quarta-feira, 21 de setembro de 2011

EULLER: vigília e greve de fome de alguns educadores de M.G.

TERÇA-FEIRA, 20 DE SETEMBRO DE 2011

A greve continua! Educadores fazem vigília e greve de fome na ALMG. Promessa de negociação foi descumprida pelo governo, que agora ameaça designados.

Urgente / Urgente / Urgente


*** Agora às 11h302m - Transmissão da vigília ao vivo na Assembleia. Aguardem. O link correto é:http://www.livestream.com/nelsonpombojr

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Acabo de receber telefonema agora, às 10h28, do combativo colega NELSON POMBO JR. Ele está se dirigindo para a ALMG de onde tentará transmitir ao vivo tudo o que acontece por lá. Aguardemos.

*** Nova informação diretamente da ALMG (às 10h15):

Agora já são onze pessoas acorrentadas na entrada da ALMG. Estão gritando palavras de ordem, fazendo referência à indecente proposta do governo de pagar 712 reais para todos os professores.

*** O pai de aluna - sr. Paulo Roberto - e sua filha Denise acabam se acorrentar na entrada principal da ALMG em solidariedade aos educadores em greve.

Informa o comandante João Martinho, às 10h05m

Favor repassar informação para a rede de apoio.

*** Novo telefonema, 8h51m. Acaba de informar o pai de aluno, que teria peitado o major do Batalhão de choque. Sentado, ele desabafou e falou tudo o que pode. Fui informado também que o presidente da ALMG Dinis Pinheiro vai receber uma comissão do Sindicato para negociar.

*** São 08h28m. Recebi novo telefonema. Desta vez de um pai de aluno JOSÉ ROBERTO e sua filha Denise, que estão sentados entre o Batalhão de choque do governo e os nossos guerreiros e guerreiros educadores em greve que estão de vigília na ALMG.

O pai de aluno e sua filha são moradores de Vespasiano, bairro Morro Alto.

Novas informações daqui a pouco. Favor repassar para a rede de apoio.

*** Em novo telefonema, às 08h02, do comandante João Martinho, somos informados que o Batalhão de Choque da PM está posicionado próximo aos nossos guerreiros, que se encontram deitados e com os braços cruzados nas entradas e garagens da ALMG.

Repassem a informação via Twitter, e-mail, etc., para a mídia e para a rede de apoio, denunciando a possibilidade de nova violência por parte da tropa de choque da PM do governo contra os educadores em greve.

*** Bom dia turma da luta,membros do NDG,

Agora são 7h57m. Recebi agora telefonema da ALMG onde nossos guerreiros e guerreiras encontram-se em vigília. Eles dormiram nas escadarias daquela Casa e agora já se posicionam nas entradas e garagens da ALMG.

Traremos novos informes durante o dia.

Um forte abraço e força na luta!


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Nossos combativos colegas Marilda e Abdon encontram-se em greve de fome na ALMG desde o dia 19. (Foto: Gleiferson Crow)



A combativa colega Renata pediu para o guerreiro chargista LATUFF fazer uma charge para Minas.


Recortes da nossa assembleia, pelas lentes do combativo Gleiferson Crow, membro efetivo do NDG




Sintam um pouco o clima da nossa assembleia.



E este outro é aquele do "Fora Anastasia! Fora ditador!"



Neste vídeo, os educadores gritam: 'É greve, é greve, até que Anastasia pague o piso que nos deve!"



Em Pedro Leopoldo, estudantes dão apoio aos educadores e desmascaram falácia do governo



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A greve continua! Educadores fazem vigília e greve de fome na ALMG. Promessa de negociação foi descumprida pelo governo, que agora ameaça designados. Assembleia grita: "Fora Anastasia!"



Acabo de chegar da assembleia, que decidiu, por quase unanimidade,manter a greve geral por tempo indeterminado. Havia cerca de 9 mil educadores presentes e destes, somente duas mãos levantaram pelo fim da paralisação.

Como de costume, a assembleia estava vibrante, com grande energia. Que pena que milhares de educadores que continuam em sala de aula não tenham acompanhado estes momentos, esta clareza e esta compreensão da realidade que vivemos em Minas e no Brasil.

Minas Gerais passa por uma situação limite, entre a conquista de novos tempos, e o retrocesso político e social; entre a manutenção da carreira dos educadores e a conquista do piso, e a imposição do derradeiro fim da carreira dos educadores e da ruína da Educação pública; entre a vitória do sonho de um mundo melhor e a imposição da truculência, do controle das mentes por uma mídia vendida. É a luta entre a humanidade dos de baixo contra a robotização imposta pelos de cima, através da força da máquina do estado e do mercado.

