SEXTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2011
A Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, símbolo da Revolução Francesa.
A ocupação dos educadores da Cidade Administrativa, em 12 de julho de 2011. Símbolo da luta pelo piso que não é pago.
A ocupação dos educadores da Cidade Administrativa, em 12 de julho de 2011. Símbolo da luta pelo piso que não é pago.
Uma elite canalha, cínica e bandida!
Tenho até medo do que eu possa escrever quando me vem à mente certos pensamentos. Mas, o fato é que estou indignado com a cara de pau de certos elementos que ocupam os mais altos postos dos poderes prosti..., digo, constituídos. Não. Não quero fugir ao foco que neste momento toma a minha atenção: o piso salarial sonegado. Deveria falar também da Palestina ocupada pelo estado terrorista de Israel, uma espécie de posto de guerra avançado do império norte-americano. E este, o estado-maior de interesses de aves de rapina, grupos econômicos e gangsteres travestidos de políticos profissionais, que sugam o sangue de milhões de pessoas por todo o planeta. Uma associação de bandidos nacionais e internacionais, bem pagos para manter a roda girando sobre o nosso pescoço, a espoliar a maioria proletarizada da humanidade. Estamos um pouco órfãos de sonhos libertários.
Mas, não quero perder o foco da nossa luta neste momento: o piso salarial, que é lei federal, e que se não for pago, devemos nos concentrar em frente de alguns órgãos públicos e promover uma grande fogueira, que já não é mais de São João, mas em homenagem à cumplicidade de quadrilha estabelecida entre os muitos atores que se unem para nos ferrar, literalmente.
Duas peças, pelo menos, eu quero levar para queimar em praça pública, em frente de certos órgãos públicos. Quero levar uma cópia da Constituição Federal, que é rasgada contidianamente por agentes de desgovernos, quando dizem que não negociam com servidores em greve. Ou quando ameaçam ou até praticam o corte do ponto de trabalhadores em greve. Com estes dois atos - e um terceiro, quando impedem a manifestação pacífica de cidadãos -, por si, mereceriam que órgãos de fiscalização como o Legislativo e o Ministério Público colocassem no banco dos réus os agentes que sonegam tais direitos aos cidadãos.
Por isso, a Carta Maior do país - de um outro país, já que Minas não pertence mais ao Brasil, embora muita gente não saiba disso - deve ser queimada. Em Minas, devem ter realizado o sonho de outro desgoverno, de triste memória, o de Magalhães Pinto, quando, na década de 60, ajudou a tramar o golpe que derrubaria o poder constitucional do presidente João Goulart. Naquela altura, Magalhães Pinto articulara tornar Minas um território em guerra contra o governo federal, para ser reconhecido pelos EUA como estado em conflito e receber recursos e armas do império. Mas, isso nem precisou acontecer, já que o golpe civil-militar se fez sem a reação por parte da maioria da população e do próprio governo federal. Graças à omissão da maioria tivemos que amargar muitas décadas de ditadura (se considerarmos que ainda vivemos uma outra forma de ditadura).
Mas, não quero perder o foco. Embora me venha à mente a frase deDarcy Ribeiro, mais ou menos assim: fomos derrotados pelas nossas qualidades, e não pelos nosso defeitos.
Mas, retomemos ao foco anterior: nosso piso. Quero levar também, paraa fogueira que não é de São João, uma cópia da Lei do Piso, votada no Congresso Nacional, sancionada pelo presidente da República em 2008 e reconhecida como texto constitucional pelo STF em abril de 2011, mascuspida e tripudiada publicamente por praticamente todos os governos, federal, estaduais e municipais. Tivéssemos, nós, educadores de todo o Brasil, vergonha na cara, e cruzaríamos os braços nacionalmente e só voltaríamos ao trabalho somente quando cada item da lei fosse cumprido. Eles cumprem as leis que favorecem os de cima: pagam juros escorchantes para banqueiros, dizem respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal para confiscar os nossos salários, enquanto pagam rios de dinheiro aos empreiteiros que financiam as suas campanhas, além da mesada farta da mídia e dos salários de marajás para a alta cúpula dos poderes prosti... digo, constituídos.
Mas, de que ainda a lei do piso, se os governos estão aplicando o calote nos educadores, que recebem salário de fome, trabalham em situações constrangedoras e ainda são (somos) humilhados por aqueles que deveriam zelar pela oferta de condições adequadas de trabalho, ai incluídos uma carreira decente, salários dignos e condições adequadas de trabalho?
