QUINTA-FEIRA, 15 DE SETEMBRO DE 2011
A greve continua! É esta a decisão unânime dos educadores mineiros em assembleia
Nossos bravos e bravas guerreiros/as já se encontram acorrentados em frente ao Palácio da Liberdade. (Fotos de Nelson Pombo)
Acompanhem também ao vivo:
http://www.livestream.com/
Assistam ao vídeo de 47 minutos dos acorrentados:
http://www.livestream.com/nelsonpombojr/video?clipId=pla_56ab8e0a-14e0-4a29-af6e-c9283f117417&utm_source=lslibrary&utm_medium=ui-thumb
Grupo de educadores estão acorrentados no Palácio da Liberdade
No dia em que o governo pretende inaugurar o relógio da contagem regressiva para a Copa do Mundo, nossos bravos e bravas guerreiros/as educadores em greve já se acorrentaram em frente ao Palácio da Liberdade. Acompanhem ao vivo ou através do vídeo produzido pelo combativo colega Nelson Pombo Jr(links acima), todo o desenrolar destaação direta e de luta em protesto pelo não pagamento do piso. O chão de Minas continua tremendo, enquanto o governo zomba da população, deixando milhares de alunos sem aula, por conta da intransigência do governo em não querer pagar o piso dos educadores, que é lei federal.
Mais tarde, por volta das 18h, centenas de educadores em greve estarão na Praça da Liberdade para recepcionar o desgovernador, a presidenta da República e quem mais aparecer por lá.
A greve continua, até a nossa vitória!
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Enquanto isso, no Mineirão os operários estão em greve, à espera da presidenta e reivindicando melhorias nas condições de trabalho. O comandante João Martinho dirigiu-se para o Mineirão nas primeiras horas da manhã. Agora ao meio-dia tentei contato com ele, mas não consegui.
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Assembleia dos 100 dias de greve. Fotos: Gleiferson Crow
A greve continua! É esta a decisão unânime dos educadores mineiros em assembleia
Olá bravos guerreiros e guerreiras da nossa heroica luta!
Acabo de chegar ao bunker e um pouco mais tarde vou trazer o relato e as análises sobre o nosso maravilhoso movimento.
De início, vou adiantando: por unanimidade, os educadores presentes no pátio da ALMG decidiram manter a greve por tempo indeterminado. Não poderia ser diferente, já que o desgoverno de Minas continua com sua intransigência, arrogância e mentiras contra a categoria.
Amanhã haverá um ato no Palácio da Liberdade, às 18h, onde a presidente e o governador do estado são aguardados para inaugurar a contagem regressiva da Copa do Mundo.
Em contraponto a este ato, foi inaugurado hoje o calendário da nossa greve, que atingiu 100 dias. No domingo haverá panfletagem e na terça-feira, dia 20, haverá nova assembleia, coincidindo com a data da votação, na ALMG, do famigerado projeto do governo.
Houve passeata até a Praça Sete, como sempre com grande participação e apoio da população. Tive contato com dezenas de delegações do interior, o que para mim é sempre um momento de alegria e de satisfação, já que passamos tanto tempo juntos aqui no blog. Quanta gente bonita, sonhadora e digna!
Quero deixar o meu abraço a cada um desses bravos e bravas colegas que estão nessa luta corajosa e obstinada, todos passando por sacrifícios, mas vivendo a emoção e a experiência única de resistir a um governo déspota, que não respeita os servidores da Educação enquanto seres humanos.
Nós somos a esperança de um mundo melhor; eles são a expressão do que há de pior e mais repugnante no mundo atual.
Vários representantes de movimentos sociais e igrejas, e entidades sindicais e estudantis, além de outras categorias em greve, como os trabalhadores dos Correios, usaram a palavra para manifestar o seu apoio aos educadores mineiros. Destaco a presença do Frei Gilvander, que manifestou o seu apoio, citando a necessária resistência contra os ataques do governo de Minas.
Mais tarde, após um rápido banho, um chá e um pastel que repartimos no ônibus, eu volto com novas análises.
Quero trazer algumas propostas que discuti com os colegas de várias regiões. Aguardem!
Um forte abraço a todos, força na luta, até a nossa vitória!
Retomando...
