terça-feira, 14 de setembro de 2010

FARAÓ E AFILHADO PERTURBAM SONO DO MEU AMIGO EULLER: PODE?!








segunda-feira, 13 de setembro de 2010
De helicóptero, Faraó e Afilhado perturbam meu sono da tarde









Foi uma segunda-feira incomum. Manhã tranquila, com os encaminhamentos para o ato de protesto contra as demissões de colegas professores na Vila Esportiva pelo Governo de Minas. Os cartazes já começam a circular pelo bairro Vila Esportiva e agora estamos aguardando a aparelhagem de som que o João Martinho e a Carminha devem providenciar. Mas, Vespasiano, nesta segunda-feira, começa a viver uma movimentação pouco comum pela manhã e mais ainda durante a tarde.

Os carros de som a serviço dos candidatos ligados ao afilhado e ao faraó circularam pela cidade anunciando que eles estariam em Vespá após as 15h. Como meu bunker fica situado em área central da pequena e quase pacata cidade, era impossível não ouvir o grande número de veículos com aparelhos de som fazendo anúncios dos candidatos, numa concorrência bestial para ver quem anunciava em tom mais elevado. Haja ouvidos!

Quando fui almoçar, e tendo recebido na casa da minha mãe a visita de uma das minhas irmãs e sobrinha, desci em seguida para o bunker, trazendo de presente um delicioso bolo (ou seria uma broa?) de fubá. Já havia recebido um pacote de pizzas que uma outra irmã me dera na semana passada, e que eu venho assando dia sim, dia não. Ganhara também no dia de hoje um liquidificador de uma pessoa muito especial, que percebera a ausência de tal aparelho em meu bunker.

Enfim, o dia correra tranquilo, cheio de presentes, apesar do meu aniversário estar marcado para uma data ainda bem distante. Quando resolvo tirar aquele pequeno cochilo pós-almoço, momento em que os guerreiros descansam para recarregar as baterias, eis que uma combinação ensurdecedora de barulhos alheios invadem a minha cidade e o meu bunker.

Não bastassem os carros e caminhões de som, em grande e milionária quantidade, ouço a chegada de um helicóptero que desce num estádio de futebol - o Vespasiano E.C. - que fica a poucos metros do meu bunker. Mais tarde soube que tal máquina vodadora trouxera o faraó, o afilhado e o governador que antecedera o faraó. Muito peso para um helicóptero só. Fato é que perturbaram o meu sagrado cochilo, e ainda por cima invadiram a minha cidade sem a devida permissão. Os deuses os castigarão por tamanha desfaçatez!

Dizem que ousaram caminhar pelas ruas centrais da minha cidade e fizeram rápido comício quase em frente a uma casa onde eu passei quase toda a minha infância. Quanta ousadia! Não serão poupados por tamanha provocação. Dos populares que os receberam, dizem as más línguas que mais da metade era formada por cabos eleitorais e seguranças contratados. Deve ser. A movimentação de uma segunda-feira à tarde em Vespá é sempre muito baixa. O prefeito da cidade é do PMDB mas, ao que parece, não faz campanha para o candidato do PMDB-PT. Já o vice dele anunciou aos quatro ventos que apóia o afilhado do faraó. A velha jogada de querer agradar a gregos e troianos e ficar bem com quem quer que se eleja.

A campanha do afilhado é uma campanha milionária, abastecida muito provavelmente pela generosidade das empreiteiras que foram agraciadas com as obras faraônicas construídas na gestão do faraó. Vide a Cidade do Faraó, que custou dois bilhões. E enquanto isso, bem perto de todo este cenário, seis colegas professores foram demitidos em nome de uma suposta "economia" de despesa. Próximo do final do ano, com salário de 900 e poucos reais, a demissão destes seis colegas deve mesmo salvar a economia mineira de um colapso. Enquanto isso, a mídia mineira agradece pelos caudalosos rios de dinheiro que drenaram para os cofres dos proprietários, editores e jornalistas da mídia que cegamente segue a cartilha imposta pela irmã do faraó.

E viva a democracia! Ainda bem que eles não ficaram muito tempo em Vespá. Com eles, foi embora a poluição sonora. Já não basta a poluição do ar provocada por uma fábrica de cimento, que aumenta ainda mais com a ausência das chuvas e com as queimadas. Mas, o meu sagrado cochilo da tarde, ah, este eles me confiscaram - mais isto! - e os deuses certamente virão à minha presença cobrar vingança. Que eles devolvam os quinquênios, os biênios, o tempo de serviço, os empregos, e o meu tempo de cochilo numa manhosa tarde de segunda-feira.

