domingo, 29 de agosto de 2010

EULER NOS FALA:Moído, mas pronto para o combate

sábado, 28 de agosto de 2010

Moído, mas pronto para o combate


Boa noite, turma da luta! Hoje foi um dia bem diferente. Pela manhã havia postado o texto abaixo e tudo indicava que seria um sábado como outro qualquer, de trabalho e momentos de descanso, entre outras cositas má
s. Mas, não. A tarde reservava. Após a reposição de rotina, o diretor da escola nos convidou para um partida de futebol, a famosa peladinha. Avisei de cara que estou enferrujado e que já faz algumas décadas que não piso num campo ou quadra de futebol. O diretor me disse: então são dois.

Duas equipes foram formadas, uma dos professores e outra dos alunos. Como o quadro de professores na quadra estava incompleto, pedimos o reforço de alguns alunos, que estavam em boa quantidade por lá. Começam
os tomando de quatro a zero, isso nos primeiros quinze minutos de jogo. Pensei: vai ser goleada. Minha língua já estava saindo pra fora de cansaço. O diretor soava e agachava, kkk. O Sinvaldo, professor antigo de Matemática, com quase meio século de magistério, exibia boa performance. Diz ele que toda semana bate uma bola com os colegas do bairro onde mora.

Fato é que após esta inicial goleada dos estudantes a bola pára no meu pé próximo da área adversária. A marcação pra cima de mim foi imediata: dois jogadores. Driblei os dois e lancei para o André, professor de soci
ologia que bateu de primeira e abriu o placar para o nosso time. Lembrei-me de Maradona e Caniggia, naquele lance espetacular durante a Copa do Mundo de 1990, que tirou o Brasil do campeonato. André mostrou que é artilheiro, além de bom de greve também, pois participou ativamente da nossa maravilhosa revolta dos 47 dias.

E não parou mais de marcar: fez mais cinco gols. Termina o primeiro tempo e o placar era: 6 a 5 para o nosso time, cinco do André e um meu, num lance sensacional. Eu já havia revezado umas duas vezes a cada 15 minutos com um reserva. Quando retorno ao gramado, ou melhor, ao pis
o da quadra - não sei porque esta palavrinha "piso" não sai da minha cabeça... -, o André lançou uma bola alta e não se sabe porque cargas d'água eu virei o corpo e chutei de primeira, de canhota, balançando a rede adversária. Um lance cinematográfico, kkk.

No segundo tempo, nosso time já
exausto e o time adversário parecendo que tinha começado a jogar naquela hora, o placar virou: 14 a 10 pra eles. Um dos estudantes se destacou pelo talento, fazendo a maioria dos gols da equipe da garotada. Do nosso time, o diretor fez um gol, eu fiz mais um e os demais foi o André quem fez. Pensei até em mandá-lo para o Atlético Mineiro para reforçar a equipe do técnico Luxemburgo, uma vez que o time não deslancha de jeito nenhum.

No terceiro tempo - pelada é assi
m, jogam-se vários tempos e não apenas dois - eu já estava exausto. Pensei que não passaria de dez minutos de jogo, mas somado o tempo em campo - ou quadra - devo ter jogado pelo menos uns..., digamos, uns 50 minutos, uma aula inteira. Que coisa! Até as frações de tempo de lazer são associadas ao trabalho. O diretor até que não se saiu muito mal não. Fez uns dois ou três gols e marcou bem na defesa. Agora o Sinvaldo, que diz que joga toda semana, não fez nem um golzinho, nem pra remédio. Que coisa, Sinvaldo! No nosso gol o James, professor de Artes, deu conta do recado. Tomou muitos gols, mas fez algumas brilhantes defesas. Depois o time recebeu o reforço do Marcelo, professor de Filosofia, que também disse que joga toda semana. Teve um desempenho razoável, digamos, com alguns bons lances pra quem diz que joga bola toda semana.

O placar final foi: 25 a 22 para o t
ime dos estudantes. Nestes espaços os meninos mudam completamente em relação ao comportamento em sala de aula. São educadíssimos, prestativos, jogam na moral. Quando o jogo terminou, eu já havia terminado muito antes a minha participação, um pouco tímida mas com resultados: fiz dois gols - um deles quase cinematográfico - e mais aquele lance que só o Maradona, nos bons tempos, faria igual. Mas, estava moído, literalmente. Moído fisicamente, porém pronto para o combate. Seja contra o afilhado, o faraó, ou o candidato da oposição água-com-açúcar.