Antes de retomar as nossa análises, vamos reproduzir aqui a citação feita pelo juiz de Direito Dr. MARCOS FLÁVIO LUCAS PADULA que recusou e mandou arquivar o indecente pedido de ilegalidade da nossa greve, feito pelo chefe do MP de Minas:
"São os bons mestres e as boas escolas que fazem o progresso humano, que transformam crianças inteligentes em gênios, em líderes e benfeitores da humanidade. Sei que isso é um truísmo, uma obviedade, mas infelizmente, o mundo não vê tantas coisas óbvias. Sempre me pergunto: por que não investimos muito mais em educação e na formação de bons professores? Foram eles que, logo cedo, me despertaram uma vontade imensa de compreender e de transformar o mundo por meio da engenharia e da eletrônica. Com eles descobri como é importante pensar no lado humano de toda a invenção e avanço tecnológico". (STEVE WOSNIAK)
Se o procurador da justiça não fosse um procurador do governo e sim da Justiça, representando o MP, ele pediria desculpas aos educadores e ingressaria com uma ação judicial contra o governo. Mas, nós estamos em Minas Gerais... Oh, Minas!!!
Imediatamente após este puxão de orelhas de um juiz sério, o representante do governo no MP ingressou com outro pedido de ilegalidade junto ao TJMG.
Faço ideia do que ele deve ter mencionado para tentar convencer algum desembargador. Seguramente deve ter dito que o governo já paga o piso, e que é preciso assegurar o direito à Educação para os alunos. Claro que é preciso assegurar tal direito. E estamos em greve justamente por isso! Sem carreira, sem salário, não haverá em breve mais educadores para cumprir esta exigência constitucional, caro sr. procurador.
É por haver pessoas coniventes a governantes déspotas como o sr. que a Educação pública está do jeito que está: abaixo da crítica.
Se há uma lição que temos que retirar dessa greve é que MINAS GERAIS PRECISA SER PASSADA A LIMPO.
Nada do que está aí faz sentido mais para a maioria pobre deste estado e deste país e precisa passar por profundas mudanças. Deputados que são meros carneiros de luxo, que recebem entre 30 e 50 mil reais para dizer amém ao governante de plantão, sem qualquer respeito pelos de baixo, incluindo os educadores, que não são ouvidos nos seus pleitos. Devemos fazer um grande ato de protesto naquela Casa, para mostrar o nosso desprezo por esses cretinos que não honram a roupa que vestem; não são dignos de nada, nada, porque são piores do que qualquer pessoa. Piores até mesmo do que um bandido comum, que rouba alguém na rua, porque este pelo menos pode estar roubando para matar a fome dele e da família. E estes políticos profissionais? Estão nos roubando a carreira e o nosso salário para servir aos interesses políticos e econômicos do governo que está a serviço de meia dúzia de banqueiros, empreiteiros e outros tipos de menor estatura moral.
Temos uma imprensa que se vende e se tornou mestra em manipulação. Reparem que coisa interessante. Ontem, o juiz de direito, digno, recusou o pedido de ilegalidade da nossa greve. Os jornais - rádios, TVs, jornais impressos - não deram uma linha sequer. E quando alguém publicou ou comentou alguma coisa, fez questão de explicar que não se tratava de uma vitória dos educadores; que o juiz não havia reconhecido a legalidade da greve, mas simplesmente havia dito que aquela não era a instância ou a vara judicial correta para se pedir a ilegalidade. Ou seja, eles tiveram o maior interesse em investigar e esclarecer sobre uma notícia que não era favorável ao governo. Mas, sobre o nosso piso... Em nenhum momento estes jornalistas de meia tigela (salvo alguns poucos, que respeitamos) se dão ao trabalho de investigar sobre o que o governo vem fazendo com a nossa categoria. Jamais informam corretamente sobre o piso. Até hoje reproduzem que o sindicato cobra um piso de R$ 1.597,00 ou mesmo de R$ 1.187,00 para a jornada de 24 horas, quando o sindicato já reconheceu publicamente que aceita o valor proporcional e mais conservador do piso, que é o valor proporcional do MEC.
Mas, em momento algum essa imprensa ridícula esclarece para a população que a proposta do governo é acabar com o plano de carreira dos professores; que os R$ 712,20 que o governo oferece é um valor único para todos os professores, tenham eles um dia de serviço, ou 30 anos de Casa; tenham eles a formação em ensino médio, ou licenciatura plena, ou especialização.O governo propõe um único valor para todos, e que isso contraria a própria Constituição Federal, a mesma que o Procurador da Justiça parece nunca ter lido, para fazer vista grossa a essa indecente proposta do governo.