E o pior de tudo é que são pessoas passageiras nas funções que ocupam. Claro, dirão, todos nós somos passageiros. Mas, vocês entenderam bem o que eu quis dizer com o "são passageiros". Não são de carreira, são ocupantes eventuais de um (ou talvez dois ou três) mandato (s) de quatro anos, com poder para destruir a carreira de educadores, que precisaria ser mantida e melhorada para muitas décadas.
Mas, todos eles: governo federal, governos estaduais, governos municipais, legislativos, judiciário, ministério público, a mídia vendida, e entidades sindicais tipo CNTE, CUT, Força Sindical, APPMG, estão todos reunidos contra nós.
Não se iludam, pessoal! Muitas vezes vejo as pessoas carregando bandeira de entidades que sentam-se à mesa com os nossos algozes para discutirem a melhor forma de nos ferrar e de repartir migalhas subtraídas do nosso bolso.
Apesar disso, não acho que estejamos isolados. Tenho uma visão diferente acerca dessa aparente fortaleza que essas instituições e entidades e personalidades representam. Numericamente falando, são poucos, embora controlem poderes de coerção, como a mídia, a força de repressão, e até a manipulação que ocorre entre nós, no nosso meio mesmo.
Só uma coisa pode vencer todo esse poder concentrado em poucas mãos: a nossa unidade na luta. Ao contrário deles, somos milhares; só em Minas, somos 300 mil educadores e no Brasil somos 3 milhões; estamos em contato com pelo menos dois milhões de alunos só na rede estadual mineira, e com 50 milhões em todo o Brasil. Estamos em contato também com as famílias desses alunos. Somos uma força social que não sabemos utilizar a força que temos em nosso favor. E por isso nos tornamos vítimas de chantagens, de ameaças, das mentiras deslavadas dos desgovernos, dos cinismos de alguns quantos, da hipocrisia que paira no cenário da política brasileira e mineira.
Que tipo de sociedade este pessoal pensa em construir? Nenhum. Essa gente não tem compromisso com nada, a não ser com seus próprios interesses mesquinhos, de disputa de fatias de poder em favor pessoal e dos grupos de rapina que os cercam. Mas, pelo menos eles participam desse jogo disputando algo que realmente pode trazer aquilo que a ambição material e política pode proporcionar: o status de poder, um salário polpudo, uma assessoriazinha qualquer em comissão, mordomias mil, holofotes, regados a muito vinho e pó.
Mas, e nós, os de baixo, os educadores, os sans-culottes, que nada temos a perder, a não ser o nosso mísero salário do mês? Tão grande a miserabilidade reinante que, inicialmente material atinge também o espiritual. Foi Marx quem disse que antes de fazer poesia era preciso comer, ter um teto. No nosso caso, estamos numa sub-condição humana, em busca do piso.
Não se trata apenas de se manter em sala de aula para pagar as dívidas do mês, como dizem aqueles que permanecem fora da greve, fazendo o jogo dos de cima. Essas dívidas pessoais todos nós temos. Mas, eu afirmo aqui: prefiro ficar devendo a conta de luz, de água, de telefone, os bancos, a ter que deixar de lutar com meus colegas educadores por um presente e um futuro com um pouco mais de perspectiva. Do contrário não valeria a pena. O dia eu que eu desistir de lutar com os meus colegas educadores, é porque eu perdi todas as esperanças na carreira da Educação. Aí já estaria na hora de abandonar a carreira e procurar outra atividade, que mesmo que não desse um retorno material melhor, que pelo menos eu soubesse que os colegas são lutadores, são guerreiros, não se deixam intimidar ante ao primeiro (ou segundo) toque de ameaça.
Eles, os de cima, brincam com a nossa cara. Eles riem de nós nos luxuosos salões de festas, regados a muita bebida e pó. Eles zombam de nós nos carrões do ano, ou nos passeios de helicópteros. Somos a gentalha que eles pensam que podem fazer o que bem entendem. Tratar feito animais que são levados ao abate.
Mas, mas... Nós somos também esse mero detalhe que às vezes, não se sabe por que cargas d'água, incomoda; fazemos revoluções, derrubamos governos, paramos o trânsito, ocupamos palácios, enfrentamos a polícia, e varremos do mapa tipos que antes se julgavam invencíveis.