* * *

Nem quero comentar sobre a subida na pesquisa do afilhado. Eu ja havia cantado a pedra aqui no blog. O faraó não tem oposição há oito anos, gente. E o candidato da di
ta oposição é só elogios para o faraó. Ora, queriam o quê? Mas, muita água vai rolar até o dia 03 de outubro. E vamos ver qual será o placar desta disputa. No campo, ou melhor, no piso da quadra - que coisa esse negócio de piso, que me persegue igual a um fantasma! - eu estava fora de forma. Mas, no gramado - e no asfalto, e no cimento - das ruas e praças de Minas e do Brasil estou pronto para o combate. E Dilma dispara nas pesquisas. Menos mal. Pelo menos a presidência não vai cair em mãos demotucanas. E ela tem falado muito em valorizar os educadores... Vamos cobrar. Do afilhado e do outro não dá pra cobrar nada. Nenhum dos dois assume compromissos com os educadores.

Agora é recarregar as energias n
este domingo e nos preparar para os desafios dos próximos dias: o encontro com os candidatos no dia 04 em Belô; o encontro metropolitano em Vespá no dia 25 de setembro, que promete - hoje mesmo encontrei nas ruas com mais dois companheiros de luta da nossa revolta/greve e passei o recado e ouvi deles a mesma resposta: contem comigo. Resposta que aliás outro colega de luta, o professor Anderson, deixou registrada aqui no blog. A turma está um pouco cansada de tanto reposição - como disse a combativa colega Adriana - mas, não se ausentará deste chamado para a luta.

E os nossos combativos colegas João Paulo, Luciano, Denise, Graça, entre tantos outros, que frequentemente visitam e manifestam suas valorosas opiniões aqui no blog, se quiserem - e puderem - participar do encontro em Vespá sejam bem-vindos. Sei das dificuldades de te
mpo e de espaço, mas o convite está feito. Educadores do mundo: se quiserem participar do nosso encontro, sejam bem-vindos à luta! Um dia, quando as coisas mudarem, teremos mais tempo livre para nos encontrar e discutir os problemas comuns em praça pública, e um tempo menor será reservado para aquilo que chamam de trabalho. Só assim seremos mais gente e menos robôs.

Um abraço a todos e até amanhã!

* * *

Incorporo
ao texto central os comentários dos companheiros Anônimo, João Paulo e Luciano História:

"Anônimo:

Companheiros

Já é hora da categoria se unir e fazer uma greve geral em todo o pais, paralisação de norte a sul, abaixo os governadores que desrespeitam a lei do piso.

Os sindicatos têm que se unir e pensar a questão em nível nacional e regional.

Já há um encaminhamento da questão salarial proposto pelo governo federal. Que tal iniciarmos a nossa luta exigindo o cumprimento da lei?

Como dizia Vandré: "Vem, vamos e
mbora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. "

Avante, marchemos em decididos cordões.

Coragem e garra".
* * *

"João Paulo Ferreira de Assis:

É uma excelente ideia. Porém antes tem de vencer o bitolamento das entidades de classe que só se preocupam com os governadores dos seus respectivos
Estados. Vou revelar aos prezados amigos e colegas um ato meu bem anterior à greve. Entrei no blog da senhora Bebel (Maria Isabel Azevedo Noronha, da APEOESP) e depois de me ter identificado como professor da rede estadual de Minas Gerais, lancei a ideia da mobilização nacional pela federalização da educação básica. Voltei ao blog para ler os comentários. O comentário foi publicado, mas ninguém tomou conhecimento. FUI IGNORADO. Nem mesmo a proprietária do blog se dignou SEQUER a responder-me. O prezado amigo Professor Euler, este me respondeu, e expôs algumas ideias alternativas. Portanto, acho que primeiro nós temos que ganhar a companheira Bia para a ideia. Depois quem sabe se ela não a repassa para as outras corporações estaduais de defesa dos professores. E se estas aceitarem, aí, sim, teremos o grande momento da mobilização.

Atenciosamente, João Paulo Ferr
eira de Assis".

