(UM OI PRO EULER: GOSTARIA DE ENTENDER PQ TENHO TENTADO POSTAR COMENTÁRIOS NO SEU BLOG SEM SUCESSO ALGUM. JÁ TENTEI POSTAR UNS TRÊS OU QUATRO. HJ MESMO JÁ FIZ TENTATIVAS COM INSUCESSO. POR QUE SERÁ????)
sábado, 31 de julho de 2010
Pensamentos de um final de recesso...Sexta-feira, 30. As férias ou o minguado recesso de julho vai se aproximando do fim. Só um final de semana me separa agora da retomada do batente e do cotidiano em um arraial que virou cidade quase grande, sem se dar conta disso. Dois dias apenas. Parece pouco. Pode ser. Ou nem tanto. Em dois dias é possível fazer e viver coisas e momentos que ninguém imagina. Ou nada.
Embora seja um confesso inimigo do trabalho enquanto fardo, peso, escravidão, não nego que as atividades que me colocam em contato com os colegas, com os alunos, com as pessoas, enfim, são extremamente importantes e necessárias e às vezes prazerosas, também. O que chamanos de trabalho acaba tendo então estes dois sentidos, entre outros: de um lado, provoca a socialização, o contato, a interação com pessoas, o que é bom; de outro, impõe esforço repetitivo, estressante, regido por normas e hierarquias quase sempre voltadas para a punição.
O ideal de "trabalho" seria quando as partes envolvidas tivessem prazer de se encontrar num dado local para passarem o dia todo juntas, numa relação de construção e fazeres coletivos e individuais, sem subordinação hierárquica entre os colegas. Mas, acho que aí já não seria mais um trabalho tal como conhecemos, mas uma relação que transcenderia os limites do mercado. A escola talvez seja aquela entidade que em tese mais se aproxime deste ideal - coisa impensável numa fábrica capitalista ou num banco ou mesmo numa loja, cujo objetivo é a venda, o lucro, o negócio. A mercantilização da vida ali está exposta demais ao frio cálculo de um negócio. A escola pública, pelo menos em tese, é o espaço do encontro para o aprendizado e a reflexão.
Mas, a escola reflete a sociedade em que vivemos, com suas qualidades e "defeitos". E mesmo um espaço assim, que não é inteiramente voltado para o mercado (pelo menos a escola pública no ensino básico deveria ser assim), as coisas se reproduzem com o mesmo espírito daquele tipo de trabalho que é sinônimo de sacrifício. Tive uma excelente professora que me disse certa vez que lecionar é também um ato de sacrifício, mais até do que de prazer. E olha que ela tinha (tem) prazer em lecionar. Nunca concordei com ela, embora a considerasse bem realista.
A escola tem um quê de disciplina militar, de prisão, de fardo, de sacrifício e até de missão - daí porque os governos adoram tratar os educadores como aqueles que cumprem uma "importante missão", quase voluntária. Nem quero mencionar aqui um "modelo" ideal de escola, como já fizera algumas vezes o brilhante escritor e pensador Rubem Alves, quando menciona uma escola de Portugal, onde alunos e professores entram e saem quando querem, não existe sala de aula, nem tampouco hierarquia rígida etc. Não. Esta realidade está muito distante dos contextos com os quais convivemos. Seria um paradoxo até imaginar uma sociedade tal como a nossa proporcionando uma escola que contrariasse todos os valores e práticas vivenciados no dia-a-dia pelos sujeitos - educadores, alunos e pais de alunos - desse enredo.
Mas, se ela não pode ir ao paraíso, também não precisa viver no inferno, um local onde as pessoas não tenham prazer algum em para lá se dirigir; onde se esforcem para fugir daquele local; onde se reproduzem pessoas que se adoecem de corpo e de alma. Construir uma escola onde os momentos de sacrifício sejam menos dolorosos e que os momentos de prazer, de emoção, de alegria, do partilhamento de compromissos e de sonhos sejam maiores do que aqueles é o grande desafio.
É uma mudança cultural, mais até do que da falta de equipamentos, por mais que estes sejam importantes também. Uma escola pode ser a mais bem equipada do mundo, mas se os sujeitos que nela trabalham não construírem entre si uma relação de respeito pelo outro, de busca pelo novo, de troca, de perseguição de objetivos e de apropriação coletiva e individual dos tempos e espaços, ela acabará por reproduzir os mesmos problemas. Métodos burocráticos, no lugar do convencimento e da abertura para entender o outro; tempos preenchidos pelo fazer repetitivo em lugar da criatividade, da descoberta e do improviso que transcende e enriquece o planejado; espaços limitados aos fazeres individuais burocratizados, ao invés da incorporação de todo o espaço - da sala, da escola, do bairro, da cidade, do país, da virtualidade, da casa, etc. A construção enfim de um trabalho interdisciplinar que consiga romper as rígidas barreiras das diferentes disciplinas.
Contudo, estas diferentes perspectivas estão intimamente ligadas ao que se pretende produzir com ou na escola. Por exemplo: para a formação de pessoas voltadas para o mercado teremos um tipo de escola - aquela mesma, da disciplina rígida, do toque de recolher, do aprendizado matematizado inclusive nas matérias "humanas", etc. É o método de certa escola privada aqui de Minas, que vende projetos para as prefeituras, que obriga os professores a passarem o dia inteiro preenchendo estatísticas. Ao contrário, para a formação de seres humanos, com a complexidade, valores éticos e visões múltiplas dos problemas e do mundo, então a outra escola é aquela que mais se aproximaria deste objetivo.
Enquanto não resolvemos estes dilemas - entre tantos outros - vamos sobrevivendo aos muitos pequenos grandes infernos que trazemos dentro de nós e com os quais convivemos no dia-a-dia. E nesse emaranhado de coisas e de idéias, ou nesse desencontro entre as coisas e as pessoas, saber extrair o que há de melhor e mais rico na nossa convivência cotidiana.
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