Até hoje essa mídia comprada e que renega a liberdade de expressão tão duramente conquistada, não foi capaz de explicar para a população queexistem dois sistemas de remuneração: o original, ligado ao plano de carreira que existe desde 2004 e que fora criado pelo próprio desgoverno Aécio-Anastasia, e que mantém o vencimento básico e as gratificações dos educadores (salvo aquelas que foram confiscadas em 2003); e o subsídio, criado recentemente pelo governo, que representa um confisco confesso pelo governo de R$ 2 bilhões por ano no bolso dos educadores. É este o preço do piso que o governo de Minas não quer pagar aos educadores, para que sobre mais recursos para os de cima, inclusive para os proprietários dessa mídia corrompida e canalha!
Enfim, colegas, vivemos num estado que precisa ser passado a limpo. Não podemos deixar que isso permaneça assim. Temos o dever moral de resistir.
Vejam o que o governo faz agora: um dia antes da nossa assembleia ele arquiteta, friamente, vários lances para destruir a nossa greve e minar a nossa capacidade de resistência:
1) manda o seu funcionário no Ministério Público entrar com pedido de ilegalidade na justiça;
2) encaminha um projeto de lei, que antes de ser aprovado, já é apresentado no site da SEE-MG como se já fosse lei vigente, tal a certeza de que os carneiros sem caráter e sem vergonha aprovarão o que o governo mandar; são pau mandados e devem seguir rigorosamente as ordens do chefe;
3) anuncia a contratação de 12 mil substitutos (que piada!), como forma de pressionar psicologicamente aos designados e aos demais grevistas. Mais um ato ilegal e imoral do governo, já que a greve é legal e a publicação das substituições está se dando sob a égide da legalidade da nossa greve.
Tudo isso demonstra um total desrespeito desse governo para com os educadores e para com os alunos e pais de alunos. Foi isso o que eu disse hoje, quando um repórter do SBT me entrevistou durante a assembleia (não sei se foi ao ar, e nem como foi, se é que foi).
Ao invés de negociar decentemente com os educadores o pagamento do piso a que temos direito, o governo continua apostando na nossa destruição: na ruína da nossa carreira, na sonegação do nosso piso.
Isso não é um governo, é uma autarquia do inferno; é um departamento das trevas! São 100 dias de tortura psicológica, de chantagens, de mentiras, de ameaças, de perseguição, de coação aos educadores; de prejuízos aos alunos, aos pais de alunos e aos educadores!
Oh, Minas, até quando vai tolerar essa realidade?
Mas, os educadores em greve, verdadeiros heróis, precisam resistir. Nós não temos o direito de recuar e aceitar aquilo que o déspota e sua trupe tentam nos impor. Se voltarmos agora, perderemos tudo: aquilo que nos roubaram nestes 100 dias; o nosso piso, a nossa carreira, e com isso a nossa própria sobrevivência.
Sou partidário de que devemos unir forças, fazer um chamamento aos pais de alunos e alunos e a toda a sociedade dos de baixo para não aceitarmos essa conduta do governo.
Vamos tentar redigir uma carta aberta aos pais de alunos e aos alunos (quem desejar escrever, faça-o e disponibilize aqui no blog), e vamos distribuir aos montes, por e-mail, em panfletagem e visitando as moradias dos nossos alunos, se possível.
Devemos redigir uma outra carta dirigida especificamente aos professores que ainda estão em sala de aula. Mostrar para eles que esta atitude contribui com a destruição da carreira que é deles, também; que eles precisam abandonar essa condição de conivência com o governo e assumir uma postura de classe e de luta em favor da nossa categoria, a qual eles pertencem.
Finalmente, devemos buscar o apoio de todos os movimentos sociais e entidades que se identificam com a nossa luta, que é comum à luta de todos os de baixo. Precisamos urgentemente formar este movimento pela salvação da Educação pública, pela valorização dos educadores, pela liberdade e pela democracia ameadas em Minas Gerais, e contra esta estrutura de poder montada no estado, voltada para esmagar a maioria pobre e servir aos de cima.