Por isso, senhores do poder aparentemente indestrutível: muito cuidado conosco. Não brinquem com a multidão. Não brinquem com fogo. Podemos ser a maioria adormecida em berço esplêndido que o nosso hino de certa forma retrata. Mas, essa maioria adormecida uma hora dessas pode acordar. E chacoalhar o corpo. E não deixar mais pedra sobre pedra. "De pé, ó vítimas da fome!". E muita gente que hoje vive no teto, nas alturas, deslumbrada, vai perder o piso, literalmente.
O nosso piso pode ser sonegado, camuflado, ou, diria até, caloteado. Mas, o piso de vocês, senhores do poder, pode desaparecer. Por isso, respeitem-nos! Antes que nós, os de baixo, comecemos a perder o respeito por vocês.
***
"Anônimo:
Observações reportagem MG TV 2ª edição
Olá Euler,
Estive assistindo ao vídeo do MG TV 2º edição, a reportagem sobre a nossa greve.
Assisti o vídeo várias vezes, e gostaria de relatar alguns detalhes.
O tempo de fala dado a secretária de educação, foi o dobro do tempo dado ao sindicato.
Em momento algum há um posicionamento da reportagem querendo esclarecer a lei do piso.
A mídia já vem com um discurso pronto, são matérias previamente acertadas na redação isso não é jornalismo.
A matéria não tem como objetivo esclarecer o telespectador, pelo contrário acaba criando uma imagem negativa dos professores.
A Sra Secretaria de Educação, não precisa nem dar entrevista pois a fala dela é a mesma desde o início do movimento. O discurso é sempre o mesmo.
Diante de tudo isso se ficarmos esperando a mídia retratar a realidade da educação, já estaremos aposentados."
Comentário do Blog: pois é, combativa colega, um outro exemplo de mau jornalismo pode ser visto aqui, na reportagem feita pelo jornal Hoje em Dia. No texto só aparecem críticas à greve. Nenhum profissional que está em greve foi ouvido. Entrevistaram uma mãe que sofre por deixar a filha sozinha em casa, e que culpa a greve dos educadores por isso. Deveria culparo causador da greve: o governo, que não paga o piso; mostra também uma professora fura-greve que "descobriu" que quem tem que lutar por nossos direitos não somos nós, mas os alunos. Espero que nenhum conhecido, ou parente, ou amigo meu tenha algum filho ou neto matriculado naquela escola e especificamente nas turmas que esta professora leciona. Eu pediria para que ele mudasse de escola ou de professora, pois com essa visão de mundo que aprendizado poderá ter o aluno em matéria de cidadania? Quanto ao jornal, está devendo, como os demais, uma reportagem jornalística que mereça este nome.
"Anônimo:
Euler, quero sugerir aos professores, neste momento angustiante em que estamos vivendo, que no primeiro dia de aula, quando voltarmos, com nosso piso garantido, que trabalhemos simultaneamente, em todo o estado de Minas Gerais, um vídeo chamado:Muito além do cidadão Kane, que pode ser baixado do youtube emhttp://www.youtube.com/watch?
Comentário do Blog: Boa sugestão, colega. Lembro-me de ter feito este trabalho em sala há uns três ou quatro anos, com alunos do ensino médio. Todos eles ficavam espantados com o que viam, pois a imagem criada pelo faraó através da mídia era totalmente diferente. Além desse vídeo, é importante também trabalhar outros, inclusive das nossas greves, como aula de cidadania. Mas, como você destacou corretamente: isso, só depois de ganharmos o piso!
"Marcos:
Caro Euler, gostei muito do texto e gostaria de publicá-lo no meu blog. Aproveitando, divulguei com autorização, um contracheque de um Professor do estado de MG mostrando que o Governo Aécio/Anastasia estão foras da lei.
Nossa classe precisa ter brio e realmente mostrar que são educadores e formadores de cidadãos. Porque não há como formar cidadão se não luta pelos próprios direitos."
"Anônimo:
Euler, respeito é construído muitas vezes pelo exemplo. Quando vejo a sec. educação falando tantas besteiras, usando do cargo para nos ameaçar... não vejo respeito por parte dela, então não tenho porque respeitá-la. assim também não sinto nenhum respeito por parte do herdeiro do faraó, que foge dos educadores, não cumpre a lei... a senhora Ma Lúcia pode ficar calada porque nosso assunto é com o "governador". Ela já declarou que não pode negociar conosco, logo, não temos assunto para com ela. Deveríamos procurar a justiça por assédio moral, esta senhora, que usa dos microfones para nos ameaçar, durante um período de greve legal, tem que ser processada. Mentira, ameça, calúnia... Em Minas isto também não é crime?"
