nem para nomear ou demitir ministros, uma vez que os ministérios se transformaram em feudos partidários trabalhando em função de interesses paralelos, acobertando a corrupção, o banditismo, o desvio de conduta, engessando o fluxo decisório, perpetuando o status do Brasil doméstico como eterno moribundo colonial.
O problema que antevejo é o risco do aumento da presença paternalista do estado ineficiente através do agigantamento de empresas estatais como a Petrobrás e o crescimento de uma economia focada na capitalização de reservas cambiais. Isso somado ao borbotão tributário sufocante e à política de juros estratosféricos, dará ao estado uma super-estatura de senhor do poder econômico em detrimento da iniciativa privada descapitalizada pela excessiva tributação e pela falta de competitividade. Esse poderá ser um tiro que sairá pela culatra capaz de sufocar o processo democrático que só se sustenta sobre o quadripé: educação, liberdade de expressão, liberdade de ir e vir e liberdade para investir. Se a sociedade entra numa camisa de força, onde o estado torna-se super-rico mantendo a massa popular ignorante se esbaldando nas bolsas assistencialistas com os empreendedores privados de chapéu na mão, estaremos experimentando uma espécie de bolchevismo à brasileira em pleno século XXI. Lembrando que essa foi a receita usada pela União Soviética, pela China e por Cuba no início do século passado e agora pelo Chavismo Venezuelano, obviamente com outras nuances políticas. A China e a Rússia estão acanhadamente tratando de reverter o processo com algumas colheres de chá para a iniciativa privada, que anda nas mãos dos apadrinhados, mas nada que desbanque o estado do seu rico pedestal e do trono centralizador. Lembro que quando faço referência à iniciativa privada brasileira estou excluindo desse grupo os gigantes com reportagem direta nos meandros governamentais e lobistas a postos no congresso, mas me referindo aos milhares de pequenas e médias empresas que não gozam do mesmo privilégio e que nem por isso deixam de gerar riquezas e mais de oitenta por cento dos postos de trabalho pelo Brasil afora.
Como se não bastasse o espectro das más notícias temos a nova versão do grande vazamento de óleo no Golfo do México, felizmente de menor monta, mas com o mesmo potencial para provar ao mundo que a tecnologia de prospecção em regiões ultra-abissais demonstra-se sujeita a falhas mais freqüentes do que se imaginam, colocando em alto risco sistemas vitais cujos danos podem trazer conseqüências ainda desconhecidas para o planeta e sua mais tênue estrutura: a teia da vida.
Contudo os fanfarroneiros do governo federal anestesiaram a imprensa, a sociedade e os políticos com uma espécie de devaneio capaz de quase provocar um racha na federação pelas disputas entre Estados irmãos em vista de um eldorado gerador de impostos cujo sucesso operacional e econômico é duvidoso devido aos pesados custos da prospecção ultra-profunda, à instabilidade dos preços do petróleo capaz de, em certas condições mercadológicas, inviabilizar o investimento ou até mesmo a extração e aos altíssimos riscos ambientais concernentes a uma região quase inacessível que guarda segredos ainda desconhecidos mesmo para os mais experientes e aparelhados prospectores.
Incrível que diante de tantas incertezas ninguém se assuste com a grande possibilidade da torre de babel brasileira ruir permitindo que a seiva negra venha descontrolada à superfície para castigar nossos incautos governantes pela sua falta de responsabilidade e visão de futuro. Certamente, se investissem uma porcentagem desses bilionários investimentos previstos para o pré-sal em outras matrizes energéticas alternativas não poluentes, colocassem o Brasil na ponta para concorrer em condições de igualdade com as potências tecnológicas já empenhadas nessa conquista futurística. Nessa ode, além dos riscos, o Brasil vai correr de costas para o futuro e para a realidade de um planeta pequeno que não suportará muito mais as agressões que vem sofrendo. Mas os governantes brasileiros não se importam, porque, se algo der errado, podem punir com multas milionárias e encher seus cofres com mais dinheiro para custear as mordomias e os altos coturnos dos picaretas, deixando o povo a ver navios, pois se assim não fosse as cidades petrolíferas do Rio e do Espírito Santo não teriam favelas, nem hospitais públicos capengas, nem escolas caindo aos pedaços, nem professores ganhando miséria, nem ruas esburacadas, nem esgoto in-natura boiando nos rios.


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