Finalmente, não podemos esquecer queesta estrutura de poder a que fiz referência vive no atual contexto em função do projeto político de um certo senador, que mora no Rio de Janeiro, e que foi incapaz de dar as caras (assim mesmo, no plural) para comentar sobre o dilema vivido pelos educadores nestes 100 dias de greve. Um ausente, um omisso e patrocinador do despotismo que encontra-se à frente do governo mineiro.
O povo mineiro dos de baixo precisa conhecer e repudiar essa realidade, aprendendo a construir a sua (nossa) própria história, através da nossa luta, da nossa união, e do esforço comum para conquistar nossos direitos ameaçados.
Vamos fortalecer esta grande corrente em favor da nossa luta.
- Que façamos campanha para arrecadar alimentação e fundos para manter a sobrevivência dos educadores em greve.
- Que organizemos atos de ocupação e acampamentos na porta dos poderes constituídos, e também dessa mídia vendida, para que eles aprendam a respeitar os nossos interesses.
- Que saibamos construir a unidade da nossa categoria em torno dos nossos interesses e direitos comuns ameaçados.
Para que nunca mais, ninguém, nenhum governo, tenha a coragem de mexer com os nossos, e com os nossos direitos.
Um forte abraço a todos e força na luta! A greve continua, até a nossa vitória!!!
P.S. Nesta sexta-feira, às 18h, todos na Praça da Liberdade para a inauguração da contagem regressiva para a Copa do Mundo... e para o pagamento do nosso piso, também!!!
"Professores em greve até a conquista do Piso Salarial Nacional.
Gilvander L. Moreira[1]
Hoje, dia 15 de setembro de 2011, o dia amanheceu nublado em Belo Horizonte. À tarde, com clima fresco, sob nuvens que anunciam que a chuva está se aproximando, as/os professoras/res da Rede Estadual de Educação do Estado de Minas Gerais, em greve há 100 dias, realizaram a 13ª Assembleia Geral Estadual e, esbanjando garra na luta, decidiram continuar por tempo indeterminado a greve iniciada dia 8 de junho último. O grito geral era “é greve, é greve, é greve, até que o Anastasia pague o que nos deve: o Piso Salarial Nacional.”
A greve não é mais só dos professores. Está se tornando uma greve de toda a classe trabalhadora, dos movimentos sociais populares do campo e da cidade, de muitos outros sindicatos e de todas as pessoas de boa vontade. Está se construindo em Minas um sentimento e um compromisso que grita “mexeu com os professores, mexeu comigo...” E por extensão: “Mexeu com Sem Terra, com atingidos por barragens, com as mulheres vítimas de violência e do machismo, com os homossexuais, com os negros, com os trabalhadores da saúde, com os carteiros ..., mexeu comigo, melhor dizendo, mexeu com todos nós.”
Ao conclamar os milhares de professoras/res e apoiadoras/res que participavam da Assembleia Geral para juntos, de mãos erguidas, com fé e esperança, rezarmos um Pai Nosso, a oração da fraternidade, refletimos: O tempo mudou. Está nublado. Uma chuva de justiça está sendo conquistada na luta. A fome e a sede de justiça nos levam a lutar até a conquista do Piso salarial Nacional, Lei Federal 11.738/08. A luz e a força divina do Deus da vida brilham em todos que lutam por respeito à dignidade humana também na educação. Acorrentados estão não só os 40 professores que ficaram o dia inteiro amarrados na Praça Sete. Os mais de 200 mil professores de Minas estão lutando para quebrar as correntes invisíveis que os acorrenta: salários injustos e péssimas condições de trabalho. Sem piso, as/os educadoras/res ficam no ar. Não dá para ter paz de espírito e desempenhar uma missão tão nobre que a de educar os futuros adultos.