"Alfredo Fortunato:
Euler,
Parabéns pelo texto.Temos que continuar nossa luta contra o desgoverno de Minas que fica afirmando não negociar com educadores de greve...
Temos que continuar lutando contra estes ladrões de colarinho branco e gravatas que só sabem sonegar os direitos "dos de baixo". Não podemos recuar agora... que corte a luz, a água, o telefone, que aumente as dívidas, mas a nossa luta precisa continuar e continuar até a vitória. "VICTORIA QUAE SERA TAMEN""
"Isabel Assumpção - Manhuaçu:
Caro Euler,
É quase impossível não perder o foco com tanta canalhice, mas como somos inteligentes o bastante para entendermos as manobras deste desgoverno, continuaremos unidos e fortes nesta luta. Seria cômico se não fosse trágico a situação que tenho passado... pasmem companheiros, mas encontro com pobres colegas alienados, que ainda estão em sala de aula e eles me perguntam se não voltarei e se não temo o corte que o governo tem anunciado para o próximo mês... é mole? Fiquem todos sabendo que estes guerreiros que agora se apresentam, estão dispostos a tudo que for preciso para que a lei se cumpra: SALA DE AULA, SÓ COM O PISO!"
"Sebastião de Oliveira:
Amigos Professoresm Guerreiros,
Ao meu ver, os professores estão em greve, não é para negociar com o governo, como sempre diz a secretária Gazola, que não negocia com professores em greve, mas sim, que o governo cumpra a Lei e paga o Piso já. Não tem negociação.
Sebastião de Oliveira "
"Frederico Drummond - professor de filosofia:
No caminho com Maiakóvski
"[...]
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]"
Frederico Drummond - professor de filosofia"
"Educadora Mineira:
De uma forma ou de outra estão noticiando a GREVE dos Educadores, vejam um trecho da matéria exibida no portal da redehttp://megaminas.globo.com/
"Profissionais da educação de MG estão em greve desde o dia 08 de junhoPublicado em 08/07/2011 às 11:21
Em Uberaba, são mais de 29 mil estudantes e boa parte deles está há mais de um mês sem aulas
Profissionais da educação do estado estão em greve desde o dia 08 de junho. Eles reivindicam um reajuste no o piso salarial, que atualmente estaria abaixo do que determina uma lei federal.
[...]
Educadora Mineira "
"Beatriz:
Euler, estou postando um vídeo da manifestação em Muriaé.
http://www.youtube.com/watch?
"Educadora Mineira:
O governo não cumpre a Lei, não paga o PISO SALARIAL DO MAGISTÉRIO, mas os EDUCADORES não se ESMORECEM, são politizados, sabem de seus direitos.
Vejam o que foi publicado sobre a Manisfestação dos educadores em Muriaé.
Protesto dos professores
Aline Vaz 15 hours ago | Fonte: Conecta Muriaé
http://www.muriae.info/
Professores reivindicaram a adequação do salário ao Piso Nacional durante visita do governador.
Durante a inauguração da biblioteca municipal, os professores da Rede Pública Estadual e Ensino de Muriaé aproveitaram a proximidade do governador para realizar uma manifestação.
Os professores se aglomeraram próximo ao local de inauguração da biblioteca, e fizeram protestos, usando megafone, apitos e faixas para chamar a atenção de Antônio Anastasia. A Polícia Militar utilizou um cordão de contenção em volta do protesto, mantendo-o afastado da solenidade.
De acordo com Sandro Carrizo, coordenador da greve e do protesto, a reivindicação dos professores é de que o salário recebido por eles (R$369 para nível médio), se adeque ao piso nacional (R$ 1.587 para nível médio). Sandro afirma que os professores se sentiriam mais motivados e preparariam melhor suas aulas, caso o piso fosse adequado, já que não precisariam trabalhar em várias escolas para conseguir manter seu custo de vida.
Os professores estão em greve desde 8 de junho, e vão ficar paralisados por tempo indeterminado. Segundo Sandro os profissionais da educação tem a obrigação de repor os dias letivos perdidos ao final da greve, já que os alunos tem o direito à 200 dias letivos por ano.
Educadora Mineira"
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