Foi em nome do piso, da carreira dos educadores e de tudo quanto representa a nossa luta que os cerca de 9 mil educadores de todas as partes de Minas decidiram muito conscientemente manter a greve geral por tempo indeterminado. Mas, estamos conscientes de que o governo está jogando pesado, todas as fichas, chantageando, ameaçando, colocando seus cães e capitães do mato para ameaçar indefesos educadores isolados. Covardia dos fracos, que pousam de fortes, quando na verdade estão desesperados.

O governo de Minas e sua máquina não passam de um castelo de areia, que poderia ser derrubado com uma gargalhada apenas, ou se a categoria se unisse e junto dela, arrastasse em apoio milhares de pais, alunos, e movimentos sociais - estudantis, sindicais, etc.

Na assembleia de hoje, dezenas de apoiadores das mais diversas correntes e movimentos por lá aparecerem. Sindicalistas, estudantes, operários de várias categorias, além de deputados da oposição e líderes políticos e religiosos. Entre eles, o Frei Gilvander, que tem se tornado presença constante nas nossas assembleias, trazendo o seu apoio.

Durante a assembleia, ainda, houve a passagem dos e das valentes acorrentados/as, que se apresentaram debaixo de muitos aplausos. São muitos os grupos e pessoas e iniciativas, as mais variadas, construídas na base e também através da direção sindical, que se movimentaram nestes últimos105 dias da nossa heroica greve.

O governante de plantão não teve, até o momento, a grandeza de negociar uma saída decente para a crise, pagando o piso que é direito constitucional. Preferiu se manter aferrado aos manuais ditados porgovernantes neoliberais e aplicados na gestão do seu padrinho, o senador-faraó.

Nem mesmo a nova oportunidade de negociação que o governo, através do seu líder na ALMG, prometera aos acorrentados - que de boa fé acreditaram na palavra empenhada -, fora aproveitada. Prevaleceu a mesma truculência: "não negociamos com servidores em greve". Como já dissemos aqui anteriormente, mais uma agressão à Carta Magna, que faculta aos trabalhadores o direito de greve.

A imagem do governador fica cada vez mais diminuída perante a opinião pública. Não foi à toa que durante a assembleia da categoria o grito de "Fora Anastasia" e "Fora ditador" tenha durado mais de 3 minutos, num coro que contagiou todos os milhares de educadores em greve e apoiadores.

Após a aprovação da continuidade da greve, com o informe pelo sindicato de que um recurso contrário à decisão do desembargador já fora apresentado no TJMG, a assembleia aprovou e discutiu também algumas atividades que já estão sendo colocadas em prática.

Uma delas é a vigília que grupos de educadores de todas as regiões de Minas começaram a fazer na ALMG. Serão 24 horas de vigília nas entradas e garagens daquela Casa, durante toda a semana, até a próxima assembleia, que acontece na próxima terça-feira, dia 27.

Além disso, continua a greve de fome, que foi iniciada ontem por dois diretores do sindicato: Marilda e Abdon. Outras atividades devem acontecer em todas as regiões de Minas, como assembleias, visitas às escolas, entre outras.

É verdade que vivemos momentos difíceis, como disse ontem. Tanto pelas ameaças que pairam sobre as nossas cabeças, como pela nossa realidade financeira, de total falta de recursos até mesmo para bancar a sobrevivência, com o corte dos nossos salários. Tudo isso acontecendo juntamente com o jogo pesado da mafiosa e canalha máquina que sustenta o governo, envolvendo a mídia vendida, parte do MP e da Justiça, além do legislativo dócil ao governo. Eles são poderosos e usam tal poder para defender seus próprios interesses e daqueles que patrocinam suas candidaturas ou cargos ou privilégios.Mas, nós somos a maioria, temos uma lei federal em nosso favor, embora neste surreal país as leis só funcionem em favor dos de cima. Por isso temos que fazer greve para cobrar a aplicação de uma lei federal.

Finalmente, quero dizer que conversei com caravanas de mais de uma dezena de cidades. Sinto-me ao mesmo tempo envaidecido pelo prestígio que este blog adquiriu em toda Minas Gerais - sem qualquer patrocínio oficial ou divulgação de qualquer entidade -, mas ao mesmo tempo, sinto cada vez mais o peso da responsabilidade que este espaço adquiriu.

