quinta-feira, 5 de agosto de 2010

DIA DE PAGAMENTO: BLOG DO EULER: DIA DE REFLETIR SOBRE A NOSSA REALIDADE

Dia de pagamento: dia de refletir sobre a nossa realidade




















Amanhã, dia 06, é dia de pagamento. É também dia de reflexão sobre a realidade de miserabilidade a que os educadores mineiros foram submetidos durante a gestão do faraó e do seu afilhado.

Um professor com curso superior em Minas recebe hoje menos que dois salários mínimos. É o chamado salário-de-professor-de-Minas (assim mesmo, tudo junto). Qualquer pessoa mal remunerada pode dizer para os amigos que ganha salário-de-professor-de-Minas, esteja ele em Paris (o que é meio difícil de acontecer), em Montes Claros, em Uberlândia, em Fortaleza, em Goiânia, em São Paulo ou em Vespasiano, não importa. Receber salário-de-professor-de-Minas é sinônimo de ganhar mal, de receber mixaria, quase uma ajuda de custo.

Então, nesta importante data na vida de todos os assalariados, que é o dia de receber a remuneração como contrapartida pela parcela do trabalho explorado e empregado com muito suor, sangue e lágrima, é momento também de refletirmos sobre a nossa realidade.

Na fila do banco é bom lembar que parte do seu salário-de-professor-de-Minas ficará retido para pagar juros-de-banco-no-Brasil (assim mesmo, tudo junto) pelos empréstimos que você foi obrigado a fazer para completar o seu salário-de-professor-de-Minas. Os banqueiros neste país estão felizes da vida, pois vêem os seus lucros aumentando a cada ano, na ordem de bilhões e mais bilhões, enquanto nós assistimos e sentimos a queda cotidiana do nosso minguado salário.

Outros que estão felizes e sorridentes são os empreiteiros que financiam as campanhas eleitorais de alguns candidatos ao governo de Minas e depois são contemplados com obras faraônicas (faraônica, que vem também de Faraó, não esqueçam). A Cidade do Faraó, que custou quase dois bilhões (o reajuste de salário de 400 mil educadores de Minas para 2011 vai custar apenas 1,3 bilhão, segundo o próprio governo) foi construída em poucos meses. Além dos viadutos, estradas e rodovias espalhadas pelo estado. Para isso, nunca faltou recurso e nem existe lei de responsabilidade social para dizer que: não pega bem investir em grandes obras, quando se paga mal aos professores.

Na fila do banco, onde milhares de servidores públicos, não só da Educação, aguardarão a sua vez de colocar a mão na minguada mixaria que se dissolverá em poucos minutos com o pagamento de contas de água, luz, telefone e prestações outras - juros de cartão de crédito e taxas bancárias, etc. -, é bom lembrar também que nem todos estarão nessa situação. Além dos banqueiros e dos empreiteiros, os proprietários, editores e alguns jornalistas da grande mídia de Minas e do Brasil estarão sorrindo de satisfação, pois receberam algo próximo de um bilhão ao longo da longa gestão do choque de gestão do faraó e do seu afilhado.

Desembargadores e deputados estaduais também estão felizes da vida, pois brigam por teto salarial próximo dos 30 mil, para além dos penduricalhos que nunca se sabe quanto. Professores mal conseguem receber o miserável piso salarial aprovado em 2008 e que o MEC, com seu ministro a serviço de interesses de governantes como o faraó e afilhado, diz que deveria ser de pelo menos R$ 1.020,00 para 40 horas para professor com ensino médio.

Eu me lembro que em 2006, o presidente Lula, que passou a campanha inteira da reeleição dizendo que professor ganha mal (coitadinhos dos professores, só faltava dizer assim) dizia na época que o piso ideal seria de R$ 1.000,00. Depois de reeleito enviou um projeto com piso de R$ 850,00 para 40 horas de trabalho e o cínico do ministro Haddad dizia que aquele valor era maior do que o salário recebido por cerca de 60% dos professores do Nordeste. Espero que a Dilma demita este ministro antes da posse e coloque no MEC alguém que tenha sensibilidade e bom caráter para lidar com um problema tão importante quanto o da Educação pública na modalidade ensino básico. E que não seja o Cristóvão Buarque, outro bundão, que só tem discurso e propostas para daqui a 20 anos para professor.

Já chegando a minha vez na fila, de botar a mão na mixaria não posso deixar de lembrar também que este ano fizemos um grande movimento de paralisação - a nossa maravilhosa revolta dos 47 dias - e que arrancamos uma tabela salarial para 2011 que é o começo de conversa com o próximo governante. Além desta tabela, queremos o posicionamento imediato pelo tempo de serviço e o pagamento de quinquênio para todos, entre outras reivindicações.

E é bom lembrar, já com a mixaria nas mãos e separando os centavos para repassar para os credores, que nossa situação só vai mudar se nos mantivermos unidos e mobilizados para cobrar os nossos direitos. Não podemos aceitar sem luta essa realidade de injustiça social que prevalece no Brasil e em Minas. Salário-de-professor-de-Minas precisa virar referência e orgulho nacional e não vergonha, como é atualmente. E isso depende da nossa luta. Estão preparados para os novos combates, camaradas?

Postado por Blog do Euler às 07:44
2 comentários:


S.O.S. Educação Pública disse...

Querido amigo

Pela primeira vez, discordo de você, o sinônimo para má remuneração, agora é o "salário-do-professor-do-Rio de Janeiro".
Acredito que no ano que vem, estaremos à frente do Piauí, somente no quesito Ensino-Médio/Ideb, porque em matéria de salário estamos na popa do Titanic.
Aqui, o nosso salário já tá virando anticoncepcional (veja o meu último post).

Abraços
5 de agosto de 2010 10:35
Ivone disse...

Boa tarde Colega Euler.
E por falar em Ministro da Educação...possivelmente vc deve também ter lido sobre o "vazamento" dos dados dos alunos que fizeram ENEM em 2007,2008 e 2009....a notícia foi veiculada em algumas páginas da internet durante a madrugada e hoje...sumiu.Estou sendo alarmista demais ao pensar nas graves consequências que isso pode trazer para esses jovens,ou a irresponsabilidade de não cobertura e pronunciamento do Sr. Ministro é assim tão grande????Será que eu que tive um pesadelo e nada disso ocorreu???? Queria opinião de alguém mais "antenado".
Quanto ao dia "D" no qual temos que usar de toda nossa capacidade de economistas e saber o que vamos cortar mais, do essencial, quem vamos deixar de pagar esse mês, etc etc etc...Só mesmo no dia em que a Classe decidir se unir por inteira, conseguiremos mudar esse quadro.
5 de agosto de 2010 12:26

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