* * *

"Luciano História:

Euler, me responde uma coisa que eu não consigo entender. Como se faz oposição elogiando o governo? Falar bem do Faraó é falar bem do afilhado, que muitos dizem que ele é quem de fato governava pois foi responsável pelo choque de gestão. Se a oposição diz que o governo foi bom, o povo deve pensar que não faz sentido algum mudar. O faraó nessa eleição pode conseguir tudo que ele queria, se eleger ao sen
ado com um número expressivo de votos, matar o nome de Serra como candidato à presidência, eleger o afilhado e se tornar o principal nome do seu partido."

Comentário do blog:
caro Lucian
o, só há duas saídas para este caso: 1) Dilma se elege e convida o faraó para ser embaixador do Brasil na Colômbia. Pode ser que, ao lado do ex-presidente Uribe, ele não queira voltar mais para o Brasil; alternativa número 2) Eu saio candidato a presidente em 2014 e derroto o faraó vingando os educadores mineiros, kkk. Agora falando seriamente, concordo com você: com esta oposição que nós temos em Minas o faraó vai nadar de braçada por muitas décadas. Já pode encomendar a mumificação do corpo dele porque, a depender desta oposição água-com-açúcar, ele continuará reinando em Minas por muitas gerações...

* * *

João Paulo Ferreira de Assis:

"Prezado amigo Professor Euler

Fico muito grato pelo convite. Talvez eu vá mesmo, apesar de ter um compromisso no mesmo dia. Só q
ue o tal compromisso que eu tenho é uma viagem pelas fazendas históricas de Barbacena. Mas não me agrada muito porque inclusive vou dar de cara com o pessoal que pede votos para o Aécio e para o Anastasia. Imagine encontrar com o Lafaiete Andrada! Na noite do dia 24 eu terei compromisso em Carandaí, com a Jornada Mineira de Patrimônio Cultural. Resta-me a oportunidade de embarcar no Juiz de Fora-Belo Horizonte, de 20 horas e 15 minutos, e que passa em Carandaí, às 22 e 30. Teríamos que conversar muito para eu saber que ônibus devo tomar em Belo Horizonte. Em que hotel poderia me hospedar. E o local exato da confraternização, já que eu não conheço Vespasiano nem São José da Lapa. Se fosse possível eu estar na EE Coração Eucarístico de manhã, para ir com os professores da mesma, quem sabe? Afinal, se tem um bairro de BH que eu conheço bem, este é o Coração Eucarístico.

Atenciosamente, João Paulo Ferreira de Assis."

Comentário do Blog: Caro amigo João Paulo, que bom que você se dispõe a participar do encontro. Vai enriquecer muito o evento. Aliás, se desejar preparar al
gum texto para discussão prévia nas escolas da região, esteja à vontade. Quanto aos detalhes de hospedagem, transporte, alimentação, etc, vou levar essas questões para a Comissão Organizadora na próxima semana e depois repasso aqui no blog ou por e-mail. Estando em Vespasiano, não tem como se perder. Se perguntar pelo local onde acontecerá o evento (são três alternativas bem centrais) todo mundo saberá explicar. Agora, se perguntar por mim ou por João Martinho, todos daqui nos conhecem, mas corre-se o risco de te mandarem para outra cidade caso você dê o azar de perguntar a alguma figura da elite política local (vereadores, prefeito, ex-prefeito, ex-vereadores, entre outros e outras). Tirando essa possibilidade, não há outro problema mais sério. Entre outras coisas, você terá a oportunidade ímpar de conhecer e passar bem em frente à Cidade do Faraó. Um forte abraço. (Euler)

* * *

"Ivone:

Se não acontecer nenhum imprevisto...me convido para essa confraternização dia 25 de setembro. Gostaria de saber mais sobre esse encontro do dia 4 com os candidatos ...se está confirmada a presença dos mesmos. Se alguém souber favor me informar. Estou um pouco longe daí, mas conheço "Vespá" bem e não teria problemas de locomoção ou acomodação. Minha escola pertence a SRE de Conselhei
ro La...( não vou escrever esse nome nem...). Estou sempre por aqui, lendo o blog diariamente. E feliz em ver Educadores conscientes e combativos, defendendo seus direitos. Bom Domingo e bom descanso para todos."

