sábado, 7 de agosto de 2010

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quinta-feira, 5 de agosto de 2010






Salário Anticoncepcional, Culpa e Inveja


Durante o recesso, recebi a visita de um amigo dos tempos da UERJ, nossa amizade começou durante o curso e se mantém até os dias de hoje. Temos o mesmo tempo de trabalho no magistério e dividimos as nossas inquietações sobre a educação, estamos permanentemente em busca de soluções para dar o melhor para os nossos alunos.

Meu amigo sonha em ter um filho, está preocupado, pois já completou 30 anos e deseja ardentemente ter uma família, mas há uma pedra em seu caminho que impede a realização de seus sonhos: o salário. Como será possível manter uma família, educar uma criança ganhando tão pouco? Abandonar o magistério e partir para outra carreira esta fora de cogitação, pelo menos por enquanto. Será que para atuar no magistério, o docente terá que optar pelo celibato? Nem mesmo a religião impõe essa restrição, São Paulo prescreve o celibato apenas para aqueles que têm vocação. Ter que escolher entre a multiplicação do saber e a multiplicação da espécie é uma punição terrível, imposta à aqueles que cometem o pecado de ter vocação para o magistério. É irônico e cruel que o ser que vai trabalhar com crianças tenha que renunciar o direito da paternidade e da maternidade.

As longas jornadas de trabalho a que temos que nos submeter para ter o básico para a subsistência, mais o tempo trabalhado fora da sala de aula, pois uma parte substancial é feita em casa, não deixa tempo para os docentes se dedicarem à família. No caso das profissionais do sexo feminino, soma-se à sua carga laboral o cuidado com a casa. Foi-se o tempo em que o salário permitia o pagamento de uma empregada.

Atualmente os profissionais que estão atuando no magistério, são os espécimes mais resistentes e capazes da espécie, como também os mais comprometidos com seu trabalho, que estão dando o próprio sangue, os sonhos e a vida para executar as sua tarefas.

Os críticos de plantão, enchem a boca para dizer que o magistério é uma área que só atrai os incapazes, pois só fracassados sem opção aceitam viver nestas condições. Perdôo e lamento a ignorância e a má fé de todos aqueles, que nos enxergam com esse olhar, pois sei que para entrar no magistério, nas atuais condições, só mesmo sendo muito capaz , para quem não sabe, a relação candidato/vaga é maior do que a do vestibular das faculdades públicas e o nível das provas só permitem a entrada dos melhores. E diante das condições adversas que enfrentamos no nosso cotidiano, caso os nossos detratores se dessem ao trabalho de conhecer, poderiam constatar que uma pessoa que se enquadra no perfil de fracassado, não teria a mínima condição psicológica de passar uma hora em sala de aula.

Incapazes e fracassados são aqueles que optaram pela docência, mas não tiveram a coragem de enfrentar o campo de batalha, preferindo se esconder longe da sala de aula, para viverem a educação na teoria, no conforto ilusório do plano ideal, e na tentativa de abafarem os seus complexos de culpa, criticam com tintas carregadas na inveja, aqueles que tiveram e têm a coragem que lhes falta.

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