Muita gente perguntava sobre o porquê do governo fazer o que vinha fazendo com a nossa categoria? Eu disse muito sinceramente: primeiro, por uma razão política. O governo quer destruir o nosso movimento, para que sirva de exemplo para todos os outros movimentos de protesto. Isso aconteceu no começo do governo do faraó aqui em Minas, padrinho do atual governante. Aconteceu também com o canalha do ex-presidente FHC, que impôs severas medidas contra os petroleiros em greve. O receituário neoliberal não convive com movimentos sociais autônomos e reivindicatórios. Eles gostam de entidades bajuladoras, que comem nas mãos deles, tal como os fascistas apregoavam em relação aos sindicatos. Uma espécie de mais um instrumento ou aparelho de dominação sobre os de baixo, como acontece com a mídia, com o judiciário, com o legislativo, com procurador da justiça, etc.

Para este governo, ter um movimento independente, fortemente organizado pela base, é tudo o que ele não deseja. Por isso, ele tudo fará para nos destruir. A prática deste governo é a de apostar na nossa divisão, promovendo pequenas vantagens para alguns segmentos, como direções de escola, que são depois chamadas a nos perseguir.

Mas, além da questão política, tem a questão econômica. O piso salarial nacional custa para o governo pelo menos mais R$ 2 bilhões por ano em relação ao subsídio. É dinheiro nosso, garantido por lei, que o governo quer confiscar para repassar para outros setores aos quais ele dá maior prioridade: empreiteiros de obras faraônicas, que depois financiam suas candidaturas; banqueiros, contratação de cabos eleitorais, salários de marajás da alta cúpula dos três poderes, etc. Entre construir estradas e estádios de futebol e pagar melhor aos educadores, não há dúvida que o governo prefere a primeira opção.

Portanto, caberá aos 400 mil educadores, principalmente aos 260 mil que se encontram na ativa,decidirem sobre o nosso presente e o nosso futuro. Não cabe somente a este blog, ou à direção sindical, ou mesmo aos guerreiros de linha de frente doNDG decidirem o que devemos fazer.Cabe a todos nós decidirmos se aceitaremos a derrota que o governo tenta nos impor, a destruição da nossa carreira com o projeto de lei do governo; a sonegação do nosso piso salarial, que é lei federal; a usurpação da democracia e da autonomia nas escolas e na sociedade; a inexistência da possibilidade de uma educação pública de qualidade e de uma perspectiva de carreira valorizada para nós, educadores.

Todos nós somos responsáveis pelo tipo de sociedade que vivemos, pelo tipo de escola que temos, pelo tipo de carreira que queremos e pelos salários que recebemos. Se acharmos que devemos nos contentar com aquilo que o governo e sua máquina estão nos impondo, então devemos voltar para as escolas, resignados, e pronto. Ao contrário, se acharmos que ainda somos capazes de lutar, de encontrar forças para convencer os nossos colegas e alunos e pais de alunos de que é preciso resistir e construir um forte movimento em prol do pagamento do nosso piso e da salvação da nossa carreira, então devemos manter a greve, fortalecê-la e pressionar este governo, até a nossa vitória.

Para esta segunda opção contem comigo e com este blog, integralmente, sem reserva, sem limite. Embora saberei respeitar a decisão tomada pela maioria ou por cada um, caso seja diferente.

Nada poderá destruir aquilo que adquirimos verdadeiramente nas nossas melhores batalhas.

Um forte abraço a todos, um beijo no coração de cada valente educador e educadora que teve e tem a coragem de enfrentar a máquina de destruir seres humanos materializada no diabólico governo de Minas Gerais e seus aliados.

Euler Conrado - professor, blogueiro, conspirador contra os de cima, membro do NDG, orgulhoso de fazer parte da categoria dos educadores de Minas Gerais. Em greve, pelo tempo que a categoria decidir.

***

P.S. Quando terminei de redigir e postar o texto acima, recebo a informação de que o piso nacional dos educadores já tem novo índice de reajuste para janeiro de 2012: 16,68%, e novo valor: R$ 1.384,00. E queMinas Gerais e Paraná foram incluídos entre os dez estados mais pobres que recebem ajuda federal para complementar as verbas do FUNDEB. Ou seja, em relação ao piso, Minas, além da pobreza espiritual dos governantes e seus aliados, continua na ilegalidade.



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