Há várias passagens bíblicas que podem nos inspirar. Por exemplo, quando estava oprimido pelo império dos faraós no Egito, após amargarem uns 500 anos de opressão, sob a liderança das parteiras (Movimento de mulheres), o povo resolveu fazer desobediência civil e religiosa. Não obedeceram a um decreto de um faraó que mandava matar os meninos no momento do nascimento. Tornou, assim, possível o nascimento de Moisés e de tantas outras crianças revolucionárias. O povo partiu para a liberdade. Quando chegou diante do mar vermelho, houve um impasse. Na frente, o mar; detrás, tropa de choque do Faraó, querendo trazer o povo de volta para o cativeiro. Moisés, Mirian, as parteiras e as mulheres educadoras bradaram ao povo que hesitava: não tenhamos medo! Nenhum passo atrás! Vamos dar um passo adiante! O povo deu um passo adiante, o mar vermelho se abriu e o povo partir para a liberdade. O medo foi vencido pelo povo que lutava unido e organizado. Povo que tinha fé no Deus da vida, fé em si mesmo e nos pequenos.
Deus disse a Moisés: pegue esta cobra pela cauda. Moisés vacilou. Deus insistiu. Moisés adquiriu coragem e pegou a cobra pela cauda. A cobra se transformou num bastão, com o qual Moisés bateu no mar e o mar se abriu, bateu na rocha e dela saiu água. Assim aconteceu com Moisés, com Arão e com tantos do passado. Assim, o que era obstáculo se transformou em instrumento de libertação. O que parece impossível à primeira vista se torna possível quando se luta com fé e firmeza.
É hora de seguirmos o exemplo de tantos, de perto e de longe, do passado e do presente. Os bombeiros do Rio de Janeiro, mesmo encurralados pela tropa de choque, preferiram ser presos em número de 430, mas não desistiram da luta. Estão conquistando palmo a palmo seus direitos. O pequeno grupo de Sierra Maestra, sob a liderança de Fidel Castro e Che Guevara, conseguiu derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista e construir uma sociedade socialista. As madres da Praça de Maio, em Buenos Aires, entraram para a história. Conquistaram o julgamento e prisão de muitos generais que torturaram e desapareceram seus 30 mil filhos. Os povos da Bolívia, do Paraguai, da Venezuela e ... meteram o pé no barranco e estão transformando seus países, construindo justiça social.
É uma injustiça que clama aos céus o Governo de Minas (PSDB + DEM) pagar como vencimento básico somente 369,00 para professora de nível médio por 24 horas; somente 550,00 (quase 1 salário-mínimo) para professor/a que tem um curso universitário e só agora, pressionado, prometer pagar só 712,00 (só a partir de janeiro de 2012) para todos os níveis, inclusive para educador/a com mestrado e doutorado. Insistir em política de subsídio é continuar tratando a educação como mercadoria e matar a conta-gota a categoria dos professores. Será que vão querer, em breve, privatizar também a educação de 1º e 2º graus?
E o cumprimento da Lei Federal 11.738/08? Essa lei prescreve piso salarial de 1.187,00, segundo o MEC[2] e 1.591,00, segundo a CNTE[3]. O STF já definiu que piso salarial é vencimento básico. Logo, os artifícios e sofismas que tentam driblar a lei são mentiras. O vencimento básico (piso) de um policial civil é 2.141,00. Mesmo assim, os 9 mil policiais de Minas estão na iminência de retomar o estado de greve porque reivindicam, entre tantos direitos um salário em torno de 4.000,00, o que é justo. Os mais de 30 mil trabalhadores do setor de saúde também estão na iminência de entrar em greve.
O governo de Minas diz que não tem dinheiro para pagar o piso nacional. Isso não convence, porque há montanhas de dinheiro para se construir obras faraônicas – Cidade Administrativa e “estrutura para a COPA” – e para o agronegócio. As mineradoras, por exemplo, são praticamente isentas se impostos, pois, com a Lei Kandir, exportam as montanhas de Minas (trens e mais trens abarrotados de minério), dizimam as nascentes de água e não deixam quase nada de impostos para o Estado.
Enfim, obrigado professores que obstinadamente seguem lutando, em greve, há mais de 100 dias. Vocês estão nos dando uma grande aula de cidadania e estão ajudando a reunir todos os segmentos marginalizados pelo jeito neoliberal-empresarial de governar. Minas Gerais e Belo Horizonte não são empresas. A prioridade na gestão pública deve ser o povo e não o capital.
[1] Frei e Padre Carmelita, mestre em Exegese Bíblica/Ciências Bíblicas, assessor da CPT, CEBI, CEBs, SAB e Via Campesina; e-mail:gilvander@igrejadocarmo.com.br –www.gilvander.org.br – facebook: gilvander.moreira –www.twitter.com/gilvanderluis".
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