quinta-feira, 20 de maio de 2010

PROFESSOR FERNANDO MASSOTE FALA SOBRE O ESPAÇO QUE A GREVE EM M.G. VEM CONQUISTANDO NOS JORNAIS


GREVE DOS PROFESSORES CONQUISTA MAIS ESPAÇO NOS JORNAIS, José de Castro (*)

Censura à Imprensa Mineira, Minas Gerais, Mobilizações da Sociedade Civil, Política Nacional | 19 de maio de 2010 | Envie para um amigo

Hoje, as fotos principais das primeiras páginas dos jornais “Hoje em Dia” e o “Tempo” mostram a assembléia dos professores da rede estadual de educação que decidiu nesta terça-feira, 18 de maio, continuar em greve. Até então, a imprensa mineira praticamente ignorou que centenas de milhares de estudantes, em sua maioria filhos de quem não pode pagar uma escola, estão sem aulas há 41 dias. O jornal “Estado de Minas” ainda acha que a greve não tem importância para seus leitores.

Terminei meu último artigo neste blog informando sobre mudanças na chefia da redação do “Hoje em Dia” e manifestando a esperança de que, finalmente, teríamos um jornal a serviço não mais do governo, e sim dos leitores. Continuo esperançoso. É verdade que a greve não mereceu manchete, mas ocupou metade da página 26 do Minas. Lembro as barreiras que precisei saltar, quando era editor desse caderno, há uns seis anos, para publicar ali esse tipo de notícia. Nas páginas de política, então, nem pensar.

Por sua vez, a manchete de “O Tempo” é sobre a greve, destacando a informação divulgada pelo governo de que os professores não receberão salários nos dias parados. Serão pelo menos 51 dias de prejuízo, pois a próxima assembléia só ocorrerá no próximo dia 25, se o governo cumprir a ameaça. O problema é que, desse modo, ele terá que encerrar o ano letivo por decreto, deixando de cumprir a legislação que prevê um período mínimo de dias letivos por ano. Sem ter recebido salário, os professores certamente não darão aulas de reposição dos dias parados.

O “Hoje em Dia”, em editorial intitulado “Caos no ensino”, afirma que 60% dos 220 mil servidores da educação estão em greve. “Sofrem os alunos, prejudicados com a falta das aulas, e os pais, especialmente aqueles que têm filhos menores e que dependem de alguém para cuidar dos pequenos”, diz o jornal, que considera “mais do que justas as reivindicações dos mestres mineiros que pedem, sobretudo, o pagamento do piso salarial de R$ 1.312”. E argumenta: “Como é que um professor pode se reciclar, se atualizar, se qualificar, enfim, em nome da qualidade do ensino público, com um salário inferior ao de muitas profissões braçais?”.

Eu acrescentaria: com um salário inferior ao dos soldados da PM. Estes, com duas greves sangrentas, realizadas nos governos Newton Cardoso e Eduardo Azeredo, obrigaram o governo a reconhecer a importância de seu trabalho. Armados apenas de giz e palavras, coitados dos professores!

É: coitado dos professores. Problemas também na maior rede privada de ensino de Minas, o Pitágoras. Ontem, em reunião no Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), decidiram paralisar as atividades de todas as unidades do Pitágoras no Estado depois de amanhã, para a realização de assembléia que decidirá sobre proposta de greve. Na última segunda-feira, houve conflito entre estudantes e PMs, durante manifestação na Av. Raja Gabaglia contra a reforma pedagógica proposta pelos donos do Pitágoras, entre eles o ex-secretário estadual de Educação Walfrido dos Mares Guia. Quando um aluno entra na Faculdade Pitágoras, em Belo Horizonte, ele assina contrato de 3.600 horas/aula. Agora a escola quer que 600 horas sejam de aulas pela Internet.

E os professores temem demissões. Se a reforma for adotada, ela poderá afetar professores de 600 escolas integrantes do Sistema de Ensino Pitágoras espalhadas por todo o país.

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