* * *

Incorporo ao texto central o comentário do nosso colega e amigo professor João Paulo:

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler
Prezados colegas Luciano História e Interior:

Se nós quisermos barrar essa onda de demissões, necessitamos fazer ver às SRES e SEE, dos prejuízos pedagógicos para os nossos alunos advinda de substituições no meio do ano. Talvez tenhamos que dar o nosso testemunho porque alguma vez na nossa vida nós passamos por isso. Eu, por exemplo, na 7ª série tive de aguentar a barra de três professores de Matemática, no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, na cidade de Lavras, onde meu irmão cursava agronomia. Dona Leia, nossa professora sempre benquista por nós, se casou naquele 27 de julho de 1974, e o marido não lhe consentiu mais trabalhar. Entrou uma professora, que além de sofrer discriminação por sua cor, tinha vergonha do próprio nome, e o manifestou no primeiro dia em que se encontrou conosco. Não demorou a perder o controle sobre nossa turma. Pediu então para sair. Veio outro professor, que deve ter ouvido uma longa história a respeito da 7ª B. Veio com toda casca para cima de nós, e a turma passou a ter antipatia do mesmo. Eu era ótimo aluno até então. Passei a ser mau aluno, e só fui aprovado pelo saldo de boas notas que eu tinha do tempo de Dona Leia. Na época estudávamos nos livros do Osvaldo Sangiorgi. No final do ano mudamos para Barbacena. Fui cursar a 8ª série na Escola de Primeiro Grau São José, e já passei em Matemática com um pouco além do mínimo, 51,5, eu que sempre fazia mais de 60. No ensino médio é que eu fui padecer pelo fato de ter tido três professores na 7ª série. Fui reprovado três vezes, tendo ficado de 1976 a 1981 no ensino médio. Em 1980, cheguei ao fundo do poço: 10,5 nos quatro bimestres, a menor nota de toda a Escola Estadual Professor Soares Ferreira. Em 1981, com uma nova professora consegui após muitas dificuldades ser aprovado. E por incrível que pareça a matéria que eu entendi melhor, foi DERIVADAS SUCESSIVAS, que ouvi dizer que agora só é ensina no 1º ano da graduação de Matemática. O meu péssimo rendimento em Matemática influiu no de Física, matéria que também exige fórmulas. Na recuperação, as professoras de Matemática e Física colocaram as matérias que eu havia aprendido. E assim eu fui aprovado.

Então fica aí o meu testemunho sobre os prejuízos pedagógicos causados pela substituição ex-abrupto de professores durante o ano letivo.

Naturalmente outros testemunhos deste jaez poderiam constar em dossiês para persuadir às autoridades a não fazerem tais substituições agora.

Virei um zero à esquerda em Matemática. Muitos bons alunos num conteúdo poderiam deixar de sê-lo caso passem por tais experiências.

Atenciosamente João Paulo Ferreira de Assis."

Leiam também:

- Blog da subsede do Sind-UTE Caxambu: Manifestações de solidariedade à luta dos professores de Caxambu; Vitória parcial: prorrogado o fechamento de turmas na Escola Polivalente de Caxambu; e Construindo um sindicato pela Base.

- Blog Anderson: o matemático: ELEIÇÕES 2010 - CUIDADO COM ESSES INIMIGOS DA EDUCAÇÃO

- Blog S.O.S. Educação Pública: Jovens não têm referências na ideologia neoliberal


OI EULER!
VC É MESMO MUITO ENGRAÇADO! É HILÁRIO! E COM QUE INTELIGÊNCIA E SENSIBILIDADE...
VC PE UMA RARIDADE. UMA PRECIOSIDADE QUE EU QUERIA PARA SER PROFESSOR DOS MEUS FILHOS.

QUANTO AOS GASTOS BILIONÁRIOS DO GOVERNO DE MG QUERO ACRESCENTAR A INJUSTIÇA, APARENTEMENTE BELA AOS OLHOS DE ALGUNS EDUCADORES,DE NOS DAR UM AUMENTO MISÉRIA EM JANEIRO NOS MANTENDO MAIS HORAS NA ESCOLA. ISSO NÃO É AUMENTO COISA NENHUMA. É MAIS UMA DESUMANIDADE, UMA "SACANAGEM" PEDAGÓGICA, EMBRULHADA DE PRESENTE. ONDE JÁ SE VIU DAR UM AUMENTOZINHO E NOS EXIGIR O FÍGADO? POIS É ELE QUE SOFRERÁ QUANDO NOSSA RAIVA EXPLODIR, QUANDO NOSSO CANSAÇO FOR INSUPORTÁVEL...PAGAREMOS CARO POR ESSE AUMENTO RIDÍCULO, MAIS UM PRESENTE DE GREGO DO QUE UM MERECIMENTO COM TEOR ÉTICO.
ABRAÇÃO
VANDA SANDIM
SÃO JOÃO DEL REI

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