Comentário do Blog: Muito bem, Ivone, sinta-se convidada e em casa! Sua presença é bem-vinda
! Quanto ao evento do dia 04, o candidato que não comparecer vai perder ponto, pois acredito que haverá expressiva participação dos educadores. E no enconto de Vespá eles também serão convidados. Claro que as regras aqui serão diferentes: eles falam menos e nós falamos mais. E têm que ficar até o final da discussão sobre a avaliação eleitoral - é uma pré-condição para que possam falar. Tem muito candidato que gosta de fazer discurso e depois pede pra sair. E se tiver documento dos educadores pronto eles vão ter que assinar. Ou dizer que não concordam com o mesmo e o porque. Se não estivéssemos numa democracia burguesa, mas numa democracia direta, ali mesmo em assembléia eles seriam substituídos. Mas enfim, calma, gente, ainda vamos chegar lá.

* * *
"Rômulo:

Comprometo-me de buscar o nosso camarada JP na Rodoviária de BH. Afinal, resido no Colossal e Imponente Conjunto IAPI, ali no começinho da Av.Antônio Ca
rlos (cinco minutos da Rodô).

Esperamos levar uma Van cheia de Ribeirão das Neves para o Encontro Metropolitano. Esforço não faltará.

Até a vista,

R."

Comentário do Blog: Olá, combativo colega e amigo Rômulo! Agradecemos o seu empenho e de toda a turma aí de BH, Ribeirão das Neves e região. C
om você, o colega João Paulo estará em boa companhia. Se desejar enviar algum texto para enriquecer o debate prévio nas escolas, Rômulo, esteja à vontade. Você já está incluído na Comissão Organizadora e na próxima semana passaremos o cronograma de reuniões e atividades. Um forte abraço e força na luta!

* * *


Transcrevemos a seguir parte da entrevista do candidato Fábio Bezerra, o Fabinho do PCB - que é também liderança dos educadores em Minas-, ao jornal Hoje em Dia deste domingo. Como sempre, reproduzimos aqui apenas a parte mais ligada aos interesses diretos dos educadores. Mas, quem desejar ler a entrevista na íntegra é só clicar aqui.


"Hoje em Dia: Um candidato disse que o salário mínimo deveria ser de R$ 2.700,00 e para o sr?

Fabinho: Esta é a meta salarial do Dieese. E, sinceramente, que como professor da rede pública estadual de Minas, eu não [acho] isso um absurdo não só para os servidores da área da educação, mas para outros servidores. Nós temos que pensar uma política de remuneração salarial que leve em conta uma mudança nos planos de carreira dos servidores. Foram planos de carreira que precarizaram, amordaçaram, que condenaram o servidor a um teto, a uma carreira que na realidade não é uma carreira, é uma penúria no Estado de Minas. Isso tem que ser revisto. Nós temos que aumentar a arrecadação no Estado para dar condições de melhoria salarial. Nós não somos contra um patamar de R$ 2.700,00, que é o salário que o Dieese aponta como ideal para a manutenção das necessidades básicas de um trabalhador. Nós defendemos que este modelo salarial que está sendo apresentado pelo Governo Anastasia, que a partir de janeiro do ano que vem eleva o salário para pouco mais de R$ 1.200,00, que ele ainda é muito baixo. O piso salarial em Minas até este ano era de R$ 369,00. Nós temos que aproveitar e dizer que os educadores de Minas tem o oitavo pior salário do Brasil. E Minas é uma das grandes potências deste país, em arrecadação, em produção, em indústrias, e em distribuição, não; em investimento social, não. Se nós conseguirmos uma melhoria salarial, que não é nem tanto assim, ainda é muito pouco, porque vai passar para pouco mais de R$ 1.200,00, que não chega nem a atingir o piso nacional, que foi aprovado no Governo Lula e que, infelizmente, é para 40 horas e não para 24 horas, foi à custa de muita luta, de 47 dias de greve. Ainda é pouco. Então, nós ao fazermos uma reforma tributária no Estado e acabar com algumas benesses, inclusive, com as mineradoras, que mandam para fora de Minas mais de 90% do que exploram e não pagam nem 3% do faturamento líquido. Enquanto na Austrália é 35%, no Canadá está em 25%, 26%; nos EUA é de mais de 20%. Se nós fizermos isso vamos ter mais recursos para poder investir na melhoria salarial não só dos servidores da educação, mas de todos os servidores."

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